sexta-feira, 23 de julho de 2010

RESENHA: A Caminho da Maturidade na Experiência Com Deus.

Alfonso Garcia Rubio. A Caminho da Maturidade na Experiência de Deus (São Paulo: Paulinas, 2008) 227 p.


“A Caminho da maturidade na experiência de Deus”, publicado pela editora católica Paulinas, é uma ampliação das idéias apresentadas pelo teólogo e padre diocesano, Alfonso Garcia Rubio, um espanhol radicado no Brasil, país que adotou desde 1959, onde trabalha como professor na Pontifícia Universidade Católica ( RJ).

As idéias, agora ampliadas na presente obra, foram anteriormente publicadas em 2000, sob forma de artigo na revista Atualidade Teológica.

Além da introdução e conclusão, a obra é constituída de cinco capítulos em que serão discutidas as expressões da ambigüidade do ser humano. Para tanto, Garcia Rubio apóia-se tanto reflexão bíblico-teológica, como também da psicologia profunda, orientando-se por autores da escola junguiana.

A proposta do livro é apontar o caminho que conduza o cristão a uma relação madura com Deus e também com a comunidade. Para isso, o autor compreende que são necessárias as tomadas de consciência da necessidade de tais experiências e propõe uma sequência no processo em direção ao alcance de tal libertação e maturidade. Destarte, no primeiro capítulo, Garcia Rubio aponta a necessidade de reconhecimento da zona de sombra que está no inconsciente de cada indivíduo, mas também nas comunidades, a fim de superarmos a tentação da projeção de nossas anomalias sobre os mesmos, pois somente assim poderemos viver na verdade. Reconhecer a sombra abre o caminho para a vivência comunitária e para superação no amor incondicional de Deus, produzindo maturidade na experiência com Ele.


No segundo capítulo, Garcia Rubio, utilizando instrumental psicanalítico freudiano, identifica a problemática do infantilismo religioso como um obstáculo à relação madura com Deus. Tal infantilismo é oriundo da fase incipiente da vida de uma pessoa, tendo nas figuras materna e paterna a sua causa. Em face da não ruptura do sentimento de onipotência construída na infância, o indivíduo chega à vida adulta tendo a necessidade de projetar tal onipotência. A religião, neste estágio, lhe servirá cabalmente, pois lhe apresentará um Deus em que atende e catalisa a projeção. Destarte, o autor aponta também para a importância da superação deste infantilismo religioso, afirmando a seriedade de vermos Deus não como nosso “quebra-galho”, pois o mesmo configura-se em sutil idolatria, pois não o representa conforme o Evangelho o faz em Jesus Cristo.


No terceiro capítulo, o autor sugere a perspectiva da relação de Jesus de Nazaré com Deus Pai, a fim de consequentemente, superarmos nossa imaturidade, mas, para isso, é preciso levar em conta tanto a perspectiva mística como também a dimensão ética da relação entre Jesus e o Pai. Isto significa que a partir de Jesus, o encontro com o Pai representa em prática da justiça, envolvimento ético e compromisso no serviço ao próximo, porquanto assim, o Pai, em nós, é revelado!


A síntese do quarto capítulo é de que a experiência comunitária sadia é sinal da possibilidade da paz. Garcia Rubio nos lembra aqui que a violência está presente em nós e por isso no mundo, pois a portamos. Entretanto, nada está perdido, pois podemos, nas comunidades eclesiais, vivenciarmos o amor e a fraternidade, permitindo assim, nosso progresso rumo à maturidade da relação com a Trindade.


Finalmente, o quinto capítulo nos lembra que a culpa, tão presente nos círculos cristãos sejam católicos ou protestantes, pode ser destrutiva e imobilizadora ou, ao invés disso, remetente ao perdão e ao recomeço. Para a última prevalecer o resgate é o do conceito do amor incondicional de Deus, de seu perdão e de sua justificação.


Afonso Garcia Rubio nos brinda com uma leitura agradável, informativa e rica. Suas proposições são cristãs. Suas conclusões são bíblicas, embora em sua abordagem utilize ferramental psicanalítico. A diagramação ajuda, excetuando-se apenas pelo sumário ao final que, fugindo ao hábito editorial brasileiro de situá-lo ao início das obras, termina por confundir um pouco o leitor.


Recomendo a leitura do livro!

POR: IDAURO CAMPOS

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