sexta-feira, 25 de junho de 2010

UMA REFLEXÃO SINCERA E HONESTA SOBRE A TEOLOGIA LIBERAL

UMA REFLEXÃO SINCERA E HONESTA SOBRE A TEOLOGIA LIBERAL

POR: NEUCIR VALENTIM




"Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos, Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.." Jd 1:3 e 4





Senhor Diretor do Seminário Teológico Congregacional do

Estado do Rio de Janeiro - SETECERJ.





O Seminário Teológico Congregacional de Niterói tem sido uma casamata, no meio teológico, para reafirmar as posições bíblicas e rejeitar a teologia liberal, ainda que para os liberais, seja considerada uma casa anacrônica.



Desta forma, cunho aqui alguns comentários, que tenho feito, a van passan, com colegas de ministérios (e professores de seminários) sobre os eruditos famosos e sobre a escola crítica mais radical, isto é, o ensino que corre em muitos seminários contra a autenticidade das Escrituras e a literalidade dos textos bíblicos e sobre a inspiração verbal e plenário da Bíblia, conforme cremos. Isso fiz, para não assumirmos o desespero da falta de informação que aparentemente alguns tem, diante de ensinos desses críticos de plantão, e caírmos na sua lábia arrogante, achando que são eles os detentores do conhecimento mais profundo.



Infelizmente, busquei em meus alfarrábios, o anexo a esta simples reflexão, cujo volume de palavras, talvez lhes cansasse um pouco. Cheguei a 30 laudas em papel a4.





Pois bem, em minhas reflexões começo focalizando uma citação: "Somos induzidos a contradição que deixa-nos a beira de um abismo entre uma autoritária Palavra de Deus, por um lado, e "uma fragmentada miscelânea de trechos literários meio-místicos, meio-históricos, na qual não podemos confiar", por outro lado. Em um nível mais fundamental, vemo-nos diante de uma extremada tensão entre o retrato escriturístico que é fornecido pela história de Israel e a reconstituição feita pelos críticos radicais."[1]



"Não exageramos em dizer que a escola crítica mais radical opina que o Antigo Testamento, em sua maior parte, não é histórico. Como é óbvio, não se trata necessariamente da inexistência de um substrato histórico em algumas porções, - e alguns chegam a reconhecer em porções consideráveis !!! (o negrito é nosso), Nem todos irão afirmar, conforme fazia Stade, que Israel, como um povo, nem mesmo esteve alguma vez no Egito; ou cambando para outro extremo, de dizer conforme fez Kosters, o qual negava que Judá tenha retornado do exílio babilônico, sob a liderança de Zorobabel. Mas os críticos consideram os livros sagrados, conforme eles existem, são genuínos como história somente a partir, pelo menos, dos dias dos reis e, mesmo assim, apenas parcialmente"[2]



Isso deixa entendido, segundo os críticos liberais, que o quadro que vemos nas páginas do Antigo Testamento, ou seja, o desenrolar de um plano divino coerente e unificado (o seu elemento teológico), que percorre toda história de Israel, começando com Adão, no livro de Gênesis, e culminando com o Messias prometido, conforme anunciado pelos profetas, foi inventado.



"Kautzshe, de Halle, em uma preleção sobre O Valor Permanente do Antigo Testamento, citado por Orr, escreve: O valor permanente do Antigo Testamento jaz, acima de tudo, no seguinte: ele nos garante, com absoluta certeza, o fato e o andamento de um plano divino, que expõe o caminho para a salvação, plano esse que chegou à sua conclusão e ao seu cumprimento no Novo Pacto, na pessoa e obra de Jesus Cristo."[3]



James Orr ainda afirma: "a resposta dada pela crítica consiste em procurar eliminar o elemento teológico da narrativa bíblica, ao dizer que a exposição feita pela Bíblia é irreal e artificial, e não um desenvolvimento harmônico com a própria história, e, sim, um desenvolvimento imaginário, resultante de interpretação e idéias lendárias primitivas, durante o período dos profetas. Essa suposta aceitação foi sobreposta à tradição histórica segundo a maneira usual em que os críticos manipulam o material de que dispõe. Dizem os críticos que se dermos lugar ao esquema crítico - a sua análise e separação de documentos - , desaparecerá por encanto a ilusão de teologia nas histórias contidas no Antigo Testamento, com a derrocada de alguma coisa extraordinária que possa explicá-la"[4]



Nas palavras do professor Robertson temos o seguinte: "O que eles sustentam é que o esquema seguido pelos escritores da Bíblia, foi um pensamento posterior. Essa noção tardia, mediante um processo de manipulação de documentos mais antigos, e através de uma apresentação sistemática de eventos mais antigos, à luz de tempos bem posteriores, fez com que tal apresentação parecesse ser o desenvolvimento original e genuíno"[5] em outras palavras, o conjunto de ensinos que temos hoje, é um grande engodo[6]



Cabe afirmar que a crítica textual, da forma, alta ou baixa[7], por si mesma é uma atividade absolutamente necessária para o nosso conhecimento da Bíblia, e muitos resultados positivos têm resultado de todas as diversas modalidades de crítica que temos ventilado. Já passou a época em que se podia usar a Bíblia como uma espécie de entidade mágica (Não nos devemos tornar culpados nem da bibliomancia ou nem de bibliolatria). Nada teríamos a ganhar se encorajássemos o erro piedoso, só para satisfazer a pessoas que gostam de respostas simples.



Naturalmente, a crítica é absolutamente necessária, porquanto não pode haver verdadeira exegese de um texto bíblico sem a crítica textual. A versão Revista e Atualizada que usamos é subproduto dessa crítica textual. Entretanto, deveríamos resguardar-nos contra o ceticismo, que não é apenas o resultado, mas, algumas vezes, até mesmo a motivação, por detrás das atividades de alguns críticos.



Poderíamos ter um aspecto positivo da crítica quando esta nos ajuda a ter uma atitude mais otimista e uma maior confiança na missão de Cristo (caso contrário torna-se um lixo). Todavia, devemos, ser radicalmente contrários ao uso negativo da crítica que só tenciona negar a fé. A verdade é que alguns críticos (vejam as escolas críticas), partem da intenção de destruir a fé, por causa de alguma distorção psicológica que os levam a destruir ao invés de edificar. Alguns deles parecem indignados diante da Igreja Cristã e seus ensinos. Outros sentem-se insatisfeitos com o próprio cristianismo. Certo crítico alemão chegou ao extremo de negar a existência de Jesus, dizendo que foi a igreja que o inventou!



Todas essas atividades devem ser rechaçadas por nós, porquanto não produzirão coisa alguma de proveito.



Cito aqui uma exposição da analise da crítica textual da Enciclopédia de Teologia e Filosofia: " Temos observado que quanto mais sábios nos tornamos, mais otimistas ficamos, e mais confiamos na missão do Lógos, Jesus Cristo. Não precisamos de arcabouço literário perfeito para dispormos de uma boa apreciação da grandeza do plano divino em favor dos homens. Há uma profunda verdade na declaração que diz: "Precisamos de mais fé. de menos crença." É mediante essa fé mais profunda que nosso espírito avança para mais perto de Deus. E, a medida que avançamos, mais percebemos e desejamos a sua luz."



Poderá alguém dizer que o se os nossos seminários, nos simples cursos de graduação: bacharel, liderança e pedagogia, etc. ensinam uma teologia estranha com muita razão, contrariando a essência denominacional, bem como, escandalizando os mais fracos, com os quais temos grande responsabilidade, e certamente teria razão, por isso a nossa resistência a teologia liberal..



Por esta razão, me entendo que como diretor do STCN/Niterói, cuja tarefa é zelar pelo ensino ministrado, dentro dos padrões denominacionais e sobretudo bíblico, não devo me furtar ao dever e examinar o ensino veiculado, como guardião de nossa instituição, nesta área específica.



Sob pretexto algum podemos, ou devemos abrir mão desses princípios, ou permitir que sejam ensinados em nossas instituições, porque, tais ensinos, transgridem a genuinidade da Palavra de Deus.



Sei que o interesse no conhecimento é grande, mas isso não é crescer, é decrescer, quando abrimos as portas ou encaminhamos alunos a esses tipos de mestres, que retratam bem o desejo que permearia o coração de alguns no presente século, como preconiza a Palavra: "Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira do (gre. kentho - Cobiçoso de audição algo agradável) nos ouvidos; 2 Timóteo 4:3.



Existe muita coisa boa em exegese, hermenêutica e crítica textual, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, como também, verdadeiros mestres que não apostataram da fé. Portanto, não podemos ficar à mercê dos intelectuais da fé falida, que escarnecem da inspiração Bíblica, debocham da expiação, porque fomos chamados para batalhar contra eles.



Observe aonde leva esse tipo de teologia liberal, segundo a experiência de Ricardo Gondim, quando visitou algumas igrejas que enveredaram por essa teologia nociva, e na minha própria experiência agora na Europa, em contato com pastores ingleses, alemães, irlandeses, e outros....



"Na Inglaterra, entrei em um salão de snooker sentindo náuseas. A vertigem que invadiu o meu corpo foi diferente de tudo o que sentira antes. As mesas verdes espalhadas pelo largo espaço lembravam-me um necrotério. Eu explico porque. Aquele salão havia sido a nave de uma igreja, que definhou através dos anos, até ser vendido.



O pastor que me levou nessa insólita visita relatou que na Inglaterra há um grande número de igrejas que morrem lentamente. Devido aos altos custos de manutenção, só restava ao remanescente negociá-las.



Os maiores compradores, segundo ele, são os muçulmanos, donos de lojas de antigüidades e, infelizmente, de bares e boates. Vendo o púlpito talhado em pedra com inscrições de textos bíblicos -"Pregamos a Cristo crucificado"; "O sangue de Cristo nos purifica de todo pecado"-, voltei no tempo e lembrei-me de que aquela igreja, fundada durante o avivamento wesleyano, já fora um espaço de muita vitalidade espiritual.



As placas de granito e mármore, ainda fixadas nas paredes, mostravam que naquele altar - então balcão do bar - pregaram pastores e missionários ilustres. Imaginei aquele grande espaço, hoje cheio de homens vazios, lotado de pessoas ansiosas por participarem do mover de Deus que varria toda a Inglaterra. Perguntei a mim mesmo: "o que levou essa congregação a morrer de forma tão patética?". Nesses meus solilóquios, pensei no Brasil." Ultimato - Maio 1998."



Talvez, os queridos estejam achando que sou preconceituoso com o anti-sobrenaturalismo dos mestres da alta crítica ou dogmático demais com o pensamento tradicional; ou fundamentalista.. Essa, todavia, seria uma maneira fácil de evitar a questão. Segundo Oswald Allis: "O erudito científico", geralmente falando, mostra-se tão dogmático na rejeição a autoridade e inspiração da Bíblia, quanto o estudioso observador mostra-se ao aceitar e defender essa autoridade. Aquele mostra-se tão insistente em ajustar a Bíblia a uma perspectiva global que rejeita o sobrenaturalismo remidor da Bíblia e o caráter ímpar de sua história, religião e culto, quanto o defensor da Bíblia é insistente a respeito do caráter sem igual da história do sobrenaturalismo do Antigo e Novo Testamento, que o permeiam..." [8]



Por último, preocupo-me com os nossos púlpitos, com os nosso novos pastores, com os alunos, e com alguns veteranos também, que com esse tipo de teologia liberal, que não reflete o que de melhor há na teologia, (e há muita teologia boa, bem, como excelentes críticos textuais, etc.) pode estar sendo inflado de um saber oco, vazio de espiritualidade e cheio de uma letra vazia, sem poder para dar vida, mas, destruidora da fé, tanto dos que a pregam, quanto dos que a ouvem.



Lembrem-se do que diz o apóstolo Paulo: "Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; (1 Coríntios 2:7) mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; (1 Coríntios 2:8 ) sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; (1 Coríntios 2:13 ) Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.







Com o a liberdade de compartilhar o meu pensamento com quem saberá recebê-lo, agradeço a compreensão e carinho.



Neucir Valentim

Pastor

Diretor do STCN






Apêndice 1[9]: No que cremos no tocante a Bíblia: Art. 3 - Da Natureza dessa Revelação. As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus. Seu valor incalculável e devem ser lidas por todos os homens.

Apêndice 2[10] : No que cremos no tocante a Criação, a queda e da conseqüência da queda: - Da criação do Homem. Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem , constituindo-o de uma alma que é espirito, e de um corpo composto de matérias terrestres. O primeiro homem foi feito é semelhança de . Deus, puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito aquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo. Art. 7 - Da Queda do Homem. O homem, assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz; mas tentado por um espirito rebelde (chamado por Deus Satanás), desobedeceu ao seu Criador; destruiu a harmonia em que estivera com Deus; perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável; deste modo vieram sobre ele a ruína e a morte. Art. 8 - Da Conseqüência da Queda. Esta não se limitara ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça, e a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda; por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados e de fato todos morrem."

[1] Orr, James. The Problem of the Old Testament.

Nova York Charles Scribne's Sons - 1917

[2] Rowley, H.H. Worship in Ancient Israel

Londres - Hutchinson's University.

[3] Unger, Merril F. Introdutctory Guide to The Old Testament.

[4] Orr, James. The Problem of the Old Testament .

Nova York Charles Scribne's Sons - 1917

[5] Vos, Howard F. Editor de Can I Trust the Bible? Chicago: Moody Press - 1963

[6] Observação pessoal do autor da carta

[7] Nomes que designam Escolas Teológicas que estudam os documentos, textos e manuscritos antigos

[8] Josh Mc Dowell

Evidência que Exige um Veredicto II

Evidência Histórica da Fé Cristã

Editora Candeia - São Paulo - SP



[9] Vinte Oito Artigos da Breve Exposição doutrinária das Igrejas Evangélicas Congregacionais

[10] Idem

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Que diferença faria se você não existisse?

Que diferença faria se você não existisse?

POR: LUIZ VANDERLEY

Fiz-me essa pergunta há poucos dias e, tão logo a fiz, vi que poderia respondê-la em duas direções.

A primeira é no sentido de: que diferença faria pra mim mesmo, o que teria perdido e não teria vivido? Logo pensei em minha esposa e filhos. O sentimento que me veio foi de um grande alívio, pois, afinal, eles são a riqueza de minha vida. Mas não continuei por este caminho e logo pensei na outra direção: que diferença eu tenho feito na vida de outras pessoas? Da mesma forma, logo pensei na minha família, mas percebi que a questão, para ser respondida de forma honesta e profunda, deveria ser estendida para fora de minha casa. Assim, a questão mesmo é esta: se eu não tivesse nascido, que diferença isto faria na vida de outras pessoas para além do meu convívio familiar? Não sei quanto a você, mas essa questão pode nos deixar bastante deprê, arrasados, desanimados, pois talvez nossa performance solidária – tendo este como um dos fatores que nos ajudam a responder positivamente a questão - não seja das mais louváveis. Então, também achei melhor não ficar muito tempo nessa direção e preferi pegar outro rumo: que diferença eu posso começar a fazer na vida de outras pessoas? Agora, sim, um novo céu se abre diante de nós. Um mundo de oportunidades-de-atribuição-de-sentido se descortina à nossa frente.

Vou lhe dizer como sinto, de coração, que podemos fazer diferença: olhe ao outro, fale com ele, lhe dê atenção de modo a deixar claro que ele tem um grande valor, que ele merece respeito, que ele, este outro, quem quer que seja, é amado por você, ou, se não tanto, respeitado. Isso pode ser traduzido em um sorriso, em um tempo que paramos para ouvir ao outro, em termos mais paciência com seus erros, como o que consideramos que sejam suas “burrices” e, até mesmo, mais tolerância com sua estupidez e arrogância (como é bom e terapêutico vermos nossa burrice, estupidez e arrogância serem tratadas com paciência). Mas também pode ser traduzido quando dedicamos algo de nossas vidas para o bem alheio, quando nos doamos e não vivemos somente para nós mesmos, quando nos solidarizamos com os sofridos haitianos ou etíopes, ou com as vítimas de enchentes, com os que sofrem, enfim. Essas coisas fazem-nos diferentes, pois nos humanizam.

Penso que a vida é muito mais confortável e tranquila quando não pensamos nessas coisas, quando não estamos nem aí se faremos essa diferença ou não. Mas uma certeza podemos ter também: nenhum de nós nasceu para passar pela vida sem deixar ao menos uma boa marca na vida alheia. Não precisamos ser mártires, nem pensarmos em ações nacionalmente revolucionárias, mas, quem sabe, cada dia uma diferença. Já escolheu a sua de hoje?

Até,

Vandi

Deixemos de coisa, cuidemos da vida.

O amanhã cuidará de si mesmo! (Jesus) - Uma palavra, uma rápida reflexão, alguns provérbios e um poema.

O amanhã cuidará de si mesmo! (Jesus)

Uma palavra, uma rápida reflexão, alguns provérbios e um poema.

POR: Luiz Vanderley

Indefectível: a tragédia pode estar logo ali, em algum lugar, e pode acontecer bem pertinho da gente e – resistindo à vontade insana de bater na madeira – devemos aceitar e dizer: pode, sim, acontecer até mesmo com a gente (sai pra lá…). Não adianta: ela está ali. Não sabemos onde ao certo e nem adianta procurar ou achar que algo irá nos imunizar a ela: a tragédia – o fato funesto enquanto uma surpresa medonha – pode estar ali na frente. Mas, agora que você leu isto, siga o meu conselho: esqueça! Sim, isto mesmo! Viva simplesmente o que esta diante de você agora. O amanhã cuidará de si mesmo. Mas viva da melhor maneira, com toda intensidade. Afinal, Deus, que é amor, está do nosso lado.

Preciso saber sobre esta versão da vida onde a tragédia é iminente para não me revoltar contra Deus ou ninguém se ela me aparecer. Mas, em prol de uma vida saudável e feliz e, menos que isto, em prol de simplesmente seguir adiante, não devo deixar minha mente estacionar na possibilidade do trágico. Tais pensamentos devem ser interrompidos, pois pouca coisa tira-nos tanto a energia de vida como pensar o pior que pode estar logo ali. É este o sentido da frase dita por Jesus e que intitulou este post.

Gostaria de concluir tudo isto com alguns provérbios inventados: “Se a manga vai virar um caroço, o que importa é ter curtido o seu sulco”, “Se a chuva melar a praia será ótimo jogar imagem e ação com as crianças”, “Se não chegar lá, valeu ter tentado dando gargalhadas”, “Se no fim não sobrar nada ou ninguém, a vida valerá pela água, pelo pão, pelo abraço, pelo riso que doamos”.

Mas ainda falta o poema, não é?

“Eu fico com a pureza das respostas das crianças:
É a vida! É bonita e é bonita!
Viver e não ter a vergonha de ser feliz,
Cantar,
A beleza de ser um eterno aprendiz
Eu sei
Que a vida devia ser bem melhor e será,
Mas isso não impede que eu repita:
É bonita, é bonita e é bonita!

(Gonzaguinha)



Até,

Vandi

Deixemos de coisa e cuidemos da vida…

TUDO QUE ISRAEL FAZ É CERTO? O FATO DE SEREM FILHOS DE ABRAÃO OS ISENTA DO ERRO?

TUDO QUE ISRAEL FAZ É CERTO? O FATO DE

SEREM FILHOS DE ABRAÃO OS ISENTA DO ERRO?


POR: NEUCIR VALENTIM


Quando fico vendo a defesa ardorosa de muitos cristãos sinceros a favor da nação de Israel e sua política territorialista expansionista, confesso-me assustado. Primeiro, porque, muitos revelam um desconhecimento relevante da história do Oriente Médio. Segundo, porque, ao mesmo tempo percebo um desconhecimento da teologia bíblica, e isso me deixa mais triste ainda. Alguns olham os palestinos com um ódio cego, sem perceber que os judeus, que já foram vítimas do ódio nazista fizeram pequenas demonstrações de uma maldade semelhante, quando, só para citar um exemplo, em 1983 mataram mais de 2000 palestinos nas cidades de Sabra e Shatila, sobe o regime de terror, chefiado por Ariel Sharom, ex-primeiro ministro de Israel, extremamente belicoso, usando inclusive, na época, bonecas cheias de bombas, que deixaram crianças sem seus bracinhos até os dias de hoje, criando uma geração de adolescentes deformados e amargurados, que recentemente antes de entrar em coma começou a intifada, visitando o lugar sagrado do Islâ para provocá-los, proferindo blasfémias próximo a Mesquita de Al Aquisá.

Um dos argumentos mais usados é: “Israel é a menina dos olhos de Deus” ou “Israel é o povo de Deus, não se pode mexer com ele” e vai por aí a fora. Esse simplismo encerra uma discussão mais profunda. Precisaríamos de espaço para incluir o estudo da escatologia, da soteriologia, e de outros temas teológicos que certamente este artigo não comportaria, outrossim, vale lembrar que Deus há de tratar com a nação de Israel no plano profético, mas a qualidade de “Povo de Deus”, hoje, pertence eminentemente à igreja conforme se vê em I Pe 2:9. “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”



A questão palestina: Os ancestrais palestinos chegaram à costa do Mar Mediterrâneo antes de 3.500 a.C., para se dedicar à pesca, agricultura e pastoreio. Teve de enfrentar, ao longo dos séculos, a dominação de egípcios, assírios, caldeus, persas, romanos, hebreus e também os cruzados cristãos. Vivendo 400 anos sob o jugo do Império Turco-Otomano, são antigos moradores da região e deveriam ser tratados com respeito. Já nos dias de Jesus, os palestinos residiam ali. Nas cidades chamadas gentílicas, na Galiléia (Decápolis), Naftali e Zebulom, e na Samaria (palestinos não são árabes). Em nenhum momento o Senhor Jesus reclamou o direito de Israel sobre essas terras ocupadas em toda a Palestina, quer sob o jugo romano (o império mundial da época) quer pelo uso por outras gentes. Para Jesus, a nação desobediente de Israel, não precisava de um mundo material ou de um reino geográfico que se acabaria, e sim do conhecimento do verdadeiro Deus. Jesus não foi um político pró-israelita e por isso, foi crucificado pelos judeus.

A questão de Israel como filhos de Abraão e sua superioridade sobre as demais nações foi duramente rechaçada por Jesus, quando lhes anunciara a sua missão como Messias e a sua divindade: “para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.” Jo 5:23. Sim, para Jesus, os Judeus não aceitavam o filho e por isso rejeitavam também o Pai. O Deus dos Judeus, como no período de Jesus, não é, em concepção, o mesmo Deus dos cristãos, porque para os judeus não há Trindade, nem há divindade em Cristo ou no Espírito Santo. Seria como achar que o Deus das Testemunhas de Jeová é o mesmo Deus cristão. E não o é de fato! O diálogo de Jesus com os seus compatriotas, relatado pelo evangelista João, revela bem como era intolerante a relação deles para com Jesus. Disse Jesus: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós.” “Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão. Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez. Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou. Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.”

Ora, segundo fica claro nessa discussão é que Jesus já não considerava os judeus mais “o povo de Deus,” caso contrário, não os chamaria de filhos do diabo. Em Romanos 10, o apóstolo Paulo fala do assunto também, dizendo que os judeus deixando a promessa, tornaram-se tão transgressores como qualquer um, e por isso, todos são iguais perante Cristo, e lamentava profundamente: “Irmãos, o bom desejo do meu coração e a minha súplica a Deus por Israel é para sua salvação. Porque lhes dou testemunho de que têm zelo por Deus, mas não com entendimento. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à justiça de Deus. (...) Porque a Escritura diz: Ninguém que nele crê será confundido. Porquanto não há distinção entre judeu e grego; porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que o invocam. (..) Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa mensagem? Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo. Mas pergunto: Porventura não ouviram? Sim, por certo: Por toda a terra saiu a voz deles, e as suas palavras até os confins do mundo. (...) Mas pergunto ainda: Porventura Israel não o soube? Primeiro diz Moisés: Eu vos porei em ciúmes com aqueles que não são povo, com um povo insensato vos provocarei à ira.

E Isaías ousou dizer: Fui achado pelos que não me buscavam, manifestei-me aos que por mim não perguntavam. (...) Quanto a Israel, porém, diz: Todo o dia estendi as minhas mãos a um povo rebelde e contradizente.”

Segundo verificamos, não há nenhum princípio bíblico que coloque os judeus em hegemonia ou superioridade espiritual, ao contrário, diz Paulo ainda em Gálatas 3: 28 e 29: “Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa.”

Portanto, meu querido irmão, se os judeus por dureza de coração, rejeitaram a promessa, o Messias e continuam desonrando o filho, estão de igual modo, sujeitos aos mesmos erros dos palestinos, árabes, mulçumanos, hindus, etc. E todos juntos, se não se arrependerem, continuarão, filhos da ira de Deus. Convém lembrar que hoje é proibido pregar o evangelho em Israel, e apenas 3% da população é cristã, e que eles rejeitam tacitamente a obra do Espírito Santo.

Por isso disse Jesus aos Judeus: “Vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.” Jo 8:24.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

A Ética da Nação de Israel


A Ética da Nação de Israel

POR: IDAURO CAMPOS

Introdução:

A expressão ética “vem do grego ethos e se refere aos costumes ou práticas que são aprovados por uma cultura” . Destarte, a ética é o conjunto dos valores da sociedade organizada. Portanto, toda a sociedade possui seu código de conduta e os parâmetros pelos quais será operada. Geralmente, tais parâmetros são manifestados e conhecidos objetivamente. A sociedade, através de suas instâncias, sejam elas a família, a escola,
a religião, os órgãos públicos, se encarregam de decodificar e formalizar os princípios éticos que nortearão cada individuo que compõe a mesma. Aliás, é justamente para balizar a convivência social que a noção de ética é mister. Em um mundo sem limites, onde não se conhecem os direitos e deveres de cada um e onde não há regras claras que se estabeleça o modus vivendi de cada integrante, a vida comunitária se torna insuportável. Mas, a ética não apenas lastra o indivíduo, pois sua convocação também se dirige às instituições e é justamente neste item que a nossa reflexão proposta aqui focalizará, porquanto, de forma breve e resumida, observaremos os princípios éticos que se estabeleceram sobre a nação de Israel. Nosso alvo é mostrar que a ética dos hebreus possuía três expressões fundamentais: civil, religiosa e pessoal, tendo como alicerces o caráter ético de Deus e a sua Lei. Sem tais fundamentos a formação da nação de Israel estaria incompleta, pois, para existir como tal, Israel precisava de códigos de conduta. Enquanto populacho , prisioneiro do Egito, sem noção de Estado e de cidadania, Israel não possuía preceitos que lhe fossem “trilho básico”, mas, uma vez libertos, caminhando em direção à maturidade nacional, seria absolutamente necessário o estabelecimento de leis que dirigissem a consciência e as decisões.


Nação: O Contexto e a Necessidade da Ética.

Como exposto na introdução, foi a partir da libertação do Egito que Israel precisou desenhar os contornos da sua ética, pois, uma vez livres, cada hebreu precisaria viver voluntariamente em uma comunidade, sendo fundamental a compreensão de seus compromissos. Neste aspecto, inclusive, se percebe a grandiosidade histórica de Moisés, instrumento divino da libertação do povo hebreu, pois, em uma ponta da história, Moisés mobiliza uma multidão de escravos, desorganizada, confusa, instável, sem noção de Estado, sem leis, sem parâmetros e sem território e, após a uma militância de 40 anos, entrega na outra ponta da história o mesmo povo, livre, com fundamentos éticos, organizado civicamente, com seu sistema cúltico devidamente estabelecido, com regras claras quanto à convivência social, com direitos e deveres nítidos e prestes à ocupação territorial .
A organização da nação de Israel exigiu a construção da ética, pois um Estado precisa ter seus limites impostos sobre os indivíduos que o compõe. A liberdade promovida por Deus aos hebreus não fora para lhes dar autonomia, ou seja, eles não estavam livres para viverem de acordo com suas próprias leis e sim foram libertos para serem teônomos, isto é, a liberdade tinha como base a sujeição à Lei de Deus . Em regimes totalitários ou despóticos o que impera, no convívio comunitário é a lei da força e da opressão, mas, em sistemas livres, como o de Israel, o que garantirá a convivência harmônica é o respeito e a sujeição aos princípios reguladores da liberdade. Portanto, podemos afirmar que a convocação divina a Israel à existência como Estado justificou a afirmação da ética para garantir a existência do mesmo. Sem parâmetros, um povo não é livre. Sem deveres e direitos não há cidadania. Sem lei o caos impera.
A primeira expressão da lei dada aos hebreus foi justamente após a libertação do Egito. No terceiro mês da saída daquela terra, Deus entrega a Moisés as tábuas da Lei, contendo os Dez Mandamentos, expressão da Lei Moral . Concluindo, entendemos que os princípios éticos do povo hebreu foram construídos tendo como sitz im leben a formação da Nação.


Deus: O Fundamento da Ética

A Lei foi dada a Moisés, expressando o caráter de Deus. Podemos dizer que o Senhor Deus é um ser ético. Nas Escrituras Sagradas, que é revelação de Deus ao homem, isto é, nelas Deus se faz conhecer, permitindo assim que tenhamos uma compreensão de como Ele pensa, vemos o caráter ético de Deus se manifestar. Como declara o Dr. Alderi de Souza Matos, ministro presbiteriano:
“O Velho Testamento fala da existência de um único DEUS, o criador e Senhor de todas as coisas. Esse Deus é pessoal e tem um caráter positivo, não negativo ou neutro. Esse caráter se revela em seus atributos morais. Deus é Santo (Lv 11, 45; Sl 99, 9), justo (Sl 11, 7; 145, 17), verdadeiro (Sl 119, 160; Is 45, 19), misericordioso (Sl 103, 8; Is 55, 7), fiel (Dt 7, 9; Sl 33, 4”) .
Como vimos no tópico anterior, a nação de Israel foi convocada à liberdade e soberania por Deus. Israel como uma nação pertencente ao Senhor fora anunciada pelo próprio a Abraão . Deus quer um povo para si. Mas, este “povo de Deus’, terá como evidência deste pertencimento, o viver de acordo com os seus princípios. Portanto, a ética do povo hebreu derivava de Deus. Como Deus santo, justo, verdadeiro a exigência era de que a nação de Israel vivesse em santidade, verdade e justiça. Os valores do povo, assim como seus costumes não estariam sujeitos às influências das nações idólatras circunvizinhas, porquanto Deus mesmo, através das suas leis, ensinaria o povo quem eles eram, quem Ele Era e qual a missão da nação eleita no mundo.
A base da ética da nação de Israel era o Senhor. O caráter de Deus era o referencial máximo e o padrão absoluto para que a nova vida dos hebreus fosse administrada. Destarte, verificamos nas páginas do Antigo Testamento as três manifestações desta ética, objetivando orientar e disciplinar a vida dos habitantes do Estado de Israel. Vejamos:


O Decálogo: A Ética Pessoal

Os Dez Mandamentos são conhecidos como a expressão da Lei Moral de Deus e “representa a vontade de Deus para com o homem, no que diz respeito ao seu comportamento e aos seus deveres principais”. Podemos dizer que a Lei “ordena o comportamento que agrada a Deus e proíbe o que ofende” .
O Decálogo possui dois pilares muito claros. Primeiro, temos as indicações de como devem ser o nosso relacionamento com Deus (vs 1-11) e, em seguida, como devemos nos relacionar com o nosso próximo (vs 12 – 17). É digno de nota que o Decálogo foi apresentado justamente no primeiro momento em que Deus falaria coletivamente ao seu povo, onde, então, são apresentadas as diretrizes para a maneira como deveriam agir com Ele e uns para com outros. O apelo dos Dez Mandamentos era pessoal e apontava para como cada integrante da nação deveria cultivar uma saudável relação com Deus, que é o autor da vida, libertador e sustentador e como que a vida comunitária em um território específico, que caminhava para sua concretização deveria ser compreendida e quais os deveres que cada membro da nação tinha para com seus pares.
O Decálogo era uma poderosa lembrança de que temos a Deus como o fundamento da nossa existência. O preâmbulo, “Eu Sou O Senhor, Teu Deus...” torna tal verdade evidente. Afinal, este Senhor Deus é a razão da realidade da nação, uma vez que sem a Sua intervenção a escravidão permaneceria, logo, a Lei exige o reconhecimento devido a Ele, a honra que devemos prestá-lo e também quais os impedimentos e limites que nos são requeridos. Deus é um Deus pessoal e os relacionamentos interpessoais são propostos por Ele. Assim, a Lei Moral regula a ética pessoal. Como agimos com o Senhor e como agimos com os nossos irmãos. Mas, a ética em Israel também se dirigia às instituições que fariam parte do Estado, havia leis que regulavam a sociedade civil e é o que veremos abaixo.


A Ética Civil:

Uma vez que Israel tornara-se ciente dos deveres dos homens para com Deus e para com os outros homens, seria natural que o Estado em processo de formação, também tivesse compromissos que protegessem a nação. Este é o propósito das leis civis que servirão de solo para os princípios éticos da sociedade israelense. Aqui se aplicam os regulamentos acerca dos servos , da violência , da propriedade , das virgens , do falso testemunho e da injúria , dos deveres dos magistrados , dos casamentos ilícitos e das uniões abomináveis , dos pesos e medidas justos , das penas dos crimes , do cuidado para com os pobres , do cuidado para com os escravos . Ou seja, havia, em Israel, o conceito de uma ética social. As expressões eram diversas, porquanto havia uma ética da família ; uma ética do trabalho ; uma ética étnica ; uma ética do poder ; uma ética das finanças e etc. Temos, portanto, em Israel a construção de um Estado justo e protetor da vida em todas as suas nuances. Estamos diante de um Estado ético.


A Ética Religiosa

Finalmente, em nossa reflexão sobre a ética do Estado de Israel, poderemos indicar algumas manifestações da ética religiosa do povo hebreu. Havia, obviamente, regulamentações específicas sobre a vivência religiosa do povo de Deus. Tais regulamentações visavam “impressionar nos homens a santidade de Deus e concentrar suas atenções no Messias prometido” .
Logo após o anúncio do Decálogo, os princípios religiosos foram transmitidos ao povo, pois Deus queria manter o seu povo em permanente contato e, então, estabelece os critérios para que a relação fosse possível. No próprio texto do Êxodo 20.22-26, tendo como contexto a entrega da Lei Moral, Deus instrui a Moisés sobre a maneira como a nação deve se aproximar d’Ele.
A ética religiosa de Israel, com sua ênfase na santidade de Deus, terminava por proteger o homem, visto que este por ser pecador não pode aproximar-se livremente de Deus. Era, de fato, necessário, na Antiga Aliança, a presença de sacerdotes, a entrega de holocaustos, o cuidado com as cerimônias de purificação, a participação nas festas, o uso dos utensílios corretos nas cerimônias, a apresentação de diversos tipos de ofertas e sacrifícios e etc, para que a vida do homem pudesse ser aceita. Os descuidos para com tais preceitos colocavam os hebreus em sérios riscos e sujeitos ao juízo divino . Ao mesmo tempo, as regulamentações religiosas não só enfatizavam o caráter santo de Deus, mas, principalmente, indicavam a unicidade de Deus, visto ser Ele o único Deus. “Ouve, Israel, o Senhor, teu Deus é o único Deus” (Dt 6.4). Esta é a base fundamental da ética religiosa de Israel. Deus é único. Qualquer veneração a qualquer ente que não seja o Senhor é idolatria e, portanto, pecaminoso. Destarte, podemos concluir nossa breve reflexão deste tópico, enfatizando que a ética religiosa tinha como objetivos evidenciar a santidade de Deus, proteger o homem, estabelecendo meios adequados de aproximação com o Senhor naquela aliança e exaltar a unicidade de Deus, exigindo do homem resgatado o devido louvor e a devida
honra Àquele que é único digno de ser adorado como Deus.
Soli Deo Glória!!!


Conclusão

Earle E. Cairns, historiador da Igreja, em sua análise das razões do rápido crescimento do cristianismo no século I, comenta que a fé cristã recebeu como herança do judaísmo o monoteísmo e o seu sistema ético, tipificado no alto padrão proposto no decálogo . Estes elementos diferenciavam a judaísmo de qualquer segmento religioso até então conhecido. O único Deus, como base fundamental da existência e as suas diretrizes que exigiam do homem a mais elevada conduta, visto que este é a sua imagem e semelhança , chamou a atenção do mundo antigo. E não só do mundo antigo, mas de toda a posteridade também. A ética de Israel encontrava seu apoio em Deus. Deus é quem dá sentido às nossas decisões. A ética é, portanto, a correspondência daqueles que interagem com Deus. Não é possível servi-lo sem obedecê-lo. Não é possível amá-lo sem dar Ele a primazia na vida. As expressões morais, cívicas e religiosas de Israel nada mais eram do que o reconhecimento e comunicação da mensagem de que todos os aspectos da vida do homem (pessoal, religioso e civil) são do interesse especial de Deus. Nada lhe foge o cuidado.Ele é o criador e legislador de todos os que são seus. Afinal, disse o sábio salmista Davi, “Do Senhor é a Terra e a sua plenitude, o mundo e todos os que nela habitam” (Salmo 24.1). Soli Deo Glória!!!


Referências

A BÍBLIA DE ESTUDO DE GENEBRA. Português. Tradução: João Ferreira de Almeida. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

CAIRNS, Earle E. O Cristianismo Através dos Séculos. São Paulo. Vida Nova. 2ª ed, 1988.

KEVAN, Ernest. A Lei Moral. São Paulo. Os Puritanos. 2000.

MATOS, Alderi de Souza. As Bases Bíblicas da Ética Cristã. Instituto Presbiteriano Mackenzie. São Paulo. Disponível em: www4.Mackenzie.br/7153.html. Acesso em: 01 mai.2009.

PORTELA, Solano. A Lei de Deus Hoje. São Paulo. Os Puritanos. 2000.

------------------------ A Pena Capital e a Lei de Deus. São Paulo. Os Puritanos. 2000.

REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo. Vida Nova. 1992.