sexta-feira, 25 de junho de 2010

UMA REFLEXÃO SINCERA E HONESTA SOBRE A TEOLOGIA LIBERAL

UMA REFLEXÃO SINCERA E HONESTA SOBRE A TEOLOGIA LIBERAL

POR: NEUCIR VALENTIM




"Amados, quando empregava toda a diligência em escrever-vos acerca da nossa comum salvação, foi que me senti obrigado a corresponder-me convosco, exortando-vos a batalhardes diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos, Pois certos indivíduos se introduziram com dissimulação, os quais, desde muito, foram antecipadamente pronunciados para esta condenação, homens ímpios, que transformam em libertinagem a graça de nosso Deus e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo.." Jd 1:3 e 4





Senhor Diretor do Seminário Teológico Congregacional do

Estado do Rio de Janeiro - SETECERJ.





O Seminário Teológico Congregacional de Niterói tem sido uma casamata, no meio teológico, para reafirmar as posições bíblicas e rejeitar a teologia liberal, ainda que para os liberais, seja considerada uma casa anacrônica.



Desta forma, cunho aqui alguns comentários, que tenho feito, a van passan, com colegas de ministérios (e professores de seminários) sobre os eruditos famosos e sobre a escola crítica mais radical, isto é, o ensino que corre em muitos seminários contra a autenticidade das Escrituras e a literalidade dos textos bíblicos e sobre a inspiração verbal e plenário da Bíblia, conforme cremos. Isso fiz, para não assumirmos o desespero da falta de informação que aparentemente alguns tem, diante de ensinos desses críticos de plantão, e caírmos na sua lábia arrogante, achando que são eles os detentores do conhecimento mais profundo.



Infelizmente, busquei em meus alfarrábios, o anexo a esta simples reflexão, cujo volume de palavras, talvez lhes cansasse um pouco. Cheguei a 30 laudas em papel a4.





Pois bem, em minhas reflexões começo focalizando uma citação: "Somos induzidos a contradição que deixa-nos a beira de um abismo entre uma autoritária Palavra de Deus, por um lado, e "uma fragmentada miscelânea de trechos literários meio-místicos, meio-históricos, na qual não podemos confiar", por outro lado. Em um nível mais fundamental, vemo-nos diante de uma extremada tensão entre o retrato escriturístico que é fornecido pela história de Israel e a reconstituição feita pelos críticos radicais."[1]



"Não exageramos em dizer que a escola crítica mais radical opina que o Antigo Testamento, em sua maior parte, não é histórico. Como é óbvio, não se trata necessariamente da inexistência de um substrato histórico em algumas porções, - e alguns chegam a reconhecer em porções consideráveis !!! (o negrito é nosso), Nem todos irão afirmar, conforme fazia Stade, que Israel, como um povo, nem mesmo esteve alguma vez no Egito; ou cambando para outro extremo, de dizer conforme fez Kosters, o qual negava que Judá tenha retornado do exílio babilônico, sob a liderança de Zorobabel. Mas os críticos consideram os livros sagrados, conforme eles existem, são genuínos como história somente a partir, pelo menos, dos dias dos reis e, mesmo assim, apenas parcialmente"[2]



Isso deixa entendido, segundo os críticos liberais, que o quadro que vemos nas páginas do Antigo Testamento, ou seja, o desenrolar de um plano divino coerente e unificado (o seu elemento teológico), que percorre toda história de Israel, começando com Adão, no livro de Gênesis, e culminando com o Messias prometido, conforme anunciado pelos profetas, foi inventado.



"Kautzshe, de Halle, em uma preleção sobre O Valor Permanente do Antigo Testamento, citado por Orr, escreve: O valor permanente do Antigo Testamento jaz, acima de tudo, no seguinte: ele nos garante, com absoluta certeza, o fato e o andamento de um plano divino, que expõe o caminho para a salvação, plano esse que chegou à sua conclusão e ao seu cumprimento no Novo Pacto, na pessoa e obra de Jesus Cristo."[3]



James Orr ainda afirma: "a resposta dada pela crítica consiste em procurar eliminar o elemento teológico da narrativa bíblica, ao dizer que a exposição feita pela Bíblia é irreal e artificial, e não um desenvolvimento harmônico com a própria história, e, sim, um desenvolvimento imaginário, resultante de interpretação e idéias lendárias primitivas, durante o período dos profetas. Essa suposta aceitação foi sobreposta à tradição histórica segundo a maneira usual em que os críticos manipulam o material de que dispõe. Dizem os críticos que se dermos lugar ao esquema crítico - a sua análise e separação de documentos - , desaparecerá por encanto a ilusão de teologia nas histórias contidas no Antigo Testamento, com a derrocada de alguma coisa extraordinária que possa explicá-la"[4]



Nas palavras do professor Robertson temos o seguinte: "O que eles sustentam é que o esquema seguido pelos escritores da Bíblia, foi um pensamento posterior. Essa noção tardia, mediante um processo de manipulação de documentos mais antigos, e através de uma apresentação sistemática de eventos mais antigos, à luz de tempos bem posteriores, fez com que tal apresentação parecesse ser o desenvolvimento original e genuíno"[5] em outras palavras, o conjunto de ensinos que temos hoje, é um grande engodo[6]



Cabe afirmar que a crítica textual, da forma, alta ou baixa[7], por si mesma é uma atividade absolutamente necessária para o nosso conhecimento da Bíblia, e muitos resultados positivos têm resultado de todas as diversas modalidades de crítica que temos ventilado. Já passou a época em que se podia usar a Bíblia como uma espécie de entidade mágica (Não nos devemos tornar culpados nem da bibliomancia ou nem de bibliolatria). Nada teríamos a ganhar se encorajássemos o erro piedoso, só para satisfazer a pessoas que gostam de respostas simples.



Naturalmente, a crítica é absolutamente necessária, porquanto não pode haver verdadeira exegese de um texto bíblico sem a crítica textual. A versão Revista e Atualizada que usamos é subproduto dessa crítica textual. Entretanto, deveríamos resguardar-nos contra o ceticismo, que não é apenas o resultado, mas, algumas vezes, até mesmo a motivação, por detrás das atividades de alguns críticos.



Poderíamos ter um aspecto positivo da crítica quando esta nos ajuda a ter uma atitude mais otimista e uma maior confiança na missão de Cristo (caso contrário torna-se um lixo). Todavia, devemos, ser radicalmente contrários ao uso negativo da crítica que só tenciona negar a fé. A verdade é que alguns críticos (vejam as escolas críticas), partem da intenção de destruir a fé, por causa de alguma distorção psicológica que os levam a destruir ao invés de edificar. Alguns deles parecem indignados diante da Igreja Cristã e seus ensinos. Outros sentem-se insatisfeitos com o próprio cristianismo. Certo crítico alemão chegou ao extremo de negar a existência de Jesus, dizendo que foi a igreja que o inventou!



Todas essas atividades devem ser rechaçadas por nós, porquanto não produzirão coisa alguma de proveito.



Cito aqui uma exposição da analise da crítica textual da Enciclopédia de Teologia e Filosofia: " Temos observado que quanto mais sábios nos tornamos, mais otimistas ficamos, e mais confiamos na missão do Lógos, Jesus Cristo. Não precisamos de arcabouço literário perfeito para dispormos de uma boa apreciação da grandeza do plano divino em favor dos homens. Há uma profunda verdade na declaração que diz: "Precisamos de mais fé. de menos crença." É mediante essa fé mais profunda que nosso espírito avança para mais perto de Deus. E, a medida que avançamos, mais percebemos e desejamos a sua luz."



Poderá alguém dizer que o se os nossos seminários, nos simples cursos de graduação: bacharel, liderança e pedagogia, etc. ensinam uma teologia estranha com muita razão, contrariando a essência denominacional, bem como, escandalizando os mais fracos, com os quais temos grande responsabilidade, e certamente teria razão, por isso a nossa resistência a teologia liberal..



Por esta razão, me entendo que como diretor do STCN/Niterói, cuja tarefa é zelar pelo ensino ministrado, dentro dos padrões denominacionais e sobretudo bíblico, não devo me furtar ao dever e examinar o ensino veiculado, como guardião de nossa instituição, nesta área específica.



Sob pretexto algum podemos, ou devemos abrir mão desses princípios, ou permitir que sejam ensinados em nossas instituições, porque, tais ensinos, transgridem a genuinidade da Palavra de Deus.



Sei que o interesse no conhecimento é grande, mas isso não é crescer, é decrescer, quando abrimos as portas ou encaminhamos alunos a esses tipos de mestres, que retratam bem o desejo que permearia o coração de alguns no presente século, como preconiza a Palavra: "Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira do (gre. kentho - Cobiçoso de audição algo agradável) nos ouvidos; 2 Timóteo 4:3.



Existe muita coisa boa em exegese, hermenêutica e crítica textual, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento, como também, verdadeiros mestres que não apostataram da fé. Portanto, não podemos ficar à mercê dos intelectuais da fé falida, que escarnecem da inspiração Bíblica, debocham da expiação, porque fomos chamados para batalhar contra eles.



Observe aonde leva esse tipo de teologia liberal, segundo a experiência de Ricardo Gondim, quando visitou algumas igrejas que enveredaram por essa teologia nociva, e na minha própria experiência agora na Europa, em contato com pastores ingleses, alemães, irlandeses, e outros....



"Na Inglaterra, entrei em um salão de snooker sentindo náuseas. A vertigem que invadiu o meu corpo foi diferente de tudo o que sentira antes. As mesas verdes espalhadas pelo largo espaço lembravam-me um necrotério. Eu explico porque. Aquele salão havia sido a nave de uma igreja, que definhou através dos anos, até ser vendido.



O pastor que me levou nessa insólita visita relatou que na Inglaterra há um grande número de igrejas que morrem lentamente. Devido aos altos custos de manutenção, só restava ao remanescente negociá-las.



Os maiores compradores, segundo ele, são os muçulmanos, donos de lojas de antigüidades e, infelizmente, de bares e boates. Vendo o púlpito talhado em pedra com inscrições de textos bíblicos -"Pregamos a Cristo crucificado"; "O sangue de Cristo nos purifica de todo pecado"-, voltei no tempo e lembrei-me de que aquela igreja, fundada durante o avivamento wesleyano, já fora um espaço de muita vitalidade espiritual.



As placas de granito e mármore, ainda fixadas nas paredes, mostravam que naquele altar - então balcão do bar - pregaram pastores e missionários ilustres. Imaginei aquele grande espaço, hoje cheio de homens vazios, lotado de pessoas ansiosas por participarem do mover de Deus que varria toda a Inglaterra. Perguntei a mim mesmo: "o que levou essa congregação a morrer de forma tão patética?". Nesses meus solilóquios, pensei no Brasil." Ultimato - Maio 1998."



Talvez, os queridos estejam achando que sou preconceituoso com o anti-sobrenaturalismo dos mestres da alta crítica ou dogmático demais com o pensamento tradicional; ou fundamentalista.. Essa, todavia, seria uma maneira fácil de evitar a questão. Segundo Oswald Allis: "O erudito científico", geralmente falando, mostra-se tão dogmático na rejeição a autoridade e inspiração da Bíblia, quanto o estudioso observador mostra-se ao aceitar e defender essa autoridade. Aquele mostra-se tão insistente em ajustar a Bíblia a uma perspectiva global que rejeita o sobrenaturalismo remidor da Bíblia e o caráter ímpar de sua história, religião e culto, quanto o defensor da Bíblia é insistente a respeito do caráter sem igual da história do sobrenaturalismo do Antigo e Novo Testamento, que o permeiam..." [8]



Por último, preocupo-me com os nossos púlpitos, com os nosso novos pastores, com os alunos, e com alguns veteranos também, que com esse tipo de teologia liberal, que não reflete o que de melhor há na teologia, (e há muita teologia boa, bem, como excelentes críticos textuais, etc.) pode estar sendo inflado de um saber oco, vazio de espiritualidade e cheio de uma letra vazia, sem poder para dar vida, mas, destruidora da fé, tanto dos que a pregam, quanto dos que a ouvem.



Lembrem-se do que diz o apóstolo Paulo: "Entretanto, expomos sabedoria entre os experimentados; não, porém, a sabedoria deste século, nem a dos poderosos desta época, que se reduzem a nada; (1 Coríntios 2:7) mas falamos a sabedoria de Deus em mistério, outrora oculta, a qual Deus preordenou desde a eternidade para a nossa glória; (1 Coríntios 2:8 ) sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu; porque, se a tivessem conhecido, jamais teriam crucificado o Senhor da glória; (1 Coríntios 2:13 ) Disto também falamos, não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinadas pelo Espírito, conferindo coisas espirituais com espirituais.







Com o a liberdade de compartilhar o meu pensamento com quem saberá recebê-lo, agradeço a compreensão e carinho.



Neucir Valentim

Pastor

Diretor do STCN






Apêndice 1[9]: No que cremos no tocante a Bíblia: Art. 3 - Da Natureza dessa Revelação. As Escrituras Sagradas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que escreveram são as palavras de Deus. Seu valor incalculável e devem ser lidas por todos os homens.

Apêndice 2[10] : No que cremos no tocante a Criação, a queda e da conseqüência da queda: - Da criação do Homem. Deus, tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem , constituindo-o de uma alma que é espirito, e de um corpo composto de matérias terrestres. O primeiro homem foi feito é semelhança de . Deus, puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito aquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo. Art. 7 - Da Queda do Homem. O homem, assim dotado e amado pelo Criador era perfeitamente feliz; mas tentado por um espirito rebelde (chamado por Deus Satanás), desobedeceu ao seu Criador; destruiu a harmonia em que estivera com Deus; perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável; deste modo vieram sobre ele a ruína e a morte. Art. 8 - Da Conseqüência da Queda. Esta não se limitara ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça, e a inclinação para o mal e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda; por conseqüência todos pecam, todos merecem ser condenados e de fato todos morrem."

[1] Orr, James. The Problem of the Old Testament.

Nova York Charles Scribne's Sons - 1917

[2] Rowley, H.H. Worship in Ancient Israel

Londres - Hutchinson's University.

[3] Unger, Merril F. Introdutctory Guide to The Old Testament.

[4] Orr, James. The Problem of the Old Testament .

Nova York Charles Scribne's Sons - 1917

[5] Vos, Howard F. Editor de Can I Trust the Bible? Chicago: Moody Press - 1963

[6] Observação pessoal do autor da carta

[7] Nomes que designam Escolas Teológicas que estudam os documentos, textos e manuscritos antigos

[8] Josh Mc Dowell

Evidência que Exige um Veredicto II

Evidência Histórica da Fé Cristã

Editora Candeia - São Paulo - SP



[9] Vinte Oito Artigos da Breve Exposição doutrinária das Igrejas Evangélicas Congregacionais

[10] Idem

Nenhum comentário:

Postar um comentário