quinta-feira, 15 de maio de 2014

Uma Abordagem Bíblica e Equilibrada Sobre O Dízimo

POR: Gédson Lidório

Introdução

Uma Falsa “Nova Revelação” no Antigo Século Vinte!!

Existe um livro escrito pelo pastor Jerônimo Onofre da Silveira que é mais que uma interpretação de textos bíblicos. Pretende completar ainda a revelação dada por Deus. Na ante capa do livro lemos sua apresentação: “Este livro não é fruto de pesquisas ou de acúmulo de experiências ministeriais. Tudo o que você ler e constatar em suas páginas é fruto de uma PODEROSA REVELAÇÃO DE DEUS. Em junho de 1987 Deus me revelou a mensagem do livro “O DOM DE ADQUIRIR RIQUEZAS” e no mês de novembro de 92, o Senhor me confiou a revelação sobre os “EXTERMINADORES DE RIQUEZAS”. Pois bem, o livro que temos em mãos é o segundo e seu conteúdo é a nova interpretação de Joel 1:4 a respeito dos gafanhotos exterminadores. Aqui vemos que não se segue regra hermenêutica alguma a sério porque já começa por desobedecer o mais importante, que o apóstolo Paulo chamou de anátema: nova revelação de Deus, em nossos tempos, completando a Palavra Revelada. Se fôssemos dar lugar a isso então teríamos de levar mais a sério as revelações dadas a Smith (Mórmons); às dadas para a Sra. White, dos adventistas ou até mesmo, porque não pensar na possibilidade de Deus estar ajudando alguns espíritas a psicografarem seus livros? O que fazer do livro do Moon, o “Livro dos Princípios” que inicia dizendo que a nova revelação mostra que houve um triângulo amoroso e sexual entre Adão, Eva e Satã?


No livro dos gafanhotos lemos que existem quatro legiões de demônios cuja tarefa é atacar as riquezas e não são exorcizados através de orações nem jejuns nem pelo nome de Cristo, mas através do fato de se entregar os dízimos corretamente. Também diz que Deus falou para ele que a Igreja ajudar ao pobre materialmente não é caridade mas alimentar o diabo. Defende a tese que somente através do fato de não ser dizimista é que alguém perde riquezas e então conclui que Jó não era dizimista e quando se tornou, conhecendo melhor a Deus e se convertendo, é que Deus restituiu tudo para ele.


Porque um livro assim engana a tantos cristãos? Porque os cristãos estão conhecendo muito pouco do verdadeiro significado dos textos bíblicos; estão fracos na doutrina; não conhecem as regras da hermenêutica e exegese como deveriam; e, principalmente, porque tais livros são escritos “baseados” nos textos bíblicos e estes textos, que são respeitados por serem a Palavra de Deus, continuam a ser respeitados fora do contexto, de forma errada!! Há medo nos cristãos de sentirem dúvida sobre uma afirmação que se faz citando um texto bíblico, por mais desconexa que seja!!! Mas os bereanos não tinham medo e olha quem falava para eles: nada menos que o apóstolo tão honrado aprovado por Deus: Paulo!!

Infelizmente, porém, os doutrinadores, mesmo nas Igrejas mais tradicionais e exigentes no quesito "exegese", têm desvirtuado o sentido do dízimo porque existe algo em jogo: a arrecadação da Igreja. Uma pessoa de minhas relações ouviu um pastor presbiteriano, portanto da Igreja que nos orgulhamos sempre em dizer Sola Fide - Sola Gratia - Sola Scriptura (somente a fé, somente a graça, somente as Escrituras), dizer para outro: "nós sabemos a verdade, mas não podemos pregar ela toda, pois precisamos de arrecadar os dízimos". Um professor muito querido, em minha época da faculdade de teologia dizia: "a Palavra de Deus é como um leão; ela sabe se virar sozinha". Citando este texto não estou enfatizando que não deva haver livros apologéticos, porque Deus usa seus servos neste mister e é um desafio fazer isto sem cair no erro do desrespeito aos de fé diferente. O que desejo enfatizar aqui é que o texto bíblico pode e deve ser explicado na sua melhor claridade conseguida com a luz que temos, sem medo de que algo venha a nos ser tirado. Na idade média e até início do século vinte ainda, mesmo que pasmemos, alguns líderes religiosos torciam para o povo não ler a Bíblia, senão poderiam deixar de aceitar alguns dógmas impostos com o passar dos séculos. Na época da escravidão um dos maiores perigos para os senhores era que seus escravos deixassem de ser analfabetos; até alguns maridos não queriam que suas esposas ficassem muito "sabidas". Todo este desrespeito e prejuizo a terceiros são levados a efeito por líderes egoístas e desonestos; ou egoístas e ignorantes.

A proposta que apresentamos aqui é um estudo do assunto na Palavra de Deus que seguirá método cronológico. Isto é, vamos começar do Gênesis, fazendo um estudo no Antigo Testamento, seguindo a própria cronologia da revelação. Depois passamos ao Novo Testamento, estudamos os Evangelhos, observando o lançamento dos princípios norteadores, a respeito do assunto estudado, da Nova Dispensação, feito por Jesus. Em seguida avançamos no estudo da prática do Evangelho no livro de Atos e, finalmente, na aplicação dos princípios dados por Cristo às diversas Igrejas e a várias circunstâncias, assim como a revelação final da vontade de Deus a respeito do assunto estudado.

No estudo do Antigo Testamento o estudante deverá ser paciente ao ver apresentados muitos textos sobre sacrifícios, holocaustos e outros. Mostraremos, no desenvolver do estudo que tem tudo a ver com os princípios que regem também os dízimos e as ofertas em dinheiro.

1 - Época Anterior a Moisés
Primeiras manifestações do "dar" e do "receber".



Desde Adão que Deus ensinava aos que se dedicavam a Ele. Não foi de qualquer maneira que Abel ofereceu sua oferta a Deus. Também Noé sacrificou a Deus, após o dilúvio. Nesta época podemos pelo menos concluir que Deus aceitava o culto de todos que se achegavam com fé. Se falou com Noé e com Jó, com certeza falava com quantos queria e orientava no que queria. Assim, pois, vemos que mesmo antes da lei mosaica dois procedimentos eram importantes: O relacionamento com Deus e o relacionamento com os homens. Deus se revelava ao homem através de dons: Deu a existência ao ser humano (criou), deu-lhe roupas (sacrificando o primeiro animal), dava a chuva, o sol, o alimento, a saúde e a crescente compreensão do Ser de Deus. Aqueles que alcançavam um bom relacionamento com Deus ofertavam a si próprios, o seu louvor e ação de graças, seja através de orações ou de sacrifícios. E quem possuía bom relacionamento com os homens demonstravam isso através do amor que se provava em ações de caridade, de socorro, etc. Vemos, por exemplo, Abraão sendo altruísta com relação ao seu sobrinho Ló, deixando que ele escolhesse a melhor parte (no sentido material) da terra para morar e ainda fazendo guerra para defendê-lo. Depois mostra como era cheio de amor ao interceder por Sodoma e Gomorra e por seu sobrinho.

Concluímos que um servo de Deus, mesmo na época que antecedeu à lei, era norteado pelo amor: A Deus e ao próximo. E a manifestação principal deste amor era através de ofertas: A Deus (sacrifícios, louvor, orações, etc) e ao próximo (afeto, carinho, compreensão, bondade, paciência, bens materiais como terras, bois, ovelhas e assim por diante). Uma última ênfase aqui: O amor se revela através do dom, da dádiva (oferta, doação). A natureza se rege através de leis de dar e receber: O sol joga seus raios para as plantas e elas dão o oxigênio e assim por diante. É claro que com o pecado a natureza saiu do equilíbrio perfeito no dar e receber. Este princípio do amor e de sua manifestação no "doar-se" norteia a vida do ser humano desde sua criação, continua mesmo após a queda e continuará para sempre. Na eternidade viveremos a plenitude e perfeição do amor, pois será eterna a atividade de dar e receber.


Primeira referência ao dízimo:


Gn 14:20 - "E de tudo lhe deu Abrão o dízimo." Esta é a primeira referência ao dízimo e é muito interessante. Vejamos:


1- Melquisedeque aqui simbolizava a Cristo.


2- Um dos significados da entrega dos dízimos é que Melquisedeque era sacerdote. Era um reconhecimento de Abrão deste fato.


3- Mesmo que Abraão tenha entregado o dízimo, antes de haver a lei do mesmo, não significa que Deus não o estivesse orientando. E, assim, na revelação de Deus à Igreja, este fato fora preparado para demonstrar que Cristo é de uma linhagem de sacerdócio diferente da de Abraão, em Levi. Sendo, portanto, superior. Ora, o apóstolo Paulo toma o fato de o dízimo pertencer aos levitas como argumento de que era um reconhecimento de ser Cristo também sacerdote, e de uma linhagem superior. Veja Hb 7:1-11. Fica aqui esclarecido já que os dízimos pertencem principalmente aos levitas.



Jacó aprendeu com seu pai:


Gn 28:22 - Jacó promete a Deus oferecer todos os dízimos. Não estamos aqui para especular. O que até agora foi revelado sobre o dízimo? Quase nada. Mas os homens na época de Jacó já tinham costumes referentes ao dízimo. Como se trata do tempo anterior à lei, vamos retirar daqui as seguintes lições:


1- Fazia parte da mente do povo, à luz de Gn 14:20 e 28:22 entregar os dízimos a Deus, ou diretamente ou através de
alguém que o representasse.


2- Jacó ofereceria a Deus todos seus dízimos. Não sabemos como Deus orientaria sobre o método. Poderia ser que fosse sacrificando animais e oferecendo manjares e libações. Poderia ser que entregasse a alguém que fosse considerado sacerdote do Deus altíssimo, como Melquisedeque. Pode ser que entregasse aos pobres, etc. Ninguém sabe ao certo como seria.

2 - Em Moisés e Após – Instituição de Algumas Ofertas e Taxas
Instituição da consagração de todos os primogênitos:


Ex 13:2 - Deus consagrou para Ele todo o primogênito, tanto de homens como dos animais. Deveriam ser devolvidos ao Senhor como oferta dos primogênitos. Todos os primogênitos, fora os das jumentas que seriam resgatados (trocados) por ovelhas e os dos homens que seriam também resgatados (através da Tribo de Levi), seriam sacrificados ao Senhor. (Veja restante do capítulo). Desta forma já existiriam milhares de animais que seriam sacrificados diariamente.



Os judeus teriam que fazer pelo menos três viagens por ano a Jerusalém:

Ex 23:17 - Incluí aqui este texto para mostrar a dinâmica da vida dos judeus, como seria na terra prometida, em questão de viagens: Três vezes por ano deveriam se apresentar diante do Senhor para as festas principais. Guarde bem isso que servirá mais para diante: Os judeus ocupariam seu tempo em trabalhos, etc. Mas parte deste tempo deveria ser dedicado ao Senhor. Não somente os sábados, mas em pelo menos três vezes ao ano, deveriam se tornar peregrinos e irem a Jerusalém. Isso acarretaria despesas de viagens e depesas lá, nos dias que passassem na presença de Deus. Em Nm 28 e 29 Moisés estabelece detalhes sobre as festas, os holocaustos, etc.



Instituição da oferta das primícias (oferta não voluntária, isto é, obrigatória):

Ex 23:19 - Aqui vemos o estabelecimento da devolução a Deus das primícias. Não somente as primícias dos homens e dos animais, isto é, os primogênitos, mas agora, as primícias dos frutos da terra. Esta lei vem antes da lei dos dízimos. Veja bem, antes estão vindo as leis de oferecimento a Deus mesmo, diretamente.

As primícias das colheitas deviam ser oferecidas na Páscoa, e nada da nova safra poderia ser usado enquanto não se fizesse isso, Lev 23:14. A primeira safra de um novo pomar (no 4ª ano),devia ser dada a Deus, e nenhum fruto daí podia ser usado até que isto se fizesse; a idéia era a seguinte: a safra era impura até que o seu produto fosse dedicado a Deus. Lição: Colocar Deus em primeiro lugar na vida (Halley, 133)". Ver ainda Ex 34:26; Lv 23:9-14.



Instituição de taxas "per capitas" destinadas ao Templo:


Ex 30:11-16 - Muito importante esse texto. Aqui Deus estabelece um resgate pessoal para cada um que fosse contado, um tipo de imposto, uma taxa que seria remanejada diretamente à tesouraria da Tenda da Congregação, Tabernáculo, depois, Templo em Jerusalém. Note bem, não é dízimo, mas uma taxa que seria cobrada quando se fizesse o recenseamento dos filhos de Israel. Esta taxa não era proporcional mas de valor exato e igual para todos: meio siclo. Um siclo equivalia a 4 denários, que equivalem a 16 centavos de dólar (Halley, 35). Moisés arrecadou ( Ex 38:25,26) 100 talentos e 1775 siclos, referentes a 603 550 arrolados, de vinte anos para cima.



Instituição, através do precedente da construção do Tabernáculo, da coleta de ofertas voluntárias para fins específicos:


Ex 35:4-9 - Deus ordena que sejam recolhidas ofertas para a construção do tabernáculo e diz que materiais iria necessitar: Ouro, prata, bronze, estofo azul, púrpura, carmesim, linho fino, etc. Podemos tirar uma lição para hoje: Porque gastar os dízimos dos levitas na construção de templos? Deus não mandou trazer os dízimos para que fosse construído o tabernáculo e sim ofertas, que tiveram estas peculiaridades:
1- Foi ordenada por Deus numa época específica, para uma necessidade específica. Moisés solicitou dando as especificações e a destinação da oferta.


2- Deveria ser voluntária, segundo o que se sentisse no coração: Ex 35:5, 21. Quem movia o coração e impelia os espíritos para que se fizessem generosas doações? Era Deus.


3- Teria destinação correta e não precisaria de ser substituída por dízimos, indevidamente. Se a Igreja dedicar os dízimos para o correto uso dos levitas, Deus moverá os corações para ofertas especiais, segundo Sua vontade.


4- Deus abençoou tanto que foi preciso proibir que se trouxesse mais do que o necessário: Ex 36:6,7!



Instituição de ofertas obrigatórias e voluntárias para sacrifícios:

Lev 1-7 - Aqui nós vamos aprender o que Deus determinou sobre os sacrifícios. Preste atenção que em alguns casos tudo era queimado, em outros os sacerdotes comiam uma parte, em outras os ofertantes também comiam. Depois você verá que relação tem tudo isso com os dízimos também. Note que os dízimos são considerados na Bíblia ofertas e fazem parte de um princípio geral sobre as ofertas.


Lv 1:1-9 - Holocausto - Tudo é queimado - Nos versos 6 a 9 lemos; "então ele (o ofertante) esfolará o holocausto e o cortará em seus pedaços. E os filhos de Arão, o sacerdote, porão fogo sobre o altar, e porão em ordem lenha sobre o fogo. Também os filhos de Arão, o sacerdote, colocarão em ordem os pedaços, a saber, a cabeça e o redenho, sobre a lenha que está no fogo sobre o altar. Porém as entranhas e as pernas o sacerdote as lavará com água; e queimará tudo isso sobre o altar: é holocausto, oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor".

Lv 2: 1-16 - Ofertas de manjares - Uma porção é queimada, o restante é do sacerdote e seus filhos - Nos versos 2 e 3 lemos: " Levá-la-á aos filhos de Arão, os sacerdotes, um dos quais tomará dela um punhado da flor de farinha, e do seu azeite com todo o seu incenso, e os queimará como porção memorial sobre o altar: é oferta queimada, de aroma agradável ao Senhor. O que ficar da oferta de manjares, será de Arão e de seus filhos".

Lv 3:1-17 - Sacrifícios pacíficos - A gordura e os rins eram queimados perante o Senhor. Não podiam comer gordura nem sangue.

Lv 4:1-35 - Sacrifícios por pecado de Ignorância- A gordura e outras partes eram queimadas perante o Senhor e o restante queimado fora do arraial, num lugr determinado. Mas não se comia nada dela.


Até o capítulo sete vai sendo estipulado o que seria do sacerdote e de seus filhos. Note bem: até aqui, já vemos uma maneira do sacerdote ser alimentado. Mas aqueles que estariam em serviço. E os que estivessem longe? Como poderiam comprar bens, roupas, etc? E os levitas? Veremos adiante.

3 - Instituição dos Dízimos

Lv 27:30 - "Também todas as dízimas da terra, tanto do grão do campo quanto dos frutos das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor."


Este texto é singular, pois se trata da instituição dos dízimos. Até aqui Deus deu leis ou abriu precedentes referentes a ofertas, tanto obrigatórias (primogênitos, primícias), quanto voluntárias, a exemplo das do tabernáculo. Agora é instituído o dízimo, como lei. Mas por enquanto está sem as regulamentações necessárias.


Nm 18:21-32 - Aqui inicia-se a regulamentação do dízimo:
Nm 18:21: "Aos filhos de Levi dei todos os dízimos em Israel por herança, pelo serviço que prestam, serviço da Tenda da Congregação".

23,b: "Estatuto perpétuo é este para todas as vossas gerações. E não terão eles nenhuma herança no meio dos filhos de Israel."
24: "Porque os dízimos dos filhos de Israel, que apresentam ao Senhor em oferta, dei-os por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão.

Vejam, irmãos que aqui fica estabelecido o destino dos dízimos, de modo geral. Mas Deus estabelece ainda o "dízimo dos dízimos":

Nm 18:26: "Também falarás aos levitas, e lhes dirás: Quando
receberdes os dízimos da parte dos filhos de Israel, que vos dei por herança, deles apresentareis uma oferta ao Senhor; os dízimos dos dízimos".


28,b: "E deles dareis a oferta do Senhor a Arão, o sacerdote". Aqui subtende-se, e é mostrado depois também, que quando se diz entregar a Arão, refere-se aos seus filhos sacerdotes também, nas gerações futuras. O Senhor continua determinando e fala que o restante deverá ser comido em qualquer lugar, pelo levita e sua casa (Nm 18:31).


Até aqui já dá para analisar que temos aprendido mui pouco sobre os dízimos. É claro que no Novo Testamento, como veremos, o ideal irá muito além da lei da antiga dispensação, mas isto aqui é a base, para que, caso seja negado o que vai muito além, pelo menos o mínimo está aqui estipulado. Prossigamos.


Outros objetivos para o dízimo e outras ofertas:


Dt 12 - Este capítulo é também muito importante para nosso estudo, pois lança mais luz para o entendimento da doutrina dos dízimos e das ofertas. Vemos sendo delineados alguns motivos que levaram o Senhor Deus a estabelecer as ofertas, holocaustos, dízimos, etc.


Dt 12:5,6 Buscareis o lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos (sabemos que seria Jerusalém, de Judá), para alí por o Seu nome e Sua habitação; e para lá ireis. A esse lugar fareis chegar os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta das vossas mãos, e as ofertas votivas (cumprimento de votos), e as ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e das vossas ovelhas".

Até aqui vemos que não há nada novo. Mas vamos em frente e vejamos algo singular:


Dt 12:7 - "Lá (em Jerusalém) comereis perante o Senhor vosso Deus, e vos alegrareis em tudo o que puserdes a vossa mão, vós e as vossas casas (famílias), no que vos tiver abençoado o Senhor vosso Deus... (12) E vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus, vós, vossos filhos, vossas filhas, os vossos servos, as vossas servas, e o levita que mora dentro das vossas cidades, e que não têm porção nem herança convosco".


Mais adiante o Senhor mostra como poderá ser usado o dízimo e as ofertas, lá em Jerusalém. Alguns acham que existia um outro tipo de dízimo, que seria tirado dos 90% restantes, e que era usado nas festas. Mas não vemos base para afirmar isso. O importante é que, daqui para frente sempre vai sendo generalizado e fala-se em dízimos sem dizer quais os tipos, se havia. Portanto podemos seguir à frente e ver como seriam usados.

Dt 12:17 - "Nas tuas cidades não poderás comer os dízimos do teu cereal, nem do teu vinho, nem do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas, nem das tuas ovelhas; nem nenhuma das tuas ofertas votivas, que houveres prometido, nem as tuas ofertas voluntárias, nem as ofertas das tuas mãos: mas o comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que o Senhor teu Deus escolher, tu, e teu filho, e tua filha, o teu servo, a tua serva, e o levita que mora na tua cidade; e perante o Senhor teu Deus te alegrarás em tudo em que puseres a tua mão. Guarda-te que não desampares o levita todos os teus dias na terra".


Fala mais o Senhor e diz ao judeu que poderá comer de todas as carnes lícitas, que não sejam dos dízimos, nem das ofertas, em qualquer época e em qualquer lugar (20-25) mas volta a explicar e confirmar que o dízimo somente será comido perante o
Senhor, em Jerusalém:


12:26,27 - "E virás ao lugar que o Senhor escolher. E oferecerás os teus holocaustos, a carne e o sangue sobre o altar do Senhor teu Deus; e o sangue dos teus sacrifícios se derramará sobre o altar do Senhor teu Deus, porém a carne comerás".


Vamos buscar o entendimento. No momento do sacrifício o ofertante podia comer uma parte do que oferecia a Deus. Era uma comunhão maravilhosa:


-Deus recebendo o aroma suave;


-O sacerdote recebendo sua porção e comendo, no decorrer do dia, ou guardando para a família, etc.


-O ofertante comendo na presença do Senhor em alegria. Pelo menos numa parte já podemos dizer que havia mantimento na Casa do Senhor.


Mas, como o ofertante se alimentaria nos dias em que permanecia antes e depois do dia das ofertas? Estava lá em grande comitiva: seus filhos, noras, genros, servos e servas e os filhos deles; ainda estavam lá arrolados os levitas que moravam em suas cidades e não tinham como se alimentarem ali, fora de casa: aí entrava uma parte dos dízimos. Jerusalém é também, de certo modo, a Casa do Senhor, e estavam na presença do Senhor, quando estavam em Jerusalém para sua peregrinação; lá podiam comer uma parte dos dízimos, não tudo. À luz dos textos que lemos e dos que se seguirão vemos que esta parte dos dízimos retirada era mui pouca, pois somente seria o gasto em Jerusalém, uma vez por ano.


Dt 14:22-29 - Agora vemos que a maior parte dos dízimos, em seus objetivos principais é regulamentada. O mais importante é que os dízimos (salvo a parte comida em Jerusalém (14:23) e alguma parte dada a viúvas e pobres) pertence aos levitas. Mesmo que alguma parte fosse "desviada" deste propósito inicial, vemos com toda clareza que era usado apenas para alimento, para necessitados, seja porque não tinham herança, seja porque estavam fora de casa. Vejam os textos abaixo e comprovem de uma vez por todas que dízimo não tem destinação alguma para construção e outras atividades assim:

Dt 14:27-29 - "Porém não desampararás ao levita que está dentro da tua cidade; pois não tem parte nem herança contigo. Ao fim de cada três anos tirarás todos os dízimos do fruto do terceiro ano, e os recolherás na tua cidade. Então virá o levita (pois não tem parte nem herança contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva, que estão dentro da tua cidade, e comerão, e se fartarão, para que o Senhor teu Deus te abençoe em todas as obras que as tuas mãos fizerem".


Fico pensando em como foram administrados este dízimos. Será que em cada cidade os levitas, os estangeiros, os órfãos e as viúvas tinham de sair de casa em casa recebendo os donativos? Pode ser que existiram celeiros e currais públicos onde os juízes de cada localidade guardavam os dízimos destes terceiros anos e então o "departamento de ação social"daquele "município" fazia a distribuição de acordo com as necessidades dos "arrolados". Mas são apenas especulações.


Dt 26 - É mais um capítulo que acrescenta mais luz ainda sobre a entrega dos dízimos aos levitas. No versos 13 e 14 nós lemos a declaração que o judeu faria na presença do Senhor: "Dirás perante o Senhor teu Deus: Tirei o que é consagrado de minha casa, e dei também al levita, e ao estrangeiro, e ao órfão e à viúva... Dos dízimos não comi no meu luto, e deles não tirei estando imundo, nem deles dei para a casa de algum morto".

4 - Como Eram Administrados os Dízimos

Os dízimos eram administrados da seguinte forma:


1- Em primeira instância pelo ofertante:


a- Tomava uma parte para si, para comer com sua família em Jerusalém.

b- Entregava outra parte, o que era arrecadado no terceiro ano (portanto 1/3) para os levitas de sua cidade, estendendo aos estrangeiros, órfãos e viúvas.Pode ser que em algumas cidades houvesse uma tesouraria para isso, mas quem resolvia a quem entregar era o ofertante. Veja texto acima.


c- O restante era enviado para Jerusalém onde ficava a maior parte dos levitas e sacerdotes. Havia tesourarias na Casa do Senhor.

Temos visto tantos servos do Senhor pregando que o crente não pode administrar seu dízimo!! E tem sido colocada uma carga mui pesada sobre os cristãos que se sentem em pecado, caso não levem 100% dos dízimos à tesouraria da Igreja, e ao mesmo tempo vêem pastores, missionários, e outros levitas passando necessidade, sem serem socorridos pelas Igrejas, que gastam estes dízimos com construções e outros projetos, dinheiro esse roubados inconscientemente dos levitas, de seus filhos e esposas, deixando de dar a eles o que a Bíblia enfatiza: fartura. Não seriam os levitas ricos, mas seriam fartos de alimento e de saúde.

2- A segunda maneira de administrar é, portanto, como ficou demonstrado acima, na segunda instância, isto é, em Jerusalém, pelos tesoureiros que distribuíam os dízimos aos levitas e os dízimos dos dízimos aos sacerdotes.

Os levitas tinham diversos cargos e funções em Jerusalém e outros lugares:


I Cr 23 - Os diversos cargos dos levitas - Ao lermos a Palavra de Deus notamos que os levitas foram sendo aproveitados em todas as funções que giravam em torno do Templo, da adoração e das atividades sacras. Eles precisavam dedicar tempo integral e precisavam ser sustentados. Neste capítulo 23 de I Crônicas vemos que foram contados, na época em que Davi passava o reino para Salomão, os levitas de trinta anos para cima, isto é, quem poderia ser consagrado ao ministério, e existiam 38 mil homens!! Pense no número das mulheres e dos homens com menos de trinta anos!! No verso 4 a 6 lemos : "Destes havia vinte e quatro mil, para superintenderem a obra da casa do Senhor, seis mil oficiais e juízes, quatro mil porteiros e quatro mil para louvarem o Senhor com os instrumentos que Davi fez para esse mister. Davi os repartiu por turnos".


Neste tempo também não se confundia os dízimos e as ofertas. Estes milhares de levitas e sacerdotes tinham de comer e de sustentar as famílias. Por certo os dízimos continuavam a entrar para a tesouraria com o objetivo de dar sustento aos levitas, isto é, que houvesse mantimento na Casa do Senhor!

Quando, no entanto, foi Davi dar início à obra do templo que Salomão levaria adiante, o povo trouxe ofertas voluntárias para ao templo, como lemos no capítulo 29. No verso 9 lemos que "o povo se alegrou com tudo o que fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao Senhor". E Davi consagrou ao Senhor e disse: "Porque tudo vem de ti e das tuas mãos to damos (14)".


Abandono dos levitas- Esquecimento dos dízimos - Grande renovação promovida na época do rei Ezequias:


II Cr 29-31 - Passou-se o tempo e eis que, na época que antecedeu ao rei Ezequias o povo havia prevaricado contra o Senhor e esquecido suas leis. Haviam fechado as portas do templo e apagado suas lâmpadas. Onde estavam os levitas e sacerdotes? Provavelmente cada qual havia se desviado de suas funções que não mais existiam e procuravam ganhar algum sustento de alguma forma. Dá para imaginar os que seriam sacerdotes e levitas sem herança, sem pomar para plantarem, sem terras a cultivar, sem gado e tudo o mais, recomeçando um novo modo de vida, "fazendo tendas" por todos os dias da vida, desamparados do povo de Deus.


Quando o povo peca se distancia de Deus. Quando o povo se distancia do Senhor desampara os servos do Senhor, que poderão passar necessidades por causa do pecado do povo. Quando os ungidos também passam a viver em pecado, tudo piora mais ainda.


Então Ezequias faz grande reunião de sacerdotes e levitas e ordena que abram as portas do Templo e restabeleçam o culto e se santifiquem. Depois então faz o normal de se esperar: restabelece a entrega de dízimos e ofertas aos levitas. Em 31:4 e seguintes lemos: "Além disso ordenou ao povo, moradores de Jerusalém, que contribuísse com sua parte devida aos sacerdotes e levitas para que pudessem dedicar-se à lei do Senhor... (6) Os filhos de Israel e de Judá que habitavam as cidades de Judá também trouxeram dízimos... e se fizeram montões e montões..."


Havia tanta abundância que mandou o rei que preparassem depósitos na casa do Senhor e estabeleceu tesoureiros para administrarem o que pertencia aos levitas !! Mantimento na Casa do Senhor é para isso!!


Com o cativeiro babilônico novamente os levitas são esquecidos e os dízimos abandonados. Nova renovação na época de Neemias:


Ne 7:70-72 O povo judeu quando despertado espiritualmente para servir ao Senhor com boa vontade sempre era despertado também para ofertas voluntárias.


Ne 10:32 - Terça parte de um siclo "para o serviço do templo".

Ne 10:35 - Primícias à casa do Senhor

Ne 10:37 - Dízimos aos levitas - "os dízimos de nossa terra aos levitas, pois a eles cumpre receber os dízimos em todas as cidades onde há lavoura."

Ne 10:38 Dízimo dos dízimos dos levitas - "às câmaras da casa do tesouro".

5 - Os Levitas e o Sustento
Os levitas tinham diversos cargos e funções em Jerusalém e outros lugares:


I Cr 23 - Os diversos cargos dos levitas - Ao lermos a Palavra de Deus notamos que os levitas foram sendo aproveitados em todas as funções que giravam em torno do Templo, da adoração e das atividades sacras. Eles precisavam dedicar tempo integral e precisavam ser sustentados. Neste capítulo 23 de I Crônicas vemos que foram contados, na época em que Davi passava o reino para Salomão, os levitas de trinta anos para cima, isto é, quem poderia ser consagrado ao ministério, e existiam 38 mil homens!! Pense no número das mulheres e dos homens com menos de trinta anos!! No verso 4 a 6 lemos : "Destes havia vinte e quatro mil, para superintenderem a obra da casa do Senhor, seis mil oficiais e juízes, quatro mil porteiros e quatro mil para louvarem o Senhor com os instrumentos que Davi fez para esse mister. Davi os repartiu por turnos".


Neste tempo também não se confundia os dízimos e as ofertas. Estes milhares de levitas e sacerdotes tinham de comer e de sustentar as famílias. Por certo os dízimos continuavam a entrar para a tesouraria com o objetivo de dar sustento aos levitas, isto é, que houvesse mantimento na Casa do Senhor!

Quando, no entanto, foi Davi dar início à obra do templo que Salomão levaria adiante, o povo trouxe ofertas voluntárias para ao templo, como lemos no capítulo 29. No verso 9 lemos que "o povo se alegrou com tudo o que fez voluntariamente; porque de coração íntegro deram eles liberalmente ao Senhor". E Davi consagrou ao Senhor e disse: "Porque tudo vem de ti e das tuas mãos to damos (14)".


Abandono dos levitas- Esquecimento dos dízimos - Grande renovação promovida na época do rei Ezequias:


II Cr 29-31 - Passou-se o tempo e eis que, na época que antecedeu ao rei Ezequias o povo havia prevaricado contra o Senhor e esquecido suas leis. Haviam fechado as portas do templo e apagado suas lâmpadas. Onde estavam os levitas e sacerdotes? Provavelmente cada qual havia se desviado de suas funções que não mais existiam e procuravam ganhar algum sustento de alguma forma. Dá para imaginar os que seriam sacerdotes e levitas sem herança, sem pomar para plantarem, sem terras a cultivar, sem gado e tudo o mais, recomeçando um novo modo de vida, "fazendo tendas" por todos os dias da vida, desamparados do povo de Deus.


Quando o povo peca se distancia de Deus. Quando o povo se distancia do Senhor desampara os servos do Senhor, que poderão passar necessidades por causa do pecado do povo. Quando os ungidos também passam a viver em pecado, tudo piora mais ainda.


Então Ezequias faz grande reunião de sacerdotes e levitas e ordena que abram as portas do Templo e restabeleçam o culto e se santifiquem. Depois então faz o normal de se esperar: restabelece a entrega de dízimos e ofertas aos levitas. Em 31:4 e seguintes lemos: "Além disso ordenou ao povo, moradores de Jerusalém, que contribuísse com sua parte devida aos sacerdotes e levitas para que pudessem dedicar-se à lei do Senhor... (6) Os filhos de Israel e de Judá que habitavam as cidades de Judá também trouxeram dízimos... e se fizeram montões e montões..."


Havia tanta abundância que mandou o rei que preparassem depósitos na casa do Senhor e estabeleceu tesoureiros para administrarem o que pertencia aos levitas !! Mantimento na Casa do Senhor é para isso!!


Com o cativeiro babilônico novamente os levitas são esquecidos e os dízimos abandonados. Nova renovação na época de Neemias:

Ne 7:70-72 O povo judeu quando despertado espiritualmente para servir ao Senhor com boa vontade sempre era despertado também para ofertas voluntárias.


Ne 10:32 - Terça parte de um siclo "para o serviço do templo".
Ne 10:35 - Primícias à casa do Senhor

Ne 10:37 - Dízimos aos levitas - "os dízimos de nossa terra aos levitas, pois a eles cumpre receber os dízimos em todas as cidades onde há lavoura."

Ne 10:38 Dízimo dos dízimos dos levitas - "às câmaras da casa do tesouro".

6 - Lendo Malaquias corretamente

Existem muitos membros de Igrejas Evangélicas que somente conhecem o texto do final de Malaquias, a respeito dos dízimos. Muitos pregadores e diáconos (nos momentos de ofertórios), mesmo lendo outros textos, dão ênfase sempre a Malaquias. E ainda por cima, algo pior, dão ênfase sempre ao fato de "se trazer todos os dízimos à casa do tesouro", e esquecem-se de explicar o que significa "para que haja mantimento em minha casa", que na verdade é a comida dos levitas e sacerdotes!!

Agora, façamos uma leitura de todo o livro de Malaquias. Citarei os textos e transcreverei apenas alguns dos principais deles:

1- O Amor do Senhor por Jacó. 1:1-5

2- O Senhor reprova os Sacerdotes. 1:6-14

"Ofereceis sobre o meu altar pão imundo, e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível.

-Este pão e os animais eram ofertas trazidas para Deus.
Quando trazeis animal cego, para o sacrificardes, não é isso mal? E quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal?" (1:7,8).

"Pois maldito seja o enganador... oferece ao Senhor um defeituoso"( 1:14).


3- Os sacerdotes são condenados. 2:1-9


"Porque os lábios dos sacerdotes devem guardar o conhecimento... Mas vós vos tendes desviado do caminho... Por isso também eu vos fiz desprezíveis e indignos diante de todo o povo..." ( 2:6-9).


Os sacerdotes davam o mal exemplo, oferecendo eles mesmos ofertas injustas ao Senhor. Eles ensinavam ao povo a serem infiéis. O povo, sendo infiel, deixava de levar os dízimos, comida dos levitas e dos sacerdotes também. Tudo era caos.


4- Condenação de todos os judeus:


a- Idólatras, que se casaram com gentias idólatras e repudiaram as esposas anteriores, judias, quebrando assim a aliança que Deus cumpria, feita com o patriarca que buscava descendência legítima. 2: 10-16.


"Porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se casou com adoradora de deus estranho. O Senhor eliminará das tendas de Jacó o homem que fizer tal, seja quem for, e o que apresenta ofertas (sacrifícios, holocaustos, manjares, por voto, etc) ao Senhor dos Exércitos... Porque o Senhor foi testemunha da aliança entre ti e a mulher da tua mocidade (que era judia), com a qual tu foste desleal... " (2: 11-14).


b- Condenação por vários outros pecados: 3: 5.


c- Condenação pelo roubo dos dízimos e promessa de bênção para quem fizer o contrário. 3: 1-12.
"Eles trarão ao Senhor justas ofertas (depois da vinda de Jesus)... Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor... (3: 3,4).

"Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais... Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, vós a nação toda. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento em minha casa, e provai-me nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós bênção sem medida.

d- Condenação por dizerem palavras duras contra Deus e promessa de bênção para quem fazia o contrário. 3:13-18.


5- Promessas para o tempo em que Israel viveria seguindo o Sol da Justiça (Jesus). 3:15; 4:1-6.


"Eis que envio o meu mensageiro que preparará o caminho diante de mim. De repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o Anjo da Aliança... Eles trarão ao Senhor jutas ofertas... Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos... (3:1-4)".


" Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha... Mas, para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas". (4: 1,2).


Concluindo o estudo em Malaquias vemos que:


1- Já eram decorridos pelo menos 100 anos depois da volta do Cativeiro Babilônico (Halley) e o povo estava esperando o Messias, mas se acostumando com uma vida infiel. 400 anos depois o Messias viria, mas isso significaria juízo para os ímpios.

2- Na época de Neemias houve um reavivamento em que os dízimos foram novamente redirecionados para que houvesse mantimento para os levitas e sacerdotes, isto é, na Casa de Deus, em Jerusalém. Agora o povo, que se corrompera, a começar pelos sacerdotes mesmo, não mais separavam os dízimos. Isto causava muito sofrimento, talvez não para os sacerdotes mais importantes, que deveriam a esta altura já terem seus jeitos corruptos, mas para os mais humildes e para os milhares de levitas, que viviam em Jerusalém e arredores e em outras cidades, como pobres ou executando funções não próprias deles. Assim sendo é bem provável que não existissem mais tanta ordem no serviço religioso que se formalizara em aspectos que se coadunavam com a falta de recursos para os levitas.

3- Agora o povo estava novamente corrompido. O culto era profanado pelos próprios sacerdotes que ofereciam sacrifícios impuros. O povo estava perdido em seus pecados e esqueciam da fidelidade em todos os sentidos. A corrupção levava cada um a roubar:

- Os sacerdotes roubam a honra do Senhor, oferecendo a Ele sacrifícios impuros.

- Os homens roubavam das esposas legítimas o direito e divorciavam delas, casando-se com mulheres impuras.
- Os patrões roubavam dos trabalhadores o seu salário.
- Os feiticeiros roubavam a Deus o seu culto e ofereciam culto ao diabo.

- Aqueles que tinham diante de si as viúvas, o pobre e o estrangeiro roubavam deles o direito de pequena porcentagem dos dízimos.

- Os levitas, nas cidades e em Jerusalém, assim como, dentre eles, os sacerdotes, eram roubados porque os dízimos não chegavam na Casa de Deus. Assim não podia ser distribuído proporcionalmente àqueles que deveriam viver desses dízimos.
Assim vemos o quadro completo de como estava Judá 400 anos antes de Cristo. Imaginem, então, na época de Cristo, quatro séculos depois!!

7 - Princípios gerais dados por Deus
A partir de Malaquias e tomando outros textos concluiremos que, portanto, os princípios que geram as ofertas em geral (está incluído o dízimo) são:


1- Buscar a Deus em primeiro lugar, reconhecer que tudo vem dEle.

2- Exercício da fé em Deus que cuida de todos.


3- Exercício da obediência a Deus.


4- Possibilitar a comunhão em alegria e fartura na presença de Deus: no culto, na adoração, mostrando Deus que o comerem juntos representava adoração e agradava a Deus: nos sacrifícios Deus tomava para si o “aroma suave" das ofertas queimadas, o sacerdote tomava para si sua porção e o ofertante também. Em muitas Igrejas há riquezas nos mármores e utensílios e pobreza na mesa dos membros!


5- Subsistência para os levitas - Mais referente aos dízimos, providenciar que houvesse continuamente mantimento na Casa do Senhor, isto é, alimento para os milhares de levitas e sacerdotes!

As maneiras de usar o dízimo, portanto eram:


a- Dízimo para festas- Uma pequena parte, como a garantia de uma poupança para ser gasta na presença de Deus, isto é, em Jerusalém. Não deixava de ser santo ao Senhor.


b- Dízimo dos levitas que morassem em cada cidade onde eram recolhidos a cada três anos: Assim os levitas daquela cidade tinham subsistência. Não se destinaria aos pobres em geral também, mas seria extensível aos estrangeiros (provavelmente o viajante), órfãos e viúvas.


c- O restante do montante dos dízimos dos dois anos seriam enviados para Jerusalém. Lá é que estava a maior parte dos levitas (que recebiam dos dízimos) e sacerdotes (que recebiam dos dízimos dos dízimos), ministrando ou esperando por seus turnos. Eram milhares e milhares, alimentados dos armazéns da Casa de Deus. Daí, entendemos assim, é que Malaquias disse precisar haver mantimento na Casa de Deus. Hoje este texto é usado para arrecadar dízimos que servirão para outras finalidades, enquanto milhares e milhares de missionários, viúvas de pastores e de missionários, pastores, obreiros em geral e evangelistas passam por problemas financeiros!

d- Dízimo dos dízimos - Este era o destinado aos sacerdotes, entregues das primícias do que recebiam dos levitas.


6- Com respeito às necessidades materiais e administrativas do Templo: seriam cobradas taxas per capitas e recebidas ofertas voluntárias, determinadas por Deus no íntimo de cada um, para fins específicos.

8 - Aplicando os princípios sob o Evangelho da Graça. Primeira Parte
Os princípios revelados por Deus são imutáveis e podem ser aplicados em todas as épocas.


Já deu para perceber algo neste trabalho: falo mais de princípios do que de leis em si. Quando se estava na dispensação da lei procurava se cumprir a letra 100% e isto já bastava para os que queriam ficar desculpados. No entanto existia muito mais profundidade no pensamento de Deus quando nos deu as leis. Existiam princípios abrangentes e gerais que subsistiam além da letra. Davi compreendeu bem isso, pois teve fé suficiente para sair da literalidade da lei e comer os pães da proposição e ainda dar aos seus guerreiros; ele não pecou porque conhecia o Deus da lei e não somente a lei!! Davi, e outros que tiveram tal fé e compreensão, estava vivendo previamente o Evangelho da Graça!!


Vivendo no Evangelho da Graça, mas ainda no ambiente da lei: Taxas "per capita" para o templo:


Mt 17:24-27 - "Tendo eles chegado a Cafarnaum, dirigiram-se a Pedro os que cobravam o imposto das duas dracmas, e perguntaram: Não paga o vosso mestre as duas dracmas? sim, respondeu ele. Ao entrar Pedro em casa, Jesus lhe antecipou dizendo: Simão, que te parece? De quem cobram os reis da terra impostos ou tributo: dos seus filhos ou dos estranhos? Respondendo Pedro: Dos estranhos, Jesus lhe disse: Logo estão isentos os Filhos. Mas para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, e o primeiro peixe que fisgar, tira-o; e abrindo-lhe a boca acharás um estáter. Toma-o, e entrega-lhes por mim e por ti.


Halley explica qual tipo de imposto era:



"Era qual imposto "per capita", para o santuário, exigido de todo homem maior de vinte anos, Ex 30:11-15. Equivalia a uns 16 cents (moeda americana). Jesus, como Senhor do Santuário, estava isento. No entanto, afim de que sua atitude para com o Templo não fosse mal compreendida, pagou o imposto, recorrendo a um milagre para obter o dinheiro"(Halley, 393).

Leiamos também o que comentou Orlando Boyer: "Quanto à origem desse imposto anual, vede Ex 30:13; II Cr 24:6-9. É claro que não foi um imposto civil, mas apenas um tributo voluntário para prover as despesas do templo. Note-se, como de costume, não havia dinheiro na bolsa de Jesus e os doze. Se Cristo, na Sua Onipotência, colocou a moeda na boca do peixe, ouse, na Sua Onisciência, sabia que o dinheiro estava aí, o milagre é igualmente grande. O ponto principal da lição é: Jesus, porque é o Filho de Deus, não precisava de pagar o imposto usado para sustentar os cultos na Casa de Deus, vs 25,26. Jesus concordou em pagar o tributo somente como uma concessão real (v. 27), acentuando isso por meio do milagre (Boyer, 185)".


O Evangelho da Graça é muito mais difícil de ser cumprido!


Agora, o melhor de tudo é que o Evangelho da Graça já foi dado. Estamos em sua época e houve uma mudança de compreensão das leis de Deus. Na verdade o Evangelho exige um milhão de vezes mais, é mais duro e mais difícil de ser vivido, ao contrário do que pregam por aí os profetas da prosperidade.



O Evangelho da Graça é puro poder!


O segredo, porém, está no fato de ter sido dado também mais poder ao servo de Deus para viver este Evangelho. Este poder foi dado muito diferentemente e muito mais ricamente que o era na antiga dispensação. Foi-nos revelado o mistério do Evangelho. O Segredo da Vida vitoriosa e assim Deus poderia levar sua Igreja a fazer infinitamente mais do que fazia o Israel de Deus. Vou explicar melhor:


Primeiramente, como o Evangelho é mais difícil do que a dispensação da lei? Na verdade se era impossível ao homem cumprir os dez mandamentos, mesmo em sua letra não abrangente, como ficou mais impossível ainda cumprir o Evangelho por nossas próprias forças!! A solução está no Segredo de Deus a nós com a revelação do Evangelho da Graça!!

Jesus não revogou a lei de "dente por dente"e olho por olho". Na verdade essa lei somente deveria ser cumprida após o julgamento necessário. Mas para haver julgamento seria necessário também acusação. Aí Jesus mostra que Deus, na verdade espera do acusador o perdão: quando fosse ferido numa face, oferecesse a outra! O soldado romano podia, por lei, obrigar um cidadão a andar uma milha carregando seus pertences. Jesus falou que se o cristão fosse obrigado a andar uma milha, fosse duas! Também ensinou que era mais proveitoso orar pelos inimigos que acusá-los ou buscar vingança.

Mt 2:11 - " Entrando na casa, viram o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se, o adoraram; e, abrindo os seus tesouros, entregaram-lhe suas ofertas: ouro, incenso e mirra".


É interessante como as primeiras ofertas citadas no N.T. foram entregues a Jesus. No ambiente do Evangelho da Graça aparece o menino Jesus. Primeiramente não encontra lugar para nascer, depois é descoberto como o mais pobre das pobres crianças nascidas por ali, pois nem em casa estava. Os pastores, também pobres no geral, oferecem a adoração ao Rei e depois de algum tempo os magos do oriente também se oferecem ao Rei, buscando-o, gastando tempo para achá-lo e mostrando claramente que lhe ofertavam o coração. Ao chegarem na presença de Cristo praticam um ato simbólico, pois a verdadeira oferta estava em suas vidas (o princípio de sacrifício vivo vai sendo introduzido) e neste ato simbólico dão o melhor de seus tesouros.

Mt 5:23 - "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta".


Há muitos que pensam tratar-se aqui de dinheiro. Pode ser aplicado ao dinheiro, mas o texto aqui se refere à pessoa que chegou com a ovelhinha para ser ofertada e sacrificada no altar do templo. Jesus ensina aqui que o simples fato de nos achegarmos à presença a Deus, oferecendo o nosso culto a Ele, requer que estejamos em paz com todos. Devemos "levantar mãos santas, sem animosidade". As ofertas em dinheiro, mesmo o dízimo, não fogem à regra do princípio aqui ensinado: Nossa vida e nossa oferta deve ser fruto do amor.

9 - Aplicando os princípios sob o Evangelho da Graça. Segunda Parte
É exigido mais, porém nos é dado muito mais também!

Dando mais ênfase neste assunto, repitamos: uma característica importante na dispensação da graça é que nos é exigido muito, mas nos é dado muito também. Na verdade Deus mesmo é quem cumpriu em Cristo e cumpre a lei por nós, é quem está vivendo em nós, literalmente: "Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim (Gl 2:20)". Quando o fruto do viver de Cristo em nós, o fruto do Espírito Santo está plenamente revelado em nós, aí há o cumprimento de toda a vontade de Deus : "Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)."

Baseados no que estamos vendo nos Evangelhos, então a conclusão é que Deus espera realizar através de nós infinitamente mais do que os judeus realizavam em cumprimento da letra da lei!! Os princípios de subsistência da Igreja e de seus auxiliares são os mesmos, pois o Antigo Testamento não foi revogado e tanto Cristo como os Apóstolos nunca disseram que não valiam os preceitos antigos, ao contrário, os citava normalmente, sem preocupação. É claro que a lei cerimonial, no que já foi cumprido, não está em vigor na letra da lei, mas sempre há o resultado dela, aquilo que simbolizava ou mostrava ou o princípio dela em atividade. Por exemplo: não se oferecem mais cordeiros em holocaustos, porque era sombra do sacrifício de Cristo. Ora se o superior já está em evidência o inferior que o substituía provisoriamente deixa de existir. Mas não deixa de existir o efeito que está por trás do princípio: o sacrifício de Cristo é eficaz o tempo todo e sempre será, por toda a eternidade. Quando chegamos diante do trono de Deus, nos baseamos no sacrifício que é presente e atual em seu significado. Quando estamos diante do trono, não existindo na terra mais o altar, pois não existem mais holocaustos, assim mesmo o nosso coração é um altar onde se oferecem os sacrifícios de louvor, o culto racional, que não serve para a salvação de ninguém, nem para que se perdoe pecados, mas é aquela parte da festa onde o ofertante oferecia o aroma suave a Deus, o sacerdote se alimentava e alegra e o ofertante também, tudo sendo uma santa e maravilhosa festa. Nossa vida hoje é uma festa contínua na presença de Deus. Nossas orações são o incenso e nosso louvor sacrifícios que sobem a Deus como gratidão!!

Se os princípios da subsistência não foram mudados, como então aplicá-los de forma tão rica e abundante como exige o Evangelho da Graça?



Mt 5:38-42 - "Ouvistes o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: Não resistais ao perverso; mas a qualquer que ferir na face direita, volta-lhe também a outra; e ao que quer demandar contigo e tirar-te a túnica, deixa-lhe também a capa. Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes".


Jesus mostra com mais clareza os princípios onde se baseiam o Evangelho: a justiça, a fé, a paz e a misericórdia andam juntos:

"Vós fariseus limpais o exterior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e perversidade. Insensatos, quem fez o exterior não é o mesmo que fez o interior? Antes dai esmola do que tiverdes e tudo vos será limpo. Mas, ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as hortaliças, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Deveis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas" (Lc 11:39-42). Em Mt 23:23 lemos em outras palavras: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé; devíeis, porém, fazer estas cousas, sem omitir aquelas. Guias cegos! que coais o mosquito e engolis o camelo.


Na vivência do Evangelho é bom não escandalizar os pequenos na fé. Se for necessário fazer um esforço que não se sente obrigado pela consciência, assim mesmo pode fazer baseado na fé, porque Deus providenciará os meios milagrosamente, se for necessário. Se te pedirem o paletó, dê até a camisa! Depois ganhamos 10 camisas de Deus!!


Eu tenho acreditado firmemente que a vivência do Evangelho, em princípio, nos leva a ficar sem "poupança", pelo menos nos dias em que os necessitados nos busquem diretamente. Se nos pedem do pouco que temos, dividimos e depois Deus acrescenta mais. É vida de fé. Vamos percebendo claramente que Jesus não espera de nós somente os dez por cento. ele espera que estejamos sempre dipostos a entregar tudo que temos, se necessário.

É muito fácil, para os ricos, cumprirem com os dez por cento do dízimo do Antigo Testamento, Este dízimo vai estar sempre sobrando. Mas não é tão fácil assim para o pobre que recebeu apenas o necessário e não sobraria nada. Assim mesmo, pela fé esse "pobre" (que é rico da graça) divide, dá muito mais que dez por cento e Deus então faz o pouco que tem se transformar em muito, à semelhança do azeite da viúva. Fazer o esforço que o pobre faz é difícil para o rico. Vamos trocar em miúdos:

O texto diz: dá a quem te pede. Imaginemos um pobre morando num bairro pobre. Ele tem apenas dez reais no bolso. Mora em casa de aluguel e tem poucos víveres em casa. Aí chega alguém e pede emprestados dez reais. O "pobre", pela fé, dá aqueles dez que tem e fica sem nada!!

Agora, imaginemos o rico. Está lá em sua fazenda. Tem uma poupança de dez milhões no banco, uma plantação de cem mil pés de café, e dois mil reais no bolso, além do talão de cheques. Passa um empregado e pede emprestados dez reais. O rico enfia a mão no bolso, manda trocar uma nota de cem e, depois, entrega os dez reais. Quem fez mais esforço?


Agora vamos para o momento de entregar o dízimo. Lá está o "pobre" em sua casa. Recebeu o salário de duzentos e cinqüenta reais. Tem de pagar cento e cinqüenta de aluguel e cinqüenta de água e luz. O restante não dá para comer o mês inteiro. Não poderá comprar remédios nem roupas. Toma os dez por cento, vinte e cinco reais e leva para a Igreja. Mas ele sabe que Deus fez promessas e é fiel. Ele sabe que Deus curará as doenças que chegarem, que enviará roupas de onde nem imagina e poderá fazer muito mais. Agora, lá está o rico. Colheu dez milhões de reais em café. Separou um milhão e levou para a igreja ou distribuiu aos "levitas" (missionários). Quem fez maior esforço?

Agora, quer ver como a coisa fica feia mesmo? Vamos em frente em nosso raciocínio. Todo mês o rico se encontra com o "pobre" na porta da Igreja. Sabe de todas as necessidades dele, dos problemas enfrentados com aluguel de casa e tantas coisas mais. Porém apenas cumprimenta. Um dia chega um irmão que fora rico também e já ajudara muito o nosso rico aqui e agora está quebrado, devendo muito. Está para entregar o último bem que restou, sua casa onde mora com a família. Chega para o rico e pede emprestados cem mil reais para pagar aquela dívida e assim poder ficar com sua casa. O rico fazendeiro tem dez milhões somente na poupança, lembra? Mas cem mil é muito dinheiro para ele. Não empresta!!


Algum tempo depois este fazendeiro torna-se o tesoureiro da Igreja. Então descobre que o "pobre" de nossa história ficou dois meses sem entregar o dízimo. Vai ter com ele e conversa.
-Meu irmão, você está sendo infiel. Não entregou o dízimo. Olha, eu sou fiel desde minha mocidade!! Nunca deixei de entregar o dízimo, por isso é que Deus me abençoa!! Não vê você? Está aí pobre a vida toda. Também assim Deus nunca poderá abrir as janelas da bênção. Vê se toma jeito!!


O irmão "pobre" vai para casa arrasado. Será porque aquele rico consegue ser tão fiel e ele não?? E vive nesta mentira o tempo todo. Na verdade o rico apenas era mais um fariseu dos que existem hoje em dia! Cuidado, não sejamos assim. Em Lc 21:1-4 encontramos uma história parecida: Da viúva pobre. Só que Jesus esclareceu aos discípulos e mostrou que ela deu muito mais que todos! E isso serve de consolo a todos que estiverem em situação de ser desprezado pelos homens, pelos relatórios afixados nas paredes dos templos, etc: Jesus conhece a verdade e isso basta!

E se o rico resolvesse fazer um esforço como o pobre tem feito? Teria que dar toda a sua poupança, toda sua fazenda, tudo que tem, para sentir o que o pobre sentiu!! Jesus é enfático neste ponto:

"Dai e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, sacudida, transbordante generosamente vos darão; porque com a medida com que tiverdes medido vos medirão também"( 6:38). "Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração". Mt 6:19-21.


Será que não podemos ser ricos? Deus quer que nos esforcemos para juntar riquezas espirituais. E que nos esforcemos para ganhar o nosso pão de cada dia. Não é para colocar como objetivo o juntar riquezas. Se elas vierem, são de Deus, estarão sendo cuidadas por você. Deus então dirá: Entregue tanto para minha obra, você entrega. Dê tanto àquele pobre, você dá. Compre a casa para aquela viúva, e você compra. Ajude a fundar aquela missão, e você ajuda. Compre um carro novo para você!! Posso? Sim, compre. E você compra!! Assim o tesouro seu não é o da terra, mas o do Céu!! Para amadurecer mais neste princípio estude a parábola das dez minas em Lc 19:11-27.

O moço rico pensava que cumpria todos os dez mandamentos, mas deixava de cumprir o primeiro!! Era idólatra! Seu deus era o dinheiro e seu tesouro estava na terra. Jesus então deu a ele a receita para acabar com o problema: " Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres, e terás um tesouro nos céu; depois, vem, e segue-me" (Mt 19:21). Mas houve alguém que passou no teste: Zaqueu!! Você conhece sua história. Também o bom samaritano da parábola viveu o princípio correto ensinado por Jesus (Lc 10:34,35).


João Batista, em sua pregação preparando o povo para a vinda do Messias já ensinava o que Cristo ensinaria: "Quem tiver duas túnicas, reparta com quem não tem; e quem tiver comida faça o mesmo " (Lc 3:11).


Mas para isso ser feito e vivenciado na prática é necessário : "Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)." Que geram bom senso, sabedoria e altruísmo. Jogam fora o egoísmo: "Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e foste ver-me" ( Mt 25:35).

10- Aplicando os princípios sob o Evangelho da Graça.Terceira Parte
Aplicando ao ambiente do Cristianismo nós percebemos ainda:

1- Jesus não condenou que se cobrasse a taxa do texto citado anteriormente. No entanto demonstrou que não se sentia obrigado a entregar por ser o Senhor do Templo e ser maior que o Templo. Pelo menos assim entende comentaristas que também pesquisaram muitos outros.


2- Daí podemos concluir que uma Igreja pode estabelecer uma taxa "per capita" para sugerir aos membros uma quantia pequena (estas taxas sempre eram pequenas, centavos ) que seria entregue voluntariamente e não por constrangimento, para que se pague as contas de água e luz, material de limpeza, etc. mas se não o fizer também não erra nisso, pois existem outros meios de se receber ofertas para este mister (mas não do dízimo, que pertence aos levitas).


3- O crente não mais tem obrigações para com o Templo de Jerusalém, pois cada um é o Templo do Espírito Santo. O princípio aqui aprendido mostra que uma Igreja Local pode muito bem sugerir maneiras de se ofertar mas não exigir que se cumpra como lei. Nem mesmo pode fiscalizar a entrega dos dízimos nem coagir, através de promessas de disciplinas, a quem não o faz.


4- Por outro lado a Igreja tem o papel de discipuladora dos novatos e deve ensinar o Evangelho em sua plenitude. Uma vez aprendido de verdade o crente, tocado por Deus, fará infinitamente mais do que qualquer lei eclesiástica poderia exigir!! Daí concluirmos que, infelizmente, não se tem ensinado correta e profundamente o Evangelho, pois existe exigências legais, coações, ameaças por parte dos "coletores" eclesiásticos. E o medo erradamente leva o crente a cooperar. Também existem falsas promessas de prosperidade baseados no simples fato de se obedecer por medo ou por negociata com Deus. Assim existem membros que entregam muito mais que o dízimo e não são reconhecidos, porque não alardeiam nem querem ser notados e outros que entregam apenas o mínimo que suas consciências exigem e são glorificados pelos homens!

Alguém, a esta altura poderia incorrer no erro de precipitar-se e julgar erradamente o que estou escrevendo. Mais para frente você notará que somos levados a fazer muito mais que qualquer lei possa exigir e vamos mostrar como realmente é bom começar com o mínimo, isto é, com o dízimo, mas deve ficar claro o princípio do valor do Evangelho que é superior ao valor da letra da lei.

A oferta da viúva pobre, citada anteriormente (Lc 21:1-4) é um exemplo de como Jesus estava ensinando o valor verdadeiro que Deus dá aos nossos esforços; que muitas boas ações ficam ocultas e somente Deus sabe; que muitas "grandes ações" aos olhos humanos na verdade é fruto do orgulho e serve apenas para vanglória, etc.


E assim Jesus deu ênfase nos princípios que fazem o Evangelho ser vivenciado de forma plena e frutificando numa visão de riqueza e abundância material não para si, mas para o próximo, proveniente do amor. Prepare-se nesta visão, leitor, para entendermos a vida de amor da Igreja descrita pelo livro dos Atos.

Debaixo do Evangelho: maior abundância ainda na Igreja de Cristo:

Vamos em frente neste nosso estudo cronológico e vejamos o que aconteceu com a nascente Igreja. Estamos adentrando agora o livro dos Atos dos Apóstolos. A igreja é iniciada de forma oficial quando o Espírito Santo vem para habitar nela. Após o Batismo os cristãos, que receberam poder para de fato levar avante o testemunho do Evangelho, passam a agir em todos os sentidos na plenitude do fruto do Espírito Santo que os havia enchido, que transbordava neles:


"Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)."

Aqui está a base para a vida no Evangelho. A base para a relação com Deus, para a relação com os irmãos e com os necessitados, sejam espiritual ou materialmente. Antes de analisarmos o que aconteceu vamos deixar claro, sem medo, sem preconceitos, sem amarras, o seguinte, que é difícil de se dizer em nosso tempo, mas é a Verdade:


1- Existe alguma vez que Jesus falou diretamente aos discípulos que deveriam entregar dízimos? Que fosse registrado, não. Quando falou aos farisues o fez de forma que demonstrou ser algo normal alguém cumprir com as leis do A.T. e mostrou a eles que deveriam ir muito mais além, se queriam ser chamados de justos.


2- Mas existe algum lugar no Novo Testamento em que Jesus revoga as leis do dízimo? Não. Na verdade sempre Jesus esclarecia mais ainda as leis e acrescentava o sentido mais profundo e espiritual delas. Poderíamos até mesmo ouvir Jesus falando, baseado em outras palavras: "Ouviste o que foi dito, trarás todos os dízimos à casa de Deus. Eu porém vos digo, tragam dez vezes mais que os dízimos e tereis um tesouro nos Céus!" Muitos sairiam tristes "por serem donos de muitas propriedades".

Seria muito comum e normal que a Igreja continuasse a receber dízimos para distribuição entre os "presbíteros dignos de dobrados honorários " (I Tm 5:17,18), entre os missionários, pastores e outros "levitas" da Igreja Cristã, ou para os necessitados. Mas, baseado na Palavra de Deus, não seria normal que as Igrejas locais recebessem dízimos para gastarem com pedras e tijolos, enquanto muitos padeciam necessidade e os apóstolos e pastores precisavam de sustento!!


3- Em qualquer livro do Novo Testamento mostra Igrejas que estabeleceram a obrigatoriedade dos dízimos? Não. Mas vemos algo bem parecido em I Co 16:1-4, mas fruto da vontade de cada um, segundo Deus toca, comentado adiante. E o autor de Hebreus fala muito normalmente sobre dízimos, em Hb 7:6, referindo ao fato de Abrão ter entregue os dízimos a Melquisedeque. Temos também exemplos de Igrejas que socorriam umas às outras com grande esforço e sacrifício!!


4- Em qualquer livro do Novo Testamento existe algum relato de pessoas sendo disciplinadas por não entregarem o dízimo ou ofertas? Não! Houve o caso de Ananias e Safira que foram disciplinados porque mentiram fazendo de conta que imitavam aos outros, entregando tudo que possuíam, e retendo parte. Estavam buscando "status" na Igreja, nome de pessoas bondosas, etc. A mentira é que foi o motivo da disciplina. Pedro esclarece bem o fato, que não tinham obrigação de entregar: retendo seria deles. Mas mentiram. Atos 5:2-11.


Não engane o leitor em pensar que estou sugerindo que não se devem pregar sobre a obediência na entrega dos dízimos e que não se devem recebê-los. Mas estamos estudando a Palavra juntos, mostrando que existem muitos erros praticados nesse assunto e que muitos "levitas" estão passando necessidades por erro da Igreja.


Agora, vejamos Atos:


Atos 4:32 a 5:4 - "Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nenhuma das cousas que possuía; tudo, porém, lhes era comum...

Que diferença o Evangelho faz, quando vivido em plenitude. É claro que nem sempre vamos encontrar, na história da Igreja, algo assim. Somente em dias de reavivamento, pois no normal a Igreja não tem vivido tão cheia do Espírito Santo assim. Este tipo de vida não é fruto de leis, de conceitos, de razões administrativas, de concílios: é fruto da vida que é cheia do Espírito Santo, fruto da plenitude.


Se alguma comunidade, em qualquer lugar do mundo ficar na plenitude do Espírito Santo de tal forma que venha transbordar num grande mover do Espírito, é certíssimo que transbordará também o fruto do Espírito:


"Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)."

E é claro que o resultado será exatamente como vemos no livro de Atos, aplicadas às necessidades circunstanciais pelo Espírito Santo de Deus!! Tem pessoas dizendo que sua Igreja é como a de Atos: olhe ao seu redor e comprove!


... Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes, e depositavam aos pés dos apóstolos; então se distribuía a qualquer um, à medida que alguém tinha necessidade.

Com o desenvolver da pregação em Jerusalém, com os milagres e tudo o mais, não somente os viajantes que tinham ido para a festa do Pentecostes precisavam de auxílio, mas muitos de lá mesmo que se convertiam. Muitos pobres e necessitados de todas as maneiras. Depois começaram ainda a vir pessoas das cidades vizinhas (5:16) e a multidão foi somente aumentando.

Alguns poderão considerar que havia tantas doações porque havia muita gente e que poderia acontecer em qualquer época. Isto não é verdade, pois existem muitas pessoas necessitadas aos quais Deus destinou os dízimos de muitas Igrejas, e estão no esquecimento. Até mesmo os congressos onde vão os abastados são proibidos aos de menos posses entre o povo de Deus. Centenas de pastores e membros desejam ardentemente participarem de congressos da Vinde, da Sepal, das denominações, da Mocidade para Cristo, etc, e não podem porque não há distribuição da riqueza material da Igreja!! Na verdade, muitos que vão a tais lugares são exatamente os que desejam fazer apenas turismo!!


Existia muita gente fora de casa sim, mas suponhamos que todos entregassem somente seus dízimos. Primeiramente que uma grande parte não seria entregue aos apóstolos que representavam, na mente dos novos convertidos, os tesoureiros do templo, mas diretamente distribuída aos cristãos levitas, isto é aos pregadores e obreiros, para que tivessem sustento. Logo acabaria e estes ficariam sem sustento, lá em Jerusalém. A parte dos dízimos que a lei determinava fosse levada para o Templo (2/3, menos o que o próprio ofertante comeria com sua família lá em Jerusalém), então seria entregue aos apóstolos, que por sua vez, lembrariam do Antigo Testamento e destinariam estes proventos para os levitas, isto é, a comida para eles mesmos e para os pregadores, como o próprio Barnabé que era levita duas vezes, como judeu e como missionário . A multidão dos que peregrinavam na festa seriam conclamados a voltarem na data certa. Cada qual teria parte de seu dízimo para comer ainda nos dias normais de estarem ali. Eles então sairiam tristes pois queriam permanecer mais tempo, mas não havia comida. Os necessitados não seriam socorridos de forma tão abundante como aconteceu.


Quando os discípulos, movidos na plenitude do Espírito Santo, resolveram acatar a lei do dízimo e das ofertas, aplicando-a ao novo modo de vida da Igreja, tão alegres estavam que a vontade era de fazer infinitamente mais que a letra da lei especificava. Daí as doações de campos, casas, etc. Assim os apóstolos viram que podiam dar o que fosse dos levitas e sobraria para todos os outros necessitados. Não somente levitas; não somente órfãos; não somente viajantes; não somente viúvas, mas todos necessitados! Chegou ao ponto de doarem tudo, o que parece ser o caso de Barnabé:


... José , a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer, filho da exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.


Não tardou, porém, em aparecer os que não podiam compreender e vivenciar aquilo. Exatamente aqueles que ficaram cheios não do Espírito Santo, mas da influência satânica. Também queriam cooperar, mas por vaidade:

Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher, Safira, vendeu uma propriedade, mas, de acordo com sua mulher, reteve parte do preço, e, levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Então disse Pedro: Ananias, porque encheu Satanás teu coração, para que mentisse ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura não seria teu? E, vendendo-o, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no teu coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus".


A Igreja Apostólica nem sempre viveu esta plenitude:

Não significa que sempre continuou assim. Na verdade os apóstolos tiveram de doutrinar muito a Igreja, anos depois, para que soubessem ser dadivosas. E é muito provável que em certos casos até o dízimo foi difícil de arrecadar ou de se fazer doar aos necessitados.

As necessidades sempre existiram e sempre existirão. Jesus falou que "os pobres, sempre os tendes convosco". Um novo tipo de necessidade surgiu quando as Igrejas Locais proliferaram: uma comunidade ficava sabendo das necessidades, fomes, calamidades, em locais onde existiam outras Igrejas e então procuravam socorrer. Uma das grandes tristezas que enfrentei em meu ministério nos campos do interior é que as Igrejas das cidades grandes não se lembram de suas Igrejas mães do interior nem dos celeiros que providenciaram grande parte de seus membros e vivem abastadas, enquanto suas co-irmãs sucumbem, com suas paredes a cairem, desfilhadas pela migração constante, sem poderem sequer, muitas vezes, sustentarem um obreiro!! Tragédia, tragédia!! Que tristeza dá em nosso coração quando observamos a falta de amor, de misericórdia!! Os membros ricos passam de largo, longe das casas dos membros pobres! A maioria dos pastores ganham tão pouco porque a Igreja Local rouba os dízimos que pertencem a eles, levitas, e aos outros espalhados pelo mundo que são responsabilidade de cada Igreja também!! E os pastores que ganham o suficiente e que passam ao lado dos colegas levitas, que sabem estão passando por problemas sérios, sem sequer se lembrar de que existe algo chamado de misericórdia e:

"Amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gl 5:22,23)." Analise o leitor por si mesmo!!

11 - Misericórdia, a Melhor Ação
Os Evangelhos dão mais importância à misericórdia que ofertas entregues à Igreja.


O Novo Testamento não enfatiza os dízimos, não enfatiza que se deve dar ofertas para Igrejas, mesmo sabendo nós que tudo isso é louvável e necessário. No entanto são dezenas de textos, em praticamente todos os livros do Novo Testamento que ensinam enfaticamente a misericórdia para com os necessitados.

A palavra grega Eleo, misericórdia, em nossa língua, aparece 27 vezes no NT, muitas vezes se referindo à misericórdia de Deus por nós e outras vezes a nossa pelos semelhantes.
Mt 9:13 - "Misericórdia quero, e não holocaustos".
Mt 23:23 - " Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da lei, a justiça, a misericórdia e a fé."

Jd 2- "A misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados".
(Ainda Mt 12:7; Lc 1:50,54,58,72,78; 10:37; Rm 9:23; 11:31; 15:9; Gl 6:16; Ef 2:4; I Tm 1:2; II Tm 1:2, 16,18; Tt 3:5; Hbb 4:16; Tg 2:13; 3:17; I Pe 1:3; II Jo 3; Jd 21).


Originada da palavra grega eleos encontramos depois, no NT, o termo eleëmosunë, traduzida normalmente por "esmola", que poderia ser entendida como "exercer misericórdia". Interessante que não é dito de alguém que entregasse 10% e fosse louvado pelo Senhor. Mas a viúva pobre entregou não apenas 10%, mas TUDO e foi louvada. Também encontramos Cornélio, em Atos, ouvindo de Deus que seus atos de misericórdia chegaram até os céus (suas esmolas). A palavra usada é a citada acima e aparece 13 vezes no NT.


A palavra döron - traduzida por oferta ou dom - aparece 19 vezes no NT e é usada para designar tanto as ofertas (sacrifícios) levadas perante o altar (Mt 5:23; Hbb 5:1), quanto ofertas exigidas por lei quando alguém se purificava, etc (Mt 8:4), ou ainda ofertas (dinheiro ou outros valores) depositados na "arca do tesouro", isto é, o gasofilácio, que existia no Templo, em Jerusalém (Lc 21:11-4).


Aprendamos mais com a Palavra de Deus:



Lucas 8:3 "E Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, Suzana e muitas outras, as quais (a Jesus) lhe prestavam assistência com os seus bens". Jesus era mantido por ofertas e com toda certeza "seus bens" são muito mais que simples dízimos!!

Atos 9:36 "Havia em Jope uma discípula, por nome Tabita, nome este que traduzido quer dizer Dorcas; era ela notável pelas boas obras e esmolas que fazia". Não diz que era notável pelos dízimos que entregava, mas ela entregava sim: Muitíssimo mais que os dízimos!!


Atos 11:29 "Os discípulos (de Antioquia), cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judéia".


Atos 20: 34,35 "Vós mesmos sabeis que estas mãos serviram para o que me era necessário a mim e aos que estavam comigo. Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim é mister socorrer aos necessitados, e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mais bem aventurado é dar que receber".

É claro que, se Paulo não ajudasse aos outros com pelo menos dez por cento de sua renda, estaria em pecado. Mas ele fazia mais que isso, muito mais. Esse texto falou muito a mim no que diz respeito ao esforço. Devemos nos esforçar para que não sejamos pesados aos outros, ao contrário, que ajudemos aos necessitados. é interessante como Paulo mesmo admoesta os efésios mostrando a grande reviravolta que acontecia com convertido: Antes furtava. Agora trabalha para ajudar aos necessitados ( Ef 4:28). O apóstolo ensinou muito mais como veremos adiante.

I Co16:2 - " Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às Igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que não se façam coletas quando eu for".


Sim, a Igreja pós Jerusalém teve seus momentos de baixa espiritual também.


"Quanto à coleta para os santos" - Os irmãos de Corinto, assim como os da Galácia, estavam sendo despertados para ajudarem aos irmãos de outros lugares onde calamidades aconteciam. Trata-se de coletas para os santos. não de coletas para as paredes santas, nem para os mármores santos, mas para os santos!!

Na Igreja apostólica é provável que construíssem casas para servirem de templo. Os judeus, naquela altura, estavam muito acostumados com a construção de Sinagogas. Seria muito comum arrecadarem ofertas específicas para isso. No entanto economizavam no que podiam, pois os membros mais ricos faziam questão de arranjarem lugar em suas casas para que as Igrejas funcionassem. Quando se falam em recolher donativos no Novo Testamento, sempre está se pensando no "santo" e não no Templo, que se tornou secundário, totalmente sem prioridade.

"fazei vós também como ordenei às Igrejas da Galácia": Foi dada uma ordem apostólica. Não dá ênfase, a Palavra, em regras difíceis sobre o dízimo, mas aqui está uma ordem apostólica. Se temos de nos basear em algo, baseemo-nos no que existe de fato nas Escrituras, e não nas suposições!! Que ordem era essa? Podemos interpretar, à luz dos princípios do Evangelho que não se tratava de um imposição. Mas como os irmãos estavam desejosos de ajudar, o apóstolo resolve ordenar os fatos. Mesmo se houve uma certa imposição apostólica é claro que cada um iria agir de acordo com sua consciência.


"No primeiro dia da semana" - O dia em que a Igreja se reunia, o dia do Senhor. Após trabalhar nos outros dias, uma vez por semana retiravam a oferta para juntar-la ao que havia sido retirado na semana passada.


"Cada um de vós ponha de parte, em casa" - Não era para levar ao culto esta oferta, a não ser no dia em que fosse levada ao apóstolo para tomar o rumo dos destinatários. Aqui aprendemos algumas lições que ratificam mais ainda o "espírito" do Evangelho:

1- Esta parte da oferta de que o crente faria a Deus tinha destino fora da Igreja. Talvez fosse bom guardar em casa por não ter a Igreja Local uma tesouraria que fizesse um controle bem feito. Também poderia haver a tentação de gastar para outra necessidade.

2- Ele frisa bem, "em casa". Paulo demonstra satisfação e tranqüilidade ao deixar o próprio crente incubido de guardar o dinheiro. Deve ter sido um bom exercício, já que nem sempre conseguimos guardar quantias específicas.

3- Como vemos, no estudo do Antigo Testamento, na própria cidade, o ofertante poderia tomar do dízimo guardado "em casa" e ofertar ao levita, ao viajante, ao órfão e à viúva. Pode ser que estes membros levavam uma parte das ofertas para o local do culto, suprindo as necessidades de outros membros. Mas seria razoável e totalmente compreensível que distribuíssem ofertas de acordo com o aparecimento dos necessitados diante de si e que, ainda e principalmente, fosse entregue diretamente e ede forma escolhida pelo ofertante aos presbíteros que se afadigavam na Palavra, merecedores de "redobrados honorários", aos apóstolos que por lá passavam, etc. Assim sendo é muito fácil de concluir que existiam, em cada lar, uma santa caixinha contendo ofertas dedicadas a assuntos e destinatários os mais diferentes!! Posso imaginar um irmão colocando em um envelope de couro a oferta e escrevendo com uma tinta própria: "Para os irmãos de tal Igreja". Depois pegando algumas moedas, colocando em outro envelope e escrevendo: "Para o Ap. Paulo". Depois ainda colocando o restante em outro e onde já estava escrito há muito tempo: para as "misericórdias"de nossa comunidade.


"Conforme a sua prosperidade" - Porque o medo de falar que isso é dízimo? Existe um tipo de erro que fazem os que cobram os dízimos e ofertas na Igreja: Quando se trata de oferta para os santos, dizem ser "ofertas especiais", coletas secundárias. Quando se trata de dinheiro que entra na tesouraria para construção, e outras, chamam de dízimo. Mas a Palavra mostra exatamente o contrário: Aqui, esta coleta, é o equivalente do Novo Testamento àquela parte do dízimo destinada aos irmãos necessitados. E a oferta para a construção tem seu equivalente nas "ofertas voluntárias" retiradas por Moisés, Davi, Ezequias de Neemias, por exemplo. Aqui está, indubitavelmente, o mesmo princípio do dízimo. Dízimo é 10%, isto é, porcentagem. A oferta dizimal é dada de acordo com a prosperidade. Se ganha cem, dá dez; se ganha mil, dá cem! Mas no Novo Testamento, mesmo que para nós os 10% seja o mínimo sugerido, sabemos que muitos irmãos poderão exercitar sua fé em entregar uma porcentagem de 20%, ou 30%, e que outros até mesmo poderão ter a fé ainda fraca ao ponto de exercitarem apenas com 1%!! O crente cheio do Espírito sempre fará mais, pois é Deus quem o dirige!! Se o faz de coração, quem poderá reprová-lo? E deixemos de ser fiscais procurando quem é e quem não é dizimista. Deus a tudo vê e sabe os desígnios do coração. Também rasguemos as listas de dizimistas das paredes dos templos: somente servem para a vaidade de muitos e humilhação de outros. E ainda, julgamento de curiosos!


"E vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for" - Agora, o apóstolo dá a dica: de acordo com a prosperidade fica fácil de juntar e de ter em mente um método a seguir. é muito mais fácil usar o método da porcentagem que se baseia na prosperidade pessoal.


Também o apóstolo não era daqueles que chegam retirando ofertas e "espremendo" para ver quem dá mais. Não queria alardes. Quanto às ofertas combinadas para serem levadas tal dia para os santos de tal cidade, vão ajuntando aí, sem muito alarde, cada qual no seu cantinho. Quando for chegado o dia todos trazem e enviam sem demora através de portadores idôneos.

Oferta para os necessitados e para sustento dos que ministram ao Senhor


Em todos os estudos que temos feito, passando por todo o N. T., fica absolutamente claro, nesta dispensação da Graça, sobre os fundamentos das Boas Novas trazidas para nós, o Evangelho de Cristo, que Deus de maneira alguma está dando qualquer ênfase em ofertas para construir prédios ou sustentar organizações, mas em prover o sustento para seus "levitas", enviar missionários para outras terras, sustentar a viúva e o órfão, ajudar os necessitados da Igreja e, se possível, os de fora dela. O próprio apóstolo Paulo também recebeu ofertas para seu sustento:

Fp 4:14-16 "Todavia, fizeste bem, associando-vos na minha tribulação. E sabeis também vós, ó filipenses, que no início do Evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma Igreja se associou comigo, no tocante a dar e receber, senão unicamente vós outros; porque até para Tessalônica mandastes não somente uma vez, mas duas, o bastante para as minhas necessidades".

Ofertas aos obreiros substituindo os sacrifícios pacíficos e voluntários do Antigo Testamento.


Paulo continua a falar aos filipenses, agradecendo a oferta enviada a ele e diz ainda:

"Recebi tudo, e tenho abundância; estou suprido, desde que Epafrodito me passou às mãos o que me veio de vossa parte, como aroma suave, como sacrifício aceitável e aprazível a Deus" (Fp 4:18).

Reforma Protestante no Brasil



POR: Idauro Campos

A igreja evangélica brasileira precisa passar por uma Reforma?
Esta pergunta é insistentemente formulada sempre que nos aproximamos do dia 31 outubro, ocasião em que nos lembramos da Reforma Protestante (iniciada em 31 de outubro de 1517, na Alemanha). Podemos entender que há um consenso quanto a tal necessidade, no entanto a questão não é tão simples. Existem dificuldades que precisam ser seriamente consideradas, novas batalhas que precisam ser reconhecidas a fim de se empreender um movimento reformista no Brasil.

Em primeiro lugar, temos que entender que um movimento de reforma no Brasil seria extremamente complexo em virtude do nosso evangelicalismo ser plural e multifacetado. Não temos apenas um segmento evangélico no país. São tantas igrejas de origens, confissões, práticas e governos tão distintos que colocá-los em tomo de uma mesma bandeira ideológica seria quase impossível. Na época de Martinho Lutero (século XVI), o mundo ocidental conhecia apenas uma estrutura cristã organizada (Igreja Católica) e se pensava em termos de "certo" ou "errado", de "isto" ou "aquilo". Hoje, uma das marcas de nossa contemporaneidade é o pluralismo (inclusive o religioso), todos alegam conhecer a verdade e ter parte com ela. Portanto, romper com essa barreira seria extremamente difícil.

Outra questão que precisa ser analisada
, pois, certamente pode constituir numa dificuldade aos intentos de uma reforma, é a realidade do tipo de mídia evangélica presente no Brasil. Sabemos que a mídia é um fenômeno moderno, especialmente a mídia evangélica, e também sabemos o poder de penetração que a mesma possui e a influência que exerce, principalmente entre as massas. Portanto, qualquer tentativa de promover uma reforma eclesiástica deverá levar em conta a utilização da mídia. No entanto, temos um problema: a mídia evangélica brasileira tem interesse em uma reforma? Esta mesma mídia, que tem sua parcela de responsabilidade na superficialidade da fé evangélica moderna (o que a faz lucrar absurdamente), desejaria uma Reforma? Os livros mais vendidos nas editoras cristãs são os de "auto-ajuda" e os que tratam de revelações do mundo demoníaco; os CDs mais divulgados pelas gravadoras e, consequentemente, vendidos nas lojas são justamente aqueles cujas músicas possuem letras paupérrimas que nada ensinam e onde o arranjo, a melodia, a sonoridade da canção e a forma da ministração são, na prática, mais importantes que o conteúdo das letras. Os programas evangelísticos exibidos na TV e transmitidos nas rádios não abordam questões fundamentais para uma vida cristã saudável, como justificação pela graça mediante a fé, santidade de vida, perseverança dos santos, temor de Deus. Tais programas estão mais para fábrica de ilusão do que para cristianismo sério, sem contar que boa parte destas programações está mais a serviço do reino dos homens, com suas ambições políticas, do que ao Reino de Deus. Os pregadores valorizados por essa mídia são aqueles que prometem um Evangelho fácil, agradável e sem cruz e que, não raro, estão vinculados à mesma no esquema nada cristão de amealhar votos nas igrejas em prol dos seus candidatos. Portanto, concordo em número, gênero e grau com a pergunta feita pelo Reverendo Carlos Henrique (IEC Ponte Seca), na ocasião de um debate realizado no Rio de Janeiro, sobre a Reforma Protestante, "se já não está na hora de pensarmos em uma mídia evangélica reformada?" (pergunta que, embora pertinente, não foi apresentada aos debatedores, talvez pelo fato do evento ter sido patrocinado por uma mídia evangélica conhecida nacionalmente e que nada tem feito para a realidade de uma igreja saudável e fiel aos princípios da Reforma).

Finalmente, outra questão que podemos destacar como dificuldade para uma Reforma no Brasil é a tendência eclesiológica contemporânea. Com o advento do conceito de que igrejas verticalizadas em sua forma de governo são mais propensas ao crescimento numérico, muitas comunidades estão sendo criadas em torno da figura de um "bispo" ou "apóstolo", onde este detém a "visão de Deus" para o povo, destruindo assim um dos pilares da Reforma que é a doutrina do sacerdócio universal dos crentes (Ef 4: 7 -16). São raríssimos os casos de novas comunidades de fé onde haja uma forma de governo coletivo, seja presbiteriano ou congregacional.

Geralmente as "novas igrejas" são construídas em terrenos cuja propriedade não pertence ao povo que ali congrega, mas sim ao líder, sendo isto, inclusive, um fator de sucessão de poder. Este modo de ser igreja constitui-se um entrave aos intentos de uma Reforma no Brasil, pois centraliza o poder nas mãos de um "iluminado", que não possui interesse na liberdade de consciência do seu rebanho, não estando sujeito assim a nenhuma forma de prestação de conta. Na Reforma Protestante enfatizou-se o pos­tulado "Sola Scriptura", onde se ensinava que toda doutrina, todo ensino cristão deveria ser aceito como verdade somente se fosse extraído das Escrituras Sagradas (2Tm3: 16, 17). A Escritura era, portanto, o norte para a consciência do cristão, a autoridade máxima sobre a Igreja. Tentar manipular o povo de Deus, escravizando sua consciência, se utilizando da igreja como um trampolim para a realização de projetos pessoais, impedindo convenientemente de que os cristãos atinjam a maturidade na fé, alijando seus dons, contrapondo sua vocação profética, explorando sua boa fé com objetivos comerciais, reduzindo-os a massa de manobra, é cometer um retrocesso histórico, ferindo tudo àquilo pelo que gerações de homens e mulheres de Deus creram, se entregaram, lutaram e morreram.

Apesar destas dificuldades alistadas aqui (e é claro que não são as únicas!), não podemos nos abater. Os reformadores enfrentaram oposições muito mais renhidas, muito mais ameaçadoras e perigosas. Não podemos nos esquecer do lema "Igreja Reformada, Sempre Reformando", que moveu o coração de homens e mulheres a lutarem por uma igreja que realmente fosse uma expressão do corpo de Cristo, que realmente exalasse o Seu bom perfume, que glorificasse o Seu nome e que fosse digna da Presença de Seu Senhor. Que Deus nos ajude. Amém!!!

O Relacionamento Sexual Saudável - Uma Exposição Bíblica de Gênesis 2.24.

O Relacionamento Sexual Saudável
Uma Exposição Bíblica de Gênesis 2.24.

Uma Palavra aos Adolescentes e Jovens Solteiros.

Por: Idauro Campos *

Maio é considerado o mês da Família. Muitas igrejas cristãs promovem reflexões, encontros, congressos e afins com o objetivo de auxiliar os cristãos a construírem relacionamentos familiares sólidos, à luz da Palavra de Deus. Muitos são os temas pertinentes à família que podem e devem ser levados aos púlpitos das igrejas em tais ocasiões. Um destes, sem dúvida, é a sexualidade. Contudo, percebo uma falha: geralmente a reflexão visa instruir os casais casados quanto às bênçãos e a finalidade do sexo no contexto conjugal. Nada ou pouco é dito aos jovens solteiros, namorados e aos noivos quanto ao tema. Quando se diz algo, é apenas quanto à advertência de que esperem pelo casamento para desfrutarem do sexo, sem embasar solidamente, à Luz das Escrituras Sagradas, a orientação da castidade pré-matrimonial. O resultado disso é que os jovens cristãos, pelo menos os que procuraram a agradar a Deus, decidem esperar pelo grande dia da “lua de mel”, mas não sabem bem a razão. Aprenderam que sexo antes do casamento é pecado, mas não sabem o porquê e, muito menos, argumentar biblicamente de tal forma quando inqueridos pelos amigos, colegas de trabalho ou do colégio/ universidade. Não são poucas as moças cristãs que até se envergonham da própria virgindade e se constrangem até mesmo nas consultas ginecológicas. Em meu ministério já me deparei com jovens cristãs dizendo que não se relacionavam sexualmente com seus namorados e noivos mais por respeito ou medo dos pais do que por uma consciência de que a prática é errada diante de Deus. Muitas não estavam convencidas de que houvesse algum problema. Consideravam mais uma tradição da igreja. Um hábito conservador que não faz mais sentido diante dos novos tempos. Por outro lado, como pastores, presbíteros, mestres da Palavra, professores de Escola Dominical e, principalmente, pais, ajudamos pouco quando não apresentamos uma razoável fundamentação bíblica e teológica quanto à questão e, principalmente, quando citamos textos bíblicos, com intuitos proibitivos, mas que, na verdade, não tratam ou, ao menos, não tocam o problema da sexualidade pré-matrimonial dos jovens namorados/ noivos.
Os conhecidos textos da primeira carta do apóstolo Paulo aos coríntios, nos capítulos 6 e 7, quando mencionam o problema da sexualidade o fazem levando em conta a promiscuidade típica e tão praticada na cidade portuária de Corinto. Sabe-se hoje, que os cristãos da polêmica cidade lidavam com a prostituição quase que diariamente, pois a mesma era, à época, um famoso reduto de perversões sexuais, onde, até mesmo, um verbo jocoso fora criado: ‘corintianizar’, que significava “ocupar-se de algum excesso ou aberração sexual[1]. Isto devia ao fato de que Corinto era uma cidade cosmopolitana e, como tal, populosa (talvez com mais de seiscentos mil habitantes). Sendo uma zona portuária, com intenso comércio e fluxo permanente de turistas, a prática da prostituição se desenvolveu enormemente. E, além disso, mais gravemente, foi o fato de que na cidade, promovia-se a prática de rituais religiosos com prostitutas cultuais no templo construído e dedicado a Afrodite[2]. A preocupação paulina com o tema da prostituição em uma carta direcionada aos cristãos indica - nos que muitos entre os mesmos ainda estavam com dificuldades de superar a carnalidade viciante com que foram acostumados durante toda a vida antes da conversão a Jesus Cristo. Paulo, então, expõe suas orientações mencionando o famoso caso de incesto (5.1-2), aconselhando os cristãos a tomarem as devidas providências disciplinares (5. 3-13). Destarte, o apóstolo, ampliando suas conclusões, orienta quanto à pureza do corpo, a fuga da prostituição e os valores do matrimônio (6. 12-7.39). Contudo, permanece a questão: tais textos podem ser usados conclusivamente como proibitivos à relação sexual de namorados e noivos? Não estaria Paulo mais preocupado em tratar da prostituição desenfreada dos cristãos que viviam em Corinto? É justo chamar de prostituição um relacionamento entre jovens cristãos que se amam e desejam se casar, mas que, por alguma razão, não podem e decidem antecipar a experiência sexual? Chamar de prostituição o sexo antes do casamento não seria mais uma inferência lógica do que uma conclusão solidamente bíblica e teológica? Estas são indagações que muitos jovens sinceros e que amam ao Senhor fazem e parece que não estamos respondendo adequadamente.
Estou convencido de que a fundamentação bíblica sólida para nossos jovens não transarem antes de seus casamentos não está na carta de Paulo aos Coríntios. Embora, possamos usá-la na ampliação de nossa construção teológica sobre a santidade do corpo que é templo do Espírito Santo (1 Co 6.19-20).
Creio que o fundamento lançado por Deus para a questão encontra-se em Gênesis 2.24. Leiamos e vejamos as conclusões que poderemos chegar:

“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tonando-se os dois uma só carne”.

Lamentavelmente usamos este texto apenas e na maioria das vezes, diante dos noivos na cerimônia de casamento. Sem percebermos que nossos adolescentes e jovens e até mesmo os adultos que estejam solteiros, namorando ou noivos podem aprender com o mesmo.
Na passagem lemos que a mulher acabara de ser criada por Deus (2.18-23) para ser correspondente ao homem. Uma vez criados, à imagem e semelhança de Deus, Adão e Eva, como patriarcas da humanidade e ele, especialmente, o “cabeça federal” da raça humana, reconhecem o princípio e matriz permanente do núcleo social fundamental. Que núcleo é esse? Trata-se da família (Pai, mãe e filho e/ou filha). E qual o princípio e matriz permanente para a constituição deste núcleo?  O filho “deixa pai e mãe” e “se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. Ou seja, desde o início da história da humanidade, a união de um homem com uma mulher, obedece a certa ordem sequencial. Primeiro, se deixa os pais e, somente depois, então, homem e mulher se unem, tornando-se, através da experiência sexual, “uma só carne”. Portanto, há na passagem uma âncora teológica que firma permanentemente as relações entre os gêneros masculino e feminino.
O que podemos aprender sobre sexualidade com a passagem?

 1 – O sexo é para quem está emancipado dos pais –  
Muitos adolescentes e jovens cristãos querem iniciar a vida sexual, mas ao tempo em que continuam morando na casa dos pais, sendo sustentados por eles. De acordo com a Escritura Sagrada, para se desfrutar da sexualidade (o se tornar uma só carne), é necessário que se “deixe pai e mãe”. Percebamos que este é o primeiro princípio extraído do verso 24. Adolescentes e jovens dependentes de seus pais, não estão autorizados por Deus para a experiência sexual. É necessária, pois, a emancipação, ou seja,  a capacidade de deixar seus pais em direção a uma vida adulta e de responsabilidades. Tal emancipação se dá em quatro níveis pelo menos:
a)     Emancipação Cronológica – É obvio que para se emancipar dos pais o indivíduo deve ter uma idade cronológica mínima. Implica disso diretamente que sem tal condição ninguém poderá iniciar sua vida sexual. Como a sexualidade saudável sempre estará na Bíblia vinculada à conjugalidade, expressa por sua vez no casamento, é mister o alcance de uma idade cronológica mínima, onde as partes poderão ser consideradas minimamente capazes e responsáveis perante às leis e demais convenções sociais.

b)    Emancipação Psicológica – Há muitos jovens que até possuem idade cronológica para deixar os pais. Afinal, já atingiram a maioridade ou, ao menos, a idade mínima. Contudo, permanecem infantilizados e dependentes psicologicamente da presença e proteção paternas, não estando aptos para as plenas responsabilidades que a vida adulta exige e, muito menos, para a sexualidade responsável, implicada e comprometida.

c)     Emancipação Econômica – Sexualidade no contexto bíblico requer capacidade econômica para administrar a vida de casado, pois como é somente em tal estado civil que o sexo é aconselhado, a independência financeira se torna elemento fundamental. É extremamente importante consideramos que na ordem sequencial da criação, a atividade laboriosa e empreendedora aparece antes da constituição familiar. Deus, antes de criar a mulher, concedendo-a como companheira do homem, ordenou a este que trabalhasse, cultivando e guardando o jardim no Éden (Gn 2.15). Além disso, o homem dispende também energia criativa na nomeação dos animais (2. 19-20). Trabalho, portanto, que traz emancipação financeira é expediente absolutamente necessário ao casamento, contexto único do sexo aprovado por Deus. Jovens praticantes da experiência sexual, mas que são dependentes financeiramente de seus pais e incapazes de assumir as rédeas de um casamento ofendem a Deus.

d)    Emancipação Geográfica – Deixar pai e mãe para viver a sexualidade com o conjugue implica em sair definitivamente da casa dos mesmos, tendo o seu próprio lar, constituindo sua própria família.

2 – O sexo é para quem possui o vínculo da conjugalidade:
Este é o segundo grande princípio deste verso. Perceba que o verso 24 diz que o homem se unirá à sua mulher. Sexo, portanto, deve ser praticado por quem desfruta de tal vinculação. Casais de namorados ou noivos (assim como àqueles que não estão comprometidos com ninguém) não devem enquanto tais, uma vez que ainda não são pertencentes um ao outro; não foram reconhecidos / declarados com “marido e mulher”. O namorado / noivo ainda não pertence à moça e vice-versa. É uma relação ainda em construção. Não sabendo ainda se chegarão, de fato, ao casamento. Um não pode ainda chamar o outro de seu, como se houvesse uma relação definitiva e, logo, permanente. Namoro e noivado não são estágios conclusivos de uma relação, mas sim intermediários. E o sexo está reservado para o estágio de maior entrega e intimidade de um casal que acontece somente no contexto do casamento.

3 – O Sexo é para o desfrute da experiência heteroafetiva:
O Texto é claro: “deixa o HOMEM pai e mãe e se une à sua MULHER e serão os dois uma só carne”. Casamento, família e sexualidade são expressões e desdobramentos da união entre um homem e uma mulher. É o padrão estabelecido por Deus para toda a humanidade, sendo ordem natural da criação.

4- O Sexo Matrimonial não possui nenhuma relação com o pecado:
O sexo conjugal é indicado no capítulo dois do livro de Gênesis e, logo, antes do evento da queda no Éden (que ocorre na sequência narrada do capítulo três). Portanto, não há nenhuma relação do sexo com o pecado que entra no mundo, através da tentação sugerida pela serpente à Eva e, em seguida, a Adão. É caricata e anti-bíblica a imagem construída na Idade Média em que se associa a tentação no Éden com os desejos sexuais. Na verdade, a tentação foi outra: “... e sereis, como Deus, conhecedores do bem e do mal” (3.5). Nada haver com o sexo, portanto. A compreensão deste ponto é por demais importante, porquanto não poucos casais cristãos sofrem com  culpa relacionada ao sexo, mesmo o marital. Muitos se perguntam com que frequência devem praticar sexo ou em quais ocasiões deve ser restrito. Há casos, inclusive, de casais cristãos que se recusam a fazer sexo na semana (ou dia) da eucaristia (celebração da Santa Ceia). Para tais, a prática ainda é alvo de suspeição e dúvidas. Há outros perdem a atração pelo conjugue quando nascem os filhos, pois tudo o que veem à frente é “a mãe ou o pai das crianças” e não mais a pessoa desejada, atraente e apaixonante que um dia a levou para o altar. Em tais casos, as noites tórridas experimentadas dentro das quatro paredes com a pessoa amada, tornaram-se tão somente e apenas lembranças. Tudo isso torna importante aos pastores, presbíteros, professores de ED e demais conselheiros familiares auxiliarem os que sofrem com tais crises de consciência. A igreja pode, em muito, ajudar nesta área.
Um legítimo casal pode se entregar à beleza, à criatividade e ao prazer proporcionado pelo sexo. Sem culpa, com liberdade e alegria, pois é dádiva de Deus para o nosso deleite e não apenas para procriação. A celebração festiva do amor conjugal é narrada pelas Escrituras Sagradas de forma clara e inequívoca no livro de Cantares de Salomão. Sexo, assim, no contexto do amor e compromisso conjugais, é bíblico, santo, espiritual, prazeroso e, assim como muitas outras coisas criadas por Deus, muito bom!

Soli Deo Gloria!!!

* Idauro Campos é pastor congregacional e mestre em Ciências da Religião.

[1]CHAMPLIN, Russel Normal. O Novo Testamento Interpretado Versículo Por Versículo. Vol. 3: São Paulo: Editora Hagnus, 2002.p.386.
[2] No paganismo grego é a deusa do amor, da beleza e da sexualidade.