terça-feira, 12 de agosto de 2014

Niilismo Eclesiástico: Uma Análise do Movimento dos Desigrejados.

Niilismo Eclesiástico:

Uma Análise do Movimento dos Desigrejados.

Por: Idauro Campos

No ano de 2010 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou os dados censitários de uma ampla análise desenvolvida pelo POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), onde, entre outros temas, avaliou a performance da religiosidade do brasileiro. Na pesquisa foi apontada que, em termos de identidade religiosa, o grupo que mais cresceu foi dos que se declararam “sem religião”. Algo surpreendente no Brasil, que sempre se orgulhou de ser o “o maior país católico do mundo”. Além disso, outro dado divulgado e que muito chamou a atenção, foi a identificação de um ator social até bem pouco tempo inexistente no extrato religioso em nosso território: o evangélico nominal, isto é, sem vínculo eclesiástico, ou, como ficou conhecido, desigrejado. De acordo com o IBGE, já são mais de quatro milhões de evangélicos em tal situação. São cristãos protestantes, identificados com as doutrinas fundamentais de fé cristã (creem, portanto, no nascimento virginal de Cristo, na sua morte expiatória, na ressurreição, na Segunda Vinda e na vida eterna aos fiéis; celebram a Ceia e passam pelas águas do batismo), mas que se recusam a congregar, pois não acreditam mais na necessidade e relevância da igreja institucional.

A amostragem dos dados que comprovam o fenômeno chamou a atenção da mídia cristã especializada[1] e também da secular[2], pois, historicamente era conhecido no que tange ao comportamento dos evangélicos no Brasil, que duas características sobressaíam: o hábito da leitura da Bíblia e a pertença eclesiástica. Contudo, com a revelação do contingente impressionante de desigrejados[3], a noção e o valor da pertença entre os evangélicos já vem sendo questionada, aproximando-se, portanto, dos católicos nominais, despertando a curiosidade de pesquisadores das Ciências da Religião e dos próprios órgãos de imprensa.


A Repercussão

Assim que os dados foram divulgados, uma série de reportagens, livros e sites começou a circular, tentando entender o fenômeno. A Revista Cristianismo Hoje, prestigiada publicação cristã e braço brasileiro da Christianity Today, publicou duas matérias sobre o assunto[4]. Até aí, nada surpreendente, visto ser natural que um periódico cristão de linha protestante repercutisse um assunto que atinge em cheio a realidade eclesiástica no Brasil. Entretanto, as Revistas Isto É e Época (esta última de responsabilidade das Organizações Globo) e também o importante jornal Folha de São Paulo, publicaram matérias sobre o assunto, evidenciando a importância do movimento para a compreensão do fenômeno religioso brasileiro. Editoras cristãs também entraram em cena, propondo reflexões sobre a tendência e, como não poderia ser diferente em tempos virtuais, sites e blogs também resolveram contribuir e/ ou tumultuar o debate.


O Histórico da Repercussão no Brasil

a)      Augustus Nicodemus Lopes publica no blog Tempora-Mores, em abril de 2010, um artigo intitulado “Os Desigrejados” e populariza tanto o conceito quanto o uso do termo no Brasil. Início de minha pesquisa.

b)      Maurício Zágari publica em 2010, na Revista Cristianismo Hoje, artigo intitulado: “Decepcionados com a Igreja”.

c)      Em 2010 a Revista Época publica matéria de capa (A Nova Reforma Protestante) com evangélicos insatisfeitos com os modelos tradicionais de igreja.

d)      Jornal Folha de São Paulo publica, em 2011, matéria intitulada “Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas”.

e)      Revista Isto É publica, em 2011, matéria de capa “O Novo Retrato da Fé no Brasil” – nomadismo religioso.

f)       Sites como Genizah e Púlpito Cristão multiplicam o assunto nas redes sociais.



Um Fenômeno Mundial (pós-modernidade)

Há no mundo contemporâneo uma crise de pertença, sobretudo, religiosa. Nos Estados Unidos da América (a maior nação protestante do mundo) e na Europa (berço das mais conhecidas denominações cristãs, como as Igrejas Anglicana, Luterana, Presbiteriana, Batista, Congregacional e Metodista, Exército da Salvação, entre outras) a marcha dos desigrejados é um fenômeno conhecido e discutido. Obras importantes[5] e outras polêmicas[6] já vieram a lume, visando esclarecer e ou polemizar a questão. Portanto, longe de ser um movimento isolado manifesto apenas em nosso país, o que vem ocorrendo é uma expressão nacional de uma onda de deserção institucional de grandes proporções que alcança o mundo inteiro, consequência, sem dúvida, da pós-modernidade que questiona e relativiza afirmações e conteúdos antes considerados absolutos e inegociáveis, gerando, assim, desencaixe em todas as esferas da sociedade, atingindo todas as expressões institucionais: partidos políticos, sistemas de governo, utopias, convenções familiares, casamento, religião, igrejas e etc., pois, conforme denunciou Zygmunt Bauman, “as estruturas estão se decompondo em face dos Tempos Líquidos”[7].



Os Números do Fenômeno no Mundo[8]

a)       Estados Unidos da América - 20 milhões de desigrejados (pouco mais de 13% da população protestante que é constituída por mais de 154 milhões de americanos- 51% do total da população do país que está acima de 308 milhões) -

b)      França /1990 – 80% da população se declarava cristã. Em 2007 o percentual caiu para 57%.

c)      Inglaterra / 1999-2000 -  56 % dos entrevistados se declararam ateus ou agnósticos.

d)     Continente Europeu -  Apenas 21% dos entrevistados reconhecem a relevância da religião para a vida.



Os Números do Fenômeno no Brasil[9]


a)      4 milhões são os brasileiros que se declaram evangélicos, mas não têm vinculação eclesiástica; o percentual de evangélicos nesta situação é de 10%.

b)      62% dos desigrejados são egressos de denominações neopentecostais, cuja ênfase é a teologia da prosperidade;

c)      63% dos respondentes declararam que voltariam a se vincular a uma comunidade que não apresentasse os vícios e malversações que os afastaram da comunhão;

d)      29% dizem que não pretendem manter vínculo com outra igreja novamente;

e)      5,6 anos é o tempo médio de conversão dos desigrejados.



As Causas do Niilismo Eclesiástico e quem são os Desigrejados?

Por Niilismo Eclesiástico podemos entender como a proposta de muitos cristãos que “advogam um cristianismo totalmente despido de formas, estruturas e concretude institucional”[10]. O termo foi empregado por Émile G. Léonard, na obra “O Protestantismo Brasileiro[11]. O historiador empregou o termo ao referir-se aos darbistas, movimento religioso inglês do século XIX, praticante do niilismo eclesiástico.

Quais as causas e /ou razões para o desengajamento eclesiástico? Por que tantos cristãos contemporâneos rejeitam o modelo institucional de igreja?


A Decepção e a Crítica


Quando analisamos de perto o fenômeno dos desigrejados, a partir de entrevistas e publicações editoriais e/ou virtuais, podemos perceber a consolidação de dois grupos majoritários no cenário: os decepcionados com a liderança e os críticos do modos operandi da institucionalização da igreja[12]. Os Decepcionados são àqueles que sofreram abuso espiritual por parte das lideranças eclesiásticas (pastores, bispos e apóstolos) nas comunidades de fé onde congregavam ou que se frustraram com promessas (de cura, libertação, bem-estar pessoal/familiar ou prosperidade financeira) realizadas em nome de Deus e que nunca se cumpriram. A jornalista Marília de Camargo César e o teólogo Paulo Romeiro, escreveram obras de referência[13] quanto ao tema do abuso espiritual e da decepção consequente gerada nos crentes. Casos de despotismo, dinastia familiar, acepção de pessoas, intrigas, disputas, coação, manipulação, constrangimento, humilhação, ofensas, ameaças, mentiras, além do enriquecimento ilícito por parte das lideranças pastorais, são apresentados na comovente obra de Marília, explicando o porquê muito dos entrevistados que aparecem em seu livro ficaram profundamente decepcionados com o que viram, ouviram, presenciaram e experimentaram nas greis em que dedicaram parte de suas vidas e decidiram, então, abandoná-las.

O livro da jornalista é ao mesmo tempo denúncia, alerta e apelo. Denúncia, pois revela o que acontece nos bastidores de muitas igrejas, lideradas por figuras personalistas e que usam as pessoas da congregação como massa de manobra para se promoverem e enriqueceram e que pouco se importam com as necessidades e demandas espirituais dos seus membros. É, também, um alerta para que outras pessoas não sejam enganadas e que não submetam suas vidas a uma liderança pastoral que comece a demonstrar os mesmos sinais no ministério. Serve para os próprios pastores, porquanto é notório que muitos começam no pastorado tendo em mente às melhores aspirações de serviço e vocação, desejosos de fazerem um trabalho digno e para a glória de Deus, mas que, por motivos variados, terminaram mudando o foco de seus ministérios, agindo mais como empresários da fé do que como legítimos pastores, despenseiros da graça de Deus. Mas, a obra de Marília é, ainda, um apelo. Um apelo para àqueles que estão nas igrejas a olharem com misericórdia para muitos daqueles que desertaram e que estão longe de serem apenas pessoas “complicadas” ou “esquisitas”. Que há muitas pessoas assim em nossas igrejas (e que as deixaram) é indiscutível, mas o que Marília faz é nos chamar a atenção para muitos que estão fora da igreja e relutam contra a ideia de um retorno, pois estão machucados, com enormes feridas ainda abertas e sangrando. Como poderiam, então, retornar para um ambiente que, ao invés de ser uma comunidade terapêutica por excelência, foi, na prática, causadora de dor, frustração e mágoa? Não seria, destarte, necessária uma prática pastoral carregada de amor, perdão, paciência e graça para com os que se encontram em tal situação?

Há, também, os que se decepcionaram com o àquilo que lhes foi prometido e que não aconteceu. São muitos os casos trazidos à tona pelo pastor, teólogo e doutor em Ciências da Religião, Paulo Romeiro que, em seu instigante livro, “Decepcionados com a Graça”, revela em suas páginas a saga de muitos cristãos sinceros que caíram nas teias ministeriais de pastores e líderes comprometidos com a Teologia da Prosperidade e que acreditaram piamente que, seguido um esquema fixo de obediência irrestrita ao pastor mais a fidelidade / regularidade dizimal, alçariam uma vida de bem-estar físico, psicológico, familiar e social, com uma inevitável e inquestionável prosperidade financeira. Entretanto, como se sabe, como tal, em grande medida, não ocorre, o que vem é frustração, raiva e, em muitos casos, deserção. Romeiro, inclusive, propõe uma sequência: primeiro “ocorrem o deslumbramento, a expectativa e a entrega pessoal pela causa e a confiança despreocupada na proposta do grupo[14], mas, conforme declara, “ com o tempo, porém, vêm os questionamentos relativos à linha de pregação, à administração financeira ou às questões éticas, provocando o rompimento[15].

Contudo, não só de decepcionados o movimento dos desigrejados engrossa, porquanto nas suas fileiras existem muitos que não possuem nenhum histórico de decepção (até onde assumem), mas que são ou se tornaram detratores do sistema, ou seja, críticos do modos operandi e da institucionalização da igreja. Algumas destas vozes são conhecidas por aqui[16], enquanto, que, outras, são famosas nos Estados Unidos da América[17], mas também já formam discípulos no Brasil[18]. Neste caso específico o problema não está, segundo eles, nas lideranças eclesiásticas arbitrárias (estes são apenas parte do problema do cristianismo contemporâneo), mas sim nas engrenagens funcionais que mantém a igreja em operação no mundo, pois em face da necessidade de manutenção institucional, a igreja terminou perdendo seu vigor espiritual e a sua dimensão profética, tornando-se mais um clube de encontros religiosos, onde se canta, se aplaude, faz-se doações em dinheiros e assiste-se a palestras irrelevantes.

Templos, os pastores e seus sermões: os grandes vilões.

Para os críticos do modos operandi da institucionalização da igreja, há vários problemas na mesma e que a prejudica e a distancia do alvo planejado por Jesus Cristo. Segundo os mesmos, entre os pontos críticos da igreja contemporânea está a necessidade de construção dos templos. Talvez nada cause mais urticária em um desigrejado do que um típico templo de alvenaria. Para os desigrejados o templo “construído por mãos humanas”, não passa de uma corrupção dos propósitos de Deus para a sua igreja e de uma maldita influência do paganismo grego que existe desde os primórdios da Era Constantiniana[19] e que entrou no cristianismo, gerando aquilo que um dos mais habilidosos críticos da igreja contemporânea[20] chama de “complexo arquitetônico”[21]. Frank Viola é um escritor norte-americano conhecido por sua indignação com o cristianismo, sendo autor de algumas obras que propõe um total desmoronamento da igreja como é conhecida hoje[22]. Aliás, segundo o polêmico escritor, a igreja como a conhecemos não tem direito algum de continuar existindo[23] e uma das infames práticas que a prejudicam completamente é a construção de templos, porquanto carrega o conceito de que igreja é um lugar onde se vai e não os filhos de Deus, que juntos foram a verdadeira e única eclésia de Jesus Cristo. Tal conceito, explica Viola, de igreja como lugar sagrado, deriva do ano 190 d.C., onde Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) passou a ensinar em tais termos, ganhando força, quando da ocasião da conversão ao cristianismo do Imperador Constantino, no século IV, porquanto, ao tornar-se cristão, promulga o famoso Edito de Milão (313 d.C), onde a liberdade do culto cristão foi assegurada, abrindo passagem para a oficialização do cristianismo como religião do Império Romano em anos subsequentes[24]. Com o fim da perseguição, os cristãos, antes reunidos em casas, cavernas e outros lugares seguros, passaram a fazer as reuniões em lugares públicos, desdobrando na construção de templos, os quais muitos foram incentivados e até mesmo financiados pelo Império Romano.

Quanto aos pastores, no niilismo eclesiástico não há lugar para ministros ou pastores ordenados. Como a igreja é apenas espiritual e logo, imaterial, sendo, destarte, despida de sacramentos e ordenações, não há, obviamente, necessidade para pastores ordenados. Este, então, configura em outra tensão para os desigrejados, pois, conforme acreditam, o pastor, conforme se conhece hoje, não é bíblico, porquanto a única vez em que o termo aparece no singular no Novo Testamento é atribuída a Jesus Cristo (João 10. 11) e quando Paulo aplica a funcionalidade do “dom de pastor” à igreja, ele o faz empregando o termo no plural (pastores = Ef 4.11), sugerindo, então, que a prática neotestamentária do pastorado era exercida em conjunto pelos cristãos dotados com a capacidade de cuidar[25] dos demais irmãos, não havendo naqueles tempos, em igreja alguma, a figura do pastor único (pastor - titular; pastor-presidente; pastor-sênior).

Finalmente, na tríade maligna, os desigrejados também criticam o sermão, visto que na época de Jesus Cristo, as pregações não eram sistematizadas, mas realizadas de forma espontânea e inesperada, tendo como ponto de partida o cotidiano real das pessoas nos contextos onde os encontros casuais com Jesus aconteciam, os desigrejados, então, vêem nesta forma a única legítima para instruir o povo de Deus. Destarte, nada de liturgia, sermões com introdução, desenvolvimento e conclusão e elaborados como se fosse uma palestra. Como não poderia ser diferente, enxergam também neste ponto as garras do Lúcifer, porquanto, afirmam que o sermão estruturado entrou nas comunidades cristãs por causa dos sofistas gregos, mestres da retórica e que quando se tornaram cristãos levaram para o ambiente da fé a prática dos discursos eloquentes, estruturados e comoventes. Nada tendo de cristão, o sermão, portanto é, também, pagão (segundo os desigrejados).

Críticos no Brasil?

As vozes discordantes do cristianismo oficial não emitem seus sons apenas dos Estados Unidos. Há, no Brasil, líderes conhecidos que demonstram sua insatisfação com os modelos institucionais de igreja cristã. O caso mais conhecido e polêmico é do pastor Caio Fábio D’Araújo Filho, que, em recente entrevista concedida aos repórteres de Cristianismo Hoje, declarou que mais de três milhões de pessoas, muitas delas desigrejadas, abastecem-se de tudo o que é produzido em seu ministério, o Caminho da Graça, uma alternativa de comunhão cristã, que tem em Caio Fábio o seu mentor principal[26]. Caio Fábio é hoje um crítico dos mais intensos da igreja evangélica, e sem cerimônia, afirma que o cristianismo, seja em sua expressão católica ou protestante, não passa de um fenômeno sociológico, tendo suas raízes históricas em Constantino. Em seu atual ministério, não há templos construídos, pastores ordenados, estatutos. Contudo, há locais e horas de celebração, pregação, louvor e ofertório. Uma demonstração prática que ainda que se esforcem ao máximo, teóricos do niilismo eclesiástico jamais conseguiram eliminar por completo formas e estruturas. Um mínimo sempre permanecerá. É inevitável aos ajuntamentos. Outro desigrejado celebrado por estas terras tupiniquins é Paulo Brabo, autor de “A Bacia das Almas – Confissões de ex-dependente de Igreja”, publicada em 2009, pela editora Mundo Cristão.

Nada há, pois, de novo abaixo do sol (Ec 1.9) - O que diz a História da Igreja?

 Afinal, o movimento dos desigrejados é novo? Ou, conforme asseverou George Barna, um entusiasta do movimento nos Estados Unidos, trata-se uma revolução?[27] Nada como a História da Igreja para ajudar a acalmar os ânimos e colocar sob perspectivas mais sóbrias determinadas manifestações no seio do cristianismo. Ao analisar os dois mil anos de história, podemos alistar nada menos que dez movimentos de deserção eclesiástica. Isso mesmo, dez! E dez, entre outros! De Montano (século II) a Dietrich Bonhoeffer (século XX), a igreja de Jesus Cristo se deparou com críticos de seu sistema, ensino, dogmas, doutrina e instituição. Às vezes por motivos corretos e outras vezes nem tanto, o fato é que muitas vozes importantes dentro da igreja se levantaram para atacar sua estrutura. Não apenas propondo uma purificação e santidade, mas até o seu total desaparecimento institucional.  Muitas destas vozes apontaram para algo que hoje os desigrejados pensam que são os primeiros a fazerem. De quem eram essas vozes? E que movimentos foram estes? Alistaremos três, em épocas estanques da história: O montanismoo joaquimismo e o darbismo.

A insatisfação de Montano (Século II)

Montano foi um sacerdote pagão da região da Frígia (atual Turquia) que se converteu ao cristianismo por volta do século II. Ao lado de duas profetisas (Priscila e Maximila) organizou no ano de 155[28], um movimento de reação ao cristianismo ensinado pelos bispos, herdeiros espirituais dos apóstolos, por considerá-lo por demais formal, dependente de uma liderança humana e pouco aberto à direção do Espírito Santo. Acreditando que a igreja estava espiritualmente morta e acusando os bispos cristãos de “destituídos de vida, corruptos e apóstatas”[29], Montano se apresentava como  alguém que passava por experiências extáticas, declarando que o Espírito Santo o usava para falar diretamente aos homens e relativizava o conceito já crescente na época de que os escritos apostólicos seriam o caminho mais seguro para se conhecer a vontade de Deus. Aliás, quanto a este ponto, o sacerdote da Frígia acreditava ser exagerada a ideia de uma supremacia dos textos sagrados quanto à vontade revelada de Deus, pois, alegava que isto terminaria restringindo a atuação do Espírito a um mero texto escrito em papel. Além da indisposição com a institucionalização do cristianismo, cujas expressões eram o fortalecimento do clero e o conceito de uma ortodoxia, Montano também afirmou que a segunda vinda de Cristo aconteceria na Frígia.

O montanismo cresceu [30]e se tornou uma alternativa vigorosa na época, uma vez que os seguidores de Montano conseguiram fundar diversas congregações que rivalizaram com as comunidades dirigidas por bispos ligados ao cristianismo oficial[31]. O movimento era chamado de Nova Revelação e Nova Profecia[32].  Sendo acusado de heresia, Montano e todos os seus discípulos foram excomungados da Igreja Cristã, configurando, assim, no primeiro caso de divisão da história do cristianismo.

Ecclesia Spirituallis: O Sonho de Joaquim de Fiore (século XII)

Após a virada do milênio muitos foram os questionamentos sobre os rumos do cristianismo. Havia uma intensa inquietação com o poder e a projeção que a igreja e o papado alcançaram no mundo. Muito mais do que uma agência de propagação do Evangelho do Senhor Jesus Cristo e encarnação dos valores do Reino de Deus, a igreja havia se tornado uma potestade com fortíssima presença na condução da política dos reinos que existiam na Idade Média. Preocupado com essa presença institucional foi que um monge cisterciense, nascido na Calábria em 1135, chamado Giovanni dei Gioachini e conhecido historicamente como Joaquim de Fiore, começou a pregar e ensinar que haveria de se manifestar no mundo uma nova igreja, despida de toda materialidade  e sem qualquer necessidade clerical e que seria trazida através da religião dos monges, sendo, destarte, “uma nova Igreja, livre e espiritual, humilde e silenciosa”[33], substituindo a “Igreja dos Clérigos e dos doutores”[34]. As ideias de Joaquim de Fiore germinaram, produzindo muitos joaquimitas que, no decorrer dos anos, especialmente após a sua morte, em 1202, resistiram fortemente à hierarquia eclesiástica da igreja romana.

O Sectarismo de John Nelson Darby (século XIX)-

Nas ilhas britânicas do século XIX, um grupo de cristãos insatisfeitos com o estado da igreja protestante que consideravam formal e sem vigor espiritual, começou a ler as Escrituras Sagradas e celebrar a Ceia do Senhor, sem a presença de um ministro ordenado.  Tais manifestações foram espontâneas e descentralizadas, mas, sem dúvida, o grupo praticante dessa forma livre e desengajada de igreja que ficou mais conhecido na Inglaterra e, posteriormente, em toda Europa, tornando-se proeminente, foi o de Plymouth[35]. Seus participantes ficaram conhecidos como os Irmãos de Plymouth, que mais tarde receberam a alcunha de darbistas, por causa de um dos seus membros que se tornou um grande defensor das ideias do movimento, chamado John Nelson Darby (1800-1882). Advogado e teólogo anglicano, John Nelson Darby uniu-se aos Irmãos em 1821, ao decepcionar-se com a degradação espiritual da igreja inglesa. Dono de uma mente brilhante, Darby pregava fluentemente em alemão, francês e, claro, inglês, idiomas em que traduziu o Novo Testamento. Publicou mais de 50 livros e, em 1848, se tornou a mais importante voz do movimento dos Irmãos de Plymouth[36].

Os darbistas acreditavam que a igreja nunca conseguiu se livrar totalmente das tradições humanas que surgiram no seio da mesma após a morte dos apóstolos e no início da Patrística. Essas tradições atravessaram os séculos com os Escolásticos[37], os Reformadores[38], e mesmo entre os Puritanos[39] estiveram presente. Destarte, propuseram uma eclesiologia que asseveravam estar mais condizente com o Novo Testamento do que os modelos de igrejas cristãs vigorantes e conhecidas na Inglaterra até então.

O darbismo insistia no fim do clericalismo e da institucionalização da igreja, o que considerava graves distorções e desvios dos ensinos do Senhor Jesus Cristo e dos apóstolos. Entendiam que a igreja é tão somente composta por aqueles que foram alcançados com a graça de Deus e inseridos em uma grande assembleia de remidos, e que as tentativas de oferecer a essa realidade real, mas invisível, qualquer forma concreta de organização eclesiástica (as denominações) não passavam de invenções humanas.

O darbismo não possuía “organização definida, ordem clerical, confissão de fé nem qualquer vínculo visível de união”[40] (exceto a Ceia do Senhor), e tampouco presidente ou ministros ordenados”[41], o que terminou gerando desconfianças por parte de muitos quanto ao seu futuro e sobrevivência. Entretanto, a despeito disso, o movimento cresceu e se espalhou por toda a Anglo-saxônica, chegando à Rússia e demais países do Leste Europeu, além de Iraque, Japão, China, Índia, Espanha, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Ilhas Caraíbas, países da África, da América do Sul e de outros do Extremo Oriente[42].

No Brasil, as ideias darbistas chegaram através de Richard Holden, clérigo inglês que trabalhou como pastor auxiliar do Dr. Robert Reid Kalley[43] na Igreja Evangélica Fluminense, nos idos de 1871[44].  Com o desligamento, a pedido próprio, de Ricardo Holden de suas funções pastorais diante da Igreja Evangélica Fluminense, um grupo de doze pessoas decidiu também seguir esse caminho[45], formando um núcleo dos Irmãos no Brasil em 07 de julho de 1878[46].  Posteriormente, em 1896, Stuart Edmund McNair, um inglês de 29 anos de idade, desembarcou no Brasil, organizando escolas bíblicas onde morava, trabalhando também na área da literatura cristã[47].

Os três movimentos alistados acima e descritos propositalmente em épocas distintas da história, revela-nos de que a deserção institucional no cristianismo não é nova e que sua proposta é persistente, pois reapareceu diversas vezes por parte de grupos cristãos insatisfeitos.

Afinal, a institucionalização foi/é maligna?
Os desigrejados enxergam na institucionalização do cristianismo a origem de todos os males da igreja. É inegável que muitos dos problemas enfrentados pela igreja cristã no decorrer dos séculos, tais como corrupção, mundanismo, proximidade com poderes temporais, fascínio pela riqueza e, principalmente, pela política, tiveram sim, sua fonte e origem em meio a um processo de institucionalização, onde, gradualmente, se perdeu a dimensão e horizonte proféticos. Contudo, isto é apenas parte da história. E, certamente, tais envolvimentos têm pouca relação com a instituição e muito mais com a pecaminosidade do coração humano. Há legados importantíssimos deixados para a posteridade e que foram elaborados em meio aos processos institucionais pelos quais a igreja passou e que sem os mesmos (que podem ser vistos como instrumentos da providência divina) o cristianismo ortodoxo dificilmente sobreviveria até o século XXI, haja vista que nos primeiros séculos da Era Cristã o mundo era povoado por religiões de mistério que se aproximaram perigosamente do cristianismo. Muitas heresias procuravam emitir compreensões acerca da pessoa de Jesus Cristo e não foram poucos os cristãos que se sentiram atraídos por explicações esotéricas acerca do Salvador, a ponto dos próprios apóstolos, como Paulo e João, escreverem cartas (colossenses e 1 e 2 epistolas joaninas), condenando heresias que estavam entrando no seio da igreja. Uma destas heresias perigosas foi o gnosticismo, uma fórmula que mesclava conceitos do judaísmo, cristianismo, dualismo grego e religiões de mistério que formavam uma mistura bombástica que poderia destruir as bases teológicas do cristianismo se não fossem os Pais Apostólicos[48], os Apologetas[49] e os Polemistas[50]. Além do gnosticismo, o cristianismo recebeu também ataques heréticos do ebionismo[51] e marcionismo[52]. Uma vez que após a morte[53] de João, o último dos apóstolos, a igreja não poderia contar mais com aqueles que receberam o Evangelho diretamente de Jesus Cristo, a necessidade de explicar a fé e de preservar o conteúdo bíblico sem quaisquer impurezas, levou os Pais da Igreja, a tomarem medidas institucionais para que a verdade sobre Jesus Cristo, ensinada pelos apóstolos, não se perdesse em meio a tantas afirmações conflitantes sobre o salvador. Que medidas institucionais foram essas?

Credo, Cânon e Concílios: Legados da institucionalização do Cristianismo.

Pense em uma época em que qualquer pessoa poderia fazer qualquer afirmação acerca de Jesus Cristo. Imagine alguém em uma praça pública ensinando que Jesus Cristo não foi uma pessoa de carne e osso, mas, que, na verdade, possuía apenas uma aparência humana, quase como a de um fantasma[54]! Semelhantemente, fantasie uma espécie de monge ministrando uma palestra para jovens e crianças, ensinando que o Deus do Antigo Testamento era mal, caprichoso e violento, mais parecido com um demiurgo[55] e que o Deus do Novo Testamento, o pai amoroso de Jesus Cristo, era outro Deus absolutamente diferente daquele ser perverso[56]! Ou, para espanto geral, considere um pastor ensinando que Jesus de Nazaré era a encarnação do Pai, isto é, que quem sofreu na cruz não foi o Filho de Deus[57] e, se não bastasse, afirmasse também que o Espírito Santo fora criado pelo Filho e que era uma espécie de servo do Pai e, também, do próprio Filho[58]! Como avaliar tais declarações em uma época em que os apóstolos não estavam mais vivos para refutá-las e onde não havia instrumentos que servissem de análise e crivo? Como defender a fé cristã contra os ataques que vinham de todas as direções e de diferentes formas[59]? A resposta da igreja veio de forma gradual, pensada e sistematizada. Primeiramente, desenvolveram uma síntese doutrinária, onde uma série de afirmações teológicas sobre Deus Pai, Filho, Espírito Santo e da obra da redenção entre os homens foi elaborada com a finalidade de tentar explicar o mistério da fé cristã, defendendo-a das heresias, preservando o conteúdo bíblico, garantindo-o para toda a posteridade. A síntese ficou conhecida como o Credo Apostólico.

O Credo dos Apóstolos foi parte do “desenvolvimento da uma regra de fé[60], ou seja, “uma declaração de fé para uso público”[61], sendo o mais antigo documento que contém as doutrinas fundamentais do cristianismo[62] e uma evidência da necessidade de instrumentalização da igreja para lidar com os ataques heréticos, uma vez que não contava mais com a presença dos apóstolos para orientá-la. Roger Olson,  autor da excelente “História da Teologia Cristã” (Editora Vida), reconhece que sem a estrutura organizacional, da qual o Credo Apostólico foi uma das expressões, “qualquer pessoa podia corromper os ensinos da igreja pela persuasão e carisma”[63].

Outra medida por demais importante que preservou a igreja cristã, sendo um marco na história do cristianismo foi a oficialização do Cânon do Novo Testamento. Obviamente, os vinte e sete livros que o compõem não caíram milagrosamente sobre a cabeça dos cristãos daqueles primórdios e difíceis tempos. Talvez muitos desigrejados assim pensem! Todavia, a verdade é que o Cânon foi uma medida institucional para combate/defesa contra heresias, especialmente, o marcionismo que elaborara um Cânon próprio, onde continham apenas uma variação do Evangelho de Lucas e as cartas paulinas (sem as epístolas pastorais). Percebendo o risco de não se ter uma regra de fé que fosse uma verdadeira âncora para o cristianismo, os Pais da Igreja iniciaram um processo de identificação e reconhecimento dos textos que verdadeiramente poderiam ser considerados como inspirados pelo Espírito Santo e reunidos em uma obra e que, à semelhança do Antigo Testamento, pudesse ser lida, consultada e estudada para explanação, deleite e edificação da igreja. O processo de canonicidade foi demorado, sendo concluído apenas no século IV, no ano de 397, quando houve a oficialização do Cânon do Novo Testamento, promulgado no Concílio de Cartago (atual Tunísia, no Norte da África).

E falando em concílio, há, também, uma terceira contribuição extraordinária do cristianismo organizado / oficial/ ortodoxo / institucional (escolha o termo preferido) para a história da igreja e também da teologia. Trata-se da realização dos Concílios Ecumênicos! Na verdade, reuniões em que pensadores e bispos dos primeiros séculos da Era Cristã, em longas e detidas sessões, elaboram os principais conceitos teológicos do cristianismo. Doutrinas como Trindade e a dupla natureza de cristo, por exemplo, pertencentes ao núcleo central da fé evangélica, foram amplamente estudadas, sintetizadas, definidas e explicadas em tais reuniões, garantindo de forma definitiva uma base teórica extremamente sólida, demarcando o que era, de fato, o cristianismo bíblico, delineando o que pode ser chamado de ortodoxia cristã. Os Concílios mais importantes e considerados como normativos para a igreja são os de Nicéia (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431) e Calcedônia (451).

Considerações finais

Concluímos, portanto, que o movimento dos desigrejados é tão somente a versão cristã protestante de um fenômeno mais amplo de desvinculação institucional que vem ocorrendo mundialmente em diversos segmentos da sociedade, sobretudo, no campo da religião, sendo, destarte, um reflexo da pós-modernidade.  Sendo assim, não há nada de original na tendência. Também não se trata de uma novidade ou revolução dentro do cristianismo, pois no decorrer da história diversos movimentos tentaram despir a igreja de sua materialidade e concretude. Finalmente, a institucionalização do cristianismo, longe de ser uma obra de satã (conforme os desigrejados parecem sugerir), trouxe, na verdade, contribuições para a igreja, ajudando os cristãos, através do Credo Apostólico, da oficialização do Cânon do Novo Testamento e das afirmações doutrinárias elaboradas nos Concílios, a identificarem o que, de fato, era a “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3).  Neste ponto específico, fica exposta a contradição dos desigrejados contemporâneos, pois se a institucionalização da igreja foi um dano para o cristianismo, por coerência, então, o movimento deveria rejeitar consequentemente seus legados diretos (Credo, Cânon e Concílios). Contudo, por inconsistência ou conveniência jamais escreveram (até onde se sabe) uma só linha contra tais expedientes da fé cristã.


O Futuro do Movimento

Qual será o futuro dos desigrejados? É provável que muitos permaneçam desiludidos e reticentes em retornar à frequência eclesial. Preferirão permanecer no ceticismo comunitário. Outros, talvez encontrem modelos mais espontâneos e informais para compartilhar a fé cristã. Há ainda àqueles que retornarão às comunidades históricas. Após um período de desilusão institucional e de passarem por experiências sofríveis no anseio de praticar o cristianismo, é provável que cheguem à conclusão de que a igreja, mesmo com seus defeitos (expressão de nossa pecaminosidade) é o melhor lugar para congregar, compartilhar e defender a fé. Previsões e literaturas já foram apresentadas tratando deste problema. O falecido ministro da Convenção Batista Brasileira, Darci Dusilek, alertou sobre a necessidade das igrejas desenvolverem ferramentas para trabalhar com aqueles que se desiludiram com o cristianismo e que se tornaram agnósticos religiosos. O alerta foi dado em 1997. Não se falava em desigrejados e tampouco é o público a quem Dusilek se refere, porquanto seu foco é o crente que se desapontou com o neopentecostalismo[64] e que sem forças para recomeçar a jornada espiritual, poderá ser auxiliado pelas comunidades mais equilibradas liturgicamente e saudáveis em sua teologia e prática missional, na esperança e tentativa de uma nova caminhada nas veredas do Evangelho. Contudo, o alerta de Darci Dusilek pode ser aplicado também em relação aos desigrejados, isto é, muitos dos atuais desencantados com a igreja, uma vez percebendo o equívoco do abandono institucional, poderão recomeçar a vida nas igrejas mais sadias, haja vista que uma parcela significativa dos desigrejados é constituída por aqueles que sofreram abuso espiritual ou que tiveram de lidar com ensinos e práticas controvertidas (talvez, até mesmo heréticas), conforme relatado no primeiro capítulo desta pesquisa. Assim, ao encontrarem uma comunidade que seja uma antítese a tudo que antes viveram, a reaproximação eclesial poderá ser provável ou, até mesmo, inevitável.



Idauro de Oliveira Campos Júnior é pastor da Igreja Congregacional de Niterói (RJ), pós - graduado em Teologia Contemporânea, mestre em Ciências da Religião pós – graduando em História da Igreja e autor do livro, “Desigrejados – Teoria, história e contradições do niilismo eclesiástico”. Tem 40 anos de idade, é casado com Sandra e pai de Simone. É Colunista do GENIZAH.















[1] Revistas Cristianismo HojeIgreja e Defesa da Fé.
[2] Revistas Isto ÉÉpoca e o Jornal Folha de São Paulo.
[3] O Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã, um instituto privado de pesquisa, radicado em São Paulo pontua que já se aproxima de nove milhões o número de desigrejados no Brasil. Cf. www.bepec.com.br.
[4] Entre os anos de 2010 e 2013.
[5] O Peregrino e o Convertido”, por exemplo. Obra de Danièle Hervieu – Lèger, socióloga francesa e especialista nos estudos sobre religião.
[6] Cristianismo Pagão” é um exemplo.  O livro foi escrito nos Estados Unidos da América por Frank Viola, um dos mais ferrenhos defensores do movimento dos desigrejados.
[7] BAUMAN, Zygmunt. Tempos Líquidos. [E-book]. Rio de Janeiro: Zahar, 2007.p.7.
[8] Fonte: Barna Research / www.missaoeuropa.com.br
[9] FERNANDES, Carlos. Desigrejados, fenômeno que CresceCristianismo Hoje. Niterói, edição 37, ano 7, 2013. p. 23. Informações complementares quanto à pesquisa aplicada pelo BEPEC, poderão ser encontradas nos sites: www.bepec.com.br ou www.genizahvirtual.com.br. 
[10] CAMPOS, Idauro. Desigrejados – teoria, história e contradições do niilismo eclesiástico. São Gonçalo: Editora Contextualizar, 2013.p.27.
[11] LÉORNARD, Émile G. O Protestantismo Brasileiro. São Paulo: Aste, 2002.p.84.
[12] CAMPOS, Idauro. Op. Cit. P. 33-87.
[13] Feridos em Nome de Deus e Decepcionados com a Graça, respectivamente.
[14] ROMEIRO, Paulo. Decepcionados com a Graça. São Paulo: Mundo Cristão, 2005.p.42.
[15] Ibid.
[16] Reverendo Caio Fábio, por exemplo.
[17] Frank Viola e George Barna.
[18] Há muitos leitores brasileiros das obras de Frank Viola. Seu Best-seller, “Cristianismo Pagão”, é amplamente divulgado na Internet, onde circula livremente versões em PDF.
[19] A controvertida “conversão” do Imperador Constantino ao cristianismo aconteceu no ano 313.
[20] Frank Viola.
[21] VIOLA, Frank & BARNA, George. Cristianismo Pagão?  São Paulo: Abba Press, 2008.p.41. Neste artigo faço uso de duas versões da obra de Frank Viola. Além da referenciada na presente nota, há, também, a versão disponível em PDF, amplamente distribuída e acessível na internet, intitulada conforme a nota de rodapé 23. A observação é importante, pois há apontamentos feitos na pesquisa deste autor e que aparecem em apenas uma das obras.

[22] Cristianismo Pagão”, “Reimaginando a Igreja”, “Repensando o Odre”.
[23] VIOLA, FRANK. Cristianismo Pagão: As Origens das Práticas de Nossa Igreja Moderna [pdf]. p.6.
[24] Ocorrido em 380, com o Imperador Teodósio.
[25] Os presbíteros ou anciãos (2 Tm 5.17;  1 Pe 5.1).
[26] FERNANDES, Carlos. Op.Cit.p. 23.
[27] BARNA, George. Revolução. São Paulo: Abba Press, 2007.
[28] OLSON, Roger. História da Teologia Cristã. São Paulo: Vida, 1999.p.30.
[29] Ibid.p.31.
[30] WALKER, W. História da Igreja Cristã. São Paulo: Aste, 2006.p.86.
[31] OLSON, Roger. Op.Cit.p.30.
[32] Ibid.
[33] DELUMEAU, Jean.  Mil Anos de Felicidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1997. p.48.
[34] Ibid.
[35] Cidade do Sudoeste da Inglaterra, às margens do rio Plym.
[36] PFANDL, Gerhard. Rapto Secreto: As surpreendentes origens da visão teológica dispensacionalista. Disponível em: http://www.monergismo.com.br/ Acesso: 17 fev. 2012.
[37] Monges que desenvolveram uma abordagem metódica que visava à conciliação entre fé e razão. O método foi amplamente empregado nas Universidades da Europa na Idade Média.
[38] Grupo de líderes cristãos dos séculos XVI e XVII que promoveram o movimento historicamente conhecido como Reforma Protestante.
[39] Clérigos da Igreja Anglicana que, insatisfeitos com a reforma da igreja inglesa, que julgavam por demais filocatólica, romperam com a mesma em busca de uma igreja mais “pura”. Nesse núcleo de clérigos encontram-se as raízes de importantes grupos cristãos protestantes como os congregacionais, batistas e presbiterianos.
[40] MILLER, Andrew. Os Irmãos. Diadema: Depósito de Literatura Cristã, 2005.p.25. O autor foi testemunha do movimento darbista.
[41] Ibid.
[42] DOOLAN, Arnold. Um esboço Histórico do Movimento Conhecido como Irmãos. Disponível em www. irmaos.net/historia/plymouth.html  Acesso: 17 de fev. 2012.
[43] ROCHA, João Gomes da. Lembranças do Passado: Robert Reid Kalley. Rio de Janeiro: Novos Diálogos, 2013.p.253.
[44] FORSYTH, Willian B. Jornada do Império: vida e obra do Dr. Kalley no Brasil. São José dos Campos: FIEL, 2006.p.194-195.
[45] Primeira divisão dentro do protestantismo brasileiro.
[46]Disponível em www.ultimato.com.br. Acesso em 17.02.2012.
[47] Ibid.
[48] Termo histórico aplicado a alguns dos líderes cristãos, discípulos dos apóstolos (como Policarpo e Clemente de Roma) e também a escritos que circulavam antes da oficialização do Cânon do Novo Testamento (Didaquê e a Epístola de Barnabé, são exemplos) e que auxiliaram a igreja no combate a determinadas heresias esotéricas e legalistas que circulavam já no final do século I.
[49] Escritores cristãos do século II que procuram defender o cristianismo de críticos pagãos, argumentando às autoridades (Justino Mártir é um dos mais conhecidos).
[50] Escritores cristãos que dirigiam seus textos diretamente aos mestres heréticos (Irineu de Lião é o nome de maior destaque entre os polemistas).
[51] Heresia judaico – cristã do século I que defendia a salvação pela obediência à lei.
[52] Marcion (85-160 d.C), armador cristão de Sínope (Atual Turquia) que ensinava a existência de dois deuses antagônicos (o da velha aliança e o Pai amoroso de Jesus Cristo), defendendo também a noção de incoerência entre o Antigo e o Novo Testamentos. Elaborou um Cânon próprio das Escrituras do NT.
[53] Final do século I, provavelmente.
[54] Afirmação do Docetismo.
[55] Entidade menor do panteão de deuses do gnosticismo.
[56] Afirmação do marcionismo.
[57] Heresia patripassianista. Ensinada por Noeto de Esmina e Práxeas no final do século II.
[58] Heresia pneumatomaquista. Ensinada por Macedônio I, no século IV.
[59] De autoridades seculares (Celso e Imperadores Romanos), líderes religiosos heréticos (Valentino, por exemplo) e legalistas (os ebionitas).
[60] CAIRNS, Earle E. O Cristiansimo Através dos Séculos. SãoPaulo: Vida Nova, 1995.p.95.
[61] Ibid.
[62] Ibid.
[63] OLSON, Roger. Op. cit. p. 129.

[64] DUSILEK, Darcy. O Futuro da Igreja no Terceiro Milênio. Rio de Janeiro: Horizonal Editora, 1997.p.94-95.


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