quinta-feira, 9 de junho de 2011

Sanidade na liderança

Por: Nelson Bomilcar

O rebanho liderado por pastores saudáveis vive a missão com ações práticas de testemunho, discipulado e serviço em boas obras.

Nem todo líder na igreja é pastor. Liderança é um dom específico; já o pastorado tem um foco mais vocacional em suas qualificações. Sob vários aspectos, liderança e pastorado são atividades distintas em sua funcionalidade, embora possam interagir naturalmente. Mas, na dinâmica de uma comunidade local, sempre existe a expectativa por uma liderança saudável em sua condução e ação. Seja de maneira individual ou no contexto de equipe, o pastorado deveria ser exercido com sabedoria e de forma espiritual. Disciplinas espirituais como meditação na Palavra, oração, comunhão, serviço humilde e forte espírito de doação deveriam ser encontradas naqueles que se dizem vocacionados ou reconhecidos.

Líderes saudáveis procuram se afastar de poder e fama, ou mesmo de títulos honrosos. Na verdade, buscam capacitação equilibrada, sendo mais sensíveis às necessidades do rebanho, ao cuidado da missão da igreja e à implantação do Reino de Deus. O contraponto da liderança saudável é a liderança abusiva. Cometem abuso aqueles líderes que oprimem e manipulam os seguidores, colocando fardos pesados sobre os ombros dos membros do corpo. Alguns multiplicam regulamentos e leis, o que gera culpa e vergonha nos seguidores, discípulos ou membros da comunidade. E fazem tudo para serem vistos, conforme Mateus 23.4 e 5.

Ao mesmo tempo, buscam ou mesmo exigem privilégios especiais e insistem em exercer sua liderança sob regras por eles mesmos estabelecidas. Pastores assim demonstram uma espiritualidade equivocada, distorcida, enganosa e avessa ao Evangelho. Contrariamente, os líderes saudáveis procuram aliviar as cargas das pessoas, ajudando e guiando seus seguidores na direção de Jesus Cristo e do Evangelho, onde podem encontrar descanso e alívio – assim, os crentes podem à comunidade com seus dons e talentos (Mateus 11.28-30).

Uma liderança exercida assim, na perspectiva bíblica, não gasta tempo ou energia para cultivar e ampliar a sua própria imagem. São pessoas mais autênticas, com testemunho transparente e honesto; que vivem com simplicidade, aceitam suas limitações e humanidade; falam sempre a verdade, com franqueza e amor, e cumprem sua palavra, conforme Mateus 5.37. Sua influência positiva e o reconhecimento que obtêm decorrem justamente destes aspectos vivenciados no dia a dia.

Como são diferentes os líderes abusivos e os líderes saudáveis! Aqueles demonstram sua insegurança e medo tentando controlar as pessoas; parece que estão sempre sendo ameaçados pelos membros da comunidade. Já uma liderança saudável e encorajadora depende da capacitação de Deus e vive a sua humanidade sem neuroses, entendendo que o Senhor vai aperfeiçoando seu poder em suas fraquezas. Líderes assim demonstram saúde emocional e psicológica, entendendo que Jesus Cristo, embora seja Deus, viveu como homem todas as implicações e tensões de sua encarnação.

Líderes saudáveis, quando são também pastores, vivem debaixo da influência da graça e não de uma lei que engessa a comunidade, incapaz de gerar vida. E é essa graça divina que os faz agir com misericórdia e longanimidade com as ovelhas, entendendo que são seus irmãos na fé; graça para lidar com os pecados, erros, mágoas e decepções, experimentando do caminho profundo, maravilhoso e difícil do perdão que traz reconciliação.

Líderes e pastores saudáveis não dificultam ou fecham aos outros o acesso ao céu, uma vez que não lhes foi dado tal poder. Pelo contrário – eles ajudam na implantação do Evangelho, entendendo que a Igreja precisa estar sendo edificada e cuidada na perspectiva do Reino de Deus. Rebanho liderado por pastores saudáveis vive a missão com ações práticas de testemunho, discipulado e serviço em boas obras – as mesmas que, segundo Efésios 2.10, de antemão foram desejadas pelo Pai quando nos criou.

Onde existe liderança e pastorado saudável, a vida está sendo promovida na família e na comunidade, ao mesmo tempo em que os sinais de morte – instalados na sociedade que nos rodeia com tanta violência, injustiça, descaso e omissão – estarão diminuindo ou mesmo desaparecendo em alguns casos. A ressurreição de Jesus trouxe vida e sanidade de que não somente líderes e pastores necessitam, mas todos aqueles que precisam do pastoreio e da liderança de nosso Senhor.

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