segunda-feira, 31 de maio de 2010

Igrejas Saudáveis Crescem.


Igrejas Saudáveis Crescem.

POR: IDAURO CAMPOS

Quando pensamos no êxito que algumas igrejas alcançam quanto ao seu crescimento numérico, logo nos indagamos sobre as razões que explicam o fenômeno. Surgem respostas variadas. “A igreja está crescendo porque tem como pastor um homem de Deus”; não acredito muito nesta resposta, pois conheço pastores que são legítimos homens de Deus e que, entretanto, seus ministérios não testemunham de um crescimento estável. “A igreja está crescendo porque fala a língua do povo”; é uma outra resposta também simplória, pois há muitas igrejas inseridas nas periferias e favelas das grandes cidades e cuja liderança procura “falar a língua do povo” e que também não desfrutam de um crescimento consistente. “A igreja está crescendo porque possui uma liturgia atraente”. Também não é uma verdade absoluta, pois conheço igrejas que tentaram mudar sua liturgia, adotando uma prática cúltica mais “neopentecostalizada” e que depois de mais de 10 anos de prática, tudo o que conseguiram foi afugentar os crentes antigos e deseducar os novos quanto aos Salmos & Hinos, sem, contudo, experimentar um crescimento convincente. Rev. Leônidas Prudêncio de Lemos, o querido pastor da Igreja Congregacional em Vista Alegre, em uma pregação ministrada na Igreja Congregacional de Papucaia, por ocasião da posse do novo ministro daquela grei, com muita inteligência, disse que “há corpos que engordam, outros que incham e aqueles que crescem. Logo, todos aumentam de tamanho, mas só o que cresceu é saudável”. Semelhantemente ocorre com a igreja. Temos igrejas que aumentaram de tamanho, mas não se pode dizer que cresceram, pois a despeito de seu “corpanzil”, muitas carecem de saúde espiritual. Como então resolveremos esta questão? Quais os indicadores saudáveis do crescimento de uma igreja? Como poderemos contemplar um saudável crescimento de nosso rebanho?

No texto de Atos dos Apóstolos 2.42-47, temos a resposta do que é uma igreja saudável e, consequentemente, crescente. Lucas aponta 13 características que a primeira comunidade de fé possuía, vejamos:

1. Pregação e Ensino Bíblico – “E perseveravam na doutrina dos apóstolos” (vs. 42);
2. Koinonia – “e na comunhão...”;
3. Adoração – “e no partir do pão” (Celebração da Santa Ceia); “Louvando a Deus...” (vs 47);
4. Oração – “e nas orações”;
5. Temor- “ em cada alma havia temor” ( vs. 43);
6. Fé – “Todos os que criam” (vs 44);
7. Unidade- “ estavam unidos e tinham tudo em comum” ( vs 44);
8. Solidariedade e Ação Social- “ vendiam suas propriedades e bens e repartiam...”;
9. Perseverança – “E, perseverando unânimes...” (vs. 46);
10. Culto Frequente na Vida – “Todos os dias no templo e partindo o pão em casa” (vs 46);
11. Alegria- vs 46;
12. Empatia- “ caindo na graça do povo” ( vs 47);
13. Crescimento Promovido Por Jesus Cristo – “E a cada dia acrescenta-lhes O SENHOR os que iam sendo salvos” (vs 47).



Gostaria de comentar expositivamente esses versículos, porém não nos é possível em virtude do espaço. Pelos menos, então, observemos o que há no versículo 47b. Lucas diz que o Senhor (Jesus Cristo) é quem acrescentava os que estavam sendo salvos. Isso é coerente com a declaração de Paulo em 1 Coríntios 3.6, quando o apóstolo reconhece que um obreiro pode semear ou regar, mas o crescimento da lavoura (vs 9) vem de Deus. Quando nos intrometemos no trabalho que pertence exclusivamente a Deus, isto é, a promoção do crescimento de sua obra, o que colhemos, na verdade, é joio e não trigo. É possível atrairmos, com nossas técnicas de crescimento, gente para dentro das igrejas, mas, produzir novo nascimento, regeneração, conversão é só o Senhor quem pode. O célebre avivalista do século XIX, Charles Finney, no final de sua vida lamentou por muitas técnicas que empregou e ensinou para produzir avivamento e crescimento numérico, reconhecendo que muitas das pessoas alcançadas em tais campanhas não se tornaram crentes de verdade (nascidas de novo), configurando assim em um verdadeiro problema para as igrejas que as tinham em suas membresias. Portanto, como cooperadores de Deus, devemos nos concentrar no plantio e na rega e deixarmos os resultados com o Senhor.

Mas há outro aspecto importante que precisamos observar na passagem. Ao informar que o Senhor acrescentava os salvos à igreja, poderíamos nos perguntar por que Ele estava fazendo isso tão frequente e abundantemente? A reposta é simples: a igreja primitiva era uma igreja saudável. Ela tinha o que oferecer às ovelhas do Bom Pastor (João 10.11). Os pastos eram verdes. Quando os salvos chegavam para aquela comunidade, encontravam uma igreja com as características citadas acima. Encontravam pregação bíblica e apostólica que os alimentava; encontravam uma comunidade proclamadora, didática, relacional, intercessora, solidária, unida, temente, adoradora, viva, carismática, serva, dinâmica, empática, perseverante, alegre, singela. Ou seja, a igreja primitiva era um bom aprisco para as ovelhas do Mestre. Aquela comunidade lhes faria bem. Por isso o Senhor confiava suas ovelhas àquela grei.

Amados, se a igreja for um lugar saudável, onde as ovelhas serão tratadas, tenha certeza de que Jesus Cristo, o bom pastor, chegará trazendo-as para que nós, seus pastores auxiliares, as alimentemos com pastos verdes e águas tranquilas. Mas não adianta sermos fortes apenas em uma área. Não podemos enfatizar a pregação bíblica e negligenciar a oração. Não podemos destacar o louvor em detrimento da comunhão entre os irmãos. Não podemos apenas ser uma comunidade alegre, porém sem temor. Não podemos evangelizar e sermos relapsos na ação social. Não podemos servir sem deixar claro que nossas ações derivam de nossa gratidão ao nosso Salvador Jesus Cristo. Assim como um corpo físico só desfruta de saúde se todos os seus membros, sistemas e aparelhos estão em pleno funcionamento, uma igreja só é saudável quando há equilíbrio em suas características. É isso que igreja primitiva nos ensina. Aprendamos com ela. Geralmente temos a tendência de escolhermos algumas áreas que julgamos importantes e nos concentramos nelas, mas uma bela sinfonia precisa de todos os instrumentos devidamente afinados para que o conjunto da obra produza o efeito extraordinário de encantar a plateia. O maestro, para realizar o seu trabalho, precisa ter a sua disposição todos os músicos bem treinados, sendo a harmonia o fator de êxito de uma boa orquestra. O mesmo aconteceu com a Igreja Primitiva. Era uma igreja com equilíbrio e harmonia. Era uma igreja saudável. Por isso cresceu. Que o mesmo possa ser visto em nossas igrejas congregacionais. Que assim seja!

Soli Deo Glória!!!

7 comentários:

  1. Olá Rev.

    Tem um ponto interessante quanto à igreja primitiva, e qual seria? Teremos que ir ao Apocalipse para evidenciar que as igrejas que faziam parte do grupo chamada "primitiva" tiveram advertências severas do Sr. Jesus, só uma escapou.

    Não estou aqui tirando o crédito do fato da igreja primitiva ter experimentado as palavras dos apóstolos, enfim, o que quero dizer é: "todos eram homens e mais, pecadores também".

    Nós temos que analisar a igreja primitiva sim, mas não estandartizá-la. Realmente pelos relatos de Lucas vemos uma comunidade coesa e como fica: "tenho porém contra ti...".

    Que o Senhor da igreja nos permita ter equilíbrio e que seja realmente saudável.

    Soli Deo Glória.

    ResponderExcluir
  2. Bom Dia, Jessé!!!

    Obrigado por seu comentário!

    Igreja Primitiva só é a de Jerusalém! A que aparece no tempo e no espaço por ocasião do evento de Pentecoste, logo após o sermão de Pedro (At 2.37-41).

    É chamada Primitiva porque era a primeira comunidade de fé cristã. Seu surgimento se deu 10 após a ascensão de Jesus (ano 33).

    As igrejas de Apocalipse que você se refere não são primitivas, pois algumas, como, por exemplo, a de Éfeso, foram fundadas muitos anos depois do evento de Pentecoste (Atos 18.19). No caso particular de Éfeso, Paulo já estava em sua segunda viagem missionária e o apóstolo Tiago (irmão de João) já estava morto (At 12.1-2). Portanto, não se trata de uma igreja primitiva. Somente a de Jerusalém o era, as demais comunidades surgiram a partir da Igreja Primitiva por ocasião da perseguição (Atos 8.1-4) ou pelas iniciativas missionárias de Felipe (diácono) e dos apóstolos (a partir do capítulo10).

    As advertências às igrejas de Apocalipse (que estavam localizadas na Ásia) aparecem na revelação que o apóstolo João recebe na ilha de Patmus. Estamos, portanto, por volta da década de 90 d.C, destarte, 60 anos após o surgimento da igreja em Atos 2.

    As advertências não são à igreja primitiva, pois esta já não mais existia, tratando-se de outro período histórico.

    Agora, a igreja primitiva não era perfeita! Isso deixo claro na revista de escola dominical que escrevi sobre a Atos 2.42-47 (na livraria Sarah Kalley tem) cujo título é Igreja em Ação: O Êxito da Igreja Primitiva. Um exemplo de que nem tudo era perfeito são as histórias de Ananias e Safira (Atos 5) e a desarmonia na distribuição de cesta básica às viúvas helênicas ( Atos 6).

    Você cometeu erro de anacronismo não levando em conta que Igreja Primitiva e as igrejas de Apocalipse estão separaras por quase 65 anos.

    Abraços!!!

    Pr. Idauro.

    ResponderExcluir
  3. Levei em consideração 1° Sec. da história.

    Abraços fraternos!

    ResponderExcluir
  4. Bom Dia, Jessé!!!

    Obrigado por seu comentário!

    Igreja Primitiva só é a de Jerusalém! A que aparece no tempo e no espaço por ocasião do evento de Pentecoste, logo após o sermão de Pedro (At 2.37-41).

    É chamada Primitiva porque era a primeira comunidade de fé cristã. Seu surgimento se deu 10 dias após a ascensão de Jesus (ano 33).

    As igrejas de Apocalipse que você se refere não são primitivas, pois algumas, como, por exemplo, a de Éfeso, foram fundadas muitos anos depois do evento de Pentecoste (Atos 18.19). No caso particular de Éfeso, Paulo já estava em sua segunda viagem missionária e o apóstolo Tiago (irmão de João) já estava morto (At 12.1-2). Portanto, não se trata de uma igreja primitiva. Somente a de Jerusalém o era, as demais comunidades surgiram a partir da Igreja Primitiva por ocasião da perseguição (Atos 8.1-4) ou pelas iniciativas missionárias de Felipe (diácono) e dos apóstolos (a partir do capítulo10).

    As advertências às igrejas de Apocalipse (que estavam localizadas na Ásia) aparecem na revelação que o apóstolo João recebe na ilha de Patmus. Estamos, portanto, por volta da década de 90 d.C, destarte, 60 anos após o surgimento da igreja em Atos 2.

    As advertências não são à igreja primitiva, pois esta já não mais existia, tratando-se de outro período histórico.

    Agora, a igreja primitiva não era perfeita! Isso deixo claro na revista de escola dominical que escrevi sobre a Atos 2.42-47 (na livraria Sarah Kalley tem) cujo título é Igreja em Ação: O Êxito da Igreja Primitiva. Um exemplo de que nem tudo era perfeito são as histórias de Ananias e Safira (Atos 5) e a desarmonia na distribuição de cesta básica às viúvas helênicas ( Atos 6).

    Você cometeu erro de anacronismo não levando em conta que Igreja Primitiva e as igrejas de Apocalipse estão separaras por quase 65 anos.

    Abraços!!!

    Pr. Idauro.

    ResponderExcluir
  5. Boa Tarde, Jessé!!!

    Sim! Você considerou todo o 1º século, mas mesmo assim o argumento está equivocado, pois não se pode colocar na conta da Igreja Primitiva as advertências que as igrejas da Ásia (Apocalipse 2.1-3.22) receberam do Senhor. São igrejas diferentes, localizadas em regiões geográficas diferentes e situadas em contextos históricos também diferentes. Como disse anteriormente, estão separadas pelo espaço (Israel e Ásia) e pelo tempo (ano 33 e ano 95, aproximadamente).

    Abraços!!! Te amo em Cristo!

    Pr. Idauro.

    ResponderExcluir
  6. Certo. É o método gramático-histórico.

    Tá ficando legal!

    Ananias e Safira faziam parte da igreja primitiva, certo? Sabemos que sim. O fato que quero trazer com meu primeiro argumento e reitero, é que somos pecadores. Essa natureza nos coloca em submissão ao Senhor da igreja e não a Igreja do Senhor.

    Ficamos a enamorar os relatos de Lucas. Isso é ótimo!Indica que temos um norte, um ideal, mas vivenciar os momentos dessa igreja ou até mesmo a ousadia em ressucitá-la seria extermínio à própria históra, pois arrancariamos preciosas conquistas da mesma.

    Os concílios, os sínodos, os tratados, enfim, colocaríamos sorrateiramente conceitos judaicos na nossa realidade.

    E o nosso desafio como teólogos é dar respostas tupiniquins e não européias. Precisamos conhecer nosso povo para que o conceito de igreja saudável seja sim, "primitiva", mas contextualizada.

    Repito: "Que o Senhor da igreja nos permita ter equilíbrio e que seja realmente saudável".

    Bom final de semana(Good job sunday)
    Jessé Almeida

    ResponderExcluir
  7. Muito bom o conteúdo desse texto...Que Deus continue usando a sua vida para edificar tantas outras...Um abraço...

    ResponderExcluir