Perdendo o Céu de Vista.
POR: IDAURO CAMPOS
Perdendo o Céu de Vista.
Há tempos atrás estava conversando com o Rev. Neucir Valentim no pátio da Primeira Igreja Evangélica e Congregacional em Niterói, quando, de repente, ouvi a belíssima canção de Kurt Kaiser, baseada no Salmo 121, que fora gravada no Brasil, pelo grupo Vencedores Por Cristo, e que estava sendo ensaiada por um grupo da igreja. Nossa conversa mudou de rumo e começamos a falar da mudança radical que aconteceu entre os evangélicos no Brasil, principalmente, no que diz respeito às letras, hoje paupérrimas, de nossas canções. No meio da conversa o Pr. Neucir sentenciou: “... o problema, é que nós perdemos o céu de vista...” É verdade! Não queremos mais ir para o céu. Perdemos a “ardente expectativa” da eternidade. E isso está refletido em nossa teologia, em nossa práxis religiosa e, também, nas letras de nossas canções. Fala-se muito em “posse”, “conquista”, “restituição”, “prosperidade” e etc. Mas, o anseio pela glória por vir já não nos impressiona e nem nos inspira mais. Nas gerações passadas, a eternidade era o tema central do bom pregador. Todos os esforços da igreja eram de cunho evangelístico e tinham como alvo máximo levar o pecador a se reconhecer como tal diante de Deus e, então, mostrá-lo que para seus pecados serem perdoados por Deus, seria necessário depositar a fé em Seu Filho, Jesus Cristo. Feito isso, o pecador receberia o maior dos dons, o maior presente, a mais sublime esperança... A Vida Eterna! E por causa dessa vida eterna tudo se sofria. Tudo se suportava. O céu o era o nosso quinhão. A nossa maior esperança. O nosso maior consolo. Meu Deus... homens e mulheres, aos milhares, espalhados nos campos missionários deste imenso mundo, morreram por assim crerem. A vida eterna com Deus sempre foi a força motriz, a mola mestra da evangelização. Infelizmente, já não é mais assim. Esperamos somente neste mundo. Esquecemos que somos “peregrinos”, que este lugar não é nosso. Não pertencemos a este mundo. Somos cidadãos dos céus. E é para lá que devemos olhar e esperar. Mas, não é isso que se canta mais! Não é isso que se prega mais! Não é isso que se espera mais! O importante agora é conquistar a vida terrena, é prosperar, é conseguir êxito financeiro, aplausos humanos e sucesso profissional. A medida mudou. O céu agora é apenas a boa continuação das bênçãos que comecei a gozar aqui. Não é mais o centro e eixo de nossa vida e espiritualidade.
Já ouvi pregações do tipo “... não pensem que tudo o que Jesus fez foi abrir um buraco no céu...” tentando convencer os ouvintes de que o céu é muito pouco e que deve haver algo a mais para experimentar. Para mim, tal declaração é uma blasfêmia, pois Jesus deixou-nos claro, em suas palavras, que Ele veio para fazer a vontade do Pai e esta é a seguinte: “... que nenhum eu (Jesus) perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:39-40). A vida eterna com Deus foi a causa da missão de Jesus. O amor de Deus pelos seus eleitos fez com que Ele viesse nos buscar. O céu, a morada com Deus é o ápice da nossa redenção, é o momento máximo da nossa história de salvação que começa aqui. O céu é o triunfo dos remidos! É o nosso porto seguro! A estação final! Tudo Jesus fez para alcançar este propósito. Todo o seu sacrifício tinha como alvo nos levar para morar com Ele. Mas... estamos nos esquecendo disso! Estamos “perdendo o céu de vista”. Que Deus tenha misericórdia de nós. Amém!!!
Soli Deo Glória!!!
Rev. Idauro Campos
idaurocampos@ibest.com.br
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