sábado, 10 de abril de 2010

Façamos Deus conforme nossa imagem e semelhança

Façamos Deus conforme nossa imagem e semelhança

Por: Charles Loreti

"Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível (...)" Romanos 1:21 22 e 23
Deus coroa a sua criação com a famosa frase -- façamos o homem a nossa imagem e semelhança -- isto implica que o homem teria vontade, poder de decisão, poder de criar coisas e destruí-las, emoção, razão e sentimentos. Nenhuma outra criatura tem tantas características nobres reunidas como o homem. Porém, sabemos que este homem se corrompeu do seu estado original e o pecado passou a refugiar-se em seu coração e isto passou a toda raça humana. Com isso passamos a ter uma vida totalmente diferente daquela que o Criador idealizou para nós.
Com nossa vida voltada para Cristo resgatamos os princípios e os valores que Deus deseja ver em nossas vidas, como um pai que se agrada quando seus filhos lhe obedecem.
Mas, passa-se um tempo e não sei o que acontece com a Igreja. Para legitimar algumas das nossas ações me parece que criamos alguns deuses. Se quisermos continuar no pecado temos o Deus do perdão; se quisermos a riqueza, temos o Deus da prosperidade; se quisermos nutrir ira contra um irmão, temos o Deus que nos colocou como cabeça e não por cauda; se quisermos cura e benção, temos o Deus todo-poderoso; se quisermos ir aos cultos o dia e a hora que bem entendermos, então temos o Deus onipresente; e ainda há aqueles que não querem se comprometer com Deus, pois afinal de conta Deus é amor e no final todos se darão bem. Tudo isso para justificar nossas atitudes. Concebemos a idéia de um Deus que aceita o que estamos fazendo sem se importar.
Me parece que estamos esquecendo que Deus é uma pessoa (tem vontade, emoção e sentimentos) e não uma idéia, um ser que se relaciona conosco e não algo distante da nossa realidade, Senhor e não servo, Criador e não criatura, sagrado e não profano, justo e não injusto, Rei e não súdito. Criamos um Deus conforme nossas necessidades, de acordo com aquilo que eu acho, que eu penso e não com uma visão bíblica. Precisamos com a máxima urgência voltarmos ao primeiro amor, às primeiras obras.
O povo de Israel na época dos profetas maiores principalmente, tinha concebido a idéia de um Deus permissivo, que tinha se esquecido dos pobres, das viúvas, dos órfãos, dos escravos e dos oprimidos. pensavam que Deus nao se importaria se o povo quebrasse sua aliança, desobedecesse suas ordens e não cumprisse seus mandamentos. Afinal, ele era um Deus de amor, misericordioso e compassivo. Logo começaram a cometer toda sorte de injustiças sociais do tipo daquelas que são relatadas no livro do profeta Jeremias.
Deus levanta o profeta Jeremias para denunciar as injustiças sociais que o povo vinha cometende a "torto e a direita" sem se preocupar com o que Deus achava sobre isto, a final de contas eles ofereciam seus sacrifícios e holocaustos. Desde que cumprisse os ritos religiosos sem compromisso com Deus e sua palavra ele não se importaria com as injustiças praticadas tanto pelos sacerdotes, quanto pelos profetas (Jr. 23:11) e claro isto refletia também no povo que seguia seus líderes.
Jeremias levanta sua voz profética e denúncia o pecado de Israel que não era só a idolatria, mas também cometem toda sorte de ganância (não liberavam os escravos quando estes cumpriam seu tempo de escravidão, vendiam suas terras para outros afim de lucrarem, não passando o direito do parente mais próximo para resgatá-la, não perdoava as dívidas quando chegava o ano do jubileu) e viviam em meio a falsidade (Jr. 6:1314). Não executavam o direito e a justiça, não livravam o oprimido das mãos do opressor, oprimiam os estrangeiros, os órfãos e as viúvas, faziam violência e derramavam sangue inocente (Jr. 22:13 17).
Hoje a Igreja não está longe desta realidade que se encontrava o povo de Israel na época de Jeremias. Estamos fazendo o que quisermos com nossas vidas, desde que eu esteja bem, o meu próximo é responsabilidade de Deus. Não seria propósito dos dízimos socorrer os necessitados? A Igreja não deveria se envolver e diluir as injustiças sociais? O que temos feito para reverter este quadro? Temos concebido Deus conforme achamos que ele deve agir. Alguém pode dizer: mas isto é responsabiliade do Governo. Sim pois eles administram a riqueza do país, porém não nos desabilita desta responsabilidade pois a ordem de socorrer os menos favorecidos é dada ao povo e não somente a liderança do povo.
Deus não deixou de ser o que era, nem caiu por terra seus pensamentos registrados em sua lei, cabe portanto a nós, povo que se chama pelo seu nome honrar sua palavra e prestar a devida obediência à sua palavra. Não podemos ler os evangelhos e extrair de lá só o que nós interessa e criando assim o quinto evangelho. Precisamos voltar as primeiras obras servindo a Deus como Senhor, Rei e Deus que é e não segundo nossa imagem e semelhança e sim segundo a perspectiva bíblica.
Será que precisamos de profetas do quilate de Jeremias para levantar uma voz profética na Igreja e alertá-la quanto sua miséria ou atentarmos para o texto sagrado já registrado seria o bastante para mudar o pensamento da Igreja neste século XXI?

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