quinta-feira, 29 de abril de 2010

As Marcas da Institucionalização da Igreja

As Marcas da Institucionalização da Igreja.

POR: Ed René Kivitz


A igreja tem duas dimensões: organismo e organização, corpo místico de Cristo e instituição religiosa, que convivem e se misturam enquanto fenômeno histórico e social. O grande desafio é fazer a dimensão institucional diminuir para deixar o organismo espiritual crescer. O que se observa hoje, entretanto, é um movimento contrário, no qual muitas comunidades cristãs caminham a passos largos para a institucionalização, sem falar naquelas que estão com os dois pés fincados no terreno da religiosidade formal. Se não, observe o que eu chamo de marcas da institucionalização da igreja:

1. Liderança personalista. Quando a comunidade acredita que algumas pessoas são mais especiais do que outras, abre brecha para que alguém ocupe o lugar de Jesus Cristo e se torne alvo de devoção. Ocorre então uma idolatria sutil e, aos poucos, um ser humano vai ganhando ares de divindade. Líderes que confundem a fidelidade a Deus com a fidelidade a si mesmos se colocam em igualdade com Deus e, em pouco tempo, pelo menos na cabeça dos seus seguidores, passam a ocupar o lugar de Deus. Eis a síndrome de Lúcifer.

2. Ênfase na particularidade do ministério. Uma vez que o projeto institucional se torna preponderante, a ênfase não pode recair nos conteúdos comuns a todas as comunidades cristãs. A necessidade de se estabelecer como referência no mercado religioso conduz necessariamente à comunicação centrada nas razões pelas quais “você deve ser da minha igreja e não de qualquer outra”. Torna-se comum o orgulho disfarçado dos líderes que estimulam testemunhos do tipo “antes e depois de minha chegada nesta igreja”.

3. Ministração quase exclusiva à massa sem rosto. Ministérios institucionalizados estão voltados para o crescimento numérico e valorizam a ministração de massa, que se ocupa em levar uma mensagem abstrata a pessoas que, caso particularizadas e identificadas, trariam muito trabalho aos bastidores pastorais. Parece que os líderes se satisfazem em saber que “gente do Brasil inteiro nos escreve” e “pessoas do mundo todo nos assistem e nos ouvem”, como se transmitir conceitos fosse a única e mais elevada forma de dimensão da ministração espiritual. Na verdade, a proclamação verbal do evangelho é a mais superficial ministração, e deve ser acompanhada de, ou resultar em, relacionamentos concretos na comunhão do corpo de Cristo.

4. Busca de presença na mídia. Mostrar a “cara diferente”, principalmente com um discurso do tipo “nós não somos iguais os outros, venha para a nossa igreja”, é quase imperativo aos ministérios institucionalizados. A justificativa de que “todos precisam conhecer o verdadeiro evangelho”, com o tempo acaba se transformando em necessidade de encontrar uma vitrine onde a instituição se mostre como produto.

5. Projetos ministeriais impessoais. Ministérios institucionalizados medem seu êxito pela conquista de coisas que o dinheiro pode comprar. Pelo menos no discurso, seus desafios de fé não passam pelos frutos intangíveis nas vidas transformadas, mas em realizações e empreendimentos que demonstram o poder das coisas grandes. Os maiores frutos da missão da Igreja são a transformação das pessoas segundo a imagem de Jesus Cristo e da sociedade conforme os padrões do reino de Deus, e não a compra de uma rede de televisão ou a construção de uma catedral.

6. Exagerados apelos financeiros. Consequência de toda a estrutura necessária para sua viabilização, os ministérios institucionalizados precisam de dinheiro, muito dinheiro. As pessoas, aos poucos, deixam de ser rebanho e passam a ser mala-direta, mantenedores, parceiros de empreendimentos, associados.

7. Rede de relacionamentos funcionais. A mentalidade “massa sem rosto” somada ao apelo “mantenedores-parceiros de empreendimentos” faz com que as relações deixem de ser afetivas e se tornem burocráticas e estratégicas. As pessoas valorizadas são aquelas que podem de alguma forma contribuir para a expansão da instituição. Já não existe mais o José, apenas o tesoureiro; não mais o João, apenas o coordenador dos projetos Gideão, Neemias, Josué, ou qualquer outro nome que represente conquista, expansão e realizações.

8. Rotatividade de líderes. Não se admira que muitos líderes ao longo do tempo se sintam usados, explorados, mal amados, desconsiderados e negligenciados como pessoas. O desgaste de uns é logo mascarado pelo entusiasmo dos que chegam, atraídos pela aparência do sucesso e êxito ministerial. Assim a instituição se torna uma máquina de moer corações dedicados e esvaziar bolsos de gente apaixonada pelo reino de Deus. O movimento migratório dos líderes de uma igreja para outra é feito por caminhões de mudança carregados de mágoas, ressentimentos, decepções e culpas.

9. Uso e abuso de conteúdos simbólicos. A institucionalização é adensada pelos seus mitos (nosso líder recebeu essa visão diretamente de Jesus), ritos (nossos obreiros vão ungir as portas da sua empresa) e artefatos (coloque o copo de água sobre o aparelho de televisão), enfim, componentes de amarração psíquica e uniformidade da mentalidade, onde o grupo se sobrepõe ao indivíduo e a instituição esmaga identidades particulares. Os símbolos concretos (objetos, cerimônias repetitivas, palavras de ordem) afastam as pessoas do mundo das ideias. Quanto mais concretos os símbolos, mais amarrado e dependente o fiel.

10. Falta de liberdade às expressões individuais. Ministérios institucionalizados, personalistas, dependentes de fiéis para sua manutenção financeira e psicologicamente amarrados pelos conjuntos simbólicos não são ambientes para a criatividade e a diversidade. Todos brincam de “tudo quanto seu mestre mandar, faremos todos” e, inconscientemente, acabam se vestindo da mesma maneira, usando o mesmo vocabulário, gestos e linguagens não verbais. Seus rebanhos são compostos não apenas por “massa sem rosto” e “mantenedores-parceiros de empreendimentos”, mas também por “soldadinhos uniformizados”, o que, aliás, é a mesma coisa.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Perdendo o Céu de Vista

Perdendo o Céu de Vista.

POR: IDAURO CAMPOS

Perdendo o Céu de Vista.

Há tempos atrás estava conversando com o Rev. Neucir Valentim no pátio da Primeira Igreja Evangélica e Congregacional em Niterói, quando, de repente, ouvi a belíssima canção de Kurt Kaiser, baseada no Salmo 121, que fora gravada no Brasil, pelo grupo Vencedores Por Cristo, e que estava sendo ensaiada por um grupo da igreja. Nossa conversa mudou de rumo e começamos a falar da mudança radical que aconteceu entre os evangélicos no Brasil, principalmente, no que diz respeito às letras, hoje paupérrimas, de nossas canções. No meio da conversa o Pr. Neucir sentenciou: “... o problema, é que nós perdemos o céu de vista...” É verdade! Não queremos mais ir para o céu. Perdemos a “ardente expectativa” da eternidade. E isso está refletido em nossa teologia, em nossa práxis religiosa e, também, nas letras de nossas canções. Fala-se muito em “posse”, “conquista”, “restituição”, “prosperidade” e etc. Mas, o anseio pela glória por vir já não nos impressiona e nem nos inspira mais. Nas gerações passadas, a eternidade era o tema central do bom pregador. Todos os esforços da igreja eram de cunho evangelístico e tinham como alvo máximo levar o pecador a se reconhecer como tal diante de Deus e, então, mostrá-lo que para seus pecados serem perdoados por Deus, seria necessário depositar a fé em Seu Filho, Jesus Cristo. Feito isso, o pecador receberia o maior dos dons, o maior presente, a mais sublime esperança... A Vida Eterna! E por causa dessa vida eterna tudo se sofria. Tudo se suportava. O céu o era o nosso quinhão. A nossa maior esperança. O nosso maior consolo. Meu Deus... homens e mulheres, aos milhares, espalhados nos campos missionários deste imenso mundo, morreram por assim crerem. A vida eterna com Deus sempre foi a força motriz, a mola mestra da evangelização. Infelizmente, já não é mais assim. Esperamos somente neste mundo. Esquecemos que somos “peregrinos”, que este lugar não é nosso. Não pertencemos a este mundo. Somos cidadãos dos céus. E é para lá que devemos olhar e esperar. Mas, não é isso que se canta mais! Não é isso que se prega mais! Não é isso que se espera mais! O importante agora é conquistar a vida terrena, é prosperar, é conseguir êxito financeiro, aplausos humanos e sucesso profissional. A medida mudou. O céu agora é apenas a boa continuação das bênçãos que comecei a gozar aqui. Não é mais o centro e eixo de nossa vida e espiritualidade.

Já ouvi pregações do tipo “... não pensem que tudo o que Jesus fez foi abrir um buraco no céu...” tentando convencer os ouvintes de que o céu é muito pouco e que deve haver algo a mais para experimentar. Para mim, tal declaração é uma blasfêmia, pois Jesus deixou-nos claro, em suas palavras, que Ele veio para fazer a vontade do Pai e esta é a seguinte: “... que nenhum eu (Jesus) perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:39-40). A vida eterna com Deus foi a causa da missão de Jesus. O amor de Deus pelos seus eleitos fez com que Ele viesse nos buscar. O céu, a morada com Deus é o ápice da nossa redenção, é o momento máximo da nossa história de salvação que começa aqui. O céu é o triunfo dos remidos! É o nosso porto seguro! A estação final! Tudo Jesus fez para alcançar este propósito. Todo o seu sacrifício tinha como alvo nos levar para morar com Ele. Mas... estamos nos esquecendo disso! Estamos “perdendo o céu de vista”. Que Deus tenha misericórdia de nós. Amém!!!

Soli Deo Glória!!!
Rev. Idauro Campos
idaurocampos@ibest.com.br

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Eliseu e o Machado

Eliseu e o Machado

POR: Charles Loreti

A história mais popular sobre um cientista é a da maçã de Isaac Newton (1643-1727), cientista inglês que em 1682 descreveu a lei da gravidade. Se por um lado essa história é um mito, o fato é que dela surgiu uma grande oportunidade para se investigar mais sobre a Gravidade da Terra. Essa história envolve muito humor e reflexão. Muitas charges sugerem que a maçã bateu realmente na cabeça de Newton quando este se encontrava num jardim, sentado embaixo de uma macieira, e que seu impacto fez com que de algum modo, ele ficasse ciente da força da gravidade e como se perguntasse: "por que ao invés da maçã flutuar, ela caiu?". Pois bem, se Newton tivesse dado crédito ao relato bíblico da flutuação do machado, provavelmente teria chegado à sua tese mais cedo, pois ao observar o fato teria dito algo parecido com:“porque somente por meio de uma intervenção divina o machado flutuou? O que faz as coisas serem atraídas sempre para o chão?” Se tivéssemos um vídeo da cena de Eliseu e o machado ficaríamos admirados, e com certeza seria capa da revista Superinteressante do mês seguinte; porém como sabemos que a Escritura Sagrada é inerrante e infalível não necessitamos de tal acessório ao texto sagrado.
Mas, o que há de tão importante neste texto? O que Deus quer nos ensinar com este episódio? Era realmente necessário realizar um milagre naquela hora? A preocupação do discípulo justifica Deus trazer possibilidade na impossibilidade? Qual foi o papel de Eliseu nesta história? Cremos que os tópicos abaixo nos apontarão um caminho à estas perguntas.
1. O milagre trouxe consolo
Servimos a um Deus pessoal, e que trata pessoalmente com cada um de nós. O nosso Deus que se relaciona com seus filhos, sempre tem o desejo de nos consolar e nos confortar. O episódio fidedigno relatado na Escritura Sagrada nos traz à luz a preocupação, a ansiedade de um dos discípulos de Eliseu, onde a ferramenta que conseguiu emprestada (machado) se desprendeu do cabo e foi parar no fundo do rio. Diante deste evento, o discípulo se angustia perante o fato ocorrido, não porque perdera simplesmente o machado, e sim pelo fato dele ser emprestado, e teria que prestar conta dele. Concluímos daí que o rio era profundo, pois se não fosse não haveria com que se preocupar, bastava entrar no rio e procurá-lo com diligência e pronto, resolvido o problema. Mas esta impossibilidade trouxe grande desconforto ao coração do discípulo; mas e daí, porque se dar tanta importância a este fato? Perdeu? Vai em qualquer loja de “material de construção” e compre outro, pronto! Simples de resolver.
Há primeira vista poderíamos pensar que foi um episódio banal e desnecessário para fazer parte da galeria dos textos que entraram para as Escrituras Sagradas. Por acaso não teria outro fato mais sobrenatural para ser escrito no livro dos Reis? A questão não é essa. Deus quer nos ensinar que ele se preocupa conosco nos mínimos detalhes, ele quer trazer conforto e consolo aos nossos corações, mesmo que o fato que esteja financionando tristeza ao nosso coração seja “aparentemente banal”. Deus se importa conosco!
A situação pode parecer sem valor para mim e você, mas não era para aquele discípulo. Deus quis confortar o seu coração com aquele milagre realizado por Eliseu.
Da mesma forma, os nossos problemas, anseios e fatos que nos angustiam, não são banais aos olhos de Deus. Como Deus pessoal que é, ele pessoalmente nos confortará e trará consolo aos nossos corações, seja por meio de um profeta, seja por meio de sua palavra, ou por meio de intervenções sobrenaturais em nossa vida. Deus se preocupa conosco! Qual é a nossa dificuldade? Qual é o nosso problema? Qual é a nossa dor? O Deus de toda consolação está ciente do que se passa conosco e está sempre pronto a nos socorrer (Sl. 107.6, 13, 19, 28).
2. O milagre resolveu uma questão pessoal
Já cometamos no tópico acima um pouco sobre o Deus pessoal, agora queremos aprofundar esta verdade imutável.

Em nossa Confissão de Fé logo no artigo 1º diz que: “Existe um só Deus, vivo e pessoal...” Esta personalidade de Deus (intelecto, sensibilidade, vontade) faz com que ele se senbilize com as nossas mazelas, agindo a nosso favor com sua graça.
Talvez você esteja debaixo dos escombros da vida que ruiu, com o coração palpitando de preocupações, aflições e tormentos, mas o mesmo Deus que usou Eliseu para trazer paz ao coração do discípulo é o mesmo que com sua bondade, amor e graça quer trazer paz ao coração contrito e quebrantado.
Eliseu foi peça fundamental neste processo de Deus para ministrar ao coração do discípulo. Ele como bom e fiel servo do Senhor socorreu o amado irmão, porque teve sensibilidade para ouvir a orientação de Deus. Creio que além de sua santa palavra, o Pai poderá usar seus servos para confortar e consolar nossos corações nos dias de hoje, assim como usou Eliseu.
3. O conforto da presença do homem de Deus
Caio Fábio certa vez usou uma expressão muito interessante para se referir a uma pessoa “chata”: “chato é aquela pessoa que está ao seu lado, mas não consegue te fazer companhia.” O livro de Provérbios em relação a isto, nos dá um valioso conselho: “Quem anda com os sábios será sábio...” daqui surgiu o dito popular “diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és”. O profeta Eliseu era um homem temente a Deus, era sensível à voz do Senhor, foi discípulo de outro grande profeta (Elias) com quem aprendeu a se relacionar com o grande EU SOU, era um homem que tinha a porção dobrada do Espírito. Os discípulos que estavam com Eliseu sabiam disso, e não é de se estranhar que issistissem que ele fosse junto com eles cortar madeira.
No momento da dificuldade sabiam que Eliseu teria uma solução; imediatamente após o ocorrido, o discípulo vira-se para o profeta e exclama: “Ai! Meu senhor!”, buscando no profeta Eliseu um socorro, pois cria que um homem de Deus sempre terá uma palavra de Deus, um conselho vindo da parte de Deus, uma orientação para enfretarmos as dificuldades. Neste caso, Eliseu realiza um milagre, milagre este que desafiou a lei da gravidade, trazendo então alívio à um coração aflito.
Temos andado na companhia de homens de Deus? As Escrituras nos advertem que “as más conversações corrompem os bons costumes.”
Conclusão:
Precisamos saber e crer que nosso Pai tem prazer em abençoar seus filhos e socorrê-los em suas demandas, pois de fato ele é o nosso socorro bem presente na hora da angústia. Porém, isto em momento nenhum significa que ele satisfará todas as nossas necessidades, quanto a isto, dependerá da sua soberana vontade e como diz a Drª Glaucia Medeiros: “sempre existe uma benção oculta por tráz do não de Deus”. Eliseu foi a pedagogia que Deus utilizou para ensinar aquele discípulo e a nós também. Que o Eterno nos abençoe com paz!

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Encontro de Reflexão & Espiritualidade: Nelson Bomilcar


Encontro de Reflexão & Espiritualidade: Nelson Bomilcar


Qual é o fim maior do homem? Glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. Esta famosa síntese da razão de nossa existência aponta para a maior necessidade que o homem tem: conhecer o Criador e oferecer o louvor que Ele é digno de receber. A adoração a Deus é um dos temas mais importantes que encontramos nas Escrituras Sagradas. É o tema predileto dos salmistas e é o escopo maior do livro dos Salmos.

Na Reforma Protestante que eclodiu na Europa a partir do século XVI, um dos postulados mais importantes do movimento foi a expressão “Soli Deo Glória!”, que ressalta que tudo que fazemos, pensamos e aspiramos devem ser para o louvor, honra e glória do Senhor.

Em Efésios 5.18 Paulo convida os crentes da igreja de Éfeso para serem cheios do Espírito Santo e, como conseqüência, eles serão capazes de viver “entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos espirituais...” (5.19). Para o apóstolo a adoração é fruto de um coração cheio do Espírito. O próprio Senhor Jesus Cristo disse que o Pai deseja ser adorado pelos seus, mas, Ele não se contentará com meros arranjos e melodias. Ele Não anda atrás de performances. O que Ele quer é que paremos diante d’Ele e o adoremos em “espírito e em verdade” (João 4.24). Simples e complexo ao mesmo tempo, pois Deus ama a simplicidade da adoração, mas, ao mesmo tempo, quer receber somente do que brota do fundo do coração e do nascedouro de nossa alma e isso o homem natural e mesmo o crente relapso não conseguem oferecer.

Rev. Nelson Bomilcar, estará nos ajudando a pensar nestas verdades. Temos, portanto, um encontro marcado nos dias 27 e 28 de agosto. Um encontro com muita reflexão, aprendizado, quebrantamento, edificação e, claro, louvor e adoração Àquele que é digno de receber.

Até Lá!



Soli Deo Glória!!!

Rev. Idauro Campos
Pastor da Igreja Congregacional em Andorinhas.

Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?

Quem é este que até os ventos e o mar lhe obedecem?

POR : CHARLES LORETI

E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos. E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos? E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança. E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé? E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem? Marcos 4.35-41

Os discípulos se viram em uma grande situação de risco, crendo que até morreriam “...não se te dá que pereçamos?” Mas ao acordarem Jesus, pois este se encontrava dormindo em meio a adversidade, testemunharam o que os olhos humanos jamais tinham visto. Diante deste milagre eles fazem uma extraordinária pergunta: Quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem? Observando atentamente o Texto Sagrado conseguiremos responder a esta indagação, pois a Bíblia fornece subsídios para tal pergunta. Destacaremos ao menos três.

A primeira se encontra no próprio texto nos versos 37 e 38. “E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia. E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos?” A situação em que os discípulos se encontravam era de caos. Uma situação que marinheiro, pescador ou velejador deseja nunca passar na vida. O mar hiper agitado, as ondas descontroladas no seu compasso, água entrando no barco, sensação de morte iminente, porém Ele estava lá mostrando que ele é aquele que estabelece ordem em meio ao caos. Qual é o seu caos? Desemprego? Filhos rebeldes? Perdas? Ele pode organizar e reorganizar sua vida.

A segunda é que ele é o mediador de uma nova aliança. Em Hebreus 8 relata a transição da velha aliança para a nova aliança. Com destaque para o verso 6 que diz: “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas”. Tendo a velha aliança sido quebrada pelo homem, tornando-a inválida, esta caducou. Agora por meio de Cristo a nova aliança alcança validade, pois Cristo a seu tempo cumpriu a lei em nosso lugar, ou seja, no meu e no seu lugar .

E por último, respondendo a pergunta dos discípulos de quem é este que até o vento e mar lhe obedecem, a Bíblia responde que Ele é o salvador da humanidade. Em Atos dos Apóstolos 2.38, Pedro em seu discurso público nos diz a plenos pulmões: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. O apóstolo João em seu evangelho coroa este assunto com a mais famosa declaração de amor à humanidade: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Obviamente temos na Bíblia outros títulos dados a Cristo que responde bem a célebre pergunta dos discípulos, mas creio que estes três retratam bem a pessoa e a obra de Cristo, nunca se esquecendo da grande prova de amor que de Deus nos foi dada: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores”. Romanos 5.8

quarta-feira, 14 de abril de 2010

“Marchando Com As Multidões”.

“Marchando Com As Multidões”.

POR: Idauro Campos

Mário de Andrade, expoente do movimento artístico que agitou o Brasil na década de 20 e que ficou conhecido como “Modernismo”, ao fazer uma análise crítica do movimento anos depois, declarou que o mesmo cometera o erro crasso de produzir uma elite cultural no país que se comportava como “técnicos e espiões de vida, que assentados no meio-fio viam a multidão passar sem, contudo, participar e marchar com ela”.
A crítica de Mário de Andrade tinha endereço certo: artistas plásticos, pintores, escritores, que, ao invés de participarem ativamente da vida, se envolvendo com a mesma, almejando seu progresso e o “amilhoramento do homem” e, conseqüentemente, da sociedade, se contentavam em apenas analisá-la, descrevê-la e retratá-la. Sendo, porém, incapazes de lutar pela concretização do mundo ideal e melhor que tanto sonhavam. “Marchem com as multidões!” Foi, então, o seu grito.
Pensando na crítica de Mário de Andrade, compreendi que cometemos um erro semelhante. Como congregacionais, ao lado dos presbiterianos, batistas, metodistas, luteranos, anglicanos e outros, somos conhecidos como integrantes do grupo de igrejas denominadas de “históricas”. Como tais, somos respeitados pelo labor teológico (principalmente os presbiterianos), pela sistematização doutrinária, pela ênfase no estudo da Palavra, pela seriedade de nossas Escolas Dominicais. No entanto, tenho percebido que apesar do “saber” que temos, fazemos muito pouco, ou, como escreveu recentemente o Reverendo Neucir Valentim, em um artigo onde apontou algumas causas do fraco desempenho numérico/quantitativo dos congregacionais no Brasil, “sabemos o que dizer e temos o que dizer, mas não dizemos nada”. Conhecemos os pilares da doutrina da salvação, mas evangelizamos pouco. Conhecemos os fundamentos da doutrina do pecado, mas evitamos “os pecadores”. Dissertamos sobre o plano de redenção divina aplicável aos homens em todas as culturas, povos e épocas, mas somos indiferentes “ao clamor do mundo” e as necessidades da obra e do obreiro missionário. Aprendemos que o homem é constituído de corpo, alma e espírito (se você é tricotomista) ou corpo e alma/espírito (para você, que é dicotomista), mas somos incapazes de demonstrar paciência com os famosos irmãos “complicados” e “esquisitos”, que, com certeza, na sua igreja tem e nos esquecemos que a mesma deve ser uma comunidade terapêutica, onde a psique humana não deve ser desprezada.
Lemos os manuais de escatologia e brigamos pela posição amilenista, milenista ou pré-milenista e, se não bastasse, nos enfurecemos mais ainda para argumentar em prol ou contra o pré, o meso e o pós-tribulacionismo. Tentamos desvendar o falso profeta, a besta e identificar o anticristo. Porém, vivemos como se Cristo não fosse voltar logo. Preocupamos-nos mais com bancos, galerias e ar-condicionados centrais. Não preparamos o homem contemporâneo para o real e inevitável encontro com Cristo, este sim, o tema central da escatologia. Sabemos que o sentido da palavra igreja é “chamados para fora”, mas temos uma enorme dificuldade em sair da vida interior do templo religioso e se envolver com a comunidade em que estamos inseridos. Admiramos os grandes heróis da história da igreja, mas não seguimos seus passos. Aplaudimos Lutero, mas não temos sua coragem. Lembramos de Calvino, mas não temos seu zelo pelas Escrituras. Admiramos Hudson Taylor e Willian Carey, mas não temos o mesmo desprendimento e paixão pelas almas.
A igreja universal de Cristo marcha triunfantemente. Algumas igrejas locais, no entanto, marcam passos, deixando a vida passar, não exercendo seu ministério profético e sacerdotal e, o que é pior, criticando os que tentam fazer algo. O pastor Ricardo Gondim, certa vez ilustrou o imobilismo de algumas igrejas históricas, ao lembrar que na década de 80, uma importante denominação protestante comissionou um grupo de pastores e especialistas em missões para estudarem e elaborarem um documento sobre a possibilidade de se fundar igrejas na Amazônia. O estudo levou 6 anos para ficar pronto. Quando o trabalho, enfim, começou, descobriram que durante aquele período, uma denominação pentecostal havia fundado 12 igrejas na região. Enquanto aqueles estudavam, estes trabalhavam. Enquanto os primeiros teorizavam e estabeleciam métodos eficazes de evangelização, os últimos evangelizavam. Os primeiros analisavam a vida e a multidão. Os últimos marchavam com elas!

Em Atos dos Apóstolos, temos um relato de uma igreja que resolveu se envolver com pessoas e com suas vidas, partilhando amizade, pão e orações (vs.42); repartindo seus bens (2:45); comunicando alegria e sinceridade (v.46); adorando a Deus ; impressionando as multidões (v.47); e...Caminhando com elas (vs. 47).
Marchemos com a multidão! Envolvamos-nos com seus problemas. Aproximemos-nos de suas dores. Sintamos de perto seus dramas. Choremos com aqueles que choram (Rm. 12:15 ). Ministremos o amor, a graça e a comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. E convidemos mais e mais pessoas a se tornarem peregrinos como nós, que marcham para uma pátria melhor, uma cidade celestial, que desde os tempos eternos nos foi preparada pelo nosso Deus (Hb. 11:16). Que Ele nos abençoe!

Amém!!!
Soli Deo Glória!!!

terça-feira, 13 de abril de 2010

E A IGREJA EVANGÉLICA? NOSSOS OLHOS FORAM ABERTOS?

E A IGREJA EVANGÉLICA? NOSSOS OLHOS FORAM ABERTOS?

POR: Neucir valentim*


Na verdade o que temos sentido falta nos crentes hoje em relação ao evangelho está de alguma forma ligado com o extrínseco, mas, sobretudo, com o intrínseco, isto é, de dentro, o primeiro amor. E isso, só conseguimos, numa busca pessoal.

Tenho assistido de perto a crise da Igreja Evangélica, e confesso que vou lutar até o fim para manter esse nome, não é um ou outro que dele desfrutou e de suas benesses, que usaram e abusaram e agora o descartam, que descartarei também.

O que ocorre é que o mundo mudou e nós também.

Fomos contagiados pela embriaguês que Jesus falava, que atingiria a muitos, antes do fim.

Fomos contagiados com o consumismo. Fomos contagiados pela pós-modernidade da relatividade. Outrora, o que os nossos líderes diziam era a lei, agora não, tudo é relativizado. Isso é bom? Tem seus valores, mas suas perdas também.

O mundo democrático e ocidental é visto como o Grande Satã pelos Árabes que não questionam seus aiatolás. Talvez, quem sabe, que a guerra árabe passe mais pela rejeição da anarquia do Ocidente do que por qualquer outro motivo. Ele tem medo da nossa promiscuidade, e nós de suas bombas!

É bom ser inocente, e seguir normas, obedecer, achar que alguém acima reponde e sabe por nós? Não sei! Mas, quando isso acontecia descansávamos mais. Só que na relativização, assumimos a liberdade de tudo, até de decidir as regras, o certo e o errado, e isso gera um desgaste enorme, um fardo que é pesado.

Quando os líderes carregavam por nós, embora falando bobagens, ou sendo ingênuos, não víamos isso, só experimentávamos a situação paternal por trás... Mas “os nossos olhos foram abertos”, e agora somos como deuses, conhecedores do bem e do mal e temos que carregar o fardo desse conhecimento. Perdemos a noção da inocência. Coisa rica, preciosa, mas ela foi embora, e agora sempre temos um "senão".

Perdemos a noção de segurança... Naquele tempo, disse esses dias o Arnaldo Jabor, 90% dos moradores das favelas não sabiam da sua criminalidade e nem eram cúmplices com o crime, hoje, disse ele, isto é uma falácia. Tá tudo dominado...Verdade, quantas vezes fui à casa do irmão numa favela, e via como, apesar de pobre o ambiente, era de paz, havia muita briga sim, de marido e mulher, briga de mulher por causa de água, mas não havia a falta da pureza em relação ao crime. Esses nossos irmãos hoje, estariam comprometidos com o que sabem ou deixam de saber. Embora não sejam culpados!

Certo pastor, amigo meu, cuja igreja é numa favela, disse-me que é obrigado a seguir certos caprichos porque senão, morre! De fato tudo mudou.

A igreja deixou de ser o referencial para nós, digo a igreja física mesmo, lembre-se:"nossos olhos foram abertos”, logo a igreja é apenas um prédio sem nenhum valor ou apego místico... histórico, totemizado, isso tem um preço. Lembro-me quando adolescente, uma bolinha de papel minha caiu no púlpito da minha igreja, e fiquei apavorado, não podia deixá-lá lá e ao mesmo tempo não tinha coragem de subir pois o local era santo... mas “nossos olhos foram abertos”, e a igreja agora é apenas um lugar em construção, pois desmistificamos a mesma, agora somos os construtores. Isso é bom? Tudo tem o seu preço.

Hoje ninguém se ajoelha mais no Templo, como disse o Edson Coelho... "Entrei no Templo, dobrei os meus joelhos, para conversar como Senhor..." ninguém o faz por livre e espontânea vontade, só quando o pastor quase obriga.

Perdemos a sacrossanta visão do mesmo, a visão de Ana, que apenas balbuciava no Tabernáculo em Siló. “Nossos olhos foram abertos.” Perdemos a noção do místico, do sagrado, do misterioso, e não estamos muito preocupados com isso, “nossos olhos foram abertos” para outras coisas, para o mundo virtual, para a Internet, agora somos semideuses, achamos tudo num clicar de mouse. Somos aficionados pelas novidades, pelo mágico e misterioso, sem as quais, como Adão deve ter pensado, não podia viver sem elas... Foi o que o Diabo mostrou a Jesus, o mundo e sua glória, ele sempre faz isso, sabe como isso nos encanta também. “Ele tem aberto os nossos olhos”.

Temos tudo, somos preocupados demais em atender a indústria da tecnologia, dos celulares às máquinas mais modernas e não temos nem de perto um pouco da repulsa do unabomber, terrorista americano que preferiu explodiu um prédio por não se conformar com a evolução gigantesca da tecnologia avassaladora, antes que, segundo disse, fosse destruído por ela, não que o que fez estava certo. Vidas são vidas! Mas ele, louco, não soube administrar o novo século, não quis abrir os seu olhos, só usava máquina de escrever e olhe lá..

Cometeu uma loucura, mas a loucura maior ainda continua por aí, nos engolindo... A Bíblia chama isso de Aion, ou de Mundo, ou de Presente século...Ficamos encantados com a pós-modernidade, com suas facilidades, com o encanto de um mundo livre, mas com a pós-modernidade, veio também a pós-cristandade.

Ninguém, absolutamente passou ileso disso.

Perdemos o nosso tempo. Perdemos a nossa liberdade, perdemos a nossa inocência. Perdemos nossos afetos, perdemos, perdemos, perdemos, enquanto tentam nos dizer: Vocês ganharam, ganharam e ganharam... falácia pura!

Deus já vem desconstruindo a sua participação há muito tempo em muitas igrejas... Lembra-se de uma mulher chamada Rosalee M. Apeble? Que começou o trabalho sério em sua igreja com o pastor Enéias Tognine lá na igreja da década de 60? Lembra da onde era?

Da santa Igreja Batista de Goiânia? Agora é a Batista da Lagoinha, da Unção de Toronto, do transe da Ana Paula Valadão, das riquezas da sua grife e ao mesmo tempo das loucuras da sua fé... Ah! Se a Missionária estivesse por aqui... Talvez estivesse inserida no contexto...O que nos resta é voltar, não a igreja antiga, mas ao primeiro amor, e isso é de fato algo muito difícil, pois envolve renuncia, não acontece com métodos, com programas, é com conversão do coração individual ao primeiro amor.

Como eu costumo dizer, o passado é um continente, por vezes parece bonito, mas que não há embarcações para lá.

Ou podemos "ter os nossos olhos abertos" por Deus ou pela velha serpente.

Peço a Deus que eu não veja o que não é para ser visto e ver o que é para ser visto.

Fico pensando em Ezequiel, que via e sofria com o que acontecia...

Fico pensando em Jeremias que via e chorava...

Fico pensando em Elias que via e protestava...

Fico pensando em Habacuque que via e reclamava...

Fico pensando em Daniel, que viu o tempo da bagunça acabar, e em meio a Babilônia previu o retorno, que Deus não se esquece do seu povo, que há lutas travadas no céu, que o diabo existe, que passado 70 anos, as coisas mudariam. Que o império ruiria... Fico pensando nesse homem que em meio à tudo isso que estamos vivendo ouviu... E sobreviveu cheio de graças, ainda que cercado de leões..." Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará. Ele respondeu: Vai-te, Daniel, porque estas palavras estão cerradas e seladas até o tempo do fim. "

Que o Senhor Jesus, que anda no meio dos candeeiros diga quem é igreja ou não, pois ele é o único que tem os olhos como chamas de fogo e pés reluzentes como bronze polido, pois nunca pisou em nada sujo.


* Neucir Valentim é pastor da Primeira Igreja Evangélica e Congregacional de Niterói e Vice-Presidente da União das Igrejas Evangélicas e Congregacionais do Brasil.

Primeira Confissão de Fé no Brasil para Brasileiros

Primeira Confissão de Fé no Brasil para Brasileiros

POR: CHARLES LORETI

Os Vinte e oito artigos da "BREVE EXPOSIÇÃO DAS DOUTRINAS FUNDAMENTAIS DO CRISTIANISMO" foram lavrados pelo Dr. Robert Reid Kalley em 02 de outubro de 1874 e aprovados em 02 de julho de 1876 e este documento, de memorável valor histórico, consagrou-se como síntese doutrinária das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil.
A aceitação destas "Doutrinas Fundamentais" serviu de base para rejeição de várias doutrinas antibíblicas e encorajou os congregacionais ao crescimento e a implantação sólida e definitiva desta Grande Denominação.
Esta necessidade surgiu mediante Kalley observar que os novos convertidos (brasileiros) chegavam à Igreja Evangélica Fluminense (fundada em 2 de Julho de 1858 sendo a primeira igreja evangélica com cultos em língua portuguesa para os brasileiros e onde também foi batizado o primeiro brasileiro cujo nome era Pedro Nolasco de Andrade) e estes precisavam ser instruídos nas doutrinas básicas da fé cristã, antes de receberem o batismo.

OBS: Embora os dezesseis artigos escrito pelos huguenotes no Rio de Janeiro ficassem conhecido como a Confissão de Fé da Guanabara em 1558, está não serviu à Igreja Brasileira, foi um documento importante, porém só surgiu porque Villegaignon forçou os huguenotes a escreverem sua fé e mediante a escrita os enforcou e os lançou na baía de Guanabara. Já a confissão de Fé escrita pó Robert Reid Kalley, foi escrita para novos convertidos e estes brasileiros na primeira Igreja evangélica com cultos em língua portuguesa.

Eis a Confissão de Fé:

ARTIGO 1
Do Testemunho da Natureza Quanto à Existência de Deus.
“Existe um só Deus, vivo e pessoal; Suas obras no céu e na terra manifestam, não meramente que existe, mas que possui sabedoria, poder e bondade tão vastos que os homens não os podem compreender; conforme sua soberana e livre vontade governa todas as coisas”.

ARTIGO 2
Do Testemunho da Revelação a Respeito de Deus e do Homem
“Ao testemunho das Suas obras Deus acrescentou informações a respeito de Si mesmo e do que requer dos homens. Essas informações se acham nas escrituras Sagradas do Velho e Novo Testamento, nas quais possuímos a única regra perfeita para nossa crença sobre o Criador e preceitos infalíveis para todo nosso proceder nesta vida”.

ARTIGO 3
Da Natureza dessa Revelação
“As escrituras Sagradas foram escritas foram escritas por homens santos, inspirados por Deus, de maneira que as palavras que escreveram são palavras de Deus. Seu valor é incalculável e devem ser lidas por todos os homens”.

ARTIGO 4
Da Natureza de Deus
“Deus, o Soberano Proprietário do universo, é espírito, eterno, infinito, e imutável, em sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade”.

ARTIGO 5
Da Trindade na unidade
“Embora seja um grande mistério que existam diversas Pessoas em um só Ente, é verdade que na Divindade há uma distinção de Pessoas, indicada nas escrituras Sagradas pelos nomes Pai, Filho, Espírito santo e pelo uso dos pronomes Eu, Tu, Ele, empregados por Elas mutuamente entre Si”.

ARTIGO 6
Da Criação do Homem
“Deus tendo preparado este mundo para a habitação do gênero humano, criou o homem, constituindo-o de uma alma que é espírito, e de um corpo composto de matérias terrestre. O primeiro homem foi feito à semelhança de Deus, puro, inteligente e nobre, com memória, afeições e vontade livre, sujeito àquele que o criou, mas com domínio sobre todas as outras criaturas deste mundo”.

ARTIGO 7
Da Queda do homem
“O homem assim dotado e amado pelo criador era perfeitamente feliz; tentado por um espírito rebelde (chamado por Deus”Satanás”), desobedeceu ao seu criador; destruiu a harmonia em que estivera com Deus; perdeu a semelhança divina; tornou-se corrupto e miserável; deste modo vieram sobre ele a ruína e morte”.

ARTIGO 8
Das Conseqüências da Queda
Estas não se limitaram ao primeiro pecador. Seus descendentes herdaram dele a pobreza, a desgraça, e a inclinação para o mal, e a incapacidade de cumprir bem o que Deus manda; por conseqüência todos pecaram, todos merecem ser condenados, e de fato todos morrem”.


ARTIGO 9
Da Imortalidade da Alma
“A alma humana não acaba quando o corpo morre. Destinado por seu Criador a uma existência perpétua, contínua capaz de pensar, desejar, lembrar-se, do passado e gozar da mais perfeita paz e regozijo; e também de temer o futuro, sentir remorso e horror e sofrer agonia agonias tais que mais quereria acabar do que continuar a existir; o pecador, pela rebelião contra seu Criador, merece para sempre está miséria, que é chamada por Deus a “segunda morte”.

ARTIGO 10
Da Consciência e do Juízo
“Deus constituiu a consciência juiz da alma do homem. Deu-lhe mandamentos pelos quais se decidissem todos os casos, mas reservou para Si o julgamento final, que será em harmonia com Seu próprio caráter. Avisou aos homens da pena com que punirá toda injustiça, maldade, falsidade e desobediência ao Seu governo; cumprirá Suas ameaças, punindo todo o pecado em exata proporção à culpa”.

ARTIGO 11
Da Perversidade do Homem e do Amor de Deus
“Deus, vendo a perversidade, a ingratidão e o desprezo com que os homens lhe retribuem seus benefícios, e o castigo que merecem, cheio de misericórdia compadeceu-se deles; além disso, amou-os e mandou declarar-lhes, em palavras humanas, Sua imensa bondade para com eles. E quando os pecadores nem com tais palavras se importavam, Ele lhes deu a maior prova de Seu amor enviando-lhes um salvador que os livrasse completamente da ruína e da miséria, da corrupção e condenação e os restabelecesse para sempre no Seu favor”.

ARTIGO 12
Da Origem da Salvação
“Esta salvação, tão preciosa e digna do Altíssimo (porque está inteiramente em harmonia com Seu caráter), procede do infinito amor do Pai, que deu Seu Unigênito Filho para Salvar os Seus inimigos”.

ARTIGO 13
Do Autor da Salvação
“Foi adquirida, porém, não com ouro nem com prata, mas com Seu sangue; pois tomou para Si um corpo humano e alma humana, preparados pelo Espírito Santo no ventre de uma virgem; assim sendo Deus e continuando a sê-lO, se fez homem. Nasceu da virgem Maria, viveu entre os homens, como se conta nos Evangelhos; cumpriu todos os preceitos divinos, e sofreu a morte e a maldição como o substituto dos pecadores, ressuscitou e subiu aos céus, ali intercede pelos Seus remidos; e para valer-lhes tem todo poder no céu e na terra. É nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo que oferece, de graça, a todo pecador, o pleno proveito de Sua obediência e sofrimentos, e o assegura a todos os que crendo nEle anceitan-nO por seu Salvador”.

ARTIGO 14
Da Obra do Espírito Santo no Pecador
“O espírito Santo enviado pelo Pai e pelo Filho, usando das palavras de Deus, convence o pecador de seus pecados e da sua ruína, mostra-lhe a excelência do Salvador, move-o a arrepender-se, a aceitar e a confiar em Jesus Cristo. Assim produz a grande mudança espiritual chamada “nascer de Deus”. O pecador nascido de Deus está desde já perdoado, justificado e salvo; tem a vida eterna e goza das benções da salvação”.

ARTIGO 15
Do Impenitente
“Os pecadores que não creram no salvador, e não aceitaram a salvação que lhes está oferecida de graça, hão de levar a punição das suas ofensa, pelo modo e no lugar destinados para os inimigos de Deus”.

ARTIGO 16
Da Única Esperança de Salvação
“Para os que morrerem sem aproveitar-se desta salvação, não existe no porvir além da morte um raio de esperança. Deus não deparou remédio para os que, até o fim da vida neste mundo, perseveram nos seus pecados. Perdem-se. Jamais terão alívio”.

ARTIGO 17
Da Única Obra do Espírito Santo no Crente
“O Espírito Santo continua a habitar e operar naqueles que faz nascer de Deus; esclarece-lhes a mente mais e mais com as verdades divinas, eleva e purifica-lhes as afeições, adiantando neles a semelhança de Jesus; estes frutos do espírito são provas de que passaram da morte para vida, e que são de Cristo”.

ARTIGO 18
Da União do Crente com Cristo e o Poder para o Serviço
Aqueles que têm o Espírito de Cristo estão unidos com Cristo e, como membros do Seu corpo, recebem a capacidade de servi-lO. Usando desta capacidade procuram viver, e realmente vivem, para a glória de Deus seu Salvador.

ARTIGO 19
Da União do Corpo de Cristo
A Igreja de Cristo no céu e na terra é uma só, e compõe-se de todos os sinceros crentes no Redentor, os quais foram escolhidos por Deus, antes de haver mundo para serem chamados e convertidos nesta vida, e glorificados durante a eternidade.

ARTIGO 20
Dos Deveres dos Crentes
É de obrigação aos membros de uma igreja local – reunirem-se para fazer orações e dar louvores a Deus, estudarem Suas palavras, celebrarem os ritos ordenados por Ele, valerem uns aos outros e promoverem o bem de todos irmãos --, receberem entre si como membros aqueles que o pedem e que parecerem verdadeiramente filhos de Deus pela fé, -- excluírem aqueles que depois mostram, pela desobediência aos preceitos do Salvador, que não são de Cristo --, e procurarem o auxílio e proteção do espírito Santo em todos os seus passos.

ARTIGO 21
Da Obediência dos Crentes
Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo, recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo qual Ele lhes manifesta sua vontade sobre o procedimento dos remidos e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratuitamente por ser acharem salvos de graça.

ARTIGO 22
Do Sacerdócio dos Crentes e dos Dons do Espírito
Todos os crentes sinceros são sacerdotes para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo, que é o mestre, Pontífice e único Cabeça da sua Igreja; mas como Governador da Sua casa estabeleceu nela diversos cargos como de Pastor, Presbítero, Diácono e Evangelista; para eles escolhe e habilita, com talentos próprios, aos que Ele quer para cumprirem os deveres destes ofícios, e quando existem, devem ser reconhecidos pela igreja como preparados e dados por Deus.

ARTIGO 23
Da Relação de para com o seu Povo
O Altíssimo Deus atende as orações que, com fé, em nome de Jesus, o único Mediador entre Deus e os homens, lhe são apresentados pelos crentes, aceita os seus louvores e reconhece como feito a Ele, todo bem feito aos Seus.

ARTIGO 24
Da Lei Cerimonial e dos Ritos Cristãos
Os ritos judaicos, divinamente instruídos por ministério de Moisés, eram sombras de bens vindouros e cessaram quando os mesmos bens vieram. Os ritos cristãos são somente dois: o batismo d’água e a Ceia do Senhor.

ARTIGO 25
Do Batismo com Água
O batismo com água foi ordenado por nosso Senhor Jesus Cristo como figura do batismo verdadeiramente e eficaz, feito pelo Salvador, quando envia o Espírito Santo para regenerar o pecador. Pela recepção do batismo com água a pessoa declara que aceita os termos do pacto em que Deus assegura aos crentes as bênçãos da salvação.

ARTIGO 26
Da Ceia do Senhor
Na Ceia do Senhor como foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, o pão e o vinho representam vivamente ao coração do crente, o corpo que foi morto e o sangue que foi derramado no Calvário; que a alma recebeu seu Salvador. O crente faz isto em memória do Senhor, mas é da sua obrigação examinar-se primeiro, fielmente, quanto à sua fé, seu amor e seu procedimento.

ARTIGO 27
Da Segunda Vinda do Senhor
Nosso Senhor Jesus Cristo virá do céu como homem, em Sua própria glória, e na sua glória de Seu Pai, com todos os santos e anjos; assentar-se-á no trono da Sua glória e julgará todas as nações.

ARTIGO 28
DA Ressurreição para a Vida e para a Condenação
Vem a hora em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus e ressuscitarão; os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Os crentes que nesse tempo estiverem vivos serão mudados e sendo arrebatados para sempre com o Senhor. Os outros também ressuscitarão, mas para a condenação.

sábado, 10 de abril de 2010

A Ardente Expectativa

Por: Idauro Campos

“Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória que em nós há de ser revelada. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus”. Rm 8:18-19.

O filósofo e teólogo americano, Brennan Manning, conta em seu excelente livro, “Evangelho Maltrapilho”, publicado no Brasil pela Editora Mundo Cristão (recomendo a leitura!), que ao passar em frente a um centro de convenções, viu uma fila de pessoas que aguardava entrar em suas dependências para participar da festa que ali seria promovida. Brennan se admirou da expectativa das pessoas e do semblante de alegria e contentamento das mesmas, afinal é isso que se espera de alguém que é convidado para uma festa! No entanto, algo intrigou Brennan Manning. Ao constatar a expectativa daquelas pessoas, lembrou-se que os cristãos também estão numa fila esperando os portões celestiais se abrirem para participar da festa das “bodas do Cordeiro” (Ap. 19:7), contudo, para nossa surpresa, muitos desses cristãos não estão felizes. Na verdade muitos estão na fila, porém duvidosos se realmente há um banquete à nossa espera. Muitos acham que o anfitrião não ficará contente em vê-los. Muitos se perguntam: “Eu serei bem-vindo?” A idéia de um Deus “ansioso” por me receber e uma festa maravilhosa para me recepcionar parece boa demais para ser verdade. Nossa forma de viver, às vezes, revela que não há nenhuma festa preparada nos céus para nós.

O apóstolo Paulo também nos intriga ao declarar que a criação possui uma “ardente expectativa” e que ela geme esperando a revelação dos filhos de Deus. Ou seja, a própria natureza, que se tornou cativa e prejudicada em função da queda de Adão, “espera” uma arrebatadora libertação na consumação dos séculos. Ora, se isso é verdade para a parte irracional da criação, porque nós, cristãos, os principais alvos do amor eterno de Deus, não possuímos tão intensa expectativa? Porque vivemos como se nossa existência se resumisse à paisagem que está adiante de nós e que nos distrai tanto que esquecemos que o melhor ainda está por vir?

“Não dá para comparar” é o que diz o apóstolo Paulo. O que sinto e vejo neste mundo é infinitamente inferior ao que experimentarei ao lado do Criador, do Salvador e do Consolador. Por que nos esquecemos disso tão facilmente?Por que nossa alegria é de tão curta duração?Por que nossa esperança é tão instável? Por que ficamos tão irritados com a grama do jardim que está alta (ou com coisas desse tipo) se há uma realidade indescritivelmente superior à qual estamos destinados e que, portanto, encontraremos? Até mesmo preocupações relevantes como enfermidades graves, desemprego, violência e etc. não podem ofuscar “a glória que em nós há de ser revelada”.

Fyodor Dostoievski, romancista russo do século XIX, compreendeu as palavras de Paulo ao indagar que deveria haver um lugar de compensações, pois nesta existência o homem não consegue viver à altura de seus mais nobres ideais, afinal não praticamos todo bem que almejamos, não amamos intensamente, não somos tão bons quanto gostaríamos, vivemos aquém do ideal. A vida não faria sentido se tais aspirações não fossem saciadas em algum lugar. Este lugar, segundo Dostoievski, é a eternidade.
À sua maneira, o romancista compreendeu a teologia de Paulo. Sim, há um lugar na eternidade onde o sofrimento não nos alcançará. Onde nenhuma lágrima será derramada. Onde as dúvidas não mais nos perturbarão. Onde toda incerteza será dissipada. Dostoievski chegou a essa conclusão após passar por um conflito pessoal. No dia do sepultamento de sua esposa, Masha, ele começou a pensar que, apesar dos momentos sofríveis do matrimônio, da incompatibilidade de comportamentos, do ódio que às vezes Masha sentia ao presenciar os ataques de epilepsia que ele sofria, das constantes brigas e do abandono do lar, houve momentos de felicidade verdadeira, porém ambos não conseguiram viver à altura do amor ideal. Dostoievski considera, portanto, que um dia talvez ele veja sua esposa de novo em um lugar pleno de satisfação, poesia, encanto, realização e saciedade. Virtudes que o homem não consegue experimentar aqui em toda a sua potencialidade. “Somos feitos para algo que é muito maior que nós”, é a grande conclusão, do extraordinário escritor. Embora Dostoievski não esteja errado em seu raciocínio, todavia, o apóstolo Paulo foi mais longe, pois para este a eternidade não é apenas um lugar de compensações, mas sim um lugar cuja “glória não há como comparar” com nada experimentado neste “tempo presente”. A eternidade com Deus é incomparável, “nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou no coração do homem o que Deus preparou para seus amados” (2co 2:9). Esta é ou não é uma boa notícia? Sendo assim, a única resposta adequada que posso dar a este convite é a minha indizível alegria, minha firme esperança, meu intenso desejo de estar com Deus, e de viver para sempre feliz por estar na Sua presença. Esta deve ser a nossa expectativa, ardente expectativa! O Senhor merece!

Como você tem se comportado na fila que está adiante dos umbrais celestiais da eternidade? Paulo declara: “Para mim tenho por certo...” E você, também está certo desta maravilhosa realidade? Reflita essa convicção com alegria e exultação, pois, como já foi dito, é isso que se espera de um convidado para uma grande festa. Que Deus nos abençoe com graça sobre graça, com alegria sobre alegria, e com festa sobre festa! Amém!!!


Soli Deo Glória!!!

Façamos Deus conforme nossa imagem e semelhança

Façamos Deus conforme nossa imagem e semelhança

Por: Charles Loreti

"Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível (...)" Romanos 1:21 22 e 23
Deus coroa a sua criação com a famosa frase -- façamos o homem a nossa imagem e semelhança -- isto implica que o homem teria vontade, poder de decisão, poder de criar coisas e destruí-las, emoção, razão e sentimentos. Nenhuma outra criatura tem tantas características nobres reunidas como o homem. Porém, sabemos que este homem se corrompeu do seu estado original e o pecado passou a refugiar-se em seu coração e isto passou a toda raça humana. Com isso passamos a ter uma vida totalmente diferente daquela que o Criador idealizou para nós.
Com nossa vida voltada para Cristo resgatamos os princípios e os valores que Deus deseja ver em nossas vidas, como um pai que se agrada quando seus filhos lhe obedecem.
Mas, passa-se um tempo e não sei o que acontece com a Igreja. Para legitimar algumas das nossas ações me parece que criamos alguns deuses. Se quisermos continuar no pecado temos o Deus do perdão; se quisermos a riqueza, temos o Deus da prosperidade; se quisermos nutrir ira contra um irmão, temos o Deus que nos colocou como cabeça e não por cauda; se quisermos cura e benção, temos o Deus todo-poderoso; se quisermos ir aos cultos o dia e a hora que bem entendermos, então temos o Deus onipresente; e ainda há aqueles que não querem se comprometer com Deus, pois afinal de conta Deus é amor e no final todos se darão bem. Tudo isso para justificar nossas atitudes. Concebemos a idéia de um Deus que aceita o que estamos fazendo sem se importar.
Me parece que estamos esquecendo que Deus é uma pessoa (tem vontade, emoção e sentimentos) e não uma idéia, um ser que se relaciona conosco e não algo distante da nossa realidade, Senhor e não servo, Criador e não criatura, sagrado e não profano, justo e não injusto, Rei e não súdito. Criamos um Deus conforme nossas necessidades, de acordo com aquilo que eu acho, que eu penso e não com uma visão bíblica. Precisamos com a máxima urgência voltarmos ao primeiro amor, às primeiras obras.
O povo de Israel na época dos profetas maiores principalmente, tinha concebido a idéia de um Deus permissivo, que tinha se esquecido dos pobres, das viúvas, dos órfãos, dos escravos e dos oprimidos. pensavam que Deus nao se importaria se o povo quebrasse sua aliança, desobedecesse suas ordens e não cumprisse seus mandamentos. Afinal, ele era um Deus de amor, misericordioso e compassivo. Logo começaram a cometer toda sorte de injustiças sociais do tipo daquelas que são relatadas no livro do profeta Jeremias.
Deus levanta o profeta Jeremias para denunciar as injustiças sociais que o povo vinha cometende a "torto e a direita" sem se preocupar com o que Deus achava sobre isto, a final de contas eles ofereciam seus sacrifícios e holocaustos. Desde que cumprisse os ritos religiosos sem compromisso com Deus e sua palavra ele não se importaria com as injustiças praticadas tanto pelos sacerdotes, quanto pelos profetas (Jr. 23:11) e claro isto refletia também no povo que seguia seus líderes.
Jeremias levanta sua voz profética e denúncia o pecado de Israel que não era só a idolatria, mas também cometem toda sorte de ganância (não liberavam os escravos quando estes cumpriam seu tempo de escravidão, vendiam suas terras para outros afim de lucrarem, não passando o direito do parente mais próximo para resgatá-la, não perdoava as dívidas quando chegava o ano do jubileu) e viviam em meio a falsidade (Jr. 6:1314). Não executavam o direito e a justiça, não livravam o oprimido das mãos do opressor, oprimiam os estrangeiros, os órfãos e as viúvas, faziam violência e derramavam sangue inocente (Jr. 22:13 17).
Hoje a Igreja não está longe desta realidade que se encontrava o povo de Israel na época de Jeremias. Estamos fazendo o que quisermos com nossas vidas, desde que eu esteja bem, o meu próximo é responsabilidade de Deus. Não seria propósito dos dízimos socorrer os necessitados? A Igreja não deveria se envolver e diluir as injustiças sociais? O que temos feito para reverter este quadro? Temos concebido Deus conforme achamos que ele deve agir. Alguém pode dizer: mas isto é responsabiliade do Governo. Sim pois eles administram a riqueza do país, porém não nos desabilita desta responsabilidade pois a ordem de socorrer os menos favorecidos é dada ao povo e não somente a liderança do povo.
Deus não deixou de ser o que era, nem caiu por terra seus pensamentos registrados em sua lei, cabe portanto a nós, povo que se chama pelo seu nome honrar sua palavra e prestar a devida obediência à sua palavra. Não podemos ler os evangelhos e extrair de lá só o que nós interessa e criando assim o quinto evangelho. Precisamos voltar as primeiras obras servindo a Deus como Senhor, Rei e Deus que é e não segundo nossa imagem e semelhança e sim segundo a perspectiva bíblica.
Será que precisamos de profetas do quilate de Jeremias para levantar uma voz profética na Igreja e alertá-la quanto sua miséria ou atentarmos para o texto sagrado já registrado seria o bastante para mudar o pensamento da Igreja neste século XXI?

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Calvinismo e Capitalismo: Análise das Idéias de Max Weber e H.R. Trevor-Roper.

Análise da Origem do Capitalismo e Sua Relação Com o Calvinismo, conforme Max Weber e H.R. Trevor - Roper

Por: Idauro Campos

INTRODUÇÃO

Quais as causas da prosperidade de grande parte dos países da Europa?
Qual a relação entre a religião protestante e o êxito industrial, econômico e social que tais países obtiveram? Há, de fato, esta relação?

Estas são algumas perguntas comumente formuladas pelos teólogos, economistas e sociólogos que se debruçam em análises históricas para tentar explicar o fenômeno do capitalismo em terras européias.

Neste artigo apresentaremos, de forma resumida, duas propostas distintas. A primeira, apresentada por Max Weber que em sua obra, “A Ética Protestante e o espírito do capitalismo”, procura identificar na religião protestante, especialmente o calvinismo, uma íntima relação entre a moral cristã e o progresso econômico. Posteriormente, avaliaremos as proposições de H.R. Trevor - Roper, em sua “Religião, Reforma e Transformação Social”, que pontua outras possibilidades para explicar a relação da prosperidade européia em terras protestantes.

A ÉTICA PROTESTANTE E O ESPÍRITO DO CAPITALISMO

De acordo com Max Weber, sociólogo alemão nascido no século XIX, o rigor moral da religião calvinista, que rivalizou com o luteranismo o posto de segmento majoritário do movimento de Reforma Protestante, é o embrião do capitalismo que foi conhecido no mundo. A isto se devem alguns fatores. Em primeiro lugar, Weber enxerga na doutrina da predestinação, um dogma essencial do calvinismo, a base do individualismo típico e necessário ao capitalismo, pois como o indivíduo não deve esperar pela mediação da Igreja para obter o favor de Deus, conforme as postulações da teologia católica, mas, pelo contrário, ele só pode contar com a graça divina, não havendo meios externos de aproximação com a divindade, então, para se assenhorear da certeza da salvação, o homem precisa identificar em si as evidências da eleição, procurando, assim, na atividade profissional, em cumprimento de sua vocação, as mesmas, pois, de acordo com Weber, o êxito profissional seria uma das maneiras distintas de se identificar a própria eleição.

Outro aspecto importante nos argumentos de Max Weber é de que não só a preocupação dos calvinistas era com a própria salvação, embora fosse este, de fato, o seu núcleo dominante, pois o homem medieval era intensamente aflito com a questão do destino eterno de sua alma, mas, além disso, havia também a ênfase reformada na glória de Deus, manifestada por meio da agência dos eleitos no mundo. Destarte, os calvinistas, de acordo com Weber, lançavam-se em seus trabalhos, não só para confirmar o próprio chamado ao Reino de Deus, mas também queriam ver este Reino se estabelecendo sobre o mundo e tal processo somente seria viável mediante a militância engajada dos eleitos. O mundo, então, deveria refletir o Reino de Deus. Os valores do alto deveriam ser impressos na sociedade. Assim, a cultura, a política, a economia, a educação, a família, o trabalho deveriam sinalizar tais valores e é neste contexto de reflexão que o empenho dos calvinistas foi derramado.

À medida que a sociedade se tornasse cada vez mais próspera e justa, Deus, seria exaltado. É a prática do postulado “Soli Deo Glória”, em que os calvinistas compreendiam que tudo o que fazemos, pensamos e ansiamos tem como meta na vida à Glória de Deus. Weber identifica neste item uma força que impulsionava a ética calvinista e que também faz parte do nascedouro do capitalismo.

Em terceiro lugar, Weber Identifica na desconfiança calvinista acerca das emoções e sentimentos humanos outro aspecto que contribuiu para o capitalismo, pois tais subjetividades poderiam produzir um mascaramento da realidade e das prioridades do homem. Portanto, a objetividade racional era fortemente recomendada por Calvino, segundo Weber. Esta austeridade levou a uma inevitável descarga sobre as atividades que fossem objetivas. Tudo que distraísse a atenção deveria ser evitado, pavimentando o fluxo de nossa vida ao empreendedorismo tão valorizado nas potências capitalistas modernas.

Para Weber, o calvinismo foi uma forma criativa de asceticismo, porquanto era uma ascese moral, pois não implicava na retirada do eleito do mundo, conforme o monasticismo católico pontificava. Era uma ascese das preferências e prioridades identificadas e tinham como finalidade a transformação do mundo para a glória de Deus. Diferentemente dos monges medievais que se enclausuravam nos mosteiros para o serviço de Deus, o calvinismo, nas considerações de Max Weber, propunha uma separação não física do mundo, mas sim, e apenas, moral, pois nele (no mundo) serviriam a Deus, afastando-se do que fosse frívolo e desnecessário, mas, ao mesmo tempo, engajado nele, buscando, através do trabalho árduo e sistemático, a sua transformação.

De acordo com o sociólogo alemão, a doutrina da predestinação, a ênfase no mandato cultural para a glória de Deus e a austeridade de vida, compuseram as poderosas forças gravitacionais que agiram sobre o homem a partir do século XVI, contribuindo para a formação de uma nova ordem econômica: o capitalismo. E por quê?

Primeiro, porque o capitalismo enfatiza o self made man, isto é o homem que não depende de ninguém, mas que se faz sozinho. A ênfase na justificação pela fé somente, que vem a nós, somente pela graça soberana de Deus aos predestinados, tornou o homem solitário e único no seu encontro com Deus. Essa responsabilidade individual, não mediada por sacerdotes ou pela igreja, esboça o sentimento de dever que o homem tem para com o seu destino, não dependendo ou esperando por ninguém. O self made man capitalista é o homem que tem o seu destino na mão. Não depende de instituições. Não depende de sua família. Não depende do Estado. Ele é responsável. Sua salvação econômica e social não pode ser mediada. O seu destino e progresso dependerão de seu próprio desempenho, somente. Esta postura capitalista, ou melhor, este espírito capitalista, Max Weber enxergou no protestantismo, especialmente no protestantismo calvinista.

Além disso, a ênfase no trabalho para a glória de Deus deixou como herança ao capitalismo que a atividade profissional, especialmente a comercial, era digna. Tão digna que Deus a recebia como louvor à sua honra. O fruto da atividade comercial, o lucro, tão mal visto por círculos católicos à época (de acordo com alguns comentaristas), foi elevado à categoria de nobre e através de seu ganho a sociedade podia ser mantida. O lucro era a resposta de Deus à vocação bem empenhada. Nada mais justo. Esta dignidade do empreendimento comercial e do lucro seria especialmente válida para a semeadura do capitalismo nas nações protestantes, embora seja contestada a idéia de que Calvino realmente tenha ensinado isso e o próprio Trevor-Roper declara que Max Weber tampouco colocou tal sentença na pena de João Calvino. Mas, apesar de tais contestações, não nos surpreenderia se esta representasse um desdobramento posterior das idéias do reformador de Genebra por parte de alguns.

Finalmente, a austeridade permitiu uma concentração das forças produtivas na livre empresa. Já que as emoções, os sentimentos, as amizades, as festas eram vistas como sendo descontroles, distrações e desperdícios, toda a energia da vida, então, foi canalizada para o trabalho, o único dever real do homem, o que fortaleceu a atividade econômica.

Apesar da lucidez e da atração que as idéias de Max Weber podem exercer, contudo, estão longe de serem consensuais. Há outras idéias e tentativas de responder sobre a origem do capitalismo e se há de fato alguma relação de seu embrião histórico com a Reforma Protestante. É o que veremos mais adiante.


RELIGIÃO, REFORMA E TRANSFORMAÇÃO SOCIAL

Professor de história da Universidade de Oxford por vinte e três anos, H.R. Trevor-Roper, possui conclusões diferentes acerca da origem do capitalismo nas potencias protestantes. Primeiramente, Trevor-Roper propõe um período diferente do de Weber como marco do capitalismo. O historiador postula alguns problemas que fragiliza as conclusões de Weber, vejamos:

Em primeiro lugar, Trevor-Roper apresenta que empiricamente a tese de Weber não passa no teste, pois nações que se mantiveram na tradição religiosa católica, como é o exemplo da Áustria e da França e que, portanto, não gozavam do mesmo rigor moral e das concepções doutrinárias dos calvinistas que lastrearam o sucesso econômico dos países onde foram beligerantes, contudo, progrediram à semelhança dos países protestantes. Ao mesmo tempo em que nos pergunta o porquê da Escócia, com forte tradição calvinista e recursos naturais generosos, não teve o mesmo ímpeto desenvolvimentista que a anglicana Inglaterra. Para Trevor-Hope, situações como estas são pontuais na hora de avaliar com cautela alguns axiomas propostos por Weber.

Em segundo lugar, Trevor-Roper também aponta para o fato de que nem todos os calvinistas eram rigorosos em sua piedade e nem todos agiam conforme suas crenças, colocando em xeque, então, o depósito moral que Weber alega possuir os calvinistas e que tanto foi primordial no desenvolvimento das potências protestantes. Na verdade, Trevor-Roper indica até mesmo a circulação nas trincheiras morais por parte de alguns calvinistas, haja vista que muitos, mesmo defendendo confessionalmente o calvinismo, ajudaram a financiar causas católicas contra os protestantes e isso por causa do lucro e poder.

Em terceiro lugar, Trevor-Roper também pontua que muitas das nações que abraçaram o calvinismo como expressão da fé cristã protestante não se desenvolveram economicamente por causa de tais crenças, mas sim porque em seus territórios circulavam comerciantes estrangeiros (flamengos) que já eram empreendedores em seu país de origem e uma vez expulsos de sua terra natal, encontraram em países como a Holanda, por exemplo, as circunstâncias necessárias à livre empresa. Hoper faz questão de dizer, inclusive, que as idéias calvinistas sobre economia pouco efeito fizeram sobre os naturais de Escócia, Holanda e Suíça. E, mesmo cem anos após a militância de João Calvino, não se produziu um único grande empresário calvinista em terras suíças.

Trevor-Roper afirma categoricamente que havia fortes movimentos capitalistas antes da Reforma Protestante, especialmente capitaneada por Lisboa, Antuérpia, Milão, só para citar alguns. Tais centros eram economicamente ativos e foram eles que deixaram a herança do capitalismo para o século XVI e não a ética calvinista.

Para Trevor-Roper a confusão começa quando Weber não percebe que o que aconteceu foi tão somente à emigração destes capitalistas para as regiões onde afluíam às idéias protestantes. Eles levaram o conhecimento e as técnicas de mercado para tais lugares, fugindo das perseguições que lhes eram impostas. Na verdade, o que para Weber foi uma contribuição doutrinária e prática do calvinismo, para Trevor-Roper tudo não passou de contingência histórica, pois tais empreendedores aportaram em bolsões calvinistas, mas, independentemente de onde estivessem, levariam seus conhecimentos de mercado a efeito, até mesmo para lhes garantir a sobrevivência, possibilitando assim o progresso econômico de qualquer maneira. Destarte, para Trevor-Roper, o calvinismo levou a fama, sem merecer, de padrinho do capitalismo nas proposições de Max Weber.

Trevor-Roper é conclusivo ao afirmar que perseguições praticadas por autoridades católicas contra alguns poderosos homens de negócios na Europa que compartilhavam das idéias do humanista Erasmo de Roterdã, o que atraiu o ódio da Igreja Católica, foi o que forçou tais empresários a fugir para ambientes mais seguros, geralmente em países protestantes, sendo este, enfim, o evento catalisador para o florescimento do capitalismo em domínios calvinistas.


CONCLUSÃO

Nossa proposta foi à abordagem resumida de duas proposições distintas que explicam a origem do capitalismo e qual a relação deste com a Reforma Protestante. Avanços no intuito de chegar a conclusões mais aprofundadas serão necessários em investigações posteriores. O assunto é rico. O contexto histórico situado é amplo. O tema é instigante. Outros autores precisarão ser convocados à contribuição. De uma maneira ou de outra, mesmo que não sejam satisfatórias, as possíveis respostas nos ajudarão a chegar, pelo menos, mais perto das perguntas abaixo:
Protestantismo e Capitalismo são irmãos? Seus encontros históricos foram meramente acidentais? Um deriva do outro? Ou são gêmeos? Eis uma boa assertiva para um futuro próximo.

Soli Deo Glória!!!




REFERÊNCIAS


TREVOR-ROPER, H. R. Religião, Reforma e Transformação Social. Lisboa: Editorial Presença/ Martins Fontes, 1972.


WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Martin Claret. 4ª ed, 2001.

A Causa da Morte de Jesus

A Causa da Morte de Jesus

Por: Charles Loreti

A morte de Cristo na cruz do calvário tem grandes significados para nós e quando nos referimos à cruz de Cristo na verdade estamos falando do seu sacrifício, da sua entrega, da sua morte por nós. Para nós tudo começa na cruz, nossa vida, nossa paz, a comunhão com Deus, entre outras.
A cruz de Cristo trouxe-nos grandes benefícios – nos libertou (Cl. 1.13); trouxe paz com Deus (Rm 5.1); constituiu-nos reino e sacerdote (Ap. 1.5, 6). A cruz ao mesmo tempo que nos trouxe graça, trouxe-nos também a misericórdia.
Deixando as maravilhas da crucificação, passamos agora, a partir da cruz, olhar para aquele que deu significado a crucificação. Sabemos pela Escritura Sagrada que o motivo da morte de Cristo foi nos salvar, nos religar novamente com Deus, nos trazer a esperança de salvação por meia da graça mediante a fé, foi em fim morrer em nosso lugar e pagar os nossos pecados. Entretanto como ele era 100% homem e 100% Deus, verdadeiramente homem e verdadeiramente Deus qual foi realmente a causa morte biológica de Jesus, o que fez seu coração parar de bater, se fosse emitir uma certidão de óbito qual seria o real motivo clínico. A causa morte de Cristo foi por Choque Hipovolêmico (mais de 25% de perda de sangue do corpo, diminuindo o volume sanguíneo corporal aumentando assim o débito cardíaco).
Como chegamos a tal definição? Pelos seguintes fatos: cruzamos dados clínicos de alguém que morre por perder muito sangue com alguns dados da crucificação citados no texto sagrado.
Pois bem, temos em média 4.500 à 5.000 ml de sangue no corpo, para termos uma hemorragia é necessário se perder entre 7 à 8ml por minuto durante um longo período de horas sem realizar nenhuma contensão. Levando-se em consideração que a crucificação levou cerca de 6 horas (Mc 15.25, 33 e 34) fizemos o seguinte calculo:

Tempo Ml Porc. Consequência

1h 420 5% IMPERCEPTÍVEL

2h 840 10% IMPERCEPTÍVEL

3h 1260 25% INÍCIO DO CHOQUE – sede (Jo 19.28).

4h 1680 35% PERFUSÃO

5h 2100 40% Hemorragia IV

6h 2500 50% Parada Cárdio Respiratória – PCR

É preciso levar em consideração os seguintes fatos: foi posto nele cravos em suas mãos, coroa de espinho em sua cabeça e cravos em seus pés o que ocasionou lesões traumáticas, atingindo veias e artérias, como não lhe havia posto curativos o sangramento estava presente durante as 6 horas no madeiro e o corrimento sanguíneo era potencializado pela lei da gravidade, uma vez que seu corpo estava suspenso no madeiro. Não precisamos nem adentrar no detalhe de que ele já havia perdido certa quantidade de sangue quando recebeu as torturas, antes da crucificação. Sendo assim, segue o processo fisiológico:

PROCESSO:
As primeiras duas horas são imperceptíveis, mas depois...

3h - 1260 ml =25% - Início do choque – O organismo libera adrenalina para aumentar a contração do músculo cardíaco (o objetivo é compensar a perda do sangue) com isso o coração dispara (taquicardia) a respiração fica rápida o pulso fraco e a pele fica fria logo esta pessoa vai sentir sede (Jo 19.28).

4h - 1680 ml= 35% - Perfusão, estado compensatório – A pele, músculo e abdomêm têm o seu fluxo sanguíneo desviado para os órgãos vitais (coração, cérebro e rins) com a intenção de compensar a perda para dar tempo de reverter o quadro, preservando os órgãos nobres do corpo, caso houvesse um socorro.

5h - 2.100 ml = 40% - Hemorragia tipo IV – Como o quadro não foi revertido as extremidades das mãos e dos pés ficam cianótica (roxas) começa ocorrer a insuficiência do sangue chegar ao coração para ser bombeado portanto a pressão baixa a pessoa fica pálida e em sinal de alerta ou perigo as pupilas dos olhos se dilatam (midríase).

6h -2.500 ml = 50% - PCR – com perda igual ou superior ao volume sanguíneo do corpo ocorre a morte celular e então o coração para e o cérebro cessa suas atividades (Jo 19.34).

A morte por choque hipovolêmico é uma das piores mortes que se tem notícia, pelo fato da pessoa sentir sua vida se esvair em sangue, como se escorregasse pelas mãos sem poder recuperá-la, a pessoa sente literalmente que está morrendo aos poucos (Jo 19.30). Onde estava o pessoal dos direitos humanos? Onde estavam os bombeiros? Qual era o hospital mais próximo? Qual ambulância poderia socorrê-lo? Onde estava a equipe médica para conter o sangramento? Onde estava a equipe de enfermagem para realizar a massagem cardíaca? Onde estavam os cirurgiões para suturar seus membros superiores e inferiores e sua cabeça? Quem poderia receitar um analgésico, uma morfina ou um tramal para ele ser sedado e não sofrer enquanto morria aos poucos? Fazia parte do plano de Deus ele resistir até o final, o cálice não foi passado (Mt 26.39) por amor a nós. Gota a gota sendo derramado por mim e por você, o sangue percorrendo seu corpo em queda livre até regar o chão do Gólgota. O sofrimento de Jesus na cruz do calvário não foi só ser torturado e pregado na cruz, foi isto e mais seis horas de dor, de sofrimento e de sangramento, sentindo o seu corpo reagir para sobreviver, mas já sabendo que o socorro não iria chegar e então quando vê que a hora chegou ele exclama: Tetelestai (Jo 19.30) – Está consumado! Está totalmente pago, não deve mais nada. Esta palavra era usada tanto no final de um pagamento na compra de um escravo, como também era escrita na cela da prisão quando o réu cumpria sua pena por completo. Com seu sacrifício ele nos comprou para Deus e pagou nossa dívida (Cl 2.14). Você continuará achando que o sacrifício de Jesus por você foi algo simples, chegou ali foi crucificado e acabou? Acabou sim, depois de seis horas quando pelo derramamento do seu sangue houve perdão dos nossos pecados (Hb 9.22)

O Cristão e a Política

O Cristão e a Política

Por: Idauro Campos

Durante décadas, no Brasil, se afirmou que “política não é coisa de crente”. A afirmação denunciava um conceito de que sendo algo “mundano” não poderíamos, como crentes, nos envolver. A isto reforçavam os escândalos e a corrupção. Quando, então, um cristão ou, o que é pior, um pastor, era acusado, a idéia de que não é correto a igreja participar da vida política da sociedade ganhava impressionante força. Nos últimos vinte anos, o número de crentes que militam na política aumentou potencialmente. Há, inclusive, partidos políticos intensamente aliançados com setores do evangelicalismo nacional. Entretanto, estes, ao se lançarem na magistratura, não discernem de forma adequada o seu papel como cristãos nas estruturas do poder público. A maioria esmagadora dos evangélicos brasileiros que alcançam um mandato no Legislativo ou Executivo percebe-se apenas como representantes de sua igreja ou denominação e não como cidadãos, que dotados da mente de Cristo, poderão à luz das Escrituras Sagradas e de acordo com suas consciências regeneradas, debater os grandes temas da sociedade, objetivando transformá-la por meio de uma militância sadia que lute por justiça, igualdade, distribuição de renda. A luta pelo bem comum, pautada em princípios éticos e morais, que promova a dignidade humana, deveria ser a causa maior de um magistrado cristão, pois esta convicção moldaria suas ações e imprimiriam os valores do Reino de Deus na sociedade. Porém, infelizmente, não é isso que vemos acontecer.

Nossa proposta neste artigo é refletir o papel do cristão na política, uma vez que se compreende que esta nada mais é que uma expressão do “Mandato Cultural”, que Deus deu ao homem para que o mesmo se desenvolvesse sobre a terra.


Política: Uma Vocação de Deus

O pecado dilacerou o projeto original no que diz respeito à unidade da humanidade. Esta unidade seria desfrutada no Éden, onde os homens povoariam (Gn. 1:28); manteriam (2:15); e viveriam de seus frutos (2:16). O Éden, portanto, era o lugar onde Deus seria conhecido como Senhor dos homens. Como Senhor absoluto, d’Ele viriam às leis pelas quais os homens se regeriam. Um todo harmônico funcionaria no Éden, em que homens e mulheres, sem divisões, sem etnias, sem conflitos, desfrutariam da unidade proposta pelo Criador. Mas, o homem foi expulso do Éden por causa do pecado e já como conseqüência, surge a polaridade entre Caim e Abel. A inveja, o ódio toma conta do primeiro e a unidade proposta inicialmente, tão cedo, se dilui. Fora do Éden é impossível haver aquela unidade e, expulso da presença de Deus por causa de seu crime, Caim, como ser social que era, constrói para si uma cidade (Gn. 4:17), um lugar que lhe desse sentido de existência, identidade, segurança, manutenção e sobrevivência.

Existência, identidade, segurança, manutenção e sobrevivência. Todos os núcleos sociais, praticamente giram em torno destes pólos. Eles são fundamentais para garantir e preservar a vida, e somente existem em função do lapso ocorrido no Éden, pois sem o pecado, a necessidade de segurança, por exemplo, seria desnecessária. Foi o pecado que quebrou a unidade orgânica da humanidade, levando-a a dividir-se em diversos núcleos (nações) que lutam para existir. É neste contexto e necessidade que tais núcleos organizam-se formalmente, pois para mantê-los é necessário que haja estruturas que os governem. Estas estruturas, apesar de não fazerem parte do plano original do Criador, terminam por representar uma manifestação da graça e da misericórdia divina, pois são justamente tais estruturas formais de poder e organização que possibilitarão o convívio entre diferentes.

Entendendo, então, a estrutura formal de poder sobre os núcleos sociais como uma necessidade inerente dos mesmos, é fundamental que a enxerguemos como uma potestade estabelecida por Deus para garantir a ordem, o desenvolvimento, a proteção e, sobretudo, a vida humana. A vida é um dom de Deus, e é Ele que se empenha em protegê-la, através, dos meios, criados por Ele próprio, para que este fim (a vida) seja garantido. Desta forma, as nuances de potestades são criadas nas suas mais variadas formas: prefeituras, distritos, estados, repúblicas, senados, câmaras legislativas etc. Para ocupar tais posições, especialmente em se tratando de núcleos democráticos, homens se habilitam e se oferecem para lhes emprestar suas idéias, seus dons, talentos e projetos. Esta oferta de talentos e soluções, típica das democracias, produz os movimentos políticos, sejam de oposição ou situação, e é este movimento político que se transformará no caminho que conduzirá os habilitados ao exercício do poder público. É a militância política que abrirá as portas para que se chegue às esferas do poder.

A política, então, muito longe de ser algo meramente “dos homens” é uma vontade divina e sendo assim, uma vocação e um dom de Deus aos mesmos. É desta forma, através da prática política, que as sociedades serão governadas. É através do exercício do poder que as soluções para os problemas de educação, saúde, moradia, economia serão apresentadas. Isto por um lado. Por outro, é também como desdobramento da prática política, como exercício de poder, que os cidadãos de um Estado estarão protegidos, pois uma das prerrogativas daquele é a proteção de seu território. Da mesma forma é este Estado que dará sentido a unidade do seu núcleo. O idioma, por exemplo, é protegido pelo Estado e por ele incentivado, sendo um dos mais poderosos e eficientes pilares de unidade e identificação de um povo.

Em uma sociedade organizada há os mais variados campos de ação e conhecimento: as artes, as ciências, o trabalho e a política. Em todos os casos, para o pleno êxito em suas tarefas, o homem requer uma vocação, um dom, um talento. Uns, por exemplo, receberão de Deus a vocação para a medicina e, através de seu trabalho, contribuirão para o desenvolvimento e preservação da humanidade. Através de seu labor a saúde e, logo, a vida no planeta, torna-se possível e sustentável. Outros, por sua vez, serão vocacionados à engenharia e construirão casas e edifícios, onde homens, mulheres e crianças poderão recolher suas cabeças depois de um dia de atividades. Pontes, estradas serão estabelecidas levando progresso, eliminando barreiras e aproximando fronteiras. A engenharia é, portanto, um dom de Deus. Semelhantemente ocorre com a política. É um dom de Deus em que homens são dotados de uma inclinação para servir aos outros. Enquanto aqueles, de acordo com seus dons cuidarão de suas áreas específicas de ação, estes cuidarão do que todos precisam. Na verdade, a política é uma renúncia do direito de cuidar do que é seu somente, ainda que “este seu” traga benefícios ao outro, para cuidar do que é comum e coletivo. Enquanto o médico e o advogado dedicam-se as suas próprias esferas, é o magistrado que cuidará do que é comum ao médico, ao advogado, ao pastor e ao pedreiro. É este sacrifício próprio em prol de muitos em que a política se afirma, se completa, se realiza e faz sentido. Sem a atividade política não há a plena realização do “Mandato Cultural”.

Cristão: Um Ser Político

É lamentável que as teorias que fomentam a arrevoada dos atuais evangélicos para o campo político sejam tão pobres de sentido e pouco cristãs em sua natureza. Algumas concepções estão presentes neste reinteresse pela política. Primeiro, a concepção do complexo de minoria. Para estes, a igreja sempre foi desprezada e rejeitada e, por ser pequena, nunca ouvida. Assim, tenta-se dar uma resposta à altura, se fazer ouvir e ver. Tenta-se mostrar que a Igreja Evangélica tem vez. A questão é, ouvir o quê? Ver o quê? E vez para quê? Quais são as causas sociais levantadas aqui? Quais as bandeiras ideológicas? Levantar-se do “berço esplêndido” da irrelevância sem ter um projeto de sociedade é apenas corroborar para a idéia que de fato não temos a menor importância.

Em segundo lugar, uma outra concepção que está presente nas atuais investidas políticas dos evangélicos é a “síndrome do messianismo”. Ou seja, achar que, por ser “evangélica”, a ala política assim identificada, uma vez eleita, resolverá todos os males sociais é um erro histórico. Por se considerar representante de Deus, acredita-se que “bons fluidos espirituais” abençoarão a gestão do serviço do poder público de tal maneira que tudo de bom acontecerá ao território. Esta idéia além de falsa é perigosa, pois significa que os movimentos contrários ao poder evangélico são, então, malignos e precisam ser controlados. Eis aí, então, a mãe das posturas inquisitivas e radicais, cometidas nos períodos áureos de poder da Igreja Católica e, atualmente, nos países do Islã.

Um cristão que se sentiu chamado por Deus para servir na política, deverá entender que suas causas não são eclesiásticas ou denominacionais. Seus dons lhes foram concedidos por Deus para servir a sociedade como um todo. Tendo, portanto, a mente de Cristo, uma consciência regenerada e piedosa, o cristão se preocupará com os grandes temas, as grandes aflições de seu povo e de que maneira o mesmo pode ser atendido. Sua fome e sede não serão de fama, dinheiro e prestígio, e sim, de justiça para todos (mesmo os não-cristãos). Sua luta será para o bem dos indivíduos. A opção pelos pobres será uma clara consciência de que estes não são melhores do que os ricos, mas sim, de que a pobreza por eles experimentada os impede o direito à dignidade humana, representada que está, no aceso a saúde, educação, emprego, renda, moradia, cultura e lazer. Portanto, sua opção por este não é para mimá-los, mas sim por entender que são os que mais precisam do estado e que este tem a obrigação de emancipá-los. O cristão luta pelos pobres, porém contra a pobreza. Levantar-se da vida privada e oferecer-se como uma alternativa ao poder público sem ter o alvo da transformação da sociedade em um mundo igualitário e justo é um contra-senso que o cristão comete além de uma ofensa ao Deus que não se agrada da injustiça, da desigualdade e da opressão e que deu aos homens os meios adequados para lutar pelo bem comum. Se Deus espera isso de todos os homens, dos magistrados incrédulos inclusive, que dirá do cristão!

Política: Uma Expressão do Mandato Cultural

Os Reformadores nos séculos XVI e XVII, desenvolveram um dos postulados mais importantes do movimento: “Soli Deo Glória!” (Somente a Deus seja a Glória!), que significa que todo o nosso trabalho, família, faculdades, dons, aspirações, empenho deve ter a finalidade de glorificar a Deus. Portanto, tudo o que sou e faço deve O exaltar nas esferas mais altas da vida. É nesta perspectiva que a política deve ser feita. As ações que visam o bem comum; a luta por igualdade entre os homens; a militância pelo desenvolvimento; a ânsia por progresso econômico; a busca pela dignidade humana; o empenho pela preservação do meio ambiente; o desejo de ver o bem definitivamente reinando sobre os homens, imprimirão nesta sociedade corrompida e sem referenciais os valores do Reino de Deus. Ao trabalhar por moldar o mundo, trazendo-o cativo aos domínios de Cristo, pois, afinal, “o Reino de Deus é tão largo quanto o mundo”, o cristão estará trabalhando pela glória de Deus entre nós. Foi sob esta convicção que muitas das ações filantrópicas na Inglaterra, Alemanha e Suíça, por exemplo, surgiram. A educação pública, os hospitais públicos e muitos bancos populares tiveram suas origens neste contexto de reflexão.

A política, sob o prisma da Teologia Reformada, é boa e necessária. Não é esta que corrompe o homem, e, sim, o contrário. Afinal, disse o Senhor, que é do coração do homem que procedem os maus desígnios (Mt. 15:19). A função do homem regenerado que é chamado por Deus a assumir seu papel nas esferas do poder deve fazê-lo de forma que o mundo veja que há um Criador que, sobre todos e tudo, reina poderosamente no Universo.


Conclusão

Vivemos no Brasil uma oportunidade histórica. O avanço da Igreja Evangélica pode em muito representar uma melhoria nos indicadores sociais, à semelhança do que aconteceu nos países de tradição protestante. Porém, isto só irá acontecer a partir da ruptura da cosmovisão prevalecente no evangelicalismo contemporâneo. Por um lado, há os setores que estabelecem uma cosmovisão maniqueísta da realidade: secular e sacro, sagrado e profano e, com esta dicotomia, demonizam a política. Por outro lado, há os triunfalistas sem projeto, que não querem mais que a igreja seja “calda” e sim “cabeça”. A política para estes não é a arte de promover o bem a todos, mas sim a oportunidade de afirmação no poder. Se tantos gozam do poder, nós, dizem eles, que “somos filhos do Rei”, não só podemos, mas devemos. Entretanto, se a cosmovisão bíblica e reformada for afirmada, se as consciências forem atingidas pelo Evangelho que nos convoca ao compromisso de transformar a sociedade, para que Deus e Seu Filho, Jesus Cristo, reinem poderosa e soberanamente, a igreja no Brasil não perderá a sua oportunidade de ser sal e luz neste mundo! Que assim seja!!!

Soli Deo Glória!!!


Idauro Campos

Texto Publicado em 2008.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Novo Blog

Olá Amigos!

Este é um espaço dos pastores Idauro Campos e Charles Loretti que irão discutir idéias, argumentos, eventos históricos e tudo mais relacionado à Teologia Cristã e à Igreja de Jesus Cristo.

Esperamos ser uma bela e produtiva caminhada!!!

Convidamos você a Teologar com agente, afinal nossa teologia é Entre Amigos!!!

Idauro Campos e Charles Loretti.