Por: Idauro Campos
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; 21 E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; 23 Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1.18-23).
Introdução
Mateus escreve para Judeus. Seu Evangelho é apresentado numa perspectiva real, isto é, sua ênfase é que Jesus Cristo é o Rei há muito esperado, e que seu nascimento traz o Reino de Deus a este mundo (4.17; 5.3). Israel na ocasião do nascimento de Cristo estava sob o jugo do Império Romano e não seria improvável que muitos judeus à época discernissem a situação política em que viviam como um castigo de Deus aos pecados cometidos pelo povo no passado. Destarte, o Messias aguardado catalisava a esperança popular de uma libertação política. Muitos aguardavam o Messias como um guerreiro, à semelhança de Josué, despojando os exércitos inimigos, conquistando a soberania nacional, acreditando que a subserviência a Roma fosse o maior problema que a nação enfrentava. Entretanto, Jesus Cristo, não veio somente para os judeus e muito menos para provir uma libertação político-administrativa. Sua obra seria maior! Seu Reino está além de qualquer extensão territorial e governo geopolítico!
Destarte, o que representaria, então, o nascimento de Jesus?
1. A Salvação dos Pecados (vs 21):
“Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
O maior problema da nação israelense não era o jugo político. Seu maior inimigo não era a tirania romana. De nada adiantaria uma guerra vitoriosa empreendida contra Império Romano, pois a grande necessidade do povo judeu, assim como a de todos os homens, era e é a vitória sobre o pecado. É o pecado que atrai sobre o homem todas as mazelas de sua existência. É o pecado que separa o homem do seu Criador. É o que causa a morte espiritual que todos os homens sem Cristo estão destinados a enfrentar. A Escravidão moral que o ser humano experimenta é a raiz da inveja, das guerras, dos assassinatos, do ódio, das disputas existentes entre os povos. Todas as crises pelas quais as pessoas passam, a despeito das teorias dos analistas e psicólogos, tem como fundamento a natureza corrompida do homem. Este sim é o grande inimigo a ser derrotado. A situação política de Israel era conseqüência do pecado da desobediência que durante séculos o povo praticara. Tudo que experimentamos de negativo em nossa existência tem como sitz in leben (o pano de fundo) a nossa natureza adâmica, escrava do pecado.
O nascimento de Jesus Cristo representou a vitória sobre o pecado. Era a nossa salvação. O inimigo podia, então, ser derrotado definitivamente. Com o nascimento de Jesus Cristo a vitória sobre o pecado era apenas uma questão de tempo, afinal o anjo declarou: “Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
2. O Cumprimento da Promessa (vs 22):
“Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta”
O nascimento de Jesus Cristo fora anunciado muitas por vários profetas, especialmente Isaias (o evangelista do Antigo Testamento), 700 anos antes, aproximadamente. Deus, então, cumpriu a sua promessa de enviar um menino, cujo governo eterno estaria sobre seus ombros e que seria conhecido como Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Is 9.6-7).
Deus prometeu salvar o seu povo. Ele cumpriu a sua promessa. Finalmente, o Salvador estava entre os homens.
O nascimento de Cristo é uma portentosa demonstração de que Deus sempre cumpri o que promete. A Palavra de Deus não falha. Prometeu no Éden um descendente da mulher que derrotasse definitivamente a serpente, instrumento da queda do homem (Gn 3.15). Ele cumpriu! Prometeu a Abraão que nele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12.3). Ele cumpriu! Prometeu a Moisés que o sangue do Cordeiro Pascoal salvaria o povo do juízo divino (Ex 12.13). Ele cumpriu! Prometeu um futuro glorioso ao seu povo (Is 54.1-17; Jl 2.21-27). Ele, em Cristo, cumpriu e. no tempo cumprirá, quando entrarmos definitivamente na Nova Jerusalém (Ap 21.1-27).
Vivemos em tempos onde há uma crise de confiabilidade. Não acreditamos mais uns nos outros. Homens descumprem contratos. Partidos rompem acordos. Casais não cumprem os votos matrimoniais. A palavra firmada e as promessas feitas entre as pessoas nem sempre são cumpridas. Através do nascimento do Senhor, além da maior bênção contida neste evento que é a salvação, temos a demonstração de que nosso Deus é realmente fiel e confiável. Se Ele disse, se cumprirá. Se Ele prometeu, nos dará. É, portanto, digno de toda a confiança. Podemos depositar nossas vidas em suas mãos e crer nas suas palavras, pois cuidará de cumpri-las. Ele não falha!
3. Um Deus que se importa (Emanuel):
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (vs 23).
Onde está Deus na hora do sofrimento? Esta é uma pergunta, às vezes honesta, ora irônica e, em outras ocasiões, tão somente retórica, que muitos se fazem diante da dor e do drama humanos. Onde está Deus? Onde Deus está na hora da fome, no momento do suicídio do desesperado ou do diagnóstico do câncer? Sim. Onde Ele estava no trajeto da bala perdida que tirou a vida da mulher grávida? Onde Ele está na hora do terremoto, do acidente fatal, do assassinato frio e calculado ou no estupro da adolescente? Onde Ele está nos meses de desemprego? Ou nos gritos e gemidos de quem presenciou a Tsunami? Sim. Onde Deus está? João, há 2000 anos, respondeu a pergunta que ecoa nos séculos: Ele está conosco! Ele está entre nós! Ele é Emanuel: O Deus conosco! Sim. João estava certo! O Verbo montou a sua tenda (tabernaculou) entre nós! E por quê? Simples. Ele se importa conosco!
Deus não é impassível. Um juiz implacável. Um déspota celestial. Não! Deus ama os homens. Ele se importa conosco. Ele está perto de nós. Não se distancia das suas criaturas, ainda que tropecem e errem frequentemente. Mas, a despeito, as ama profundamente. Ele revela isso ao enviar Jesus Cristo para andar entre os homens. “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14), é a boa notícia trazida por João.
O nascimento de Jesus Cristo representa a companhia permanente de Deus. Não estamos sozinhos neste universo. Não fomos desamparados pelo Criador. Não dependemos do destino ou da sorte para vivermos. O Senhor, o Guia, o Bom Pastor, que conduz suas ovelhas ao aprisco, habita em nosso meio. Que maravilhosa notícia! Ele se identifica conosco. Sentiu sede (João 19.29). Sentiu fome (Mateus 21.19). Chorou (João 11.35). Sentiu dores (Is 53.3). Sabe, portanto, o que é sofrimento e, por isso, não deixa sós (Mt 28.20).
CONCLUSÃO
Deus se importa conosco! A letra da canção que diz: “mas, apesar da glória que tens Tu te importas comigo também...” é uma das mais belas verdades do Evangelho. Jesus Cristo está entre nós. Nunca nos deixará! O Senhor habita no meio do seu povo. Hoje Ele habita por meio do seu Espírito e aguardamos aquele grande dia em que das nuvens Ele virá nos buscar e, então, estaremos fisicamente perto d’Ele para sempre (I Ts 4.17). Consolai-vos, pois uns aos outros com estas palavras (1Ts 4.18). Amém!!!
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