sábado, 1 de outubro de 2011

Breve Comentário do O Ponto de Mutação ( Fritjof Capra) e

Por: Idauro Campos

1. PARTE: COMENTÀRIO DE O PONTO DE MUTAÇÃO:

1. Qual a interpelação presente no texto:




2. RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG



1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?


2- Como entender a continuidade na mesma verdade?


3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?





PARTE I - O PONTO DE MUTAÇÃO

1. Qual a interpelação presente no texto:




De acordo com Fritjof Capra o mundo vive em fase de transição. Esta é descrita por muitos, como uma era de colapso mundial. Tal colapso está evidenciado em uma série de acontecimentos, onde podemos destacá-los:

1 – Ameaça nuclear em face da polarização das nações mais poderosas do mundo1, com altíssimo custo financeiro e econômico para seus protagonistas;

2. Ameaça nuclear diante de acidentes em usinas geradoras de energia e que colocariam em risco cidades inteiras;



3. Poluição produzida pelo desenvolvimento não sustentável dos países mais ricos do mundo, destruindo nossas reservas, piorando a qualidade do ar e do meio ambiente em todo o planeta;




4. Comprometimento da saúde das populações das grandes e pequenas cidades ao redor do mundo em razão de alimentos e de nossas fontes de água contaminadas. Sem falar das doenças produzidas em reflexo ao avanço econômico, tais como as cardíacas, cânceres e derrames;



5. Tecnologia empregada sem a devida reflexão do impacto causado ao meio ambiente e o custo que tal emprego está causando ao Planeta;



6. Anomalias econômicas, como inflação galopante, desemprego maciço e péssima distribuição de renda;




7. Incapacidade intelectual para tratar das demandas mundiais acima descritas.




Para o autor o cenário é de confusão, descrença e caos que apontam para a mudança de estágio, comum a todas as civilizações conhecidas, porquanto em períodos de transição cultural, como os já experimentados, tais reflexos de decadência, perdição e crise foram comuns. Caso contrário, a mudança, a substituição dos modelos vigorantes não ocorreriam. Destarte, a catástrofe da civilização contemporânea é a manifestação da morte de um paradigma para a instauração de um novo. Sem crise a morte não ocorre. Sem esta o novo modelo não se estabelece. E a história não progride.

No que tange a civilização contemporânea, Capra nos interpela com três insights sobre a transição que será experimentada por cada um de nós. Tais insights dão forma à mudança de nossa cosmovisão. E o mundo, então, conforme acredita, não será mais o mesmo.

Primeiro insight é sobre o declínio da perspectiva patriarcal. A força masculina dirigiu as civilizações até onde sabemos e moldou os valores culturais, políticos, econômicos, filosóficos, sociais e religiosos. É um sistema que resistiu ao tempo, mas, está em colapso em face do avanço do feminismo, do lugar da mulher na sociedade e da mudança de papeis que o movimento vem impondo à sociedade contemporânea.

Um segundo insight que Capra no oferece sobre a transição testemunhada pela civilização contemporânea ocorre com os combustíveis fosseis. Explorados desde a aurora da modernidade, responsável pela industrialização das nações, assim como o seu enriquecimento, produzindo efeitos devastadores (muitos ainda não experimentados), a despeito de todo o progresso que trouxe. Com o inevitável esgotamento destes recursos a mundo presenciará a busca por novas formas de energia, com sugestão especial para a solar, causando transformações econômicas e sociais.

Finalmente, Capra nos adverte quanto à mudança de paradigma. O mundo moderno reconhecia o método científico, fruto do iluminismo e da revolução industrial, como o critério da verdade e fonte segura de acesso ao conhecimento. Os desdobramentos desta compreensão foram o conceito de universo preso em um sistema mecânico e previsível, a idéia de sociedades que lutam pela existência / domínio, fé em um progresso material ininterrupto e inevitável sucesso econômico e tecnológico. Entretanto, esta abordagem está sendo abandonada, porquanto os padrões não são tão fixos assim. Existe uma flutuação de valores. Esse é o novo paradigma. As civilizações, conforme Capra nos remete ao citar Iterem Surubim, viverão as tensões típicas aos períodos cíclicos que fazem a história marchar. Estes períodos são caracterizados pela ênfase ora na matéria, ora na transcendentalidade, ora na harmonia entre as duas primeiras forças. E é essa flutuação de forças e valores que movimentam as civilizações no decorrer dos séculos.


Fritjof Capra nos adverte que este processo é inevitável, sendo, inclusive, o responsável pela ascensão e queda de impérios mundiais. Tais transformações não podem ser evitadas. Na verdade, precisam ser reconhecidas para que nossa adaptação não seja dolorida. Eis, então, aqui, um desafio à Igreja e à Teologia.


Conclusão:


Diante do cenário construído, à luz das premissas de Capra, há algo que a Igreja deva fazer? A adaptação seria a saída? Ou o enfrentamento, pelo contrário, seria mais profético? A igreja será engolida pela inevitável transição à qual a história está destinada?

Talvez a pós-modernidade seja a grande oportunidade e última da Igreja. Pois, com sua mensagem da singularidade de Cristo e exclusivismo soteriológico não seria o contra-ponto necessário ao relativismo que a transição da sociedade contemporânea precisa? Não seria tarefa da reflexão cristã, então, a mensagem de norte e orientação que o mundo precisa? É realmente necessário cruzar os braços diante da desintegração da sociedade? Se somos aptos a entender o processo em curso e capazes de olhar historicamente e decodificar os acontecimentos que nossos antepassados não conseguiram, pois não dispunham das ferramentas que temos hoje, não podemos oferecer uma alternativa a este movimento? Estamos condenados à mera contemplação? Eis uma questão a ser pensada e respondida!




II-Parte – RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG

1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?

2- Como entender a continuidade na mesma verdade?

3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?




1. Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?


O paralelismo da mudança paradigmática nas ciências e na teologia acontece através da crise nos modelos científicos e teológicos. Destarte, assim como houve crise nas formulações da compreensão da física com Copérnico, na química com Lavoisier e novamente na física com Einstein, assim, semelhantemente, ocorreu na teologia, pois novas metodologias teológicas ganharam corpo quando os antigos sistemas entraram em colapso. Portanto, Hans Kung, adverte de que novos modelos teológicos assumiram seu lugar na história da disciplina à medida que saíram de cena gradativamente a antiga compreensão escatológica iminente, a apologética, as formulações de Irineu, assim como de Tertuliano, Orígenes e Clemente, passando também pela ascensão e ocaso das teologias de Agostinho, de Tomás de Aquino, assim como também a ortodoxia da Reforma Protestante. Ou seja, tanto nas ciências, como na teologia, o novo modelo metodológico com todo seu arcabouço de compreensão da realidade, foi estabelecido sempre diante da crise de sistemas estabelecidos que, fragmentados, deram lugar ao novo paradigma.




2. Como entender a continuidade na mesma verdade?



Hans Kung está convencido de que na mudança de paradigma não há a necessidade de ruptura total e radical com os antigos sistemas de compreensão. Na verdade, acredita na plena possibilidade de contribuição do que é tradicional com o novo. Não sendo útil a total descontinuidade, assim como também, a radical continuidade. O ideal é que os novos modelos carreguem parte das compreensões já estabelecidas através dos séculos. Portanto, o novo paradigma contribui com o antigo e recebe deste também seus depósitos. Isto é tanto possível na teologia como nas ciências, conforme acredita Kung.


3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?

Os grandes modelos científicos e seus principais personagens emprestam peso e importância nas formulações científicas. Na teologia, todavia, esta influência existe no que tange aos Pais da Igreja e teólogos clássicos, mas suas contribuições são secundárias, porquanto o texto sagrado é a norma de autoridade final para a teologia. É do “testemunho primitivo”, conforme salienta Kung, onde repousa a âncora da teologia.

Uma segunda diferença é que as crises sócio-políticas e a situação histórica, tão influentes nas ciências, podem sim gerar transformações nos campos teológicos. Entretanto, a teologia é também influenciada pela experiência espiritual e seus agentes podem ser afetados pela mesma de forma imediata e pessoal, produzindo, então, mudanças nos instrumentos teológicos, como no caso de Martinho Lutero, por exemplo. Algo incomum às ciências, mas presente nos domínios da teologia.

Outra questão importante é que na teologia o testemunho primitivo é de peso tal que o novo paradigma encontra mais resistência em se estabelecer. Contudo, não significa a impossibilidade da absorção do novo, sendo até provável, desde que não contradiga os valores tradicionais básicos e fundamentais da teologia, conforme concebida na era inicial da igreja.

Finalmente, diferentemente da neutralidade possível e, às vezes, exigente no campo das ciências, há, na teologia, a tendência à conversão a um modelo, visto como melhor ou mais cristão. O novo paradigma corre o risco, então, se interpretado como infiel ou herege e seu sistema ser rejeitado na íntegra antes mesmo de ser compreendido. Consequentemente, quando o modelo é rejeitado é tratado pela perspectiva da condenação. Quando aceito (se aceito), vira tradição. Portanto, a reflexão teológica é mais passional do que as a científica e por isso mesmo quando o modelo científico é arquivado o mesmo ocorre por pura conclusão científica, diferentemente da teologia que quando marginaliza um modelo, termina por persegui-lo, criticá-lo violentamente. A teologia é passional.



REFERÊNCIAS

CAPRA, FRITJOF. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix, 1983.

KUNG, HANS. Teologia a Caminho: Fundamentação Para o Diálogo Ecumênico. São Paulo: Paulinas, 1998.

Nenhum comentário:

Postar um comentário