Por: Robinson Cavalcanti
A palavra “evangélicos” aparece em três sentidos: no sentido amplo, europeu, é apenas sinônimo de protestante; no sentido amplíssimo, latinoamericano, é sinônimo de todo cristão não-católico romano (o IBGE inclui, até, mórmons e testemunhas de Jeová); outro, restrito, específico, no sentido inglês, representa uma vertente da Igreja com ênfase no relacionamento pessoal com Cristo, em reação a uma religião estatal e sacramentalista.
Embora o termo “evangélico” seja encontrado na Patrística e na Reforma, ele adquire um conceito mais claro e se torna um movimento na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII e primeira metade do século XIX, culminando com a organização da primeira Aliança Evangélica em 1847. Resgatando uma herança que vem de Wycliffe, no século XIV, chegando até os Avivamentos, passando pela confessionalidade reformada, o puritanismo e o pietismo, deságua no movimento missionário do século XIX, do qual foi a sua proposta principal. A escatologia do movimento missionário ou era posmilenista ou amilenista, com clara opção por uma participação social e uma influência histórica.
J. I. Packer destaca como marcas do evangelicalismo:
1. A Autoridade das Sagradas Escrituras;
2. A Pecaminosidade da Raça Humana;
3. A Expiação por Cristo na Cruz;
4. A Necessidade de Conversão, ou experiência de Novo Nascimento;
5. O Mandato Missionário Imperativo para todos os Cristãos. No contexto inglês do século XIX, se poderia acrescentar um sexto item: a Responsabilidade Social.
Evangélicos no Brasil
As missões protestantes históricas que se estabeleceram no Brasil entre 1855 e 1901 foram todas marcadas por uma identidade evangélica, o que significava um alto grau de consenso teológico, a despeito de diferenças periféricas, como sentido e forma dos sacramentos/ordenanças ou formas de governo eclesiástico. Esse consenso foi mantido entre as igrejas históricas brasileiras por mais de um século. Ele foi reforçado com a reação do Congresso do Panamá, de 1916, a equivocada decisão do Congresso Ecumênico de Edimburgo, de 1910, de excluir a América Latina do esforço missionário, por se tratar de um “continente cristão”. No Panamá se reafirmou a necessidade de se evangelizar – e em unidade – a América Latina com seu cristianismo nominal e sincrético. Por alguns anos uma entidade produziu um material de Escola Bíblica Dominical para a maioria das denominações, reforçando esse lastro comum, também implementado pela teologia do que se cantava nas igrejas, a partir do primeiro hinário, o “Salmos e Hinos”, compilados pela pioneira congregacional Sarah Kalley.
O principal instrumento de identidade e unidade desse período foi a Confederação Evangélica, que funcionou como importante elemento aglutinador e representativo do protestantismo nacional entre 1934 e 1964.
O dissenso protestante começa com a chegada do pentecostalismo de vertente “branca” (isolacionista, pré-minilenista/pré-tribulacionista) nos anos 1910, já refletindo as controvérsias norte-americanas da época, a partir do fundamentalismo, que começou como um movimento confessional em reação ao Liberalismo, mas, que, posteriormente, degenerou em uma ideologia sectária, anti-intelectual, e, até racista. O fundamentalismo inicial tinha as mesmas ênfases do evangelicalismo inglês dos séculos anteriores, adicionando-se os milagres e a segunda vinda.
A presença do liberalismo no Brasil foi muito periférica, e a do fundamentalismo, posterior e lenta (embora fundamentalismo e evangelicalismo compartilhem de doutrinas básicas comuns). Como a América Latina, a maioria das igrejas brasileiras optou por não se envolver com os três Conselhos Ecumênicos mundiais, mas foram afetadas pelas tensões ideológicas da Guerra Fria, e muito afetadas pelo ciclo de regimes militares no continente.
A Fraternidade Teológica Latino-americana (FTL) surge no início dos anos 1970 como uma escola de pensamento evangélico tomando o continente e seus problemas a sério e em abertura para a contribuição das Ciências Sociais. Nos Estados Unidos, no pós-Segunda Guerra Mundial, surge o movimento neo-evangélico como reação moderada aos exageros do fundamentalismo, editando a revista “Christianity Today” e motivando a realização do Congresso de Evangelismo de Berlim, 1966, gênese do que seria, a partir do evento de 1974, o Movimento de Lausanne, inicialmente não bem recebido no Brasil, por ser considerado avançado demais pelos conservadores e moderado demais pelos avançados.
A Confederação Evangélica havia sido fechada durante do regime militar e ficamos muitos anos sem um órgão aglutinador e promotor da unidade. Os congressos brasileiros e nordestino de evangelização irão sinalizar um novo tempo, que se desdobra com a criação da AEvB (Associação Evangélica Brasileira), que marca época, mas sofre uma crise insanável em decorrência da personalização da sua liderança, criando novo vácuo, em uma igreja já marcada por uma amnésia histórica, com a Escola Dominical enfraquecida e a teologia evangélica dos hinários substituída pela vagas odes/mantra a uma divindade monoteísta promotora de bênçãos individuais que marcam o “louvor” atual, em um declínio do consenso, agravado pela chegada da Teologia da Batalha Espiritual, da Teologia da Prosperidade e pela fragmentação denominacionalista, com a racionalidade institucional cada vez mais substituída pelas lideranças carismáticas caudilhescas e o surgimento de “dinastias eclesiásticas”.
É com esse pano de fundo que estamos criando a Aliança Evangélica, que se espera seja uma herdeira atualizada e brasileira da Aliança Inglesa de 1847 e suas marcas confessionais inegociáveis.
O quadro fracionado, confuso e divergente do protestantismo brasileiro não faz prever a criação de uma barca, onde caibam todos os bichos, mas de uma frotilha, onde o nosso barco, de início modesto, pretende estar aberta aos evangélicos, crentes e éticos, comprometidos com a identidade e a unidade sonhada pelo Senhor da Igreja.
As ações do nosso presente e os planos para o nosso futuro não poderão se dar sem a fidelidade ao legado do passado. Revitalizar o evangelicalismo em unidade, a despeito dos óbices da época (individualismo, subjetivismo, relativismo, hedonismo) é a nossa tarefa, ajudando-nos o Senhor.
sábado, 10 de dezembro de 2011
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
Os Calvinistas Estão Chegando
Por: Augustus Nicodemus Lopes
O crescimento do interesse pela fé reformada em todo o mundo é um fato que tem sido notado aqui e ali pelos estudiosos de religião. Crescem em toda a parte a publicação de literatura reformada, o ingresso de estudantes em seminários e instituições reformadas, a realização de eventos, o surgimento de novas igrejas e instituições de ensino reformadas e o número de pessoas que se dizem reformadas.
Como se trata de um rótulo, é preciso definir “reformado.” Como já temos dito em outros posts neste blog, por “reformado” entendemos aquele que adere a uma das grandes confissões reformadas produzidas logo após a Reforma protestante no século XVI, aos cinco grandes pontos dessa Reforma, que são Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fides, Solus Christus e Soli Deo Gloria e aos chamados Cinco Pontos do Calvinismo, resumidos no acrônimo TULIP (Depravação total, Eleição incondicional, Expiação limitada, Graça irresistível e Perseverança final). Muito embora alguns não gostem do nome, quem adere a tudo isso acima não deixa ser um calvinista.
Como bem me lembrou Mauro Meister quando eu escrevia esse post, existe um grande número de igrejas que são da "tradição reformada" mas que já não crêem de maneira ortodoxa quanto a estas doutrinas. Geralmente essas igrejas não estão experimentando esse crescimento, mas um esvaziamento, como a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos e outras denominações historicamente ligadas à Reforma, mas que já não professam de forma estrita seus postulados.
Da Coréia, China, Indonésia, por exemplo, chegam relatórios do florescimento calvinista. É claro que o calvinismo acaba recebendo diferentes interpretações e expressões em tantas culturas variadas, mas os pontos centrais estão lá.
Isso não quer dizer que os reformados calvinistas são muito numerosos, comparados com pentecostais e arminianos, por exemplo. O que eu quero dizer é que os relativamente poucos reformados calvinistas têm experimentado um crescimento que já chama a atenção de muitas denominações e tem provocado alertas da parte de seus líderes.
Vejam o que está ocorrendo na maior denominação evangélica dos Estados Unidos, os Batistas do Sul. A prestigiosa revista evangélica Christianity Today trouxe um artigo em que documenta a reintrodução do calvinismo através dos seminários nessa denominação. O ressurgimento do calvinismo entre os Batistas do Sul é mais antigo, leia aqui. Considerados de orientação arminiana de longa data (apesar de alguns documentos fundantes serem calvinistas), os Batistas do Sul estão vendo o calvinismo sendo transmitido nos seminários, não tanto por professores, mas pelos próprios alunos. Alarmada, a Convenção Batista de Oklahoma oficialmente rejeitou a teologia reformada e mandou cópia da condenação para a Comissão Executiva da Convenção Batista do Sul.
De acordo com o artigo da Christianity Today, 10% dos pastores da Convenção já se declaram calvinistas e perto de 30% dos concluintes dos seminários fazem a mesma afirmação. A continuar nesse ritmo, em breve teremos um grande reavivamento calvinista no coração da maior denominação arminiana conservadora dos Estados Unidos. Veja aqui a história de como a doutrina da predestinação chegou a dois seminários arminianos.
A ressurgência calvinista nos Estados Unidos não está ocorrendo somente entre os Batistas, mas entre muitas outras denominações. Leia aqui um artigo da Christianity Today sobre o assunto. Um dos motores é o ministério de pastores reformados populares, como John Piper, R. C. Sproul, Mark Driscoll, J. C. Mahaney, Paul Washer e John MacArthur, entre outros. Os eventos promovidos por eles recebem milhares de pastores de todas as denominações e seus livros são traduzidos em dezenas de línguas, inclusive em português. No Brasil temos quase todos os títulos destes autores.
Em menor escala, estamos assistindo ao mesmo processo em meio aos batistas brasileiros. Cresce o número de batistas interessados na teologia reformada. Recentemente assistimos à formação da Comunhão Batista Reformada, composta de batistas calvinistas que não conseguiam mais espaço em suas convenções para expressarem as suas opiniões.
Mas, o interesse maior na fé reformada no Brasil parece ser da parte dos pentecostais. Cresce a presença de pastores e líderes pentecostais nos grandes eventos reformados no Brasil. Cresce também o número de pentecostais que estão adquirindo literatura reformada. E cresce o número de igrejas pentecostais independentes que estão nascendo já com uma teologia influenciada pelo calvinismo. Algumas denominações pentecostais também vêm recebendo a influência calvinista a passos largos. Tenho tido o privilégio de pregar e ministrar palestras em eventos de grande proporção organizados por instituições pentecostais interessadas em explorar os grandes temas reformados.
O ministério de editoras que publicam material reformado, como a Editora Cultura Cristã, a Fiel e a Publicações Evangélicas Selecionadas, por exemplo, tem servido para colocar as obras de reformados brasileiros e internacionais nas mãos dos evangélicos brasileiros ávidos por uma teologia consistente, e cansados dos excessos do neopentecostalismo e da aridez do liberalismo teológico.
Não tenho uma explicação definitiva para esse fenômeno do retorno da TULIP, a não ser a de que a providência divina assim o deseja. No mínimo, é curioso que uma fé tão perseguida e odiada como o calvinismo, de repente, passe a ter tanta aceitação. Não há ninguém na história da Igreja tão mal entendido, distorcido, vilipendiado, odiado e amaldiçoado quanto João Calvino. Chamado de tirano, déspota, incendiário de hereges, frio, duro, determinista, criador do capitalismo selvagem, Calvino tem sofrido mil mortes nas mãos de seus detratores, os quais, na maioria das vezes, nunca leram sequer uma de suas obras, e que formaram sua opinião lendo obras de terceiros.
Somente espero que, à medida que o movimento cresça no Brasil, os reformados aprendam a reter o que é essencial e bíblico na Reforma, sem tornar em matéria de fé aquilo que pertenceu a séculos passados em outras culturas, como, infelizmente, já tem acontecido no Brasil com alguns grupos. Que eles lembrem que a fé bíblica, que é a fé da Reforma, também pode se expressar dentro da rica e variada cultura brasileira.
O crescimento do interesse pela fé reformada em todo o mundo é um fato que tem sido notado aqui e ali pelos estudiosos de religião. Crescem em toda a parte a publicação de literatura reformada, o ingresso de estudantes em seminários e instituições reformadas, a realização de eventos, o surgimento de novas igrejas e instituições de ensino reformadas e o número de pessoas que se dizem reformadas.
Como se trata de um rótulo, é preciso definir “reformado.” Como já temos dito em outros posts neste blog, por “reformado” entendemos aquele que adere a uma das grandes confissões reformadas produzidas logo após a Reforma protestante no século XVI, aos cinco grandes pontos dessa Reforma, que são Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fides, Solus Christus e Soli Deo Gloria e aos chamados Cinco Pontos do Calvinismo, resumidos no acrônimo TULIP (Depravação total, Eleição incondicional, Expiação limitada, Graça irresistível e Perseverança final). Muito embora alguns não gostem do nome, quem adere a tudo isso acima não deixa ser um calvinista.
Como bem me lembrou Mauro Meister quando eu escrevia esse post, existe um grande número de igrejas que são da "tradição reformada" mas que já não crêem de maneira ortodoxa quanto a estas doutrinas. Geralmente essas igrejas não estão experimentando esse crescimento, mas um esvaziamento, como a Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos e outras denominações historicamente ligadas à Reforma, mas que já não professam de forma estrita seus postulados.
Da Coréia, China, Indonésia, por exemplo, chegam relatórios do florescimento calvinista. É claro que o calvinismo acaba recebendo diferentes interpretações e expressões em tantas culturas variadas, mas os pontos centrais estão lá.
Isso não quer dizer que os reformados calvinistas são muito numerosos, comparados com pentecostais e arminianos, por exemplo. O que eu quero dizer é que os relativamente poucos reformados calvinistas têm experimentado um crescimento que já chama a atenção de muitas denominações e tem provocado alertas da parte de seus líderes.
Vejam o que está ocorrendo na maior denominação evangélica dos Estados Unidos, os Batistas do Sul. A prestigiosa revista evangélica Christianity Today trouxe um artigo em que documenta a reintrodução do calvinismo através dos seminários nessa denominação. O ressurgimento do calvinismo entre os Batistas do Sul é mais antigo, leia aqui. Considerados de orientação arminiana de longa data (apesar de alguns documentos fundantes serem calvinistas), os Batistas do Sul estão vendo o calvinismo sendo transmitido nos seminários, não tanto por professores, mas pelos próprios alunos. Alarmada, a Convenção Batista de Oklahoma oficialmente rejeitou a teologia reformada e mandou cópia da condenação para a Comissão Executiva da Convenção Batista do Sul.
De acordo com o artigo da Christianity Today, 10% dos pastores da Convenção já se declaram calvinistas e perto de 30% dos concluintes dos seminários fazem a mesma afirmação. A continuar nesse ritmo, em breve teremos um grande reavivamento calvinista no coração da maior denominação arminiana conservadora dos Estados Unidos. Veja aqui a história de como a doutrina da predestinação chegou a dois seminários arminianos.
A ressurgência calvinista nos Estados Unidos não está ocorrendo somente entre os Batistas, mas entre muitas outras denominações. Leia aqui um artigo da Christianity Today sobre o assunto. Um dos motores é o ministério de pastores reformados populares, como John Piper, R. C. Sproul, Mark Driscoll, J. C. Mahaney, Paul Washer e John MacArthur, entre outros. Os eventos promovidos por eles recebem milhares de pastores de todas as denominações e seus livros são traduzidos em dezenas de línguas, inclusive em português. No Brasil temos quase todos os títulos destes autores.
Em menor escala, estamos assistindo ao mesmo processo em meio aos batistas brasileiros. Cresce o número de batistas interessados na teologia reformada. Recentemente assistimos à formação da Comunhão Batista Reformada, composta de batistas calvinistas que não conseguiam mais espaço em suas convenções para expressarem as suas opiniões.
Mas, o interesse maior na fé reformada no Brasil parece ser da parte dos pentecostais. Cresce a presença de pastores e líderes pentecostais nos grandes eventos reformados no Brasil. Cresce também o número de pentecostais que estão adquirindo literatura reformada. E cresce o número de igrejas pentecostais independentes que estão nascendo já com uma teologia influenciada pelo calvinismo. Algumas denominações pentecostais também vêm recebendo a influência calvinista a passos largos. Tenho tido o privilégio de pregar e ministrar palestras em eventos de grande proporção organizados por instituições pentecostais interessadas em explorar os grandes temas reformados.
O ministério de editoras que publicam material reformado, como a Editora Cultura Cristã, a Fiel e a Publicações Evangélicas Selecionadas, por exemplo, tem servido para colocar as obras de reformados brasileiros e internacionais nas mãos dos evangélicos brasileiros ávidos por uma teologia consistente, e cansados dos excessos do neopentecostalismo e da aridez do liberalismo teológico.
Não tenho uma explicação definitiva para esse fenômeno do retorno da TULIP, a não ser a de que a providência divina assim o deseja. No mínimo, é curioso que uma fé tão perseguida e odiada como o calvinismo, de repente, passe a ter tanta aceitação. Não há ninguém na história da Igreja tão mal entendido, distorcido, vilipendiado, odiado e amaldiçoado quanto João Calvino. Chamado de tirano, déspota, incendiário de hereges, frio, duro, determinista, criador do capitalismo selvagem, Calvino tem sofrido mil mortes nas mãos de seus detratores, os quais, na maioria das vezes, nunca leram sequer uma de suas obras, e que formaram sua opinião lendo obras de terceiros.
Somente espero que, à medida que o movimento cresça no Brasil, os reformados aprendam a reter o que é essencial e bíblico na Reforma, sem tornar em matéria de fé aquilo que pertenceu a séculos passados em outras culturas, como, infelizmente, já tem acontecido no Brasil com alguns grupos. Que eles lembrem que a fé bíblica, que é a fé da Reforma, também pode se expressar dentro da rica e variada cultura brasileira.
quarta-feira, 12 de outubro de 2011
História e Contexto do Novo Testamento
1- Religiões do Período Imperial Romano. Helmut Koester. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005. p. 365-391.
Por: Idauro Campos
Uma das características mais interessantes da relação do antigo Império Romano com as suas províncias era a sua tolerância com as religiões praticadas em seus contextos. É interessante porquê podíamos esperar uma postura mais arisca do Império para com os povos dominados.
O Império Romano possuía sua expressão religiosa própria que posteriormente fora influenciada pelas concepções helênicas1, mas que conseguiu manter sua peculiaridade com sua preocupação com a coletividade, a observância ritualística rigorosa, a prática das orações e a consulta aos augures e aos haruspices. Apesar da construção religiosa própria, o Império Romano era aberto às demais religiões, porquanto entendia que o respeito aos cultos oferecidos pelos seus subjugados atrairiam a simpatia das divindades para com o Império.
A tolerância do Império Romano com as religiões estrangeiras somente sofreu abalos e mudanças a partir de 186 a. C. Por ocasião dos escândalos com os bacanais, onde, então, o Senado aumentou suas suspeitas devido aos excessos cometidos nos cerimoniais e até mesmo com a desconfiança de conspiração. Esta foi a origem de uma postura mais moderada que Império adotaria com as religiões estrangeiras.
A relação com o cristianismo foi tornando-se tensa devido ao crescimento do conceito romano de divindade de seu imperador. Embora dentro do Império houvesse quem discutisse quanto à validade do argumento de que o Imperador deveria ser adorado, o fato é que a noção se tornou uma doutrina do Império e este passou a exigir que seus provincianos oferecessem cultos a César, o que seria impossível para o cristianismo fazer, pois como herdeiro do judaísmo, sua teologia era monoteísta, compreendendo que somente Deus é digno de adoração e também porquê fazê-lo seria desonrar a Cristo, a quem acreditavam ser Deus e cuja vinda aguardavam com fiel e vigilante expectativa. Mesmo com o pacifismo dos cristãos e com a boa vontade que demonstravam ter com a ordem pública romana, a relação foi se tornando crítica.
Além do cristianismo, outra religião marcante dentro dos contornos do Império romano, foi o mitraísmo. Cultuado na Índia e difundido na Pérsia, tornou-se a religião de mistério mais praticada no mundo romano, tendo soldados, marinheiros e comerciantes, todos homens, como seus principais adeptos2.
O neopitagorismo também vigorou nos tempos do Império Romano, defendendo o dualismo e a crença na imortalidade da alma.
Neste universo religioso sincrético, também havia espaço para a astrologia e a magia, sua parenta. A primeira estudava os astros, enquanto que a segunda se encarregava de aparelhar os homens com conhecimentos a fim habilitá-los a interagir com as forças da natureza.
Finalmente, o gnosticismo também representou uma força religiosa poderosa nos tempos do Império Romano. Seus axiomas declaravam o mundo como uma tragédia que aprisionou homem, a centelha divina, vitimando-o e que para ser salvo deste caos precisa ser liberto por meio de um conhecimento de sua real condição, sua origem e suas possibilidades soteriológicas. Destarte, através deste conhecimento (gnose), seria, por fim, salvo.
2 – O Desenvolvimento da Religião Grega. Helmut Koester. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005. p. 174-201.
A religiosidade helênica é difusa. Esta característica deriva da pluralidade das religiões de mistérios (ritos sagrados) que marcam o período do helenismo no mundo, assim como da crença em diversas divindades. Sem entender as religiões de mistérios é nos impossível compreender o universo religioso helênico.
As religiões de mistérios possuíam uma distinção clara com os cultos que eram ministrados na Grécia antiga, pois enquanto estes eram públicos, os mistérios eram secretos e introduziam os iniciados em um grupo especial e limitado e que por vezes não se identificavam com as estruturas organizadas da pólis, como mulheres, escravos e estrangeiros3. Somente os integrantes é que conheciam os ritos e que nunca eram revelados publicamente.
As religiões de mistérios se tornaram muito conhecidas, tais como a de Asclépio, Deméter, Core, Cabiros, a Grande Deusa da Samotrácia, Andaina, Isis, Osíris, Ápis, Hórus, Anúbis, Set, Sabázio, Men, Mitra, Cibele e etc. Entretanto, nenhum destes se comparou aos ritos praticados em honra a Dioníso, considerado o deus da fertilidade e dos produtos agrícolas. Suas celebrações eram regadas a vinho, sacrifícios de animais e mulheres praticando omofagia. De acordo com as crenças dos iniciados, Dionísio concedia suas bênçãos, especialmente a imortalidade individual, por meio dos mistérios praticados nas celebrações. Esta imortalidade era pilar da crença em Dioníso que de acordo com o mito o próprio a experimentou através da ressurreição.
A popularidade do culto a Dioniso cresceu intensamente, muito em decorrência de um curioso e vibrante vigor missionário, além dos apelos revolucionários, porquanto seus adeptos se consideravam um outro povo, o movimento era liderado por mulheres e não se distinguiam as classes sociais. Estes conceitos assustaram as autoridades, a ponto de em Roma, por exemplo, que temia a insurgência de um novo Estado, colocar o culto a Dioníso sob suspeição em 186 a.C, perseguindo e até executando seus praticantes.
A violenta perseguição imposta aos adeptos do culto a Dioniso traria consequências aos cristãos, mais de um século depois, pois, como os mesmos se reuniam secretamente por questões de segurança, o cristianismo terminou sendo interpretado pelos romanos como mais uma expressão de uma religião de mistério que deveria, à semelhança de todas as demais, sofrer desconfianças e restrições legais.
3. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Marcelo da Silva Carneiro.
O Judaísmo como seguimento religioso começa após o exílio babilônico, ocorrido no século VI a.C. Foi uma expressão religiosa ética (baseada na Lei), monoteísta e centralizada em seu templo. Aliás, estes, juntos com as sinagogas e a piedade familiar, constituíam nos fundamentos do judaísmo, sendo que os núcleos principais eram o Templo e a Lei. Dentro do movimento religioso existiam grupos que buscavam interpretar a Torah, aplicando-a as suas vidas. As distintas maneiras de viver o judaísmo eram vistas nas posturas e nas concepções teológicas de alguns destes grupos, como os fariseus, os essênios e os saduceus. Todos judeus, com suas raízes dentro da religião oficial, mas que discordavam quanto à forma de se viver a espiritualidade judaica.
Conforme supracitado, a Lei era um dos núcleos da religiosidade judaica e, para conhecê-la contavam tanto com sua forma escrita, mas também valorizam a Tradição Oral (Hagadah e Hallakah). A Lei era vista como a vontade de Deus para os homens e o ideal de vida que todos deveriam perseguir. Estudada no Templo e nas sinagogas (que surgem por causa do período em que o povo sofreu o Cativeiro Babilônico), sua importância era não só para as questões devocionais, mas todos aspectos da vida cotidiana, porquanto havia regulamentações acerca da participação em Festas, sobre casamentos, alimentação e etc.
Para finalizar, outra importante contribuição do judaísmo foi sua relação com o profetismo e o apocalipsismo, pois em virtude dos sofrimentos experimentados em terra estrangeira e das marcas que a experiência deixou, especialmente quanto aos abalos na fé, a profecia ganhou uma nova importância, pois ganhou cores messiânicas (e depois foi canonizada) o que também contribuiu em longo prazo para a construção de toda uma esperança escatológica.
O profetismo judaico no período romano foi tanto oracular como também de ação. O primeiro trazia mensagens de juízo e redenção divinas (João Batista), enquanto que o segundo organizava as massas descontentes com a dominação imperial romana (Teudas e Félix).
Conclusão
O Mundo em que o Novo Testamento é construído é rico, difuso e complexo. As expressões religiosas e culturais da época ajudam a entender as razões pelas quais algumas cartas neotestamentárias foram escritas e o porquê o cristianismo fora perseguido.
Ao analisar os textos foi-nos possível perceber como o Judaísmo contribui com o cristianismo com seu monoteísmo, sua ética legal, seu conceito de canonicidade e suas expectativas messiânicas e escatológicas.
A tolerância religiosa romana explica o porquê do silêncio neotestamentário quanto às dificuldades enfrentadas pelos cristãos frente ao Império Romano. Perseguição imperial houve, mas, mais sob Nero4 (também Domiciano). De acordo com a leitura, as restrições ao cristianismo podem em muito ser creditadas às suspeitas imperiais às religiões de mistérios, que o cristianismo, em algum grau, terminou sendo confundido pelas autoridades romanas.
O helenismo, muito mais do que o Império Romano, representou a principal ameaça ao cristianismo, especialmente no que diz respeito a prática das religiões de mistério. Com muitos adeptos entre os populares, mas também com alguns elementos das classes mais abastadas, tais ritos se difundiram. O próprio gnosticismo foi, de todas, a maior ameaça ao cristianismo. Conceitos gnósticos, ainda que embrionários, são respondidos em textos joaninos e paulinos, revelando-nos quão grande preocupação os apóstolos tiveram em não deixar que a fé cristã fosse confundida e diluída com qualquer prática oculta ou rito misterioso. Posteriormente, já sem os apóstolos, a igreja, através dos pais apostólicos, precisou mais claramente lidar com tais desafios teológicos. A fé cristã, portanto, se estabeleceu diante de um contexto de tensão. Há quem diga que limar a igreja cristã desta realidade é prestar-lhe o desserviço, pois foi mediante os conflitos que o cristianismo, desde os primórdios, floresceu. A teologia Cristã foi construída tendo como contexto histórico controvérsias, perseguições e desconfianças (judaicas, romanas e helênicas) e, a despeito, se impôs, cresceu e venceu. Destarte, nesta perspectiva, cremos e esperamos, a história se repetirá.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Marcelo da Silva. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Apostila de História e Cultura do Novo Testamento. 2010.
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005
Por: Idauro Campos
Uma das características mais interessantes da relação do antigo Império Romano com as suas províncias era a sua tolerância com as religiões praticadas em seus contextos. É interessante porquê podíamos esperar uma postura mais arisca do Império para com os povos dominados.
O Império Romano possuía sua expressão religiosa própria que posteriormente fora influenciada pelas concepções helênicas1, mas que conseguiu manter sua peculiaridade com sua preocupação com a coletividade, a observância ritualística rigorosa, a prática das orações e a consulta aos augures e aos haruspices. Apesar da construção religiosa própria, o Império Romano era aberto às demais religiões, porquanto entendia que o respeito aos cultos oferecidos pelos seus subjugados atrairiam a simpatia das divindades para com o Império.
A tolerância do Império Romano com as religiões estrangeiras somente sofreu abalos e mudanças a partir de 186 a. C. Por ocasião dos escândalos com os bacanais, onde, então, o Senado aumentou suas suspeitas devido aos excessos cometidos nos cerimoniais e até mesmo com a desconfiança de conspiração. Esta foi a origem de uma postura mais moderada que Império adotaria com as religiões estrangeiras.
A relação com o cristianismo foi tornando-se tensa devido ao crescimento do conceito romano de divindade de seu imperador. Embora dentro do Império houvesse quem discutisse quanto à validade do argumento de que o Imperador deveria ser adorado, o fato é que a noção se tornou uma doutrina do Império e este passou a exigir que seus provincianos oferecessem cultos a César, o que seria impossível para o cristianismo fazer, pois como herdeiro do judaísmo, sua teologia era monoteísta, compreendendo que somente Deus é digno de adoração e também porquê fazê-lo seria desonrar a Cristo, a quem acreditavam ser Deus e cuja vinda aguardavam com fiel e vigilante expectativa. Mesmo com o pacifismo dos cristãos e com a boa vontade que demonstravam ter com a ordem pública romana, a relação foi se tornando crítica.
Além do cristianismo, outra religião marcante dentro dos contornos do Império romano, foi o mitraísmo. Cultuado na Índia e difundido na Pérsia, tornou-se a religião de mistério mais praticada no mundo romano, tendo soldados, marinheiros e comerciantes, todos homens, como seus principais adeptos2.
O neopitagorismo também vigorou nos tempos do Império Romano, defendendo o dualismo e a crença na imortalidade da alma.
Neste universo religioso sincrético, também havia espaço para a astrologia e a magia, sua parenta. A primeira estudava os astros, enquanto que a segunda se encarregava de aparelhar os homens com conhecimentos a fim habilitá-los a interagir com as forças da natureza.
Finalmente, o gnosticismo também representou uma força religiosa poderosa nos tempos do Império Romano. Seus axiomas declaravam o mundo como uma tragédia que aprisionou homem, a centelha divina, vitimando-o e que para ser salvo deste caos precisa ser liberto por meio de um conhecimento de sua real condição, sua origem e suas possibilidades soteriológicas. Destarte, através deste conhecimento (gnose), seria, por fim, salvo.
2 – O Desenvolvimento da Religião Grega. Helmut Koester. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005. p. 174-201.
A religiosidade helênica é difusa. Esta característica deriva da pluralidade das religiões de mistérios (ritos sagrados) que marcam o período do helenismo no mundo, assim como da crença em diversas divindades. Sem entender as religiões de mistérios é nos impossível compreender o universo religioso helênico.
As religiões de mistérios possuíam uma distinção clara com os cultos que eram ministrados na Grécia antiga, pois enquanto estes eram públicos, os mistérios eram secretos e introduziam os iniciados em um grupo especial e limitado e que por vezes não se identificavam com as estruturas organizadas da pólis, como mulheres, escravos e estrangeiros3. Somente os integrantes é que conheciam os ritos e que nunca eram revelados publicamente.
As religiões de mistérios se tornaram muito conhecidas, tais como a de Asclépio, Deméter, Core, Cabiros, a Grande Deusa da Samotrácia, Andaina, Isis, Osíris, Ápis, Hórus, Anúbis, Set, Sabázio, Men, Mitra, Cibele e etc. Entretanto, nenhum destes se comparou aos ritos praticados em honra a Dioníso, considerado o deus da fertilidade e dos produtos agrícolas. Suas celebrações eram regadas a vinho, sacrifícios de animais e mulheres praticando omofagia. De acordo com as crenças dos iniciados, Dionísio concedia suas bênçãos, especialmente a imortalidade individual, por meio dos mistérios praticados nas celebrações. Esta imortalidade era pilar da crença em Dioníso que de acordo com o mito o próprio a experimentou através da ressurreição.
A popularidade do culto a Dioniso cresceu intensamente, muito em decorrência de um curioso e vibrante vigor missionário, além dos apelos revolucionários, porquanto seus adeptos se consideravam um outro povo, o movimento era liderado por mulheres e não se distinguiam as classes sociais. Estes conceitos assustaram as autoridades, a ponto de em Roma, por exemplo, que temia a insurgência de um novo Estado, colocar o culto a Dioníso sob suspeição em 186 a.C, perseguindo e até executando seus praticantes.
A violenta perseguição imposta aos adeptos do culto a Dioniso traria consequências aos cristãos, mais de um século depois, pois, como os mesmos se reuniam secretamente por questões de segurança, o cristianismo terminou sendo interpretado pelos romanos como mais uma expressão de uma religião de mistério que deveria, à semelhança de todas as demais, sofrer desconfianças e restrições legais.
3. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Marcelo da Silva Carneiro.
O Judaísmo como seguimento religioso começa após o exílio babilônico, ocorrido no século VI a.C. Foi uma expressão religiosa ética (baseada na Lei), monoteísta e centralizada em seu templo. Aliás, estes, juntos com as sinagogas e a piedade familiar, constituíam nos fundamentos do judaísmo, sendo que os núcleos principais eram o Templo e a Lei. Dentro do movimento religioso existiam grupos que buscavam interpretar a Torah, aplicando-a as suas vidas. As distintas maneiras de viver o judaísmo eram vistas nas posturas e nas concepções teológicas de alguns destes grupos, como os fariseus, os essênios e os saduceus. Todos judeus, com suas raízes dentro da religião oficial, mas que discordavam quanto à forma de se viver a espiritualidade judaica.
Conforme supracitado, a Lei era um dos núcleos da religiosidade judaica e, para conhecê-la contavam tanto com sua forma escrita, mas também valorizam a Tradição Oral (Hagadah e Hallakah). A Lei era vista como a vontade de Deus para os homens e o ideal de vida que todos deveriam perseguir. Estudada no Templo e nas sinagogas (que surgem por causa do período em que o povo sofreu o Cativeiro Babilônico), sua importância era não só para as questões devocionais, mas todos aspectos da vida cotidiana, porquanto havia regulamentações acerca da participação em Festas, sobre casamentos, alimentação e etc.
Para finalizar, outra importante contribuição do judaísmo foi sua relação com o profetismo e o apocalipsismo, pois em virtude dos sofrimentos experimentados em terra estrangeira e das marcas que a experiência deixou, especialmente quanto aos abalos na fé, a profecia ganhou uma nova importância, pois ganhou cores messiânicas (e depois foi canonizada) o que também contribuiu em longo prazo para a construção de toda uma esperança escatológica.
O profetismo judaico no período romano foi tanto oracular como também de ação. O primeiro trazia mensagens de juízo e redenção divinas (João Batista), enquanto que o segundo organizava as massas descontentes com a dominação imperial romana (Teudas e Félix).
Conclusão
O Mundo em que o Novo Testamento é construído é rico, difuso e complexo. As expressões religiosas e culturais da época ajudam a entender as razões pelas quais algumas cartas neotestamentárias foram escritas e o porquê o cristianismo fora perseguido.
Ao analisar os textos foi-nos possível perceber como o Judaísmo contribui com o cristianismo com seu monoteísmo, sua ética legal, seu conceito de canonicidade e suas expectativas messiânicas e escatológicas.
A tolerância religiosa romana explica o porquê do silêncio neotestamentário quanto às dificuldades enfrentadas pelos cristãos frente ao Império Romano. Perseguição imperial houve, mas, mais sob Nero4 (também Domiciano). De acordo com a leitura, as restrições ao cristianismo podem em muito ser creditadas às suspeitas imperiais às religiões de mistérios, que o cristianismo, em algum grau, terminou sendo confundido pelas autoridades romanas.
O helenismo, muito mais do que o Império Romano, representou a principal ameaça ao cristianismo, especialmente no que diz respeito a prática das religiões de mistério. Com muitos adeptos entre os populares, mas também com alguns elementos das classes mais abastadas, tais ritos se difundiram. O próprio gnosticismo foi, de todas, a maior ameaça ao cristianismo. Conceitos gnósticos, ainda que embrionários, são respondidos em textos joaninos e paulinos, revelando-nos quão grande preocupação os apóstolos tiveram em não deixar que a fé cristã fosse confundida e diluída com qualquer prática oculta ou rito misterioso. Posteriormente, já sem os apóstolos, a igreja, através dos pais apostólicos, precisou mais claramente lidar com tais desafios teológicos. A fé cristã, portanto, se estabeleceu diante de um contexto de tensão. Há quem diga que limar a igreja cristã desta realidade é prestar-lhe o desserviço, pois foi mediante os conflitos que o cristianismo, desde os primórdios, floresceu. A teologia Cristã foi construída tendo como contexto histórico controvérsias, perseguições e desconfianças (judaicas, romanas e helênicas) e, a despeito, se impôs, cresceu e venceu. Destarte, nesta perspectiva, cremos e esperamos, a história se repetirá.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Marcelo da Silva. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Apostila de História e Cultura do Novo Testamento. 2010.
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005
1- Religiões do Período Imperial Romano. Helmut Koester. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005. p. 365-391.
Uma das características mais interessantes da relação do antigo Império Romano com as suas províncias era a sua tolerância com as religiões praticadas em seus contextos. É interessante porquê podíamos esperar uma postura mais arisca do Império para com os povos dominados.
O Império Romano possuía sua expressão religiosa própria que posteriormente fora influenciada pelas concepções helênicas1, mas que conseguiu manter sua peculiaridade com sua preocupação com a coletividade, a observância ritualística rigorosa, a prática das orações e a consulta aos augures e aos haruspices. Apesar da construção religiosa própria, o Império Romano era aberto às demais religiões, porquanto entendia que o respeito aos cultos oferecidos pelos seus subjugados atrairiam a simpatia das divindades para com o Império.
A tolerância do Império Romano com as religiões estrangeiras somente sofreu abalos e mudanças a partir de 186 a. C. Por ocasião dos escândalos com os bacanais, onde, então, o Senado aumentou suas suspeitas devido aos excessos cometidos nos cerimoniais e até mesmo com a desconfiança de conspiração. Esta foi a origem de uma postura mais moderada que Império adotaria com as religiões estrangeiras.
A relação com o cristianismo foi tornando-se tensa devido ao crescimento do conceito romano de divindade de seu imperador. Embora dentro do Império houvesse quem discutisse quanto à validade do argumento de que o Imperador deveria ser adorado, o fato é que a noção se tornou uma doutrina do Império e este passou a exigir que seus provincianos oferecessem cultos a César, o que seria impossível para o cristianismo fazer, pois como herdeiro do judaísmo, sua teologia era monoteísta, compreendendo que somente Deus é digno de adoração e também porquê fazê-lo seria desonrar a Cristo, a quem acreditavam ser Deus e cuja vinda aguardavam com fiel e vigilante expectativa. Mesmo com o pacifismo dos cristãos e com a boa vontade que demonstravam ter com a ordem pública romana, a relação foi se tornando crítica.
Além do cristianismo, outra religião marcante dentro dos contornos do Império romano, foi o mitraísmo. Cultuado na Índia e difundido na Pérsia, tornou-se a religião de mistério mais praticada no mundo romano, tendo soldados, marinheiros e comerciantes, todos homens, como seus principais adeptos2.
O neopitagorismo também vigorou nos tempos do Império Romano, defendendo o dualismo e a crença na imortalidade da alma.
Neste universo religioso sincrético, também havia espaço para a astrologia e a magia, sua parenta. A primeira estudava os astros, enquanto que a segunda se encarregava de aparelhar os homens com conhecimentos a fim habilitá-los a interagir com as forças da natureza.
Finalmente, o gnosticismo também representou uma força religiosa poderosa nos tempos do Império Romano. Seus axiomas declaravam o mundo como uma tragédia que aprisionou homem, a centelha divina, vitimando-o e que para ser salvo deste caos precisa ser liberto por meio de um conhecimento de sua real condição, sua origem e suas possibilidades soteriológicas. Destarte, através deste conhecimento (gnose), seria, por fim, salvo.
2 – O Desenvolvimento da Religião Grega. Helmut Koester. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005. p. 174-201.
A religiosidade helênica é difusa. Esta característica deriva da pluralidade das religiões de mistérios (ritos sagrados) que marcam o período do helenismo no mundo, assim como da crença em diversas divindades. Sem entender as religiões de mistérios é nos impossível compreender o universo religioso helênico.
As religiões de mistérios possuíam uma distinção clara com os cultos que eram ministrados na Grécia antiga, pois enquanto estes eram públicos, os mistérios eram secretos e introduziam os iniciados em um grupo especial e limitado e que por vezes não se identificavam com as estruturas organizadas da pólis, como mulheres, escravos e estrangeiros3. Somente os integrantes é que conheciam os ritos e que nunca eram revelados publicamente.
As religiões de mistérios se tornaram muito conhecidas, tais como a de Asclépio, Deméter, Core, Cabiros, a Grande Deusa da Samotrácia, Andaina, Isis, Osíris, Ápis, Hórus, Anúbis, Set, Sabázio, Men, Mitra, Cibele e etc. Entretanto, nenhum destes se comparou aos ritos praticados em honra a Dioníso, considerado o deus da fertilidade e dos produtos agrícolas. Suas celebrações eram regadas a vinho, sacrifícios de animais e mulheres praticando omofagia. De acordo com as crenças dos iniciados, Dionísio concedia suas bênçãos, especialmente a imortalidade individual, por meio dos mistérios praticados nas celebrações. Esta imortalidade era pilar da crença em Dioníso que de acordo com o mito o próprio a experimentou através da ressurreição.
A popularidade do culto a Dioniso cresceu intensamente, muito em decorrência de um curioso e vibrante vigor missionário, além dos apelos revolucionários, porquanto seus adeptos se consideravam um outro povo, o movimento era liderado por mulheres e não se distinguiam as classes sociais. Estes conceitos assustaram as autoridades, a ponto de em Roma, por exemplo, que temia a insurgência de um novo Estado, colocar o culto a Dioníso sob suspeição em 186 a.C, perseguindo e até executando seus praticantes.
A violenta perseguição imposta aos adeptos do culto a Dioniso traria consequências aos cristãos, mais de um século depois, pois, como os mesmos se reuniam secretamente por questões de segurança, o cristianismo terminou sendo interpretado pelos romanos como mais uma expressão de uma religião de mistério que deveria, à semelhança de todas as demais, sofrer desconfianças e restrições legais.
3. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Marcelo da Silva Carneiro.
O Judaísmo como seguimento religioso começa após o exílio babilônico, ocorrido no século VI a.C. Foi uma expressão religiosa ética (baseada na Lei), monoteísta e centralizada em seu templo. Aliás, estes, juntos com as sinagogas e a piedade familiar, constituíam nos fundamentos do judaísmo, sendo que os núcleos principais eram o Templo e a Lei. Dentro do movimento religioso existiam grupos que buscavam interpretar a Torah, aplicando-a as suas vidas. As distintas maneiras de viver o judaísmo eram vistas nas posturas e nas concepções teológicas de alguns destes grupos, como os fariseus, os essênios e os saduceus. Todos judeus, com suas raízes dentro da religião oficial, mas que discordavam quanto à forma de se viver a espiritualidade judaica.
Conforme supracitado, a Lei era um dos núcleos da religiosidade judaica e, para conhecê-la contavam tanto com sua forma escrita, mas também valorizam a Tradição Oral (Hagadah e Hallakah). A Lei era vista como a vontade de Deus para os homens e o ideal de vida que todos deveriam perseguir. Estudada no Templo e nas sinagogas (que surgem por causa do período em que o povo sofreu o Cativeiro Babilônico), sua importância era não só para as questões devocionais, mas todos aspectos da vida cotidiana, porquanto havia regulamentações acerca da participação em Festas, sobre casamentos, alimentação e etc.
Para finalizar, outra importante contribuição do judaísmo foi sua relação com o profetismo e o apocalipsismo, pois em virtude dos sofrimentos experimentados em terra estrangeira e das marcas que a experiência deixou, especialmente quanto aos abalos na fé, a profecia ganhou uma nova importância, pois ganhou cores messiânicas (e depois foi canonizada) o que também contribuiu em longo prazo para a construção de toda uma esperança escatológica.
O profetismo judaico no período romano foi tanto oracular como também de ação. O primeiro trazia mensagens de juízo e redenção divinas (João Batista), enquanto que o segundo organizava as massas descontentes com a dominação imperial romana (Teudas e Félix).
Conclusão
O Mundo em que o Novo Testamento é construído é rico, difuso e complexo. As expressões religiosas e culturais da época ajudam a entender as razões pelas quais algumas cartas neotestamentárias foram escritas e o porquê o cristianismo fora perseguido.
Ao analisar os textos foi-nos possível perceber como o Judaísmo contribui com o cristianismo com seu monoteísmo, sua ética legal, seu conceito de canonicidade e suas expectativas messiânicas e escatológicas.
A tolerância religiosa romana explica o porquê do silêncio neotestamentário quanto às dificuldades enfrentadas pelos cristãos frente ao Império Romano. Perseguição imperial houve, mas, mais sob Nero4 (também Domiciano). De acordo com a leitura, as restrições ao cristianismo podem em muito ser creditadas às suspeitas imperiais às religiões de mistérios, que o cristianismo, em algum grau, terminou sendo confundido pelas autoridades romanas.
O helenismo, muito mais do que o Império Romano, representou a principal ameaça ao cristianismo, especialmente no que diz respeito a prática das religiões de mistério. Com muitos adeptos entre os populares, mas também com alguns elementos das classes mais abastadas, tais ritos se difundiram. O próprio gnosticismo foi, de todas, a maior ameaça ao cristianismo. Conceitos gnósticos, ainda que embrionários, são respondidos em textos joaninos e paulinos, revelando-nos quão grande preocupação os apóstolos tiveram em não deixar que a fé cristã fosse confundida e diluída com qualquer prática oculta ou rito misterioso. Posteriormente, já sem os apóstolos, a igreja, através dos pais apostólicos, precisou mais claramente lidar com tais desafios teológicos. A fé cristã, portanto, se estabeleceu diante de um contexto de tensão. Há quem diga que limar a igreja cristã desta realidade é prestar-lhe o desserviço, pois foi mediante os conflitos que o cristianismo, desde os primórdios, floresceu. A teologia Cristã foi construída tendo como contexto histórico controvérsias, perseguições e desconfianças (judaicas, romanas e helênicas) e, a despeito, se impôs, cresceu e venceu. Destarte, nesta perspectiva, cremos e esperamos, a história se repetirá.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Marcelo da Silva. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Apostila de História e Cultura do Novo Testamento. 2010.
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005
Uma das características mais interessantes da relação do antigo Império Romano com as suas províncias era a sua tolerância com as religiões praticadas em seus contextos. É interessante porquê podíamos esperar uma postura mais arisca do Império para com os povos dominados.
O Império Romano possuía sua expressão religiosa própria que posteriormente fora influenciada pelas concepções helênicas1, mas que conseguiu manter sua peculiaridade com sua preocupação com a coletividade, a observância ritualística rigorosa, a prática das orações e a consulta aos augures e aos haruspices. Apesar da construção religiosa própria, o Império Romano era aberto às demais religiões, porquanto entendia que o respeito aos cultos oferecidos pelos seus subjugados atrairiam a simpatia das divindades para com o Império.
A tolerância do Império Romano com as religiões estrangeiras somente sofreu abalos e mudanças a partir de 186 a. C. Por ocasião dos escândalos com os bacanais, onde, então, o Senado aumentou suas suspeitas devido aos excessos cometidos nos cerimoniais e até mesmo com a desconfiança de conspiração. Esta foi a origem de uma postura mais moderada que Império adotaria com as religiões estrangeiras.
A relação com o cristianismo foi tornando-se tensa devido ao crescimento do conceito romano de divindade de seu imperador. Embora dentro do Império houvesse quem discutisse quanto à validade do argumento de que o Imperador deveria ser adorado, o fato é que a noção se tornou uma doutrina do Império e este passou a exigir que seus provincianos oferecessem cultos a César, o que seria impossível para o cristianismo fazer, pois como herdeiro do judaísmo, sua teologia era monoteísta, compreendendo que somente Deus é digno de adoração e também porquê fazê-lo seria desonrar a Cristo, a quem acreditavam ser Deus e cuja vinda aguardavam com fiel e vigilante expectativa. Mesmo com o pacifismo dos cristãos e com a boa vontade que demonstravam ter com a ordem pública romana, a relação foi se tornando crítica.
Além do cristianismo, outra religião marcante dentro dos contornos do Império romano, foi o mitraísmo. Cultuado na Índia e difundido na Pérsia, tornou-se a religião de mistério mais praticada no mundo romano, tendo soldados, marinheiros e comerciantes, todos homens, como seus principais adeptos2.
O neopitagorismo também vigorou nos tempos do Império Romano, defendendo o dualismo e a crença na imortalidade da alma.
Neste universo religioso sincrético, também havia espaço para a astrologia e a magia, sua parenta. A primeira estudava os astros, enquanto que a segunda se encarregava de aparelhar os homens com conhecimentos a fim habilitá-los a interagir com as forças da natureza.
Finalmente, o gnosticismo também representou uma força religiosa poderosa nos tempos do Império Romano. Seus axiomas declaravam o mundo como uma tragédia que aprisionou homem, a centelha divina, vitimando-o e que para ser salvo deste caos precisa ser liberto por meio de um conhecimento de sua real condição, sua origem e suas possibilidades soteriológicas. Destarte, através deste conhecimento (gnose), seria, por fim, salvo.
2 – O Desenvolvimento da Religião Grega. Helmut Koester. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005. p. 174-201.
A religiosidade helênica é difusa. Esta característica deriva da pluralidade das religiões de mistérios (ritos sagrados) que marcam o período do helenismo no mundo, assim como da crença em diversas divindades. Sem entender as religiões de mistérios é nos impossível compreender o universo religioso helênico.
As religiões de mistérios possuíam uma distinção clara com os cultos que eram ministrados na Grécia antiga, pois enquanto estes eram públicos, os mistérios eram secretos e introduziam os iniciados em um grupo especial e limitado e que por vezes não se identificavam com as estruturas organizadas da pólis, como mulheres, escravos e estrangeiros3. Somente os integrantes é que conheciam os ritos e que nunca eram revelados publicamente.
As religiões de mistérios se tornaram muito conhecidas, tais como a de Asclépio, Deméter, Core, Cabiros, a Grande Deusa da Samotrácia, Andaina, Isis, Osíris, Ápis, Hórus, Anúbis, Set, Sabázio, Men, Mitra, Cibele e etc. Entretanto, nenhum destes se comparou aos ritos praticados em honra a Dioníso, considerado o deus da fertilidade e dos produtos agrícolas. Suas celebrações eram regadas a vinho, sacrifícios de animais e mulheres praticando omofagia. De acordo com as crenças dos iniciados, Dionísio concedia suas bênçãos, especialmente a imortalidade individual, por meio dos mistérios praticados nas celebrações. Esta imortalidade era pilar da crença em Dioníso que de acordo com o mito o próprio a experimentou através da ressurreição.
A popularidade do culto a Dioniso cresceu intensamente, muito em decorrência de um curioso e vibrante vigor missionário, além dos apelos revolucionários, porquanto seus adeptos se consideravam um outro povo, o movimento era liderado por mulheres e não se distinguiam as classes sociais. Estes conceitos assustaram as autoridades, a ponto de em Roma, por exemplo, que temia a insurgência de um novo Estado, colocar o culto a Dioníso sob suspeição em 186 a.C, perseguindo e até executando seus praticantes.
A violenta perseguição imposta aos adeptos do culto a Dioniso traria consequências aos cristãos, mais de um século depois, pois, como os mesmos se reuniam secretamente por questões de segurança, o cristianismo terminou sendo interpretado pelos romanos como mais uma expressão de uma religião de mistério que deveria, à semelhança de todas as demais, sofrer desconfianças e restrições legais.
3. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Marcelo da Silva Carneiro.
O Judaísmo como seguimento religioso começa após o exílio babilônico, ocorrido no século VI a.C. Foi uma expressão religiosa ética (baseada na Lei), monoteísta e centralizada em seu templo. Aliás, estes, juntos com as sinagogas e a piedade familiar, constituíam nos fundamentos do judaísmo, sendo que os núcleos principais eram o Templo e a Lei. Dentro do movimento religioso existiam grupos que buscavam interpretar a Torah, aplicando-a as suas vidas. As distintas maneiras de viver o judaísmo eram vistas nas posturas e nas concepções teológicas de alguns destes grupos, como os fariseus, os essênios e os saduceus. Todos judeus, com suas raízes dentro da religião oficial, mas que discordavam quanto à forma de se viver a espiritualidade judaica.
Conforme supracitado, a Lei era um dos núcleos da religiosidade judaica e, para conhecê-la contavam tanto com sua forma escrita, mas também valorizam a Tradição Oral (Hagadah e Hallakah). A Lei era vista como a vontade de Deus para os homens e o ideal de vida que todos deveriam perseguir. Estudada no Templo e nas sinagogas (que surgem por causa do período em que o povo sofreu o Cativeiro Babilônico), sua importância era não só para as questões devocionais, mas todos aspectos da vida cotidiana, porquanto havia regulamentações acerca da participação em Festas, sobre casamentos, alimentação e etc.
Para finalizar, outra importante contribuição do judaísmo foi sua relação com o profetismo e o apocalipsismo, pois em virtude dos sofrimentos experimentados em terra estrangeira e das marcas que a experiência deixou, especialmente quanto aos abalos na fé, a profecia ganhou uma nova importância, pois ganhou cores messiânicas (e depois foi canonizada) o que também contribuiu em longo prazo para a construção de toda uma esperança escatológica.
O profetismo judaico no período romano foi tanto oracular como também de ação. O primeiro trazia mensagens de juízo e redenção divinas (João Batista), enquanto que o segundo organizava as massas descontentes com a dominação imperial romana (Teudas e Félix).
Conclusão
O Mundo em que o Novo Testamento é construído é rico, difuso e complexo. As expressões religiosas e culturais da época ajudam a entender as razões pelas quais algumas cartas neotestamentárias foram escritas e o porquê o cristianismo fora perseguido.
Ao analisar os textos foi-nos possível perceber como o Judaísmo contribui com o cristianismo com seu monoteísmo, sua ética legal, seu conceito de canonicidade e suas expectativas messiânicas e escatológicas.
A tolerância religiosa romana explica o porquê do silêncio neotestamentário quanto às dificuldades enfrentadas pelos cristãos frente ao Império Romano. Perseguição imperial houve, mas, mais sob Nero4 (também Domiciano). De acordo com a leitura, as restrições ao cristianismo podem em muito ser creditadas às suspeitas imperiais às religiões de mistérios, que o cristianismo, em algum grau, terminou sendo confundido pelas autoridades romanas.
O helenismo, muito mais do que o Império Romano, representou a principal ameaça ao cristianismo, especialmente no que diz respeito a prática das religiões de mistério. Com muitos adeptos entre os populares, mas também com alguns elementos das classes mais abastadas, tais ritos se difundiram. O próprio gnosticismo foi, de todas, a maior ameaça ao cristianismo. Conceitos gnósticos, ainda que embrionários, são respondidos em textos joaninos e paulinos, revelando-nos quão grande preocupação os apóstolos tiveram em não deixar que a fé cristã fosse confundida e diluída com qualquer prática oculta ou rito misterioso. Posteriormente, já sem os apóstolos, a igreja, através dos pais apostólicos, precisou mais claramente lidar com tais desafios teológicos. A fé cristã, portanto, se estabeleceu diante de um contexto de tensão. Há quem diga que limar a igreja cristã desta realidade é prestar-lhe o desserviço, pois foi mediante os conflitos que o cristianismo, desde os primórdios, floresceu. A teologia Cristã foi construída tendo como contexto histórico controvérsias, perseguições e desconfianças (judaicas, romanas e helênicas) e, a despeito, se impôs, cresceu e venceu. Destarte, nesta perspectiva, cremos e esperamos, a história se repetirá.
REFERÊNCIAS
CARNEIRO, Marcelo da Silva. O Judaísmo Pré-rabínico e os diversos messianismos. Apostila de História e Cultura do Novo Testamento. 2010.
KOESTER, Helmut. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulus. 2005
sábado, 1 de outubro de 2011
Breve Comentário do O Ponto de Mutação ( Fritjof Capra) e
Por: Idauro Campos
1. PARTE: COMENTÀRIO DE O PONTO DE MUTAÇÃO:
1. Qual a interpelação presente no texto:
2. RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
PARTE I - O PONTO DE MUTAÇÃO
1. Qual a interpelação presente no texto:
De acordo com Fritjof Capra o mundo vive em fase de transição. Esta é descrita por muitos, como uma era de colapso mundial. Tal colapso está evidenciado em uma série de acontecimentos, onde podemos destacá-los:
1 – Ameaça nuclear em face da polarização das nações mais poderosas do mundo1, com altíssimo custo financeiro e econômico para seus protagonistas;
2. Ameaça nuclear diante de acidentes em usinas geradoras de energia e que colocariam em risco cidades inteiras;
3. Poluição produzida pelo desenvolvimento não sustentável dos países mais ricos do mundo, destruindo nossas reservas, piorando a qualidade do ar e do meio ambiente em todo o planeta;
4. Comprometimento da saúde das populações das grandes e pequenas cidades ao redor do mundo em razão de alimentos e de nossas fontes de água contaminadas. Sem falar das doenças produzidas em reflexo ao avanço econômico, tais como as cardíacas, cânceres e derrames;
5. Tecnologia empregada sem a devida reflexão do impacto causado ao meio ambiente e o custo que tal emprego está causando ao Planeta;
6. Anomalias econômicas, como inflação galopante, desemprego maciço e péssima distribuição de renda;
7. Incapacidade intelectual para tratar das demandas mundiais acima descritas.
Para o autor o cenário é de confusão, descrença e caos que apontam para a mudança de estágio, comum a todas as civilizações conhecidas, porquanto em períodos de transição cultural, como os já experimentados, tais reflexos de decadência, perdição e crise foram comuns. Caso contrário, a mudança, a substituição dos modelos vigorantes não ocorreriam. Destarte, a catástrofe da civilização contemporânea é a manifestação da morte de um paradigma para a instauração de um novo. Sem crise a morte não ocorre. Sem esta o novo modelo não se estabelece. E a história não progride.
No que tange a civilização contemporânea, Capra nos interpela com três insights sobre a transição que será experimentada por cada um de nós. Tais insights dão forma à mudança de nossa cosmovisão. E o mundo, então, conforme acredita, não será mais o mesmo.
Primeiro insight é sobre o declínio da perspectiva patriarcal. A força masculina dirigiu as civilizações até onde sabemos e moldou os valores culturais, políticos, econômicos, filosóficos, sociais e religiosos. É um sistema que resistiu ao tempo, mas, está em colapso em face do avanço do feminismo, do lugar da mulher na sociedade e da mudança de papeis que o movimento vem impondo à sociedade contemporânea.
Um segundo insight que Capra no oferece sobre a transição testemunhada pela civilização contemporânea ocorre com os combustíveis fosseis. Explorados desde a aurora da modernidade, responsável pela industrialização das nações, assim como o seu enriquecimento, produzindo efeitos devastadores (muitos ainda não experimentados), a despeito de todo o progresso que trouxe. Com o inevitável esgotamento destes recursos a mundo presenciará a busca por novas formas de energia, com sugestão especial para a solar, causando transformações econômicas e sociais.
Finalmente, Capra nos adverte quanto à mudança de paradigma. O mundo moderno reconhecia o método científico, fruto do iluminismo e da revolução industrial, como o critério da verdade e fonte segura de acesso ao conhecimento. Os desdobramentos desta compreensão foram o conceito de universo preso em um sistema mecânico e previsível, a idéia de sociedades que lutam pela existência / domínio, fé em um progresso material ininterrupto e inevitável sucesso econômico e tecnológico. Entretanto, esta abordagem está sendo abandonada, porquanto os padrões não são tão fixos assim. Existe uma flutuação de valores. Esse é o novo paradigma. As civilizações, conforme Capra nos remete ao citar Iterem Surubim, viverão as tensões típicas aos períodos cíclicos que fazem a história marchar. Estes períodos são caracterizados pela ênfase ora na matéria, ora na transcendentalidade, ora na harmonia entre as duas primeiras forças. E é essa flutuação de forças e valores que movimentam as civilizações no decorrer dos séculos.
Fritjof Capra nos adverte que este processo é inevitável, sendo, inclusive, o responsável pela ascensão e queda de impérios mundiais. Tais transformações não podem ser evitadas. Na verdade, precisam ser reconhecidas para que nossa adaptação não seja dolorida. Eis, então, aqui, um desafio à Igreja e à Teologia.
Conclusão:
Diante do cenário construído, à luz das premissas de Capra, há algo que a Igreja deva fazer? A adaptação seria a saída? Ou o enfrentamento, pelo contrário, seria mais profético? A igreja será engolida pela inevitável transição à qual a história está destinada?
Talvez a pós-modernidade seja a grande oportunidade e última da Igreja. Pois, com sua mensagem da singularidade de Cristo e exclusivismo soteriológico não seria o contra-ponto necessário ao relativismo que a transição da sociedade contemporânea precisa? Não seria tarefa da reflexão cristã, então, a mensagem de norte e orientação que o mundo precisa? É realmente necessário cruzar os braços diante da desintegração da sociedade? Se somos aptos a entender o processo em curso e capazes de olhar historicamente e decodificar os acontecimentos que nossos antepassados não conseguiram, pois não dispunham das ferramentas que temos hoje, não podemos oferecer uma alternativa a este movimento? Estamos condenados à mera contemplação? Eis uma questão a ser pensada e respondida!
II-Parte – RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
1. Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
O paralelismo da mudança paradigmática nas ciências e na teologia acontece através da crise nos modelos científicos e teológicos. Destarte, assim como houve crise nas formulações da compreensão da física com Copérnico, na química com Lavoisier e novamente na física com Einstein, assim, semelhantemente, ocorreu na teologia, pois novas metodologias teológicas ganharam corpo quando os antigos sistemas entraram em colapso. Portanto, Hans Kung, adverte de que novos modelos teológicos assumiram seu lugar na história da disciplina à medida que saíram de cena gradativamente a antiga compreensão escatológica iminente, a apologética, as formulações de Irineu, assim como de Tertuliano, Orígenes e Clemente, passando também pela ascensão e ocaso das teologias de Agostinho, de Tomás de Aquino, assim como também a ortodoxia da Reforma Protestante. Ou seja, tanto nas ciências, como na teologia, o novo modelo metodológico com todo seu arcabouço de compreensão da realidade, foi estabelecido sempre diante da crise de sistemas estabelecidos que, fragmentados, deram lugar ao novo paradigma.
2. Como entender a continuidade na mesma verdade?
Hans Kung está convencido de que na mudança de paradigma não há a necessidade de ruptura total e radical com os antigos sistemas de compreensão. Na verdade, acredita na plena possibilidade de contribuição do que é tradicional com o novo. Não sendo útil a total descontinuidade, assim como também, a radical continuidade. O ideal é que os novos modelos carreguem parte das compreensões já estabelecidas através dos séculos. Portanto, o novo paradigma contribui com o antigo e recebe deste também seus depósitos. Isto é tanto possível na teologia como nas ciências, conforme acredita Kung.
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
Os grandes modelos científicos e seus principais personagens emprestam peso e importância nas formulações científicas. Na teologia, todavia, esta influência existe no que tange aos Pais da Igreja e teólogos clássicos, mas suas contribuições são secundárias, porquanto o texto sagrado é a norma de autoridade final para a teologia. É do “testemunho primitivo”, conforme salienta Kung, onde repousa a âncora da teologia.
Uma segunda diferença é que as crises sócio-políticas e a situação histórica, tão influentes nas ciências, podem sim gerar transformações nos campos teológicos. Entretanto, a teologia é também influenciada pela experiência espiritual e seus agentes podem ser afetados pela mesma de forma imediata e pessoal, produzindo, então, mudanças nos instrumentos teológicos, como no caso de Martinho Lutero, por exemplo. Algo incomum às ciências, mas presente nos domínios da teologia.
Outra questão importante é que na teologia o testemunho primitivo é de peso tal que o novo paradigma encontra mais resistência em se estabelecer. Contudo, não significa a impossibilidade da absorção do novo, sendo até provável, desde que não contradiga os valores tradicionais básicos e fundamentais da teologia, conforme concebida na era inicial da igreja.
Finalmente, diferentemente da neutralidade possível e, às vezes, exigente no campo das ciências, há, na teologia, a tendência à conversão a um modelo, visto como melhor ou mais cristão. O novo paradigma corre o risco, então, se interpretado como infiel ou herege e seu sistema ser rejeitado na íntegra antes mesmo de ser compreendido. Consequentemente, quando o modelo é rejeitado é tratado pela perspectiva da condenação. Quando aceito (se aceito), vira tradição. Portanto, a reflexão teológica é mais passional do que as a científica e por isso mesmo quando o modelo científico é arquivado o mesmo ocorre por pura conclusão científica, diferentemente da teologia que quando marginaliza um modelo, termina por persegui-lo, criticá-lo violentamente. A teologia é passional.
REFERÊNCIAS
CAPRA, FRITJOF. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix, 1983.
KUNG, HANS. Teologia a Caminho: Fundamentação Para o Diálogo Ecumênico. São Paulo: Paulinas, 1998.
1. PARTE: COMENTÀRIO DE O PONTO DE MUTAÇÃO:
1. Qual a interpelação presente no texto:
2. RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
PARTE I - O PONTO DE MUTAÇÃO
1. Qual a interpelação presente no texto:
De acordo com Fritjof Capra o mundo vive em fase de transição. Esta é descrita por muitos, como uma era de colapso mundial. Tal colapso está evidenciado em uma série de acontecimentos, onde podemos destacá-los:
1 – Ameaça nuclear em face da polarização das nações mais poderosas do mundo1, com altíssimo custo financeiro e econômico para seus protagonistas;
2. Ameaça nuclear diante de acidentes em usinas geradoras de energia e que colocariam em risco cidades inteiras;
3. Poluição produzida pelo desenvolvimento não sustentável dos países mais ricos do mundo, destruindo nossas reservas, piorando a qualidade do ar e do meio ambiente em todo o planeta;
4. Comprometimento da saúde das populações das grandes e pequenas cidades ao redor do mundo em razão de alimentos e de nossas fontes de água contaminadas. Sem falar das doenças produzidas em reflexo ao avanço econômico, tais como as cardíacas, cânceres e derrames;
5. Tecnologia empregada sem a devida reflexão do impacto causado ao meio ambiente e o custo que tal emprego está causando ao Planeta;
6. Anomalias econômicas, como inflação galopante, desemprego maciço e péssima distribuição de renda;
7. Incapacidade intelectual para tratar das demandas mundiais acima descritas.
Para o autor o cenário é de confusão, descrença e caos que apontam para a mudança de estágio, comum a todas as civilizações conhecidas, porquanto em períodos de transição cultural, como os já experimentados, tais reflexos de decadência, perdição e crise foram comuns. Caso contrário, a mudança, a substituição dos modelos vigorantes não ocorreriam. Destarte, a catástrofe da civilização contemporânea é a manifestação da morte de um paradigma para a instauração de um novo. Sem crise a morte não ocorre. Sem esta o novo modelo não se estabelece. E a história não progride.
No que tange a civilização contemporânea, Capra nos interpela com três insights sobre a transição que será experimentada por cada um de nós. Tais insights dão forma à mudança de nossa cosmovisão. E o mundo, então, conforme acredita, não será mais o mesmo.
Primeiro insight é sobre o declínio da perspectiva patriarcal. A força masculina dirigiu as civilizações até onde sabemos e moldou os valores culturais, políticos, econômicos, filosóficos, sociais e religiosos. É um sistema que resistiu ao tempo, mas, está em colapso em face do avanço do feminismo, do lugar da mulher na sociedade e da mudança de papeis que o movimento vem impondo à sociedade contemporânea.
Um segundo insight que Capra no oferece sobre a transição testemunhada pela civilização contemporânea ocorre com os combustíveis fosseis. Explorados desde a aurora da modernidade, responsável pela industrialização das nações, assim como o seu enriquecimento, produzindo efeitos devastadores (muitos ainda não experimentados), a despeito de todo o progresso que trouxe. Com o inevitável esgotamento destes recursos a mundo presenciará a busca por novas formas de energia, com sugestão especial para a solar, causando transformações econômicas e sociais.
Finalmente, Capra nos adverte quanto à mudança de paradigma. O mundo moderno reconhecia o método científico, fruto do iluminismo e da revolução industrial, como o critério da verdade e fonte segura de acesso ao conhecimento. Os desdobramentos desta compreensão foram o conceito de universo preso em um sistema mecânico e previsível, a idéia de sociedades que lutam pela existência / domínio, fé em um progresso material ininterrupto e inevitável sucesso econômico e tecnológico. Entretanto, esta abordagem está sendo abandonada, porquanto os padrões não são tão fixos assim. Existe uma flutuação de valores. Esse é o novo paradigma. As civilizações, conforme Capra nos remete ao citar Iterem Surubim, viverão as tensões típicas aos períodos cíclicos que fazem a história marchar. Estes períodos são caracterizados pela ênfase ora na matéria, ora na transcendentalidade, ora na harmonia entre as duas primeiras forças. E é essa flutuação de forças e valores que movimentam as civilizações no decorrer dos séculos.
Fritjof Capra nos adverte que este processo é inevitável, sendo, inclusive, o responsável pela ascensão e queda de impérios mundiais. Tais transformações não podem ser evitadas. Na verdade, precisam ser reconhecidas para que nossa adaptação não seja dolorida. Eis, então, aqui, um desafio à Igreja e à Teologia.
Conclusão:
Diante do cenário construído, à luz das premissas de Capra, há algo que a Igreja deva fazer? A adaptação seria a saída? Ou o enfrentamento, pelo contrário, seria mais profético? A igreja será engolida pela inevitável transição à qual a história está destinada?
Talvez a pós-modernidade seja a grande oportunidade e última da Igreja. Pois, com sua mensagem da singularidade de Cristo e exclusivismo soteriológico não seria o contra-ponto necessário ao relativismo que a transição da sociedade contemporânea precisa? Não seria tarefa da reflexão cristã, então, a mensagem de norte e orientação que o mundo precisa? É realmente necessário cruzar os braços diante da desintegração da sociedade? Se somos aptos a entender o processo em curso e capazes de olhar historicamente e decodificar os acontecimentos que nossos antepassados não conseguiram, pois não dispunham das ferramentas que temos hoje, não podemos oferecer uma alternativa a este movimento? Estamos condenados à mera contemplação? Eis uma questão a ser pensada e respondida!
II-Parte – RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
1. Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
O paralelismo da mudança paradigmática nas ciências e na teologia acontece através da crise nos modelos científicos e teológicos. Destarte, assim como houve crise nas formulações da compreensão da física com Copérnico, na química com Lavoisier e novamente na física com Einstein, assim, semelhantemente, ocorreu na teologia, pois novas metodologias teológicas ganharam corpo quando os antigos sistemas entraram em colapso. Portanto, Hans Kung, adverte de que novos modelos teológicos assumiram seu lugar na história da disciplina à medida que saíram de cena gradativamente a antiga compreensão escatológica iminente, a apologética, as formulações de Irineu, assim como de Tertuliano, Orígenes e Clemente, passando também pela ascensão e ocaso das teologias de Agostinho, de Tomás de Aquino, assim como também a ortodoxia da Reforma Protestante. Ou seja, tanto nas ciências, como na teologia, o novo modelo metodológico com todo seu arcabouço de compreensão da realidade, foi estabelecido sempre diante da crise de sistemas estabelecidos que, fragmentados, deram lugar ao novo paradigma.
2. Como entender a continuidade na mesma verdade?
Hans Kung está convencido de que na mudança de paradigma não há a necessidade de ruptura total e radical com os antigos sistemas de compreensão. Na verdade, acredita na plena possibilidade de contribuição do que é tradicional com o novo. Não sendo útil a total descontinuidade, assim como também, a radical continuidade. O ideal é que os novos modelos carreguem parte das compreensões já estabelecidas através dos séculos. Portanto, o novo paradigma contribui com o antigo e recebe deste também seus depósitos. Isto é tanto possível na teologia como nas ciências, conforme acredita Kung.
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
Os grandes modelos científicos e seus principais personagens emprestam peso e importância nas formulações científicas. Na teologia, todavia, esta influência existe no que tange aos Pais da Igreja e teólogos clássicos, mas suas contribuições são secundárias, porquanto o texto sagrado é a norma de autoridade final para a teologia. É do “testemunho primitivo”, conforme salienta Kung, onde repousa a âncora da teologia.
Uma segunda diferença é que as crises sócio-políticas e a situação histórica, tão influentes nas ciências, podem sim gerar transformações nos campos teológicos. Entretanto, a teologia é também influenciada pela experiência espiritual e seus agentes podem ser afetados pela mesma de forma imediata e pessoal, produzindo, então, mudanças nos instrumentos teológicos, como no caso de Martinho Lutero, por exemplo. Algo incomum às ciências, mas presente nos domínios da teologia.
Outra questão importante é que na teologia o testemunho primitivo é de peso tal que o novo paradigma encontra mais resistência em se estabelecer. Contudo, não significa a impossibilidade da absorção do novo, sendo até provável, desde que não contradiga os valores tradicionais básicos e fundamentais da teologia, conforme concebida na era inicial da igreja.
Finalmente, diferentemente da neutralidade possível e, às vezes, exigente no campo das ciências, há, na teologia, a tendência à conversão a um modelo, visto como melhor ou mais cristão. O novo paradigma corre o risco, então, se interpretado como infiel ou herege e seu sistema ser rejeitado na íntegra antes mesmo de ser compreendido. Consequentemente, quando o modelo é rejeitado é tratado pela perspectiva da condenação. Quando aceito (se aceito), vira tradição. Portanto, a reflexão teológica é mais passional do que as a científica e por isso mesmo quando o modelo científico é arquivado o mesmo ocorre por pura conclusão científica, diferentemente da teologia que quando marginaliza um modelo, termina por persegui-lo, criticá-lo violentamente. A teologia é passional.
REFERÊNCIAS
CAPRA, FRITJOF. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix, 1983.
KUNG, HANS. Teologia a Caminho: Fundamentação Para o Diálogo Ecumênico. São Paulo: Paulinas, 1998.
Comentário dos Textos "O Ponto de Mutação", de FRITJOF CAPRA e . Teologia a Caminho: Fundamentação Para o Diálogo Ecumênico
Por: Idauro Campos
1. PARTE: COMENTÀRIO DE O PONTO DE MUTAÇÃO:
1. Qual a interpelação presente no texto:
2. RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
PARTE I - O PONTO DE MUTAÇÃO
1. Qual a interpelação presente no texto:
De acordo com Fritjof Capra o mundo vive em fase de transição. Esta é descrita por muitos, como uma era de colapso mundial. Tal colapso está evidenciado em uma série de acontecimentos, onde podemos destacá-los:
1 – Ameaça nuclear em face da polarização das nações mais poderosas do mundo1, com altíssimo custo financeiro e econômico para seus protagonistas;
2. Ameaça nuclear diante de acidentes em usinas geradoras de energia e que colocariam em risco cidades inteiras;
3. Poluição produzida pelo desenvolvimento não sustentável dos países mais ricos do mundo, destruindo nossas reservas, piorando a qualidade do ar e do meio ambiente em todo o planeta;
4. Comprometimento da saúde das populações das grandes e pequenas cidades ao redor do mundo em razão de alimentos e de nossas fontes de água contaminadas. Sem falar das doenças produzidas em reflexo ao avanço econômico, tais como as cardíacas, cânceres e derrames;
5. Tecnologia empregada sem a devida reflexão do impacto causado ao meio ambiente e o custo que tal emprego está causando ao Planeta;
6. Anomalias econômicas, como inflação galopante, desemprego maciço e péssima distribuição de renda;
7. Incapacidade intelectual para tratar das demandas mundiais acima descritas.
Para o autor o cenário é de confusão, descrença e caos que apontam para a mudança de estágio, comum a todas as civilizações conhecidas, porquanto em períodos de transição cultural, como os já experimentados, tais reflexos de decadência, perdição e crise foram comuns. Caso contrário, a mudança, a substituição dos modelos vigorantes não ocorreriam. Destarte, a catástrofe da civilização contemporânea é a manifestação da morte de um paradigma para a instauração de um novo. Sem crise a morte não ocorre. Sem esta o novo modelo não se estabelece. E a história não progride.
No que tange a civilização contemporânea, Capra nos interpela com três insights sobre a transição que será experimentada por cada um de nós. Tais insights dão forma à mudança de nossa cosmovisão. E o mundo, então, conforme acredita, não será mais o mesmo.
Primeiro insight é sobre o declínio da perspectiva patriarcal. A força masculina dirigiu as civilizações até onde sabemos e moldou os valores culturais, políticos, econômicos, filosóficos, sociais e religiosos. É um sistema que resistiu ao tempo, mas, está em colapso em face do avanço do feminismo, do lugar da mulher na sociedade e da mudança de papeis que o movimento vem impondo à sociedade contemporânea.
Um segundo insight que Capra no oferece sobre a transição testemunhada pela civilização contemporânea ocorre com os combustíveis fosseis. Explorados desde a aurora da modernidade, responsável pela industrialização das nações, assim como o seu enriquecimento, produzindo efeitos devastadores (muitos ainda não experimentados), a despeito de todo o progresso que trouxe. Com o inevitável esgotamento destes recursos a mundo presenciará a busca por novas formas de energia, com sugestão especial para a solar, causando transformações econômicas e sociais.
Finalmente, Capra nos adverte quanto à mudança de paradigma. O mundo moderno reconhecia o método científico, fruto do iluminismo e da revolução industrial, como o critério da verdade e fonte segura de acesso ao conhecimento. Os desdobramentos desta compreensão foram o conceito de universo preso em um sistema mecânico e previsível, a idéia de sociedades que lutam pela existência / domínio, fé em um progresso material ininterrupto e inevitável sucesso econômico e tecnológico. Entretanto, esta abordagem está sendo abandonada, porquanto os padrões não são tão fixos assim. Existe uma flutuação de valores. Esse é o novo paradigma. As civilizações, conforme Capra nos remete ao citar Iterem Surubim, viverão as tensões típicas aos períodos cíclicos que fazem a história marchar. Estes períodos são caracterizados pela ênfase ora na matéria, ora na transcendentalidade, ora na harmonia entre as duas primeiras forças. E é essa flutuação de forças e valores que movimentam as civilizações no decorrer dos séculos.
Fritjof Capra nos adverte que este processo é inevitável, sendo, inclusive, o responsável pela ascensão e queda de impérios mundiais. Tais transformações não podem ser evitadas. Na verdade, precisam ser reconhecidas para que nossa adaptação não seja dolorida. Eis, então, aqui, um desafio à Igreja e à Teologia.
Conclusão:
Diante do cenário construído, à luz das premissas de Capra, há algo que a Igreja deva fazer? A adaptação seria a saída? Ou o enfrentamento, pelo contrário, seria mais profético? A igreja será engolida pela inevitável transição à qual a história está destinada?
Talvez a pós-modernidade seja a grande oportunidade e última da Igreja. Pois, com sua mensagem da singularidade de Cristo e exclusivismo soteriológico não seria o contra-ponto necessário ao relativismo que a transição da sociedade contemporânea precisa? Não seria tarefa da reflexão cristã, então, a mensagem de norte e orientação que o mundo precisa? É realmente necessário cruzar os braços diante da desintegração da sociedade? Se somos aptos a entender o processo em curso e capazes de olhar historicamente e decodificar os acontecimentos que nossos antepassados não conseguiram, pois não dispunham das ferramentas que temos hoje, não podemos oferecer uma alternativa a este movimento? Estamos condenados à mera contemplação? Eis uma questão a ser pensada e respondida!
II-Parte – RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
1. Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
O paralelismo da mudança paradigmática nas ciências e na teologia acontece através da crise nos modelos científicos e teológicos. Destarte, assim como houve crise nas formulações da compreensão da física com Copérnico, na química com Lavoisier e novamente na física com Einstein, assim, semelhantemente, ocorreu na teologia, pois novas metodologias teológicas ganharam corpo quando os antigos sistemas entraram em colapso. Portanto, Hans Kung, adverte de que novos modelos teológicos assumiram seu lugar na história da disciplina à medida que saíram de cena gradativamente a antiga compreensão escatológica iminente, a apologética, as formulações de Irineu, assim como de Tertuliano, Orígenes e Clemente, passando também pela ascensão e ocaso das teologias de Agostinho, de Tomás de Aquino, assim como também a ortodoxia da Reforma Protestante. Ou seja, tanto nas ciências, como na teologia, o novo modelo metodológico com todo seu arcabouço de compreensão da realidade, foi estabelecido sempre diante da crise de sistemas estabelecidos que, fragmentados, deram lugar ao novo paradigma.
2. Como entender a continuidade na mesma verdade?
Hans Kung está convencido de que na mudança de paradigma não há a necessidade de ruptura total e radical com os antigos sistemas de compreensão. Na verdade, acredita na plena possibilidade de contribuição do que é tradicional com o novo. Não sendo útil a total descontinuidade, assim como também, a radical continuidade. O ideal é que os novos modelos carreguem parte das compreensões já estabelecidas através dos séculos. Portanto, o novo paradigma contribui com o antigo e recebe deste também seus depósitos. Isto é tanto possível na teologia como nas ciências, conforme acredita Kung.
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
Os grandes modelos científicos e seus principais personagens emprestam peso e importância nas formulações científicas. Na teologia, todavia, esta influência existe no que tange aos Pais da Igreja e teólogos clássicos, mas suas contribuições são secundárias, porquanto o texto sagrado é a norma de autoridade final para a teologia. É do “testemunho primitivo”, conforme salienta Kung, onde repousa a âncora da teologia.
Uma segunda diferença é que as crises sócio-políticas e a situação histórica, tão influentes nas ciências, podem sim gerar transformações nos campos teológicos. Entretanto, a teologia é também influenciada pela experiência espiritual e seus agentes podem ser afetados pela mesma de forma imediata e pessoal, produzindo, então, mudanças nos instrumentos teológicos, como no caso de Martinho Lutero, por exemplo. Algo incomum às ciências, mas presente nos domínios da teologia.
Outra questão importante é que na teologia o testemunho primitivo é de peso tal que o novo paradigma encontra mais resistência em se estabelecer. Contudo, não significa a impossibilidade da absorção do novo, sendo até provável, desde que não contradiga os valores tradicionais básicos e fundamentais da teologia, conforme concebida na era inicial da igreja.
Finalmente, diferentemente da neutralidade possível e, às vezes, exigente no campo das ciências, há, na teologia, a tendência à conversão a um modelo, visto como melhor ou mais cristão. O novo paradigma corre o risco, então, se interpretado como infiel ou herege e seu sistema ser rejeitado na íntegra antes mesmo de ser compreendido. Consequentemente, quando o modelo é rejeitado é tratado pela perspectiva da condenação. Quando aceito (se aceito), vira tradição. Portanto, a reflexão teológica é mais passional do que as a científica e por isso mesmo quando o modelo científico é arquivado o mesmo ocorre por pura conclusão científica, diferentemente da teologia que quando marginaliza um modelo, termina por persegui-lo, criticá-lo violentamente. A teologia é passional.
REFERÊNCIAS
CAPRA, FRITJOF. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix, 1983.
KUNG, HANS. Teologia a Caminho: Fundamentação Para o Diálogo Ecumênico. São Paulo: Paulinas, 1998.
1. PARTE: COMENTÀRIO DE O PONTO DE MUTAÇÃO:
1. Qual a interpelação presente no texto:
2. RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
PARTE I - O PONTO DE MUTAÇÃO
1. Qual a interpelação presente no texto:
De acordo com Fritjof Capra o mundo vive em fase de transição. Esta é descrita por muitos, como uma era de colapso mundial. Tal colapso está evidenciado em uma série de acontecimentos, onde podemos destacá-los:
1 – Ameaça nuclear em face da polarização das nações mais poderosas do mundo1, com altíssimo custo financeiro e econômico para seus protagonistas;
2. Ameaça nuclear diante de acidentes em usinas geradoras de energia e que colocariam em risco cidades inteiras;
3. Poluição produzida pelo desenvolvimento não sustentável dos países mais ricos do mundo, destruindo nossas reservas, piorando a qualidade do ar e do meio ambiente em todo o planeta;
4. Comprometimento da saúde das populações das grandes e pequenas cidades ao redor do mundo em razão de alimentos e de nossas fontes de água contaminadas. Sem falar das doenças produzidas em reflexo ao avanço econômico, tais como as cardíacas, cânceres e derrames;
5. Tecnologia empregada sem a devida reflexão do impacto causado ao meio ambiente e o custo que tal emprego está causando ao Planeta;
6. Anomalias econômicas, como inflação galopante, desemprego maciço e péssima distribuição de renda;
7. Incapacidade intelectual para tratar das demandas mundiais acima descritas.
Para o autor o cenário é de confusão, descrença e caos que apontam para a mudança de estágio, comum a todas as civilizações conhecidas, porquanto em períodos de transição cultural, como os já experimentados, tais reflexos de decadência, perdição e crise foram comuns. Caso contrário, a mudança, a substituição dos modelos vigorantes não ocorreriam. Destarte, a catástrofe da civilização contemporânea é a manifestação da morte de um paradigma para a instauração de um novo. Sem crise a morte não ocorre. Sem esta o novo modelo não se estabelece. E a história não progride.
No que tange a civilização contemporânea, Capra nos interpela com três insights sobre a transição que será experimentada por cada um de nós. Tais insights dão forma à mudança de nossa cosmovisão. E o mundo, então, conforme acredita, não será mais o mesmo.
Primeiro insight é sobre o declínio da perspectiva patriarcal. A força masculina dirigiu as civilizações até onde sabemos e moldou os valores culturais, políticos, econômicos, filosóficos, sociais e religiosos. É um sistema que resistiu ao tempo, mas, está em colapso em face do avanço do feminismo, do lugar da mulher na sociedade e da mudança de papeis que o movimento vem impondo à sociedade contemporânea.
Um segundo insight que Capra no oferece sobre a transição testemunhada pela civilização contemporânea ocorre com os combustíveis fosseis. Explorados desde a aurora da modernidade, responsável pela industrialização das nações, assim como o seu enriquecimento, produzindo efeitos devastadores (muitos ainda não experimentados), a despeito de todo o progresso que trouxe. Com o inevitável esgotamento destes recursos a mundo presenciará a busca por novas formas de energia, com sugestão especial para a solar, causando transformações econômicas e sociais.
Finalmente, Capra nos adverte quanto à mudança de paradigma. O mundo moderno reconhecia o método científico, fruto do iluminismo e da revolução industrial, como o critério da verdade e fonte segura de acesso ao conhecimento. Os desdobramentos desta compreensão foram o conceito de universo preso em um sistema mecânico e previsível, a idéia de sociedades que lutam pela existência / domínio, fé em um progresso material ininterrupto e inevitável sucesso econômico e tecnológico. Entretanto, esta abordagem está sendo abandonada, porquanto os padrões não são tão fixos assim. Existe uma flutuação de valores. Esse é o novo paradigma. As civilizações, conforme Capra nos remete ao citar Iterem Surubim, viverão as tensões típicas aos períodos cíclicos que fazem a história marchar. Estes períodos são caracterizados pela ênfase ora na matéria, ora na transcendentalidade, ora na harmonia entre as duas primeiras forças. E é essa flutuação de forças e valores que movimentam as civilizações no decorrer dos séculos.
Fritjof Capra nos adverte que este processo é inevitável, sendo, inclusive, o responsável pela ascensão e queda de impérios mundiais. Tais transformações não podem ser evitadas. Na verdade, precisam ser reconhecidas para que nossa adaptação não seja dolorida. Eis, então, aqui, um desafio à Igreja e à Teologia.
Conclusão:
Diante do cenário construído, à luz das premissas de Capra, há algo que a Igreja deva fazer? A adaptação seria a saída? Ou o enfrentamento, pelo contrário, seria mais profético? A igreja será engolida pela inevitável transição à qual a história está destinada?
Talvez a pós-modernidade seja a grande oportunidade e última da Igreja. Pois, com sua mensagem da singularidade de Cristo e exclusivismo soteriológico não seria o contra-ponto necessário ao relativismo que a transição da sociedade contemporânea precisa? Não seria tarefa da reflexão cristã, então, a mensagem de norte e orientação que o mundo precisa? É realmente necessário cruzar os braços diante da desintegração da sociedade? Se somos aptos a entender o processo em curso e capazes de olhar historicamente e decodificar os acontecimentos que nossos antepassados não conseguiram, pois não dispunham das ferramentas que temos hoje, não podemos oferecer uma alternativa a este movimento? Estamos condenados à mera contemplação? Eis uma questão a ser pensada e respondida!
II-Parte – RESPOSTAS AO TEXTO DE HANS KUNG
1- Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
2- Como entender a continuidade na mesma verdade?
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
1. Será que está bem apresentado o paralelismo da mudança de paradigma nas Ciências e na Teologia?
O paralelismo da mudança paradigmática nas ciências e na teologia acontece através da crise nos modelos científicos e teológicos. Destarte, assim como houve crise nas formulações da compreensão da física com Copérnico, na química com Lavoisier e novamente na física com Einstein, assim, semelhantemente, ocorreu na teologia, pois novas metodologias teológicas ganharam corpo quando os antigos sistemas entraram em colapso. Portanto, Hans Kung, adverte de que novos modelos teológicos assumiram seu lugar na história da disciplina à medida que saíram de cena gradativamente a antiga compreensão escatológica iminente, a apologética, as formulações de Irineu, assim como de Tertuliano, Orígenes e Clemente, passando também pela ascensão e ocaso das teologias de Agostinho, de Tomás de Aquino, assim como também a ortodoxia da Reforma Protestante. Ou seja, tanto nas ciências, como na teologia, o novo modelo metodológico com todo seu arcabouço de compreensão da realidade, foi estabelecido sempre diante da crise de sistemas estabelecidos que, fragmentados, deram lugar ao novo paradigma.
2. Como entender a continuidade na mesma verdade?
Hans Kung está convencido de que na mudança de paradigma não há a necessidade de ruptura total e radical com os antigos sistemas de compreensão. Na verdade, acredita na plena possibilidade de contribuição do que é tradicional com o novo. Não sendo útil a total descontinuidade, assim como também, a radical continuidade. O ideal é que os novos modelos carreguem parte das compreensões já estabelecidas através dos séculos. Portanto, o novo paradigma contribui com o antigo e recebe deste também seus depósitos. Isto é tanto possível na teologia como nas ciências, conforme acredita Kung.
3- Quais as diferenças fundamentais entre a mudança de paradigma nas Ciências na Teologia?
Os grandes modelos científicos e seus principais personagens emprestam peso e importância nas formulações científicas. Na teologia, todavia, esta influência existe no que tange aos Pais da Igreja e teólogos clássicos, mas suas contribuições são secundárias, porquanto o texto sagrado é a norma de autoridade final para a teologia. É do “testemunho primitivo”, conforme salienta Kung, onde repousa a âncora da teologia.
Uma segunda diferença é que as crises sócio-políticas e a situação histórica, tão influentes nas ciências, podem sim gerar transformações nos campos teológicos. Entretanto, a teologia é também influenciada pela experiência espiritual e seus agentes podem ser afetados pela mesma de forma imediata e pessoal, produzindo, então, mudanças nos instrumentos teológicos, como no caso de Martinho Lutero, por exemplo. Algo incomum às ciências, mas presente nos domínios da teologia.
Outra questão importante é que na teologia o testemunho primitivo é de peso tal que o novo paradigma encontra mais resistência em se estabelecer. Contudo, não significa a impossibilidade da absorção do novo, sendo até provável, desde que não contradiga os valores tradicionais básicos e fundamentais da teologia, conforme concebida na era inicial da igreja.
Finalmente, diferentemente da neutralidade possível e, às vezes, exigente no campo das ciências, há, na teologia, a tendência à conversão a um modelo, visto como melhor ou mais cristão. O novo paradigma corre o risco, então, se interpretado como infiel ou herege e seu sistema ser rejeitado na íntegra antes mesmo de ser compreendido. Consequentemente, quando o modelo é rejeitado é tratado pela perspectiva da condenação. Quando aceito (se aceito), vira tradição. Portanto, a reflexão teológica é mais passional do que as a científica e por isso mesmo quando o modelo científico é arquivado o mesmo ocorre por pura conclusão científica, diferentemente da teologia que quando marginaliza um modelo, termina por persegui-lo, criticá-lo violentamente. A teologia é passional.
REFERÊNCIAS
CAPRA, FRITJOF. O Ponto de Mutação. São Paulo: Editora Cultrix, 1983.
KUNG, HANS. Teologia a Caminho: Fundamentação Para o Diálogo Ecumênico. São Paulo: Paulinas, 1998.
A Crise do Cristianismo Pré-Moderno e o Novo Paradigma Teológico: Breve Comentário do Texto de Andrés Torres Queiruga
Por: Idauro Campos.
Com o advento do iluminismo e da ênfase na razão e na ciência, veio o conceito de que o homem (operador desta ciência e contemplado com o poder da razão) é autônomo. Esta autonomia se manifesta em diversos campos do saber e de atuação, tais como a física, a economia, a política e moral e etc.
Antes do iluminismo e, portanto, na era do cristianismo pré-moderno, tais locis de conhecimento eram fortemente refletidos pela perspectiva religiosa. Destarte, as análises dos fenômenos da natureza não tinham suas explicações baseadas nas leis da física, mas sim na atuação de anjos e demônios. Semelhantemente, a má distribuição de renda era fruto da vontade de Deus que dividira o mundo entre pobres e ricos. Também as monarquias eram interpretadas como representações divinas, pois, afinal, o rei era “ordenado por Deus” e a dimensão psicológica humana fora horizontalizada, pois o comportamento humano não podia mais ser resumido a dicotomia das virtudes piedosas x tentação e, sendo assim, a própria moral deixou de ser um absoluto religioso que dita a conduta e passou a ser a performance que cada homem constrói à luz de seus conhecimentos no contexto cultural em que vive, conhece e interage. Ou seja, o cristianismo, que dominava o discurso sobre o universo, o mundo, o homem e toda a realidade que o envolvia, perdeu o lugar de tutor e com isso a houve a inevitável morte da era pré-moderna. Contudo, a autonomia não é a única explicação para a mudança de era, porquanto outro fator também fora importante. O conceito de um processo histórico-evolutivo tem seu lugar aqui. Ou seja, a compreensão de que a realidade não é estática e nem definitiva, mas em constante processo de desenvolvimento, contribui também para o avanço da pesquisa científica, cada vez mais ávida por saber de onde viemos, quem somos e de que maneira nos transformaremos.
Esta ruptura da maneira como compreendemos a realidade atingiu também a reflexão teológica. Visto que esta também é uma área do conhecimento humano e como o iluminismo influenciou todos os campos do saber, a teologia não poderia ficar à margem, pois o pensar teológico é fruto de mentes que estão inseridas em determinado contexto da história da humanidade. Assim quais seriam, então, os novos insights da teologia? Quais as contribuições mais importantes de que a modernidade trouxe?
Primeiramente, como Queiruga aponta em sua obra, o colapso do cristianismo pré-moderno fez ruir o conceito do Deus totalmente transcendente, dando lugar à idéia de transcendência-imanência. Isto é, ao invés de afastado do mundo profano ao qual criou, Deus passou a ser visto como aquele que está entre nós, conosco. Ele não é apenas um ser todo-poderoso e que ocupa um lugar no céu, mas também “anda” entre os homens. Um Deus que seja apenas pura transcendência leva os homens ao lugar dos deísmos (o “puro” e o intervencionista “) e, para Queiruga, ambos estão aquém da verdade. Deus está no mundo, pois a tudo sustenta. E está sempre indo ao encontro do homem, chamando-o para ser colaborador na construção da história. A conseqüência radical disso é de que não precisamos tentar movê-lo com cultos e orações, pois já se pôs ao lado do homem, vindo d’Ele o dínamo da vida. Nele toda existência abarca e está contida. Não há qualquer dimensão da existência que esteja fora d’Ele e por isso não precisa ser lembrado e nem chamado a intervir.
Além do conceito de transcendência-imanência, outro aspecto importante que evidencia a nova compreensão teológica, de acordo com Queiruga, é quanto ao não dualismo e não intervencionismo na criação. Não há mais sagrado e profano na criação, porquanto tudo vem de Deus. Ele é fonte de toda a realidade. Semelhantemente as intervenções perdem espaço, pois Deus anima e responsabiliza o homem para que assuma sua própria história e destino. O homem é um agente livre. Não solitário. Não está sozinho no universo. Deus está próximo, mas o convocando sempre a assumir seu lugar no palco da história.
A hamartiologia também recebeu aportes da modernidade. O mal é, na verdade, reflexo do homem que não consegue dá mais de si. É sinal de finitude das criaturas. Não tem tanto haver com Adão e o pecado original, mas sim com todos e cada criatura, responsável que são por si.
A soteriologia, principalmente, também sofre uma nova leitura. Cristo reconcilia não na cruz, mas na encarnação os homens com Deus. E esta reconciliação é a culminação do processo salvífico universal conduzido em diversas religiões e acessível a todos os homens, pois Ele está em todo lugar e perto de todos.
Se Deus está presente no mundo. Se há, de fato, esta transcendência mergulhada na imanência, então, a nova tendência teológica será um movimento que proceda “de baixo”, ou seja, não se faz mais teologia fora desta realidade. Com o fim do dualismo mundo x igreja ou criação x salvação, percebe-se que o mundo é o lugar da teologia, pois é construído nele e para ele, visando levar os homens e aos homens o significado divino da existência. O novo paradigma teológico rejeita a antiga concepção de um Deus intervencionista, distante e separado do mundo e dos homens. Ao mesmo tempo rejeita o otimismo desenfreado do iluminismo, pois este também tende a ser fundamentalista na idéia de que o homem é a medida de todas as coisas. Na verdade, como nos adverte Queiruga com outras palavras, a teologia caminhará no paralelismo Deus/homem. A teologia fará seu movimento nesta perspectiva de correspondência. Na se fará mais uma reflexão teológica desencarnada, isto é, fora do cosmos. A realidade humana será o prisma da compreensão teológica. Deus é amor. Ama os homens e é natural que o lugar onde estes se encontraram seja o ambiente de onde parte toda a teologia.
REFERÊNCIA
QUEIRUGA, Andrés Torres. Fim do Cristianismo Pré-Moderno: Desafios para um novo horizonte. São Paulo: Editora Paulus, 2003
Com o advento do iluminismo e da ênfase na razão e na ciência, veio o conceito de que o homem (operador desta ciência e contemplado com o poder da razão) é autônomo. Esta autonomia se manifesta em diversos campos do saber e de atuação, tais como a física, a economia, a política e moral e etc.
Antes do iluminismo e, portanto, na era do cristianismo pré-moderno, tais locis de conhecimento eram fortemente refletidos pela perspectiva religiosa. Destarte, as análises dos fenômenos da natureza não tinham suas explicações baseadas nas leis da física, mas sim na atuação de anjos e demônios. Semelhantemente, a má distribuição de renda era fruto da vontade de Deus que dividira o mundo entre pobres e ricos. Também as monarquias eram interpretadas como representações divinas, pois, afinal, o rei era “ordenado por Deus” e a dimensão psicológica humana fora horizontalizada, pois o comportamento humano não podia mais ser resumido a dicotomia das virtudes piedosas x tentação e, sendo assim, a própria moral deixou de ser um absoluto religioso que dita a conduta e passou a ser a performance que cada homem constrói à luz de seus conhecimentos no contexto cultural em que vive, conhece e interage. Ou seja, o cristianismo, que dominava o discurso sobre o universo, o mundo, o homem e toda a realidade que o envolvia, perdeu o lugar de tutor e com isso a houve a inevitável morte da era pré-moderna. Contudo, a autonomia não é a única explicação para a mudança de era, porquanto outro fator também fora importante. O conceito de um processo histórico-evolutivo tem seu lugar aqui. Ou seja, a compreensão de que a realidade não é estática e nem definitiva, mas em constante processo de desenvolvimento, contribui também para o avanço da pesquisa científica, cada vez mais ávida por saber de onde viemos, quem somos e de que maneira nos transformaremos.
Esta ruptura da maneira como compreendemos a realidade atingiu também a reflexão teológica. Visto que esta também é uma área do conhecimento humano e como o iluminismo influenciou todos os campos do saber, a teologia não poderia ficar à margem, pois o pensar teológico é fruto de mentes que estão inseridas em determinado contexto da história da humanidade. Assim quais seriam, então, os novos insights da teologia? Quais as contribuições mais importantes de que a modernidade trouxe?
Primeiramente, como Queiruga aponta em sua obra, o colapso do cristianismo pré-moderno fez ruir o conceito do Deus totalmente transcendente, dando lugar à idéia de transcendência-imanência. Isto é, ao invés de afastado do mundo profano ao qual criou, Deus passou a ser visto como aquele que está entre nós, conosco. Ele não é apenas um ser todo-poderoso e que ocupa um lugar no céu, mas também “anda” entre os homens. Um Deus que seja apenas pura transcendência leva os homens ao lugar dos deísmos (o “puro” e o intervencionista “) e, para Queiruga, ambos estão aquém da verdade. Deus está no mundo, pois a tudo sustenta. E está sempre indo ao encontro do homem, chamando-o para ser colaborador na construção da história. A conseqüência radical disso é de que não precisamos tentar movê-lo com cultos e orações, pois já se pôs ao lado do homem, vindo d’Ele o dínamo da vida. Nele toda existência abarca e está contida. Não há qualquer dimensão da existência que esteja fora d’Ele e por isso não precisa ser lembrado e nem chamado a intervir.
Além do conceito de transcendência-imanência, outro aspecto importante que evidencia a nova compreensão teológica, de acordo com Queiruga, é quanto ao não dualismo e não intervencionismo na criação. Não há mais sagrado e profano na criação, porquanto tudo vem de Deus. Ele é fonte de toda a realidade. Semelhantemente as intervenções perdem espaço, pois Deus anima e responsabiliza o homem para que assuma sua própria história e destino. O homem é um agente livre. Não solitário. Não está sozinho no universo. Deus está próximo, mas o convocando sempre a assumir seu lugar no palco da história.
A hamartiologia também recebeu aportes da modernidade. O mal é, na verdade, reflexo do homem que não consegue dá mais de si. É sinal de finitude das criaturas. Não tem tanto haver com Adão e o pecado original, mas sim com todos e cada criatura, responsável que são por si.
A soteriologia, principalmente, também sofre uma nova leitura. Cristo reconcilia não na cruz, mas na encarnação os homens com Deus. E esta reconciliação é a culminação do processo salvífico universal conduzido em diversas religiões e acessível a todos os homens, pois Ele está em todo lugar e perto de todos.
Se Deus está presente no mundo. Se há, de fato, esta transcendência mergulhada na imanência, então, a nova tendência teológica será um movimento que proceda “de baixo”, ou seja, não se faz mais teologia fora desta realidade. Com o fim do dualismo mundo x igreja ou criação x salvação, percebe-se que o mundo é o lugar da teologia, pois é construído nele e para ele, visando levar os homens e aos homens o significado divino da existência. O novo paradigma teológico rejeita a antiga concepção de um Deus intervencionista, distante e separado do mundo e dos homens. Ao mesmo tempo rejeita o otimismo desenfreado do iluminismo, pois este também tende a ser fundamentalista na idéia de que o homem é a medida de todas as coisas. Na verdade, como nos adverte Queiruga com outras palavras, a teologia caminhará no paralelismo Deus/homem. A teologia fará seu movimento nesta perspectiva de correspondência. Na se fará mais uma reflexão teológica desencarnada, isto é, fora do cosmos. A realidade humana será o prisma da compreensão teológica. Deus é amor. Ama os homens e é natural que o lugar onde estes se encontraram seja o ambiente de onde parte toda a teologia.
REFERÊNCIA
QUEIRUGA, Andrés Torres. Fim do Cristianismo Pré-Moderno: Desafios para um novo horizonte. São Paulo: Editora Paulus, 2003
O que Representa para o homem o nascimento de Jesus?
Por: Idauro Campos
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; 21 E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; 23 Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1.18-23).
Introdução
Mateus escreve para Judeus. Seu Evangelho é apresentado numa perspectiva real, isto é, sua ênfase é que Jesus Cristo é o Rei há muito esperado, e que seu nascimento traz o Reino de Deus a este mundo (4.17; 5.3). Israel na ocasião do nascimento de Cristo estava sob o jugo do Império Romano e não seria improvável que muitos judeus à época discernissem a situação política em que viviam como um castigo de Deus aos pecados cometidos pelo povo no passado. Destarte, o Messias aguardado catalisava a esperança popular de uma libertação política. Muitos aguardavam o Messias como um guerreiro, à semelhança de Josué, despojando os exércitos inimigos, conquistando a soberania nacional, acreditando que a subserviência a Roma fosse o maior problema que a nação enfrentava. Entretanto, Jesus Cristo, não veio somente para os judeus e muito menos para provir uma libertação político-administrativa. Sua obra seria maior! Seu Reino está além de qualquer extensão territorial e governo geopolítico!
Destarte, o que representaria, então, o nascimento de Jesus?
1. A Salvação dos Pecados (vs 21):
“Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
O maior problema da nação israelense não era o jugo político. Seu maior inimigo não era a tirania romana. De nada adiantaria uma guerra vitoriosa empreendida contra Império Romano, pois a grande necessidade do povo judeu, assim como a de todos os homens, era e é a vitória sobre o pecado. É o pecado que atrai sobre o homem todas as mazelas de sua existência. É o pecado que separa o homem do seu Criador. É o que causa a morte espiritual que todos os homens sem Cristo estão destinados a enfrentar. A Escravidão moral que o ser humano experimenta é a raiz da inveja, das guerras, dos assassinatos, do ódio, das disputas existentes entre os povos. Todas as crises pelas quais as pessoas passam, a despeito das teorias dos analistas e psicólogos, tem como fundamento a natureza corrompida do homem. Este sim é o grande inimigo a ser derrotado. A situação política de Israel era conseqüência do pecado da desobediência que durante séculos o povo praticara. Tudo que experimentamos de negativo em nossa existência tem como sitz in leben (o pano de fundo) a nossa natureza adâmica, escrava do pecado.
O nascimento de Jesus Cristo representou a vitória sobre o pecado. Era a nossa salvação. O inimigo podia, então, ser derrotado definitivamente. Com o nascimento de Jesus Cristo a vitória sobre o pecado era apenas uma questão de tempo, afinal o anjo declarou: “Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
2. O Cumprimento da Promessa (vs 22):
“Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta”
O nascimento de Jesus Cristo fora anunciado muitas por vários profetas, especialmente Isaias (o evangelista do Antigo Testamento), 700 anos antes, aproximadamente. Deus, então, cumpriu a sua promessa de enviar um menino, cujo governo eterno estaria sobre seus ombros e que seria conhecido como Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Is 9.6-7).
Deus prometeu salvar o seu povo. Ele cumpriu a sua promessa. Finalmente, o Salvador estava entre os homens.
O nascimento de Cristo é uma portentosa demonstração de que Deus sempre cumpri o que promete. A Palavra de Deus não falha. Prometeu no Éden um descendente da mulher que derrotasse definitivamente a serpente, instrumento da queda do homem (Gn 3.15). Ele cumpriu! Prometeu a Abraão que nele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12.3). Ele cumpriu! Prometeu a Moisés que o sangue do Cordeiro Pascoal salvaria o povo do juízo divino (Ex 12.13). Ele cumpriu! Prometeu um futuro glorioso ao seu povo (Is 54.1-17; Jl 2.21-27). Ele, em Cristo, cumpriu e. no tempo cumprirá, quando entrarmos definitivamente na Nova Jerusalém (Ap 21.1-27).
Vivemos em tempos onde há uma crise de confiabilidade. Não acreditamos mais uns nos outros. Homens descumprem contratos. Partidos rompem acordos. Casais não cumprem os votos matrimoniais. A palavra firmada e as promessas feitas entre as pessoas nem sempre são cumpridas. Através do nascimento do Senhor, além da maior bênção contida neste evento que é a salvação, temos a demonstração de que nosso Deus é realmente fiel e confiável. Se Ele disse, se cumprirá. Se Ele prometeu, nos dará. É, portanto, digno de toda a confiança. Podemos depositar nossas vidas em suas mãos e crer nas suas palavras, pois cuidará de cumpri-las. Ele não falha!
3. Um Deus que se importa (Emanuel):
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (vs 23).
Onde está Deus na hora do sofrimento? Esta é uma pergunta, às vezes honesta, ora irônica e, em outras ocasiões, tão somente retórica, que muitos se fazem diante da dor e do drama humanos. Onde está Deus? Onde Deus está na hora da fome, no momento do suicídio do desesperado ou do diagnóstico do câncer? Sim. Onde Ele estava no trajeto da bala perdida que tirou a vida da mulher grávida? Onde Ele está na hora do terremoto, do acidente fatal, do assassinato frio e calculado ou no estupro da adolescente? Onde Ele está nos meses de desemprego? Ou nos gritos e gemidos de quem presenciou a Tsunami? Sim. Onde Deus está? João, há 2000 anos, respondeu a pergunta que ecoa nos séculos: Ele está conosco! Ele está entre nós! Ele é Emanuel: O Deus conosco! Sim. João estava certo! O Verbo montou a sua tenda (tabernaculou) entre nós! E por quê? Simples. Ele se importa conosco!
Deus não é impassível. Um juiz implacável. Um déspota celestial. Não! Deus ama os homens. Ele se importa conosco. Ele está perto de nós. Não se distancia das suas criaturas, ainda que tropecem e errem frequentemente. Mas, a despeito, as ama profundamente. Ele revela isso ao enviar Jesus Cristo para andar entre os homens. “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14), é a boa notícia trazida por João.
O nascimento de Jesus Cristo representa a companhia permanente de Deus. Não estamos sozinhos neste universo. Não fomos desamparados pelo Criador. Não dependemos do destino ou da sorte para vivermos. O Senhor, o Guia, o Bom Pastor, que conduz suas ovelhas ao aprisco, habita em nosso meio. Que maravilhosa notícia! Ele se identifica conosco. Sentiu sede (João 19.29). Sentiu fome (Mateus 21.19). Chorou (João 11.35). Sentiu dores (Is 53.3). Sabe, portanto, o que é sofrimento e, por isso, não deixa sós (Mt 28.20).
CONCLUSÃO
Deus se importa conosco! A letra da canção que diz: “mas, apesar da glória que tens Tu te importas comigo também...” é uma das mais belas verdades do Evangelho. Jesus Cristo está entre nós. Nunca nos deixará! O Senhor habita no meio do seu povo. Hoje Ele habita por meio do seu Espírito e aguardamos aquele grande dia em que das nuvens Ele virá nos buscar e, então, estaremos fisicamente perto d’Ele para sempre (I Ts 4.17). Consolai-vos, pois uns aos outros com estas palavras (1Ts 4.18). Amém!!!
“Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo. 19 Então José, seu marido, como era justo, e a não queria infamar, intentou deixá-la secretamente. 20 E, projetando ele isto, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; 21 E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados. 22 Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta, que diz; 23 Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (Mt 1.18-23).
Introdução
Mateus escreve para Judeus. Seu Evangelho é apresentado numa perspectiva real, isto é, sua ênfase é que Jesus Cristo é o Rei há muito esperado, e que seu nascimento traz o Reino de Deus a este mundo (4.17; 5.3). Israel na ocasião do nascimento de Cristo estava sob o jugo do Império Romano e não seria improvável que muitos judeus à época discernissem a situação política em que viviam como um castigo de Deus aos pecados cometidos pelo povo no passado. Destarte, o Messias aguardado catalisava a esperança popular de uma libertação política. Muitos aguardavam o Messias como um guerreiro, à semelhança de Josué, despojando os exércitos inimigos, conquistando a soberania nacional, acreditando que a subserviência a Roma fosse o maior problema que a nação enfrentava. Entretanto, Jesus Cristo, não veio somente para os judeus e muito menos para provir uma libertação político-administrativa. Sua obra seria maior! Seu Reino está além de qualquer extensão territorial e governo geopolítico!
Destarte, o que representaria, então, o nascimento de Jesus?
1. A Salvação dos Pecados (vs 21):
“Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
O maior problema da nação israelense não era o jugo político. Seu maior inimigo não era a tirania romana. De nada adiantaria uma guerra vitoriosa empreendida contra Império Romano, pois a grande necessidade do povo judeu, assim como a de todos os homens, era e é a vitória sobre o pecado. É o pecado que atrai sobre o homem todas as mazelas de sua existência. É o pecado que separa o homem do seu Criador. É o que causa a morte espiritual que todos os homens sem Cristo estão destinados a enfrentar. A Escravidão moral que o ser humano experimenta é a raiz da inveja, das guerras, dos assassinatos, do ódio, das disputas existentes entre os povos. Todas as crises pelas quais as pessoas passam, a despeito das teorias dos analistas e psicólogos, tem como fundamento a natureza corrompida do homem. Este sim é o grande inimigo a ser derrotado. A situação política de Israel era conseqüência do pecado da desobediência que durante séculos o povo praticara. Tudo que experimentamos de negativo em nossa existência tem como sitz in leben (o pano de fundo) a nossa natureza adâmica, escrava do pecado.
O nascimento de Jesus Cristo representou a vitória sobre o pecado. Era a nossa salvação. O inimigo podia, então, ser derrotado definitivamente. Com o nascimento de Jesus Cristo a vitória sobre o pecado era apenas uma questão de tempo, afinal o anjo declarou: “Ele salvará o seu povo dos pecados deles”.
2. O Cumprimento da Promessa (vs 22):
“Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor, pelo profeta”
O nascimento de Jesus Cristo fora anunciado muitas por vários profetas, especialmente Isaias (o evangelista do Antigo Testamento), 700 anos antes, aproximadamente. Deus, então, cumpriu a sua promessa de enviar um menino, cujo governo eterno estaria sobre seus ombros e que seria conhecido como Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz (Is 9.6-7).
Deus prometeu salvar o seu povo. Ele cumpriu a sua promessa. Finalmente, o Salvador estava entre os homens.
O nascimento de Cristo é uma portentosa demonstração de que Deus sempre cumpri o que promete. A Palavra de Deus não falha. Prometeu no Éden um descendente da mulher que derrotasse definitivamente a serpente, instrumento da queda do homem (Gn 3.15). Ele cumpriu! Prometeu a Abraão que nele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gn 12.3). Ele cumpriu! Prometeu a Moisés que o sangue do Cordeiro Pascoal salvaria o povo do juízo divino (Ex 12.13). Ele cumpriu! Prometeu um futuro glorioso ao seu povo (Is 54.1-17; Jl 2.21-27). Ele, em Cristo, cumpriu e. no tempo cumprirá, quando entrarmos definitivamente na Nova Jerusalém (Ap 21.1-27).
Vivemos em tempos onde há uma crise de confiabilidade. Não acreditamos mais uns nos outros. Homens descumprem contratos. Partidos rompem acordos. Casais não cumprem os votos matrimoniais. A palavra firmada e as promessas feitas entre as pessoas nem sempre são cumpridas. Através do nascimento do Senhor, além da maior bênção contida neste evento que é a salvação, temos a demonstração de que nosso Deus é realmente fiel e confiável. Se Ele disse, se cumprirá. Se Ele prometeu, nos dará. É, portanto, digno de toda a confiança. Podemos depositar nossas vidas em suas mãos e crer nas suas palavras, pois cuidará de cumpri-las. Ele não falha!
3. Um Deus que se importa (Emanuel):
“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, E chama-lo-ão pelo nome de EMANUEL, Que traduzido é: Deus conosco” (vs 23).
Onde está Deus na hora do sofrimento? Esta é uma pergunta, às vezes honesta, ora irônica e, em outras ocasiões, tão somente retórica, que muitos se fazem diante da dor e do drama humanos. Onde está Deus? Onde Deus está na hora da fome, no momento do suicídio do desesperado ou do diagnóstico do câncer? Sim. Onde Ele estava no trajeto da bala perdida que tirou a vida da mulher grávida? Onde Ele está na hora do terremoto, do acidente fatal, do assassinato frio e calculado ou no estupro da adolescente? Onde Ele está nos meses de desemprego? Ou nos gritos e gemidos de quem presenciou a Tsunami? Sim. Onde Deus está? João, há 2000 anos, respondeu a pergunta que ecoa nos séculos: Ele está conosco! Ele está entre nós! Ele é Emanuel: O Deus conosco! Sim. João estava certo! O Verbo montou a sua tenda (tabernaculou) entre nós! E por quê? Simples. Ele se importa conosco!
Deus não é impassível. Um juiz implacável. Um déspota celestial. Não! Deus ama os homens. Ele se importa conosco. Ele está perto de nós. Não se distancia das suas criaturas, ainda que tropecem e errem frequentemente. Mas, a despeito, as ama profundamente. Ele revela isso ao enviar Jesus Cristo para andar entre os homens. “O verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1.14), é a boa notícia trazida por João.
O nascimento de Jesus Cristo representa a companhia permanente de Deus. Não estamos sozinhos neste universo. Não fomos desamparados pelo Criador. Não dependemos do destino ou da sorte para vivermos. O Senhor, o Guia, o Bom Pastor, que conduz suas ovelhas ao aprisco, habita em nosso meio. Que maravilhosa notícia! Ele se identifica conosco. Sentiu sede (João 19.29). Sentiu fome (Mateus 21.19). Chorou (João 11.35). Sentiu dores (Is 53.3). Sabe, portanto, o que é sofrimento e, por isso, não deixa sós (Mt 28.20).
CONCLUSÃO
Deus se importa conosco! A letra da canção que diz: “mas, apesar da glória que tens Tu te importas comigo também...” é uma das mais belas verdades do Evangelho. Jesus Cristo está entre nós. Nunca nos deixará! O Senhor habita no meio do seu povo. Hoje Ele habita por meio do seu Espírito e aguardamos aquele grande dia em que das nuvens Ele virá nos buscar e, então, estaremos fisicamente perto d’Ele para sempre (I Ts 4.17). Consolai-vos, pois uns aos outros com estas palavras (1Ts 4.18). Amém!!!
A Alegria de se ter um Salvador.
Por: Idauro Campos
“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10-11).
Este texto registrado no Evangelho de Lucas nos explica a razão pela qual a salvação nos alegra tanto. Vejamos:
1 – É uma Dádiva dos Céus:
Perceba que no versículo 9 do mesmo capítulo, somos informados que aquele mensageiro, que anuncia o nascimento de Jesus Cristo, era um “anjo do Senhor” que “desceu” (dos céus).
O homem não pode salvar a si mesmo. E não pode salvar-se pelo simples fato deste homem encontrar-se morto em delitos e pecados (Ef 2.1). Embora não perceba, o homem é um escravo do pecado. Está sob o domínio do diabo que influencia toda a sua vida (Ef 2.2). Essa escravidão espiritual afeta todas as dimensões da vida humana, sejam elas morais, cognitivas, psicológicas e, principalmente, espirituais. Todas as tentativas do homem em resolver seus dramas existenciais fracassam em decorrência de sua natureza corrompida. O homem é um ser terreno, limitado, finito, mortal e, logo, efêmero. Não pode, portanto, produzir, desenvolver e alcançar a própria libertação espiritual. Daí, então, o fracasso das religiões. Todas, sem exceção, são propostas (algumas bem intencionadas), de construir um projeto de aproximação entre Deus e o homem. Mas, este não pode aproximar-se de Deus. Não conhece o caminho! Há querubins guardando o caminho da árvore da vida (Gn 3.24). Sozinho, o homem, jamais a encontrará!
Destarte, a salvação é um presente. É dada. Não pode ser comprada. Conquistada. E é oferecida pelo único que poderia fazê-lo, pois tem o poder para isso: Deus. A Salvação é um presente de Deus. É um presente que Ele tem prazer em nos dar. Se Deus não a nos disponibilizasse, através de Cristo, estaríamos perdidos para sempre. Por isso a Salvação alegra-nos tanto. Estava fora de nosso alcance. Mas, Ele, graciosamente, nos deu.
2- É Para Todos:
A salvação anunciada pelo anjo não era dirigida apenas aos pastores que se depararam com ele (vs 8), mas para “todo o povo”. Todos deveriam saber do ocorrido extraordinário na Cidade de Davi. Homens, mulheres, crianças, jovens, anciãos, casados, solteiros, viúvas, órfãos, escravos, livres, nativos, estrangeiros, ricos, pobres, excluídos, marginalizados, judeus e gentios, enfim, todos poderiam ser alegrar com o nascimento do Salvador. O acesso a Deus não era exclusividade de uma etnia (como os judeus acreditavam); não era privilégio de gêneros, classe social e ou faixa etária. Não! Deus, agora, em Cristo, se fazia a conhecer a todo o povo. O acesso estava liberado. Cristo abriu o caminho. Abriu às crianças (Mc 10.4); abriu aos idosos (Lc 2.36-38); abriu às mulheres (Mc 16.9); abriu aos homens (Mt 4.18-19); abriu aos estrangeiros (Mt 15.21-28); abriu aos judeus (Mt 10.6); abriu aos gentios (Mt 8.5-13); abriu aos marginalizados (Mt 4.24); abriu aos ricos (Lc 8.3); abriu aos pobres (Mt 11.5); abriu aos doentes (Mt 11.5); abriu aos publicanos (Lc 5.27,28); abriu para mim; abriu para você; abriu para todo o povo, enfim. Isso é ou não motivo de extrema alegria? Muitos, ao redor do mundo, vivem em sociedades marcadas por profundos contrastes sociais. A desigualdade é um dos grandes males contemporâneos. Nem todos têm as mesmas oportunidades. Mas, quando pensamos na Salvação e na alegria que proporciona podemos entender a letra do salmista quando conclama-nos a Cantar ao Senhor por que Ele vem julgar “o mundo com justiça e os povos com equidade” (Sl 98.9). Não há prediletos entre os homens diante de Deus! Todos pecaram e destituídos estão de sua glória (Rm 3.24). Todos, portanto, precisam d’Ele e podem, em Cristo, encontrá-LO (João 14.9). A salvação é para todos! Que maravilhosa notícia!
3- É Para Hoje:
A boa notícia da salvação trazida pelo anjo do Senhor ainda possuía uma característica maravilhosa! Não era uma promessa! Não era um prognóstico. Não! Era um fato! O Salvador, enfim, tinha nascido! Ele declarou: “hoje, vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é o Cristo, o Senhor”. Era uma realidade. Não mais uma esperança. Não mais uma expectativa. Mas, sim, seu cumprimento. A salvação, e a alegria que a mesma trazia, haviam chegado. O Salvador estava entre os homens!
Os governos apresentam suas plataformas de realizações e seus programas de reformas, prometendo às populações melhorias que nunca chegam. Jovens sonham com um mundo melhor, mas que permanece apenas como uma utopia. Filmes e novelas criam a ilusão de que todos terão um final feliz um dia, a despeito da realidade dura da vida. A sociedade sofre da síndrome do Sr. Micawber, personagem do romance de Charles Dickens, intitulado David Copperfield, que era incapaz de pagar suas contas, mas acreditava que algo fantástico e mágico poderia lhe acontecer a qualquer momento.
A salvação que Deus nos oferece não é uma utopia. Não é um sonho. Não é mais uma promessa. Não está em um futuro distante. É um fato! E é para hoje! É para agora! Afinal, o Salvador nasceu! Esteve e está entre nós! Deus entrou na rotina e agenda da humanidade, se fazendo igual aos homens (Jo 1.14), identificando-se conosco e garantido-nos no tempo presente a sua salvação. Não é por menos que o anjo declarou “hoje:” hoje, vos nasceu o Salvador “. Todos os homens ao redor do mundo, portanto, podem hoje mesmo, agora mesmo, se alegrarem com esta grande e maravilhosa notícia! Aleluia!
Conlusão:
A salvação é presente de Deus! Está disponível a todos os homens em qualquer lugar do mundo. E hoje mesmo podemos, pela fé em Jesus Cristo, nos apropriarmos dela. Somos ou não somos o povo mais feliz da terra? Soli Deo Gloria!!!
“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.10-11).
Este texto registrado no Evangelho de Lucas nos explica a razão pela qual a salvação nos alegra tanto. Vejamos:
1 – É uma Dádiva dos Céus:
Perceba que no versículo 9 do mesmo capítulo, somos informados que aquele mensageiro, que anuncia o nascimento de Jesus Cristo, era um “anjo do Senhor” que “desceu” (dos céus).
O homem não pode salvar a si mesmo. E não pode salvar-se pelo simples fato deste homem encontrar-se morto em delitos e pecados (Ef 2.1). Embora não perceba, o homem é um escravo do pecado. Está sob o domínio do diabo que influencia toda a sua vida (Ef 2.2). Essa escravidão espiritual afeta todas as dimensões da vida humana, sejam elas morais, cognitivas, psicológicas e, principalmente, espirituais. Todas as tentativas do homem em resolver seus dramas existenciais fracassam em decorrência de sua natureza corrompida. O homem é um ser terreno, limitado, finito, mortal e, logo, efêmero. Não pode, portanto, produzir, desenvolver e alcançar a própria libertação espiritual. Daí, então, o fracasso das religiões. Todas, sem exceção, são propostas (algumas bem intencionadas), de construir um projeto de aproximação entre Deus e o homem. Mas, este não pode aproximar-se de Deus. Não conhece o caminho! Há querubins guardando o caminho da árvore da vida (Gn 3.24). Sozinho, o homem, jamais a encontrará!
Destarte, a salvação é um presente. É dada. Não pode ser comprada. Conquistada. E é oferecida pelo único que poderia fazê-lo, pois tem o poder para isso: Deus. A Salvação é um presente de Deus. É um presente que Ele tem prazer em nos dar. Se Deus não a nos disponibilizasse, através de Cristo, estaríamos perdidos para sempre. Por isso a Salvação alegra-nos tanto. Estava fora de nosso alcance. Mas, Ele, graciosamente, nos deu.
2- É Para Todos:
A salvação anunciada pelo anjo não era dirigida apenas aos pastores que se depararam com ele (vs 8), mas para “todo o povo”. Todos deveriam saber do ocorrido extraordinário na Cidade de Davi. Homens, mulheres, crianças, jovens, anciãos, casados, solteiros, viúvas, órfãos, escravos, livres, nativos, estrangeiros, ricos, pobres, excluídos, marginalizados, judeus e gentios, enfim, todos poderiam ser alegrar com o nascimento do Salvador. O acesso a Deus não era exclusividade de uma etnia (como os judeus acreditavam); não era privilégio de gêneros, classe social e ou faixa etária. Não! Deus, agora, em Cristo, se fazia a conhecer a todo o povo. O acesso estava liberado. Cristo abriu o caminho. Abriu às crianças (Mc 10.4); abriu aos idosos (Lc 2.36-38); abriu às mulheres (Mc 16.9); abriu aos homens (Mt 4.18-19); abriu aos estrangeiros (Mt 15.21-28); abriu aos judeus (Mt 10.6); abriu aos gentios (Mt 8.5-13); abriu aos marginalizados (Mt 4.24); abriu aos ricos (Lc 8.3); abriu aos pobres (Mt 11.5); abriu aos doentes (Mt 11.5); abriu aos publicanos (Lc 5.27,28); abriu para mim; abriu para você; abriu para todo o povo, enfim. Isso é ou não motivo de extrema alegria? Muitos, ao redor do mundo, vivem em sociedades marcadas por profundos contrastes sociais. A desigualdade é um dos grandes males contemporâneos. Nem todos têm as mesmas oportunidades. Mas, quando pensamos na Salvação e na alegria que proporciona podemos entender a letra do salmista quando conclama-nos a Cantar ao Senhor por que Ele vem julgar “o mundo com justiça e os povos com equidade” (Sl 98.9). Não há prediletos entre os homens diante de Deus! Todos pecaram e destituídos estão de sua glória (Rm 3.24). Todos, portanto, precisam d’Ele e podem, em Cristo, encontrá-LO (João 14.9). A salvação é para todos! Que maravilhosa notícia!
3- É Para Hoje:
A boa notícia da salvação trazida pelo anjo do Senhor ainda possuía uma característica maravilhosa! Não era uma promessa! Não era um prognóstico. Não! Era um fato! O Salvador, enfim, tinha nascido! Ele declarou: “hoje, vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é o Cristo, o Senhor”. Era uma realidade. Não mais uma esperança. Não mais uma expectativa. Mas, sim, seu cumprimento. A salvação, e a alegria que a mesma trazia, haviam chegado. O Salvador estava entre os homens!
Os governos apresentam suas plataformas de realizações e seus programas de reformas, prometendo às populações melhorias que nunca chegam. Jovens sonham com um mundo melhor, mas que permanece apenas como uma utopia. Filmes e novelas criam a ilusão de que todos terão um final feliz um dia, a despeito da realidade dura da vida. A sociedade sofre da síndrome do Sr. Micawber, personagem do romance de Charles Dickens, intitulado David Copperfield, que era incapaz de pagar suas contas, mas acreditava que algo fantástico e mágico poderia lhe acontecer a qualquer momento.
A salvação que Deus nos oferece não é uma utopia. Não é um sonho. Não é mais uma promessa. Não está em um futuro distante. É um fato! E é para hoje! É para agora! Afinal, o Salvador nasceu! Esteve e está entre nós! Deus entrou na rotina e agenda da humanidade, se fazendo igual aos homens (Jo 1.14), identificando-se conosco e garantido-nos no tempo presente a sua salvação. Não é por menos que o anjo declarou “hoje:” hoje, vos nasceu o Salvador “. Todos os homens ao redor do mundo, portanto, podem hoje mesmo, agora mesmo, se alegrarem com esta grande e maravilhosa notícia! Aleluia!
Conlusão:
A salvação é presente de Deus! Está disponível a todos os homens em qualquer lugar do mundo. E hoje mesmo podemos, pela fé em Jesus Cristo, nos apropriarmos dela. Somos ou não somos o povo mais feliz da terra? Soli Deo Gloria!!!
A Mensagem de Renovo Através do Nascimento de Jesus.
Por: Idauro Campos.
Introdução:
Quando estudamos sobre o nascimento de Jesus Cristo ficamos surpreendidos com a quantidade de significados implicados no evento. O nascimento de Cristo é o mais extraordinário evento histórico que se tem notícia, pois foi a manifestação do milagre da encarnação divina. Deus Filho mesmo sendo espírito (João 4.24), assumiu forma humana, veio ao mundo e andou sobre o mesmo por mais de 30 anos (João 1.14; Lc 3.23). O que poderia ser mais fantástico do que isso? O mundo fora visitado pelo Senhor! Os anjos entenderam o fato espetacular e foram tomados de imensa e comovente alegria (Lc 2.14)!
O nascimento de Jesus Cristo é uma portentosa declaração dos céus! Havia uma mensagem de renovação presente no fato. Que renovação era essa? Como podemos entendê-la?
1 - A Renovação da Aliança:
Quando o pecado entrou no mundo (Gn 3.1-7), dilacerou o relacionamento do homem com Deus. Havia uma aliança entre Criador e criatura. Deus criou o homem e, conferindo-lhe sua imagem e semelhança, o dotou de capacidades e responsabilidades (Gn 1.26-2.25). Estes são sinais da correspondência (Aliança) entre Deus e o homem. Mas, o pecado praticado por Adão, cabeça e representante de toda a humanidade, maculou o pacto e, como punição, o mesmo foi expulso da presença de Deus (Gn 3.22-24). Todavia, Deus ama o homem! E decide manter sua aliança. Para tanto, a renova, através de Noé, Abraão, Moisés, Davi e, sobre tudo, Jesus Cristo.
O nascimento de Jesus Cristo, portanto, é uma mensagem maravilhosa de que Deus não desiste de nós. O entristecemos no Éden, nos dias de Noé, nas rebeliões e murmurações no deserto, nas inconstâncias dos tempos dos juízes, nas apostasias do período monárquico, na corrupção pós-exílica, mas, a despeito de nossa obstinação em transgredir a lei de Deus, O Senhor nunca desistiu do homem, pois sabe que o mesmo precisa d’Ele.
Em Cristo Deus dá sua mais ousada mensagem de amor. Ele renova a sua disposição em chamar novamente o pecador para perto de sua presença. Poderia mantê-lo distante para sempre de sua presença, mas o quer por perto, pois é o alvo eterno de seu amor.
A Arca nos dias de Noé (Gn 6.14-7.24), as tábuas da Lei nos tempos de Moisés (Ex 20.1-17), a Reino Davídico (1 Sm 5.1-12), embora eficientes em muitos aspectos como símbolos de uma aliança que pontifica a boa vontade de Deus para com os homens, contudo, não foram suficientes para a plena salvação e restauração do mais amplo relacionamento e entre nós e Deus. Cristo foi, portanto, a oferta mais generosa e contundente de Deus. É a sua poderosa voz nos chamando de volta para perto. Jesus Cristo é a Palavra de Deus aos homens. É a Sua mensagem encarnada!
2. A Renovação dos Homens:
O Nascimento de Jesus também é uma mensagem de renovação dos homens. O apóstolo Paulo declara que “se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17). O próprio Paulo é um exemplo disso. Vejamos sua trajetória em Atos 9. No início do capítulo ele é um sanguinário perseguidor da Igreja (vs 1-2), mas, ao se deparar com Jesus Cristo à caminho de Damasco, muda completamente, à ponto de Lucas, o autor do livro de Atos, encerrar o capítulo, apresentando-nos um novo Paulo, isto é, agora um apaixonado pregador do Evangelho de Jesus Cristo (vs. 20,22,28), aleluia! Somente Jesus Cristo muda assim a vida de alguém. O nascimento do Nazareno, então, é uma mensagem de que não precisamos nos contentar com a vida miserável que levamos. Não somos escravos de um destino cármico. Não precisamos continuar presos uma vida de derrotas e caos espirituais. Podemos mudar! Saulo de Tarso mudou! Maria Madalena mudou (Mc 15. 9)! Levi mudou (Lc 5.27-28)! Zaqueu mudou (Lc 19.1-10)! Os homens mudam quando se encontram com Cristo. E mudam para a melhor! Que maravilhosa notícia é essa!
3 - A Renovação do Cosmos:
Não apenas o gênero humano sofre os efeitos do pecado. Toda a natureza também os suporta. Lemos na Epístola aos Romanos que a “criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (8.22). O alcance do pecado foi cósmico. Toda a terra é maldita por causa do pecado (Gn 3.17-19). Dilúvios, saraivas, fomes, pragas, terremotos, guerras, mortes são expressões da maldição que sobreveio ao cosmos (mundo). O nascimento de Cristo, entretanto, contém uma mensagem de uma nova ordem. Uma nova realidade. Um novo tempo. Um novo Reino. Um novo mundo. Um tempo em que a morte será vencida, o pecado extirpado, um Reino inaugurado com um novo Rei entronizado e um cosmos restaurado. Uma nova era histórica será escrita e conhecida. Paulo fala de uma “convergência” do céu e da terra em Cristo (Ef 1.9), isto é, todas as esferas da criação serão redimidas e trazidas debaixo dos domínios de Cristo. Cristo é o centro de todo o universo (Ef 1.22). Este é o prêmio por sua obediência ao Pai (Fp 2.9; Hb 2.8). O mundo atual está perdido, mas não para sempre! Novos céus e uma nova terra nos aguardam (Ap 21.1-4). Jesus Cristo é o Rei que nasce para inaugurar este Reino (Is 9.6). O Reino Deus que começa a ser construído aqui, no coração dos homens e que progride para sua consumação na história. Um dia, Ele, o Rei, virá nas nuvens para definitivamente estabelecer o seu Reino (Mt 24.29-31, 25.31-34). O nascimento do menino em Belém aponta para estes novos tempos na história do mundo!
Conclusão:
O nascimento de Jesus Cristo é uma mensagem de renovação para toda a criação. Por causa d’Ele todos nós podemos ser pessoas transformadas. Pessoas de bem, do bem e para o bem! Não precisamos continuar a sermos os mesmos. Podemos confiadamente nos achegar diante do Senhor expor toda a nossa vida de fracassos e contradições, na certeza de que Ele nos ouvirá, entrará em nossa vida, mudará nosso destino. Os homens não estão perdidos para sempre. Há vida, solução e saída em Jesus Cristo!
Soli Deo Glória!!!
Introdução:
Quando estudamos sobre o nascimento de Jesus Cristo ficamos surpreendidos com a quantidade de significados implicados no evento. O nascimento de Cristo é o mais extraordinário evento histórico que se tem notícia, pois foi a manifestação do milagre da encarnação divina. Deus Filho mesmo sendo espírito (João 4.24), assumiu forma humana, veio ao mundo e andou sobre o mesmo por mais de 30 anos (João 1.14; Lc 3.23). O que poderia ser mais fantástico do que isso? O mundo fora visitado pelo Senhor! Os anjos entenderam o fato espetacular e foram tomados de imensa e comovente alegria (Lc 2.14)!
O nascimento de Jesus Cristo é uma portentosa declaração dos céus! Havia uma mensagem de renovação presente no fato. Que renovação era essa? Como podemos entendê-la?
1 - A Renovação da Aliança:
Quando o pecado entrou no mundo (Gn 3.1-7), dilacerou o relacionamento do homem com Deus. Havia uma aliança entre Criador e criatura. Deus criou o homem e, conferindo-lhe sua imagem e semelhança, o dotou de capacidades e responsabilidades (Gn 1.26-2.25). Estes são sinais da correspondência (Aliança) entre Deus e o homem. Mas, o pecado praticado por Adão, cabeça e representante de toda a humanidade, maculou o pacto e, como punição, o mesmo foi expulso da presença de Deus (Gn 3.22-24). Todavia, Deus ama o homem! E decide manter sua aliança. Para tanto, a renova, através de Noé, Abraão, Moisés, Davi e, sobre tudo, Jesus Cristo.
O nascimento de Jesus Cristo, portanto, é uma mensagem maravilhosa de que Deus não desiste de nós. O entristecemos no Éden, nos dias de Noé, nas rebeliões e murmurações no deserto, nas inconstâncias dos tempos dos juízes, nas apostasias do período monárquico, na corrupção pós-exílica, mas, a despeito de nossa obstinação em transgredir a lei de Deus, O Senhor nunca desistiu do homem, pois sabe que o mesmo precisa d’Ele.
Em Cristo Deus dá sua mais ousada mensagem de amor. Ele renova a sua disposição em chamar novamente o pecador para perto de sua presença. Poderia mantê-lo distante para sempre de sua presença, mas o quer por perto, pois é o alvo eterno de seu amor.
A Arca nos dias de Noé (Gn 6.14-7.24), as tábuas da Lei nos tempos de Moisés (Ex 20.1-17), a Reino Davídico (1 Sm 5.1-12), embora eficientes em muitos aspectos como símbolos de uma aliança que pontifica a boa vontade de Deus para com os homens, contudo, não foram suficientes para a plena salvação e restauração do mais amplo relacionamento e entre nós e Deus. Cristo foi, portanto, a oferta mais generosa e contundente de Deus. É a sua poderosa voz nos chamando de volta para perto. Jesus Cristo é a Palavra de Deus aos homens. É a Sua mensagem encarnada!
2. A Renovação dos Homens:
O Nascimento de Jesus também é uma mensagem de renovação dos homens. O apóstolo Paulo declara que “se alguém está em Cristo, nova criatura é. As coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17). O próprio Paulo é um exemplo disso. Vejamos sua trajetória em Atos 9. No início do capítulo ele é um sanguinário perseguidor da Igreja (vs 1-2), mas, ao se deparar com Jesus Cristo à caminho de Damasco, muda completamente, à ponto de Lucas, o autor do livro de Atos, encerrar o capítulo, apresentando-nos um novo Paulo, isto é, agora um apaixonado pregador do Evangelho de Jesus Cristo (vs. 20,22,28), aleluia! Somente Jesus Cristo muda assim a vida de alguém. O nascimento do Nazareno, então, é uma mensagem de que não precisamos nos contentar com a vida miserável que levamos. Não somos escravos de um destino cármico. Não precisamos continuar presos uma vida de derrotas e caos espirituais. Podemos mudar! Saulo de Tarso mudou! Maria Madalena mudou (Mc 15. 9)! Levi mudou (Lc 5.27-28)! Zaqueu mudou (Lc 19.1-10)! Os homens mudam quando se encontram com Cristo. E mudam para a melhor! Que maravilhosa notícia é essa!
3 - A Renovação do Cosmos:
Não apenas o gênero humano sofre os efeitos do pecado. Toda a natureza também os suporta. Lemos na Epístola aos Romanos que a “criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora” (8.22). O alcance do pecado foi cósmico. Toda a terra é maldita por causa do pecado (Gn 3.17-19). Dilúvios, saraivas, fomes, pragas, terremotos, guerras, mortes são expressões da maldição que sobreveio ao cosmos (mundo). O nascimento de Cristo, entretanto, contém uma mensagem de uma nova ordem. Uma nova realidade. Um novo tempo. Um novo Reino. Um novo mundo. Um tempo em que a morte será vencida, o pecado extirpado, um Reino inaugurado com um novo Rei entronizado e um cosmos restaurado. Uma nova era histórica será escrita e conhecida. Paulo fala de uma “convergência” do céu e da terra em Cristo (Ef 1.9), isto é, todas as esferas da criação serão redimidas e trazidas debaixo dos domínios de Cristo. Cristo é o centro de todo o universo (Ef 1.22). Este é o prêmio por sua obediência ao Pai (Fp 2.9; Hb 2.8). O mundo atual está perdido, mas não para sempre! Novos céus e uma nova terra nos aguardam (Ap 21.1-4). Jesus Cristo é o Rei que nasce para inaugurar este Reino (Is 9.6). O Reino Deus que começa a ser construído aqui, no coração dos homens e que progride para sua consumação na história. Um dia, Ele, o Rei, virá nas nuvens para definitivamente estabelecer o seu Reino (Mt 24.29-31, 25.31-34). O nascimento do menino em Belém aponta para estes novos tempos na história do mundo!
Conclusão:
O nascimento de Jesus Cristo é uma mensagem de renovação para toda a criação. Por causa d’Ele todos nós podemos ser pessoas transformadas. Pessoas de bem, do bem e para o bem! Não precisamos continuar a sermos os mesmos. Podemos confiadamente nos achegar diante do Senhor expor toda a nossa vida de fracassos e contradições, na certeza de que Ele nos ouvirá, entrará em nossa vida, mudará nosso destino. Os homens não estão perdidos para sempre. Há vida, solução e saída em Jesus Cristo!
Soli Deo Glória!!!
sábado, 24 de setembro de 2011
O ÊXODO – ISRAEL EM CANAÃ – O REINO DE ISRAEL
O ÊXODO – ISRAEL EM CANAÃ – O REINO DE ISRAEL
Por: João Batista T.Costa.
I - O ÊXODO 1. Israel no Egito
Jacó (cujo outro nome era Israel) teve doze filhos, que foram os “filhos de Israel” originais. Mas todos estes progenitores das doze tribos de Israel não morreram em Canaã nem passaram seus últimos anos nessa região, mas no Egito, para onde foram impelidos pela fome. José tornou-se administrador da mais elevada categoria no Egito e também morreu lá (Gn 50.26). As historias de José e seus irmãos estão em harmonia com evidências de outros povos semíticos que viviam no Delta do Nilo, sobretudo entre aproximadamente 2000 e 1500 a.C.
As circunstâncias desse período concordam melhor que qualquer outro com o estilo de vida e acontecimentos que as narrativas patriarcais descrevem.
Êxodo 1.8 declara que “depois, levantou-se um rei sobre o Egito, que não conhecera a José”, uma das dinastias sucessivas está em mira, provavelmente a décima nona, cujos primeiros faraós construíram as cidades de pitom e ramesses, esta última como residência real na região do Delta, onde os israelitas tinham se estabelecido. Tornou-se conveniente usar os israelitas como trabalhadores escravos. À medida que os anos passavam, a escravidão dos israelitas ficou mais difícil de suportar (Ex 1.14). O exílio egípcio provavelmente durou, ao todo, 430 anos (Ex 12.40,41).
2. A Peregrinação
Até aqui estudamos as peregrinações daqueles que tinham de Deus uma promessa, e aguardavam ansiosamente por ela, tal promessa feita por Deus a Abraão através de Isaque. Agora estudaremos as peregrinações da nação cuja formação é o cumprimento desta promessa.
Fica difícil fixar com precisão os muitos lugares onde o povo de Israel fizeram suas paradas no deserto. Apesar de todas as investigações feitas para dar o roteiro, não é possível fazê-lo com exatidão; isto se deve em parte ao fato de a Bíblia não ser um tratado histórico e muito menos geográfico. Pelas mudanças ocorridas em uma região cercada de mar, em um período de três mil anos, tornaram difícil localiza-los com exatidão. O palco das maravilhas operadas por Deus através de Moisés foi Zoá, cidade real a leste do braço do Nilo.
Em êxodo 13.17,18 a bíblia diz: “E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e tornem ao Egito”.Mas Deus fez rodear o povo pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho; e subiram os filhos de Israel da terra do Egito armados“.
O povo podia chegar a terra prometida em poucas semanas, mas por esse caminho encontrariam os filisteus, e Israel não estava organizado para uma guerra. Então Moisés guiou o povo por um longo caminho, levando três meses para chegar ao Sinai. Deus cuida de tudo para proteger o seu povo.
O caminho normal, era a rota litorânea conhecida por “caminho da terra dos filisteus”
Como os egípcios tinham fortificações ao longo da única fronteira entre o Mediterrâneo e a cabeceira do Golfo de Suez, Israel se viu forçado a desviar para o sul em direção ao mar Vermelho.
A jornada de Israel no deserto pode ser dividida em quatro partes diferentes, que são:
a) – De Ramsés ao Sinai;
b) – Do Sinai a Cades-Barnéia;
c) – De Cades-Barnéia a Cades-Barnéia (andando em circulo);
d) – De Cades-Barnéia a Canaã.
2.1 – De Ramsés ao Sinai
Gósen: Ponto de partida cidade da região onde o povo judeu se estabeleceu (Ex 12.37);
Sucote: A sudeste de Ramsés. Ali levantaram o primeiro acampamento (Ex 12.37);
Etã: Na entrada do deserto. Lugar onde Deus manifestou a coluna de nuvem e a coluna de fogo (Ex 13.20);
Pi-Hairote: Diante de Baal-Zefom e ao norte do Mar Vermelho. Foi deste lugar que Faraó começou a perseguição ao povo de Israel (Ex 14.2);
Mar Vermelho: Em sua extremidade norte. No extremo norte do então chamado canal de Suez. O fato marcante aqui foi a travessia dos israelitas pelo meio do mar. De acordo com alguns historiadores a distância da travessia teria sido de 1 quilometro, outro fato inesquecível foi a morte dos egípcios no mar após a travessia do povo de Israel (Ex 14.22);
Mara: Entre o deserto de Etã ao norte, e o deserto de Sim ao sul, costeando o litoral ocidental da península do Sinai. O nome Mara quer dizer "amarga". Foi ali que Deus operou o milagre tornando as águas amargas e águas doces pela oração de Moisés (Ex 15.23);
Elim: Ligeiramente ao sul de Mara. Ali encontram um lindo Oásis, com setenta palmeiras e doze fontes dáguas (Ex 15.27);
Deserto de Sim: ficava no litoral ocidental da península do Sinai, parte oriental do Golfo de Suez. Israel murmura; e Deus manda o maná e codornizes; a instituição do sábado (Ex 16.1);
Refidim: A noroeste do Monte Sinai. Vários fatos se destacam neste lugar: A rocha foi ferida; os amalequitas destruídos; e Jetro, sogro de Moisés o aconselhou (Ex 17; 18.17-27);
Deserto do Sinai: Finalmente Israel chegou no Monte Sinai. Extremo sul da península que leva o mesmo nome. Provavelmente após três meses de jornada, onde ficou por mais ou menos um ano (Nm 10.11,12). Nesse lugar Deus deu a Israel três presentes: uma aliança renovada, uma lei moral e um sistema de sacrifício. A lei moral foi os dez mandamentos, complementados por outros estatutos e juízos. A nova aliança foi ratificada por sacrifício, quando o povo se comprometeu a guardar a lei. Além disso, Deus deu instruções para a construção do Tabernáculo.
Do Sinai a Cades-Barnéia
O Povo ficou acampado no Sinai cerca de doze meses, nesse tempo construíram o Tabernáculo, tempo suficiente também para se adaptar as diversas leis e sacrifícios instituídos por Deus.
Logo em seguida, a marcha começou. O Tabernáculo foi desmontado e os israelitas partiram do Sinai. Finalmente uns sete séculos depois de Deus ter prometido a Abraão que seu povo receberia a terra de Canaã, a promessa parecia prestes a cumprir-se (Nm 10.29).
Sinai: De onde partiram (Nm 10.11,12);
Taberá: A 48 quilometro a nordeste de Sinai. Lugar marcado pela murmuração do povo quando Deus enviou o fogo e os consumiu (Nm 11.3). Começava ali o povo dificultar sua própria chegada a Canaã.
Quibrote-Hataavá: Entre Taber e Hazerote. A princípio parece ser o mesmo lugar em que estavam, mas segundo alguns escritores, é um lugar um pouco mais adiante. Deus envia codornizes; morre os cobiçosos e a designação de setenta anciões (Nm 11.34).
Hazerote: A 64 quilômetros do Sinai. A murmuração de Miriã, ela fica leprosa e é curada (Nm 11.35; 12).
Cades-Barnéia: Ficava no deserto de Parã (Nm 12. 16; 13.26). Foi em Cades que Moisés envia doze espias para Canaã, levando quarenta dias para retornar; como resultado; os espias disseram que realmente a terra fluía leite e mel, mas acrescentaram que seus habitantes eram invencíveis (Nm 13. 27-29,31). Dois dos espias Calebe e Josué rogaram ao povo para que não desacreditassem de Deus. Mas o julgamento de Deus sobre o povo significou que nenhum adulto daquela geração iria entrar na terra prometida, exceto Calebe e Josué. A punição era peregrinar 40 anos no deserto (Nm 14.33,34).
De acordo com Números 14.32-34 e Deuteronômio 2.14, dois anos já havia se passado; faltavam ainda 38 anos.
De Cades-Barnéia a Cades-Barnéia
Uns 40 anos decorreram entre o êxodo do Egito e a entrada em Canaã, dos quais em sua grande maioria passados no oásis de Cades-Barnéia, no Neguebe. A história da peregrinação é interrompida no final do capítulo 14 e reinicia no capítulo 20 de Números. A partir deste ponto os 38 anos já se passaram, e eles estão agora na última arrancada para a terra prometida. Nesta fase o povo ficou andando em círculo, retornando ao mesmo lugar. Surge, então, a quarta etapa da viagem.
De Cades-Barnéia a Canaã
Cades-Barnéia: deste ponto deu-se a partida definitiva para Canaã. Segundo Números 20.1 neste lugar antes da partida; morreu Miriã irmã de Moisés. No verso 7 temos a desobediência de Moisés. Faltava água, e o povo começou a murmurar, então Deus diz para Moisés falar a rocha, mas ele fere com a vara novamente como em Refidim (Ex 17.6, Nm 20.8). Aqui também morre Arão e o próprio Moisés. Todos os três morrendo no mesmo ano (Manual Bíblico de H. H. Halley pág. 138).
Monte Hor: Norte do Golfo de Acaba. Neste monte temos a morte de Arão; ea destruição dos cananeus na região de Arade (Nm 20.22).
Elate: Conhecida como região do Mar Vermelho, no Golfo de Ácaba. Neste lugar ocorreu o episódio das serpentes ardentes (Nm 21.4).
Obote: Ao sul do Mar Morto.
Outeiros de Abarim: Nas terras de Moabe.
Ribeiro de Zerede: Rio que deságua no sul do Mar Morto.
Arnom: Ali Abraão pede passagem ao rei de Seom, mas é negado. Como conseqüência os amorreus são destruídos, quando Israel chega em suas terras (Nm 21.13). Deságua na parte oriental do Mar Morto.
Planicies de Moabe: Após a vitória sobre os reis de Moabe e Basã, Moisés continuou na sua campanha de guerra em destruir os povos para lhes tomar as terras, chegando até as regiões de Basã (no norte da Palestina além do Jordão). Depois disto retornam para as Campinas de Moabe. É neste retorno que acontece o encontro de Balaque com Balaão, onde vemos suas profecias de bênçãos para o povo de Israel e maldições para Balaque. Aqui também é feita a divisão das terras desta região as tribos de Rúbem, Gade e a meia tribo de Manassés feita ainda por Moisés. Algumas leis são estabelecidas: a cerca da divisão da terra; leis a cerca das heranças etc.; recapitulação das jornadas, as cidades de refúgio, cidades dos levitas, e a morte de Moisés (Nm 21.22-36; Dt 34).
II. ISRAEL EM CANAÃ 1. A Travessia do Jordão.
“Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria” (Js 1.6). Já antes de sua morte, Moisés tinha nomeado Josué para levar o povo a terra prometida. Agora Deus da a ordem a Josué para ele atravessar o Jordão.
Josué conduziu o povo pelo rio Jordão, no ponto oposto de Abel-Sitim, e assentou acampamento em Gilgal (Js 4.19). Deste lugar, Josué administrou suas campanhas militares ao sul de Canaã. Diante dos israelitas estava Jericó, antiga cidade murada; sua destruição foi a primeira vitória obtida na terra prometida. Aos poucos os israelitas foram conquistando as terras de Canaã, principalmente nos altiplanos. Porém, não ao todo; os cananeus, com seu armamento superior, sobretudo carros de ferro, continuaram a prevalecer nas regiões das planícies. Assim, quando a terra foi repartida entre as tribos de Israel, restaram algumas cidades a conquistar, tendo os israelitas de conviver lado a lado com os cananeus.
A área conquistada por Josué somada aquela que Moisés já tinha conquistado na transjordânia, juntas não representavam mais que uma sexta parte da área prometida por Deus a Abraão, que era desde o Egito até o rio Eufrates (Gn 15.18). Não foram conquistada, a Fenícia, a Filístia, a terra de Amate (Síria) e nem as partes de Edom e Moabe ao sul e leste do Mar Morto.
2.Divisão das Tribos de Israel
A Palestina foi repartida de forma desigual entre as tribos de Israel. A parte oriental do Jordão a região da Transjordânia, foi repartida entre as tribos ricas em gado de Rubem, Gade e a meia tribo de Manassés, por meio de um acordo em que se propuseram a ajudar as outras tribos a desapossar os indígenas hostis da região ocidental de Canaã. Este acordo entre eles não foi levado muito a sério, pouca foi a participação das duas e meia tribos nas lutas da nação. Logo após o fim das campanhas na Palestina ocidental, os primeiros a receberem a herança foram as tribos de Judá, Efraim e a meia tribo de Manassés, enquanto as outras restantes levaram tempo a obter suas possessões. Josué enviou três homens de cada tribo fazer um mapeamento do país. Quando voltaram, foi-lhes repartida a terra por sorte, as quais estudaremos agora.
2.1 Tribo de Rúbem
As cidades mais importantes que constavam eram: Aroer, Bezer, Hesbom, Jasa e Dibom.
2.2 Tribo de Gade
Entre as suas localidades, merecem destaque as cidades: Minite, Jaser, Maanaim, Penuel, Sucote, Ramote, Jabes-gileade, Bete-Nimra.
2.3 Tribo de Manassés - Oriental
Cidades: Quenate, Edrei, Gola, Astarote, Afeque e Salcá.
2.4 Tribos de Manassés - Ocidental
Cidades: Ofra, Taanaque, Dotã, Ibleã, Dor, Em-dor, Megido Bete-Seã.
2.5 Tribo de Judá
Judá tinha 115 cidades destas cedeu 18 para Simeão, e outras a Dã e a Benjamim, restaram-lhe: Hebrom, Belém ou Efrata, Carmelo, Técoa, Bete-Semes, Azeca, Quiriate-Jearim, Socó, Queila, Malom, Adulão, Laquis, Debir, Libna, etc.
2.6 Tribo de Benjamim
Ficou com as seguintes cidades: Jebus, Gilgal, Jericó, Ai, Betel, Ram, Anatote, Gibe, Micmas, Gibeom, e Mispá.
2.7 Tribo de Simeão
Cidades: Berseba, Ziclague, Sefate ou Hormá, Gerar e Arade.
2.8 Tribo de Dã
Cidades: Timna, Aijalom, Elteque, Zorá, Ecrom, Lida e Jope.
2.9 Tribo de Efraim
Cidades: Timnate-Sera, Tirza, Siquém, Bete-Horom e Samaria.
2.10 Tribo de Issacar
Cidades: Em-Ganim, Suném, Jesreel e Afeque.
2.11 Tribo de Zebulom
Cidades: Gate-Hefer, Quislote-tabor, Catate, e Naalal.
2.12 Tribo de Naftali
Cidades: Quedes, Hamate, Carta, Irom, Em-Hazor, Migdal-El, e Abel-Bete-Maaca.
2.13 Tribo de Aser
Cidades: Misal, Acsafe, Cabul e Reobe.
A tribo de José não teve nome nem herança entre seus irmãos ela foi dividida entre seus dois filhos, Efraim e Manassés. Já a tribo de Levi não teve herança, mas teve 48 cidades, perfazendo assim as 12 tribos. Das 48 cidades, 6, seriam cidades de refúgio (Js 21.41).
As Cidades de Refúgio Cidades Orientais:
Ramote Em Gade;
Bezer Em Rúbem;
Golã Em Manassés.
Cidades Ocidentais:
Quedes Em Naftali;
Siquém Em Efraim;
Hebrom Em Judá.
III - O REINO DE ISRAEL 1. O REINO UNIDO
Saul – Logo após o final do período dos Juízes, que durou cerca de 325 anos (1375 a 1050 a.C.), findando assim com Samuel, começa a época dos reis de Israel.
Saul foi feito rei pelo profeta Samuel em atenção ao clamor popular por um rei (1 Sm 8.5). Os estados vizinhos eram reinos, e acreditava-se que o fracasso do exército de Israel era devido à falta de liderança e unidade.
O primeiro rei de Israel começou seu reinado com grande promessa. Saul era rico, alto, bonito, jovem e popular. Ele comandou Israel com êxito contra os amonitas na libertação de Jabes-Gileade, antes mesmo de ser ungido rei em Gilgal. Com a ajuda de seu filho Jõnatas, um grande estrategista de guerra, venceu grandes batalhas principalmente em Micmas. Embora fosse bem-sucedido em suas campanhas militares no sul; que abriria caminho para seu sucessor, Davi, o ciúme mudou a sorte de Saul sendo derrotado e morto, ele e Jõnatas, pelos seus piores inimigos, os Filisteus, em Gilboa (1 Sm 31.1-6
Davi – Durante a vida de Saul, Davi já fora declarado herdeiro do trono, mas passou os anos finais do reinado de Saul em fuga devido ao ciúme do rei. Davi buscou refúgio em muitos lugares, inclusive entre os filisteus. Ele começou seu reinado em Hebrom, onde sua tribo, Judá, o ungiram rei. Sete anos depois, todas as tribos de Israel foram a Hebrom e o ungiram segunda vez rei sobre todo o Israel (2 Sm 2-5). Aos poucos, Deus ía exaltando Davi, preparando-o para reinar sobre toda nação. “Ia Davi crescendo em poder cada vez mais, porque o Senhor dos exércitos era com ele” (1 Cr 11.9).
Deus não somente deu um rei para Israel como também escolheu uma nova capital, Jerusalém. Jerusalém antes era conhecida como Jebus e pertencia aos jebuseus. Quando Davi a conquistou ele alterou o nome para Jerusalém, que quer dizer: “cidade de paz”.
A conquista de Jerusalém efetuada por Davi completou a conquista de Canaã.
Foi com Davi que o reino de Israel foi unificado, ele tomou providências para consolidar o que Saul tinha começado: unir seu povo, debilitar o poder dos filisteus e ampliar as fronteiras do reino conquistando as terras dos amonitas, edomitas moabitas e sírios.
O primeiro feito heróico de Davi foi tornar o país um lugar livre de inimigos. Davi estendeu o reino conquistando terras desde Dã até o ribeiro do Egito. Seu império se ampliou ainda mais, alcançando o rio Eufrates, no norte, e o porto de Eziom-Geber, no Golfo de Ácaba, no sul, ao mesmo tempo em que os povos de Edom, Moabe, Amom e Síria tornaram-se estados vassalos, sendo obrigados a pagar tributo (2 sm 8.2-14).
Salomão – Com sua morte, em cerca de 970 a.C., Davi entregou ao filho Salomão um império que cinqüenta anos antes teria sido inimaginável, e cujo tamanho não seria visto sob a regência de nenhum outro rei israelita.
Depois de sair vencedor de uma difícil luta de sucessão, Salomão reinou durante uns quarenta anos. Durante seu reinado, o reino de Israel alcançou seu apogeu de magnificência. As forças de Salomão eram a administração, as obras públicas e a diplomacia. Logo que assumiu o trono, ele orou a Deus pedindo sabedoria e Deus lhe concedeu (1 Rs 3.9).
Salomão casou-se com as filhas dos reis vizinhos como meio de selar relações diplomáticas, e entrou em empreendimentos comerciais conjuntos com Hirão, rei de Tiro. Dividiu o reino em 12 distritos administrativos (1 Rs 4.7–19) sob a administração de 12 oficiais, responsáveis pela provisão da casa real, um cada mês do ano.
Salomão construiu palácios para si e sua rainha em Jerusalém, edifícios para reuniões, para julgamento e com fins militares, e o Grande Templo, feito de pedra, cedro, cipreste e ouro. Sua reputação por esplendor, sabedoria e justiça espalhou-se longe, e sob seu reinado o povo desfrutou paz e prosperidade (1 Rs 4.20,25).
Salomão também criou um monopólio comercial e explorou os recursos naturais do seu império. Ele fortificou as cidades de Hazor, Megido, Gezer, Bete-Horom de baixo, Baalate, e Tamar (1 Rs 6; 7; 9.15-19). Construiu fundição para o ferro e empresas de mineração de cobre, e fez uma base naval em Eziom-Geber. Ergueu um exército efetivo, equivalente a 1.400 carros e 40.000 cavalos de guerra. Fundou a marinha de Israel, cujos navios, mantidos no Golfo de Ácaba, partiam em distantes viagens comerciais.
Contudo, a extravagância de alguns dos métodos de Salomão e a política de trabalho forçado lançaram as sementes de descontentamento que resultaram no colapso do reino durante o reinado de seu sucessor. Seu filho Roboão.
2.O REINO DIVIDIDO
Com a morte de Salomão, em cerca de 930 a.C., seu filho Roboão foi reconhecido rei em Judá, em seu lugar. Mas por causa das medidas repreensivas de seu pai, foi rejeitado pelos anciões das tribos do norte no concilio de Siquém (1 Rs 12). Jeroboão, que estava vivendo no exílio no Egito, fugido de Salomão, foi chamado pelas tribos do norte para liderar sobre eles.
Elegeram assim Jeroboão filho de Nebate como líder.
Assim o reino se dividiu em dois, Israel o reino do norte com Jeroboão seu primeiro rei, com10 tribos tendo inicialmente Siquém como capital depois Samaria.
Judá, o reino do sul com Roboão seu primeiro rei, com 2 tribos ficando com Jerusalém como capital, divididos aproximadamente ao longo da fronteira entre Efraim e Benjamim.
Israel passou por várias mudanças de dinastias e durou só uns 200 anos, até Samaria ser destruída, em 722 a.C. Enquanto Judá resistiu por mais tempo, mantendo a dinastia de Davi ao longo de sua história que chegou até 350 anos, até que Jerusalém também foi destruída em 586 a.C.
GEOGRAFIA DA PALESTINA
INTRODUÇÃO
Quando se vê a Terra Santa de cima, os olhos imediatamente deslizam pelo corredor longo e reto do vale do Jordão, percorrendo a direção norte-sul, na extensão total da Palestina, desde o monte Hermom a Arabá. Embora serpenteie de modo extremamente sinuoso ao longo do seu curso mais baixo, o rio Jordão está confinado por paredes laterais muito altas dos vales que formam parte do grande vale do Rife. Esta fissura é parte de uma falha geológica de 6.500 quilômetros que começa na Síria e termina em Moçambique.
Há milhões de anos, as placas subterrâneas nas quais os continentes da África e da Ásia descansam, se chocaram, ocasionando o dobramento e fratura da terra. Esta ação formou as características distintivas da Palestina. A pressão entre as duas placas fez com que os sedimentos do subsolo se avolumassem e subissem no oeste, formando as montanhas da Judéia. Na transjordânia, a placa se elevou e formou o planalto oriental superior. Entre eles o sedimento caiu, fazendo com que a superfície do mar Morto ficasse a uns 400 metros abaixo do nível do mar, o lugar mais baixo da Terra. (Pequeno Atlas Bíblico CPAD).
I - LOCALIZAÇÃO Localizada no continente asiático, a 30o Latitude Norte, e 35o Longitude Leste, banhada pelo Mar Mediterrâneo. A Palestina constitui-se num centro de gravidade para o mundo e as civilizações da antiguidade. Do ponto de vista comercial ficava na rota obrigatória do tráfico entre o Oriente e o Ocidente, bem como entre o Norte e o Sul, do ponto de vista político igualmente passagem inevitável dos exércitos conquistadores das grandes potências ao seu redor, razão pela qual estas se interessavam por sua conquista e fortificação. Daí as devastações sofridas pela Palestina em repetidas vezes durante a sua história. Através dos tempos o termo “Palestina” tem recebido vários nomes como: Terra de Canaã, Terra dos Amorreus, Terra dos Hebreus, Terra dos Israelitas, Terra de Judá, Terra da Promessa, Terra Santa e Palestina.
1 Limites
A Palestina limita-se: ao Norte – com a Síria e Fenícia; ao Leste – com partes da Síria e partes da Arábia; ao Sul – com Arábia; a Oeste – com o mar Mediterrâneo. Naturalmente estes são os limites médios ou prevalecentes da história política da Palestina, havendo épocas em que eles sofriam algumas modificações resultantes das conquistas ou perdas nas lutas com as nações vizinhas.
II - SUPERFÍCIE
No decorrer dos tempos a Palestina teve sua superfície consideravelmente variada, ora sendo mais, ora sendo menos extensa. Como nos dias dos reis Davi e Salomão, quando pela conquista anexaram-se vários territórios vizinhos, que aumentou sua extensão, e quando foi invadida pelos reinos ao seu redor, reduzindo seu território. Em termos médios sua superfície é de cerca de 30.000 quilômetros quadrados, sendo o seu comprimento em direção do norte para o sul de aproximadamente 250 quilômetros e largura media de 120 quilômetros. Em comparação com as superfícies dos Estados brasileiros a Palestina era um pouco maior que o Estado de Sergipe.
III - TOPOGRAFIA
De um modo geral os geógrafos modernos costumam dividir a Palestina em quatro secções longitudinais, a saber:
1 Planice da costa do Mediterrâneo;
2 Região montanhosa central;
3 Vale do Jordão;
4 Planalto Oriental, ou zona montanhosa de Galaad, a Transjordania.
Para um estudo mais detalhado da topografia da Palestina vamos seguir o esquema a baixo:
1) Planícies
(1) Planície do Acre – região do extremo noroeste da costa palestínica, ao sul da Fenícia e que se estende até o monte Carmelo, bordejando a baia do Acre.
(2) Planície de Saron – região entre o monte Carmelo e a cidade de Jope, alargando-se na direção das montanhas da região central à medida que avança para o sul. Esta região é particularmente conhecida pelos famosos lírios e outras variedades de flores.
(3) Planície da Filístia – faixa de terra habitada pelos filisteus, entre Jope e Gaza, no sudeste da Palestina, ou seja, junto da costa sul, com cerca de 75 quilômetros de comprimento por 25 de largura. Grande produtora de cereais e frutas.
(4) Planície de Sefelá – com nível ligeiramente mais elevado que a planície da Filístia, ficando entre a planície da Filístia e as montanhas de Judá ao oriente, com várias colinas baixas e muito fértil, principalmente em trigo, uva e oliva.
(5) Planície de Jesreel ou Esdralon, também chamada de Armargedon. É uma confluência de três vales, dos quais o central, Jesreel, é o mais importante, a planície que traz este nome é considerada a maior da Palestina e a mais famosa. Situada entre os montes da Galileia e os de Samaria, alargando-se para o noroeste até o monte Carmelo e sul dos montes Libanos.
No ângulo suleste da planície fica o local da antiga e importante cidade fortificada de Jesreel, que foi a capital do reino do Norte ao tempo de Acabe e Jezabel. Para leste desta cidade desce o vale de Jesreel até atingir o Jordão na altura de Bete-Seã. De modo que a cidade empresta o seu nome tanto a planície que se estende para o noroeste da mesma, como ao vale que toma a direção leste.
Devido a sua posição estratégica, via de comunicação natural entre Damasco e Mediterrâneo, a planície foi palco de inúmeras batalhas desde os dias de Gideão, na época dos Juízes. O rio Quison atravessa a planície longitudinalmente, de leste a oeste, desembocando no Mediterrâneo ao norte do monte Carmelo.
O nome profético desta planície, Armargedon, (Ap 16.16), que significa “Montanha de Megido” é uma associação de fundo histórico com sangrentas batalhas ocorridas perto da cidade de Megido, ao sul da planície, para caracterizar as futuras dores e os triunfos do povo de Deus.
Além destas existem outras planícies menores espalhadas pela Palestina, como a de Jericó, a de Dotam, a de Moabe, a de Genezaré etc
IV - VALES
Embora a Palestina tenha muitos vales, vamos focalizar e localizar os principais:
(1) Vale do Jordão. Este é o maior vale da Palestina; começa no monte Hermom, no extremo norte, corta o país até o Mar Morto, no extremo sul. Inicialmente é muito estreito, cerca de 100 metros, abrindo para 3 quilômetros logo a baixo do Mar da Galileia, chegando a 15 quilômetros na região de Jericó, tornando a estreitar-se pouco antes do Mar Morto, no seu ponto final. Este vale serve de passagem para o famoso rio Jordão. Este vale é o de maior profundidade de toda a face da terra com 426 metros a baixo do nível do Mar Mediterrâneo, numa distancia de 215 quilômetros em linha reta desde Hermom até o Mar Morto.
(2) Vale de Jesreel. Não confundir este vale com a planice do mesmo nome. O vale de Jesreel tem o seu começo nas cabeceiras do ribeiro de Jalud, que serpenteia pelo mesmo, e termina no vale do Jordão na altura de Bete-Seã.
(3) Vale de Açor. Fica entre as terras de Judá e Benjamim, ao sul de Jericó, no qual se deu o apedrejamento e queima de Acã e toda a sua família.
(4) Vale de Aijalom. A 24 quilômetros a nordeste de Jerusalém, onde se deu a vitoriosa batalha de Josué com os amorreus quando o sol parou sobre Gibeom e a lua sobre o vale de Aijalom. Sua extensão mede-se em 18 quilômetros de comprimento na direção do Mediterrâneo, por 9 de largura.
(5) Vale de Escol, a oeste de Hebrom, famoso pela sua fertilidade especialmente a dos vinhedos. Foi deste vale que os espias levaram a Moisés um cacho de uvas tão pesado que foram preciso dois homens para transporta-lo (Nm 13.22-27).
(6) Vale de Hebrom. Este fica a 30 quilômetros a sudeste de Jerusalém, no qual se levanta a célebre cidade de Hebrom, a família de Abraão se fixou por longo tempo em suas cercanias.
(7) Vale de Sidim. Este é o provável vale onde hoje é o Mar Morto, precisamente a parte sul, que seria a mesma região de Sodoma e Gomorra segundo Gênesis 14.3-10.
(8) Vale de Siquém. Situado no centro de Canaã, entre os montes Ebal e Gerizim, com 12 quilômetros de comprimento, avançando na direção noroeste da cidade de Siquém, atualmente se chama Nablus. Neste vale está o poço de Jacó, famoso pelo encontro de Jesus com a samaritana.
(9) Vale de Moabe, é o vale mais largo dos três “wadis” que desembocam na planice de Moabe a nordeste do Mar Morto.
V - MONTES
Para o povo Hebreu os montes estavam sempre associados a vida religiosa e militar, inúmeras foram as experiências nestes sentidos. Parece, para os israelitas, que os montes sempre lhes queriam dizer que o Criador esta a cima de todas as coisas. Não podemos esquecer também que Deus, geralmente falava aos lideres do povo nos montes. Assim falou com Moisés no monte Sinai e Elias no Horebe e tantos outros.
Os montes da Palestina podem ser divididos em dois grupos gerais: os montes palestinicos propriamente ditos, e os montes transjordanicos.
1.Montes Palestinicos
1.1 Monte Hatim – fazendo parte do pequeno conjunto chamado, Cornos de hatim localiza-se a oeste do Mar da Galiléia. Sua altitude é de 180 metros. Por se tratar de lugar pitoresco, com ampla vista para o Mar da Galileia, julga-se ter sido ali o lugar onde Jesus reuniu os seus discípulos e proferiu o célebre Sermão do Monte, razão pela qual também é conhecido como “Monte das Bem-Aventuranças”.
1.2 Monte Tabor, este também fica na Galiléia, na parte nordeste da planice de Jesreel ou Esdralon. Tem 615 metros de altitude. Na historia do Velho Testamento este monte tem significação importante devido às batalhas ocorridas junto ao mesmo, como sejam: a de Baruque e Débora contra Sisera (Juizes 4) e de Gideão contra os reis midianitas (Juizes 8). No segundo século da nossa era grandes teólogos pensaram que a transfiguração de Jesus se dera ali, chegando a construir em seu topo marcos comemorativos do acontecimento, que mais tarde a mãe de Constantino, Santa Helena, transformou em três templos; um par Jesus, outro para Moisés e outro para Elias. Posteriormente, porém, razões fortes fizeram crer que a transfiguração teria ocorrido em alguma elevação do lado sul do monte Hermom.
1.3 Monte Gilboa. Este fica a sudeste da planice de Jesreel e tem forma alongada, medindo 13 por 5 a 8 quilômetros e altura de 543 metros. Seus flancos são íngremes e escarpados. Inesquecível pela morte de Saul e seu filho Jõnatas na batalha contra os filisteus.
1.4 Monte Carmelo. Seu nome significa “campo fértil, jardim”. Na realidade o Carmelo é uma pequena cordilheira com cerca de 30 quilômetros de comprimento por 5 a 13 de largura que pende do Mediterrâneo para sudeste Palestina adentro. Seu ponto mais alto tem 575 metros onde havia um altar antigo, referido em I Reis 18.32, lugar onde Elias desafiou aos profetas de Baal. Ao lado norte do monte corre o rio Quison em cuja margem Elias mandou matar aos profetas de Baal em fuga.Este monte forma uma barreira entre as planices Esdralon ao norte e Sarom ao sul, apresentando em seus flancos inúmeras cavernas que pela sua conformação interna algumas parecem terem sido habitadas. Uma delas é assinalada como “Gruta de Elias”, que hoje é um santuário muçulmano. Esses quatro primeiros montes fazem parte “região montanhosa de Naftali”, da qual estes são os mais importantes.
1.5 Monte Ebal, situado ao norte de Nablus, antiga Siquém, tem cerca de 1000 metros de altitude, e é árido e escarpado. Tanto este como o monte Gerizim (que iremos descreve-lo a baixo), são também conhecidos como os montes da Bênção e da Maldição (Dt 11.29; 27.1-13; Js 8.30-34). Os que visitam o vale de Siquém dizem que os dois montes de fato formam uma espécie de anfiteatro em que os efeitos acústicos permitem distinguir num dos montes e no vale a voz de uma pessoa que fala do outro monte.
1.6 Monte Gerizim. Fica ao sul do vale de Siquém, também árido e escarpado, com 940 metros de altitude possue uma historia particular. É que, depois do cativeiro babilônico dos judeus, os samaritanos, sob o governo de sambalá, construíram um templo rival ao de Jerusalém, constituindo a Manassés sumo-sacerdote do mesmo. Este era genro de Sambalá, o governador, e fora expulso do sacerdócio judaico de Jerusalém por ter esposado uma mulher estrangeira (Ne 13.28). Embora mais tarde, em 129 a.C., o templo fosse destruído por João Hircano, nos dias de Jesus ainda os samaritanos continuavam a celebrar o seu culto no alto do monte Gerizim (Jo 4), como se deduz da conversa de Jesus com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó que ficava a beira da estrada que passava pelo vale de Siquém. Estes dois montes abrangem principalmente a tribo de Efraim.
1.7 Monte Sião. É o monte mais alto dos montes de Jerusalém, com cerca de 800 metros de altitude. Mais tarde, quando Davi levado para Sião a arca, esta monte passou a ser considerado monte sagrado. E quando a arca foi transferida para o templo que Salomão construiu no monte Moriá, “o nome Sião compreendia também o templo”, e daí por diante designava freqüentemente toda a cidade de Jerusalém. 1.8 Monte Moriá. Ao leste de Sião, sua altitude varia de 800 a 900 metros. Segundo Gênesis 22.2, designava uma região. Em geral é aceito que foi neste monte que Abraão levantou um altar e preparou-se para sobre o mesmo sacrificar a Isaque, seu único filho (Gn 22.9,10). Foi neste mesmo lugar que mil anos depois Salomão construiu o templo de Jerusalém.
1.9 Monte das Oliveiras. Este monte faz parte de uma pequena cordilheira, com cerca de três quilômetros de comprimento, que corre do norte para o sul no lado oriental do vale de Cedrom que o separa do monte Moriá. A cordilheira apresenta quatro elevações distintas, sendo que a mais baixa, a que fica defronte do monte Moriá, tem 820 metros de altitude acima do nível do Mar, 120 metros acima do Cedrom e cerca de 60 metros sobre o platô do Templo no monte Moriá. É este o monte das Oliveiras propriamente dito. Na sua base ocidental fica o jardim de Getsemane e nos seus flancos há abundancia de oliveiras. Jesus se dirigiu muitas vezes para este monte. Foi deste monte que Jesus, olhando para Jerusalém, chorou sobre ela, pronunciando as palavras proféticas referentes a sua destruição (Lc 19.28-44).
1.10 Monte da Tentação. Este é o monte que a tradição assinala como local onde Jesus foi tentado logo após seu batismo, a 20 quilômetros a sudeste de Jerusalém, tendo apenas 98 metros de altitude embora tenha 320 metros acima de sua base, pois está situado no vale do Jordão.
2 Montes Transjordanicos
2.1Monte de Basã. É o monte que se refere o Salmo 68.15. Nos dias de Abraão esta parte da Transjordania era habitada pelo povo de gigantes chamados Refains. O ultimo rei deste povo foi Ogue Morto pelos israelitas sob o comando de Moisés e cuja cama de ferro media cerca de 4 metros de comprimento por 1,80 de largura (Dt 3.11).
2.2 Monte de Gileade. É um conjunto montanhoso, ao sul do Yarmuque, indo até a parte norte do mar Morto, dividido ao meio pelo ribeiro de Jaboque. Foi o primeiro território conquistado pelos israelitas e coube a tribo de Gade. Esta foi a terra de Elias, o profeta (1 Rs 17.1). No Novo Testamento esta parte era conhecida como Peréia
2.3 Monte Nebo ou Pisga, a cerca de 15 quilômetros ao leste da foz do Jordão e por trás da planice de Moabe, com 800 metros de altitude. Um fato marcante nesse monte foi, Moisés ter contemplado a terra prometida e morrido ali (Dt 34.1-6).
2.4Monte Peor. Fica próximo do Nebo. Do ponto mais alto deste, Balaão contemplou o acampamento de Israel na planice e o abençoou pela terceira vez.
VI HIDROGRAFIA
1 Maresa) Mar Mediterrâneo. A bíblia também o chama de “O Mar Grande” e “Mar Ocidental”. Este Mar banha toda costa ocidental da Palestina. Por ser de pouca profundidade na costa palestinica, constituía-se numa vasta defesa natural de sua fronteira ocidental. (Mais detalhes em mares do mundo antigo).
b) Mar Morto, também conhecido pelos nomes de “Mar Salgado”, “Mar Oriental”, “Mar do Arabá” etc. Fica na foz do rio Jordão, entre os montes de Judá e os montes de Moabe. Este Mar está na maior depressão geográfica da terra com 400 metros abaixo do Mediterrâneo. Sua forma ovalada mede 76 quilômetros de comprimento por 17 de largura. Suas águas são as mais densas dos mares, com cerca de 25% de salinidade, em razão das enormes jazidas de sal no sul e da excessiva evaporação. O fato bíblico mais importante relacionado com este mar é a destruição de Sodoma e Gomorra, cidades que, parece, tiveram lugar no sul do Mar Morto, hoje coberto por um pantanal betuminoso. O seu nome atual “Mar Morto” foi lhe dado pelos geógrafos e historiadores antigos do século II da nossa era.
c) Mar de Galiléia. É também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerite, Mar de Tiberiades e lago de Genezaré. Este é um lago de águas doces formado pelo rio Jordão, por ter suas dimensões alargadas na região da Galiléia, e temporais violentas que freqüentemente o agitam, as populações adjacentes o tem chamado de Mar. Suas medidas são de aproximadamente 24 quilômetros de comprimento por 14 de largura, com seu nível 225 metros abaixo do Mediterrâneo e sua profundidade media é 50 metros. As cidades e praias das margens da Galiléia foram palco da maior parte do Ministério de Cristo.
3 Rios
a) Rio Jordão. Seu nome significa “declive” ou “o que desce”. Este é o rio principal da Palestina e corre na direção norte-sul, assim divide o país em duas partes distintas: a Canaã propriamente dita e Transjordania. Tem seu inicio no monte Hermom, (Síria) originado-se da confluência de quatro pequenos rios, 11 quilômetros do lago de Merom. São eles: Bareigthit, Hasbani, Ledan e Banias. Para um estudo mais detalhado costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos: o primeiro trecho é
A região das nascentes, que depois da junção das quatro nascentes atravessa uma planice pantanosa numa extensão de 11 quilômetros e entra no lago de Merom. Neste trecho a sua largura varia muito e a profundidade vai até 4 metros. O segundo trecho é
O Jordão Superior, entre o lago de Merom e o Mar da Galiléia, com extensão de 20 quilômetros. É um trecho quase reto, com um declive de 225 metros, o que torna as suas águas impetuosa e provoca um enorme trabalho de erosão. A largura varia de 8 a 15 metros. O terceiro trecho é
O Jordão Inferior estende-se do Mar da Galiléia ao Mar Morto numa distancia de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340 quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35 metros, e 1 a 4 de profundidade. Neste trecho o declive do rio é de 200 metros pelo qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros e cascatas alargando o vale até 15 quilômetros, como corre na altura de Jericó.Dos pontos de vista geográfico, histórico, político, econômico e religioso o Jordão é rio mais importante do mundo antigo. Está ligado á Revelação desde os dias de Abraão até os dias de Jesus. Entre muitos acontecimentos de grande relevância que aconteceram neste rio destacam-se: a separação das águas para Israel passar (Js 3. 9-17); a travessia de Elias e Eliseu, em seco (II Rs 2. 6-14); a cura de Naamã (II Rs 5. 1-14); a recuperação de um machado (II Rs 6. 1-7); o ministério de João Batista e o batismo de Jesus (Mc 1.5,9).
b) Rio Quison. Este é o maior rio da Bacia do Mediterrâneo e o segundo da Palestina. Nasce das pequenas correntes de Gilboa e Tabor, montes da Galiléia, recolhendo outras águas da planice de Esdraelon, desaguando no Mediterrâneo. Suas águas são impetuosas e perigosas no inverno, e no verão são escassas. Foi neste rio que Baruque derrotou Sisera, sendo os cadáveres de seus soldados arrastados pela corrente do mesmo (Jz 5.21), e Elias matou os profetas de Baal depois do desafio no monte Carmelo.
Existem outros rios na Palestina, mas são menos importantes do que os dois já mencionados (Jordão e Quison), são os chamados “wadis” ou ribeiros, ou torrente dos meses de chuvas. São rios que só correm águas na época das chuvas (I Rs 17. 1-7). A saber: Belus, Caná, Gaás, Sorec, Besor, Querite onde Elias foi sustentado pelos corvos com pão e água (I Rs 17. 1-7), Cedrom, Iarmuque, jaboque, Arnon etc.
VII - DESERTOS
Biblicamente analisado, os desertos que nos interessam na Palestina são os que se localizam ao norte e oeste do Mar Morto, também conhecidos como
“deserto de Judá” (Jz 1.6) ou “deserto da Judéia” (Mt 3.1). Este deserto é um conjunto subdividido nos seguintes desertos menores: Maon, Zife e Em-Gedi, que ficam entre o sul de Hermom e Mar Morto. São particularmente relacionados com Davi durante as suas fugas das perseguições de Saul (I Sm 24-26).
Mais ao norte destes três estende-se outros dois desertos Tecoa e Jeruel, estes ligados a singular vitória do rei Josafá sobre os Amonitas e Moabitas que tentaram atacar o reino de Judá pelo sul (II Cr 20), a vida e ministério do profeta Amós (Am 1.1), bem como o ministério de João Batista (Lc 1.80). E ainda mais ao norte destes desertos ficavam os de Jericó, Beteavem e Gibeom.
VIII - ECONOMIA
Devido à variedade do clima e do solo a Palestina oferece também abundante variedade de produtos nos três reinos da natureza: vegetal, animal e mineral. É importante saber que por ser Israel um povo teocrático, a produção da terra estava intimamente ligada a religião, ou seja, tanto a abundancia como ma escassez seriam proporcionais ao estado espiritual do povo (Dt 28).
1. Reino Vegetal. Os produtos mais comuns eram o trigo, a oliva e a uva. Era a base da alimentação dos hebreus e formavam o trinômio tão repetido na Bíblia, “pão, azeite e vinho”. Outras plantas também eram cultivadas, cevada, lentilha, feijão, pepino, cebola, alho, mostarda, figo, melão, tâmara e romã. Das plantas silvestres eram, cedros, pinheiro, faia, carvalho, acácia, palmeira, murta, lírio do campo e rosa de Saron.
2. Reino Animal. Na ordem dos domésticos que serviam tanto para alimento como para o trabalho e transporte, os animais mais importantes eram: a vaca, a ovelha, a cabra, a mula, o camelo, o jumento o cavalo e o cão. Na ordem dos selvagens dos quais uns poucos poderiam ser consumidos eram: a corça, lebre, chacal, lobo, raposa, leopardo, leão, hiena, víbora, camaleão, perdiz, codorniz, pombo, galinha, avestruz, cegonha, rola, pelicano, corvo e tantas outras aves. Na ordem dos insetos: abelhas e gafanhotos de varias espécies, moscas, mosquitos, formigas, etc. alem de grande variedade de peixes com cerca de 43 espécies. Há de se destacar o gafanhoto que até hoje é consumido como alimento, pela classe pobre, e do qual João Batista se alimentava.
3. Reino Mineral. Entre os metais o mais abundante parece ter sido a prata, depois cobre, estanho, chumbo, enxofre, betume (asfalto) e ouro.
IX - CIDADES
1. Jericó. Provavelmente a cidade mais antiga do mundo ou pelo menos de toda Canaã, segundo os historiadores. Os vestígios de vida humana da idade da pedra, encontrados nas camadas mais profunda de suas ruínas dão provas disto. Localizada a 8 quilômetros da parte inferior do Jordão, na direção oeste, a 12 quilômetros ao norte do mar morto e 24 quilômetros de Jerusalém na direção leste; e, ainda a 272 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Quando foi conquistada pelo povo de Israel, era uma cidade grande e bem fortificada. Mas, foi destruída milagrosamente por Deus sob o comando de Josué (Js 6). Cerca de 500 anos depois, a cidade foi reconstruída, nos dias do rei Acabe (I Rs 16.34). Tanto no tempo do Antigo como no Novo Testamento varias ocorrências estão registradas na Bíblia sobre esta cidade. A cidade moderna está a 1.600 metros a sudeste da anterior.
2. Hebrom. Está entre as cidades mais antigas do mundo, seu primeiro nome era Kiriath-Arba (Js 1.10). Situada ao sul das montanhas de Judá, a oeste do Mar Morto, a 32 quilômetros ao sul de Jerusalém. Foi morada de Abraão por algum tempo, foi lá que ele comprou o campo de Macpela dos heteus onde sepultou Sara sua mulher, lugar este que se tornou verdadeiro cemitério dos patriarcas. Foi nesta cidade que Davi foi ungido rei e reinou durante 7 anos e 6 meses. Seu nome atual é el-Khalil.
3. Belém. Também é uma das mais antigas cidades da Palestina. Situada a 10 quilômetros ao sul de Jerusalém, na estrada que vai para Hebrom, numa colina de 700 metros de altitude nas montanhas de Judá, numa região sobremodo fértil. Seu nome bíblico é Bethlehem-Efrata (Que significa casa de pão) ou Belém de Judá. Um pouco ao norte desta cidade Raquel, a amada de Jacó, morreu por ocasião do nascimento de Benjamim. Foi ali que se realizou o casamento de Boaz e Rute a moabita, uma estrangeira que se tornou a bisavó do rei Davi e, portanto, ascendente de Jesus. Também ali nasceu Davi, o notável rei de Israel, e Jesus o filho de Deus e Salvador do mundo.
4.Jope (Jafa ou Yafa). É outra cidade das mais antigas da Palestina e, segundo alguns historiadores romanos, é até antediluviana. Situada a cerca de 60 quilômetros a noroeste de Jerusalém, na costa do Mediterrâneo, era o porto da capital israelita. De acordo com II Crônicas 2.16 e Esdras 3.7 os cedros do Líbano, utilizados na construção do primeiro e segundo templo em Jerusalém, eram levados pelo mar até Jope, ali desembarcados, e depois conduzidos a Cidade Santa. Foi neste porto que Jonas embarcou para Tarsis tentando fugir da vontade de Deus. Apesar de ter sofrido muitos ataques e arrasamentos dos exércitos inimigos, Jope sempre voltou a prosperar, hoje junto a velha Jope, do lado norte, ergue-se a moderna Tel-aviv, o grande centro dos sionistas judeus.
5. Siquém. Esta é outra das cidades mais antigas da Palestina, pois sua historia remonta a mais de 2000 a.C., quando das peregrinações de Abraão. Fica entre os montes Ebal e Gerizim, na Samaria, bem no centro geográfico da Palestina, no fértil vale de Siquém. Foi nesta cidade que Abraão erigiu seu primeiro altar quando entrou em Canaã. Foi ali também que o Senhor lhe declarou: “a tua semente darei esta terra” (Gn 12.6,7). Mais tarde Jacó, ao voltar da Mesopotâmia, fixou residência ali e levantou um altar ao Senhor. Perto de Siquém Jacó cavou um poço que se tornou celebre pelo encontro de Jesus com a mulher samaritana. Depois da queda do reino do norte os colonos assírios estabeleceram-se nas cidades de Samaria mesclando assim com os judeus remanescentes resultando na raça samaritana. A cidade foi destruída e reconstruída varias vezes. Hoje é chamada Nablus.
6. Samaria. Uma das cidades mais importantes e influentes na vida de Israel. Fundada em 921 a.C. por Onri rei de Israel e pai de Acabe. Ficava situada 8 quilômetros a noroeste de Siquém, num monte de muralhas quase inexpugnáveis, foi capital do reino do norte durante 200 anos. Caiu sob o poder da assíria em 722 a.C.depois de um prolongado cerco que começou no tempo de Salmanasar V e terminou no de Sargão II. Em Samaria havia um templo a Baal que rivalizava com o templo de Jerusalém em riqueza e esplendor. Já no Novo Testamento, Filipe pregou o Evangelho nesta cidade com grande aceitação (At 8.1-25).
7. Nazaré. Sempre lembrada por ter sido nela que Jesus passou sua infância e juventude, razão pela qual foi conhecido como Jesus de Nazaré. A 22 quilômetros do extremo sul do mar da Galiléia, na direção oeste. A cidade não é mencionada no Antigo Testamento. Já o Novo Testamento registra a sua incredulidade. Não tinha boa reputação entre os judeus (Jo 1.46). No entanto, para os cristãos, depois de Jerusalém e Belém, ela é a cidade mais célebre da Palestina.
8. Cesaréia. Fica a 75 quilômetros a noroeste de Jerusalém, entre Jope e monte Carmelo, no litoral do Mediterrâneo. Foi construída por Herodes, o Grande, no local da antiga cidade dos filisteus chamada Torre de Strato, e cognominada Cesaréia em homenagem a César Augusto, imperador romano. Nos tempos do Novo Testamento foi a cidade mais célebre da Palestina por tratar-se de sua capital política. Lá estava a sede da administração civil e militar da província romana. Os grandes edifícios, o templo, o anfiteatro, o hipódromo, os teatros, ruas pavimentadas, instalação de água e esgoto, etc., fizeram a gloria da cidade, embora por pouco tempo. É certamente a cidade do evangelista Filipe e de Cornélio.
9. Cesaréia de Filipo. Uma antiga vila fenícia de Baal-Gade, este nome foi uma homenagem do tetrarca Filipe a Tibério César, e para distingui-la da Cesaréia do Mediterrâneo acrecentou-lhe o seu próprio nome. Ampliando e embelezando a cidade que se encontrava ao sopé do monte Hermom, Filipe fê-la uma espécie de estância de veraneio para a aristocracia da época. Foi nesta cidade que Pedro fez sua maior confissão: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, foi também nesta ocasião e lugar que Jesus pronunciou a profecia a respeito da edificação da sua igreja. (Mt 16.13,16, 18,24).
10. Tiberíades. Fica na margem ocidental do Mar da Galiléia (ou lago de Tiberiades a 8 quilômetros da extremidade sul do referido mar.
11. Capernaunm (ou Cafarnaum). Era cidade da costa noroeste do Mar da Galileia, a principal entre outras tantas da região, posto militar romano e centro de recolhimento de impostos do império. Pelos vestígios das antigas estradas há indícios de que Capernaum era um centro comercial movimentado, pois ficava na margem da rota entre Damasco, na Síria, e Ptolemaida, no Mediterrâneo. Mas o fato mais importante para os estudiosos da Bíblia é que Capernaum era a cidade residencial de Jesus, bem como do seu discípulo Pedro (Mt 8.14-17; 9.1). Também foi ali que o Salvador realizou o maior numero de milagres e pronunciou os mais profundos ensinamentos.
12. Jerusalém. Cujo significado é (“lugar de paz” ou “habitação segura”). Está entre as cidades mais célebre do mundo. E no que diz respeito a historia bíblica ela ocupa o primeiro lugar. Esta posição privilegiada de Jerusalém não está em sua extensão, nem em sua riqueza ou expressão cultural e artística, e sim em sua profunda e ampla relação com a revelação, ou seja, no seu sentido religioso. Ela foi de um modo especial, o cenário das manifestações patentes e evidentes do poder, da justiça, da sabedoria, da bondade, da misericórdia, enfim. Da Grandeza de Deus. Por isto as alusões proféticas e apostólicas a apresentam como o próprio símbolo do céu (Is 52.1-4; Ap 21).
A historia desta cidade já chega a 4000 anos e já foi conhecida por vários nomes:
Salém. Nome mais antigo (Gn 14.18). Provavelmente uma abreviação da palavra Jerusalém, cidade devotada a Shalem, antiga divindade semita da paz e prosperidade.
Jebus. Porque era cidade dos jebuseus na época dos Juizes.
Sião. Nome de um dos montes da cidade.
Cidade de Davi. Uma referencia a conquista da cidade por Davi e feita capital do reino de Israel.
Cidade de Deus ou Cidade Santa. Por estar ali o templo nacional.
Cidade de Judá. Ou seja, a capital do reino de Judá.
Jerusalém. É o nome mais comum e que permanece até o presente.
Fica situada na parte sul da cordilheira central da Palestina, ou seja, nas montanhas de Judá, na mesma latitude do extremo norte do Mar Morto, a 21 quilômetros a oeste do Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório a 800 metros de altitude. Ao leste do promontório fica o vale de Josafá ou cedrom que separa a cidade do monte das oliveiras. A oeste e ao sul fica o vale de Hinon que em certa época da historia foi o “vale da matança”, assim chamado por causa dos sacrifícios das crianças em holocausto ao ídolo Moloque (II Rs 23.10) e dos fogos que ardiam constantemente, consumindo o lixo da cidade, os detritos dos holocaustos pagãos, etc. Daí por analogia a palavra grega Gehena que significa “vale de Hinon” que veio a designar o lugar de castigo eterno dos condenados, o inferno.
X- POVOS HABITANTES
Bem no inicio da historia étnica da Palestina, antes da chegada de Abraão a terra era chamada Canaã, a região era ocupada por diversas tribos conhecidas sob o nome geral de cananeus (Gn 12.6; 24.3,37). A informação que temos de Moises em Gênesis 10.15-20, quase todos os povos da região da Terra da Promessa primitivamente eram camita, pois eram descendentes do filho mais moço de Cão, chamado Canaã. Porém, não se pode descrever com certeza os limites das primitivas tribos de Canaã, por falta de dados sobre sua origem idioma e costumes. Se as Escrituras não as houvessem mencionado, teriam desaparecido da historia sem deixar vestígios ou sinal algum. Até onde sabemos, as cidades desses povos eram muradas e fortificadas, cada uma tendo o seu próprio rei, exceto umas poucas que eram de natureza mais nômade. Esses reinos eram, geralmente, independentes e bastante belicosos para alcançar a supremacia. Alguns desses reinos, e em certas épocas quase todos eles, eram subordinados ao Egito. Os mais importantes deles são os seguintes
1) Cananeus. Mesmo que esta designação seja, aplicada, na linguagem bíblica, a todos os povos da Palestina primitiva, no sentido mais restrito se limitava aos descendentes de Canaã que habitavam a costa do Mediterrâneo. Numa estreita faixa de terra que vai desde a baia do acre até o Jordão, e ao longo do mesmo rio até ao sul do Mar Morto. Suas cidades mais importantes eram Jope, Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim no vale do Jordão.
2) Amorreus. É outro povo descendente de Canaã; eram umas das mais poderosas tribos. Foi o povo que ofereceu a mais forte oposição ao avanço da conquista dos israelitas, haja vista a batalha difícil em Gibeom, quando Josué pediu a Deus que o sol e a lua se detivessem. Ocupavam o deserto a oeste do Mar Morto e as regiões montanhosas adjacentes a este.
3) Heteus. São os descendentes de hete, filho de Canaã e neto de cão, portanto, camitas também. Hoje são conhecidos como hiteus e hititas. Pelo que já se conhece deste povo, as áreas por eles ocupadas, em diversas épocas de sua historia, estende-se desde a Ásia Menor, norte da Palestina, Síria, indo até o rio Eufrates. Abraão os encontrou também em Hebrom (Gn 23). Quando Moises enviou os doze espias para o reconhecimento da terra que haviam de ocupar, os heteus são citados entre outros povos presentes nas montanhas do sul da Palestina (Nm 13.29).
4) Heveus. Estes também eram camitas. Pouco se sabe de sua historia. Parece que não eram muito numerosos. Encontramos suas principais colônias em Siquém, (onde um heveu ultrajou a Diná, filha de Jacó); norte de Canaã; sul de Canaã – na vizinhança de Jerusalém.
5) Jebuseus. Jebus ou Jerusalém era o único lugar onde habitava esse povo, pois não é mencionada outra qualquer área ocupada por eles. Porém, ainda que pequeno, era um povo valente. Encastelado na sua cidade de Ofel, (Sião), resistiu aos ataques de Josué e seus exércitos. Só muito mais tarde, nos dias do rei Davi, é que foram expulsos de sua fortificação. Foi quando Jerusalém foi proclamada capital do reino de Israel. Porém, os jebuseus não foram completamente exterminados e continuaram a habitar entre os hebreus. A área em que Salomão mais tarde edificou o famoso templo foi comprada por Davi de um jebuseu de nome Araúna (II Sm 24.18-25).
6) Perizeus. Este parece ser um dos povos que habitavam a terra de Canaã, e não ter origem camita, primeiramente, por não constar o seu nome na lista dos filhos de Cão em Gênesis 10.15-20, e também por não ter o costume de murar as sua cidades, uma vez que a sua ocupação era a agricultura. Ao tempo de Abraão estavam eles entre os cananeus na região de Betel; nos dias de Jacó havia um grupo ou colônia deste povo nas proximidades de Siquém (Gn 34.30).
7) Girgazeus. Eram também camitas. Por varias vezes mencionados na Bíblia, mas não se sabe em que partes da Palestina habitavam. Alguns admitem que tenham ocupado alguma área na margem ocidental do Jordão, ou a oeste de Jericó.
Além destes povos que habitavam em Canaã ou Palestina, existiam outros povos vizinhos da Palestina no tempo da conquista pelos hebreus. São eles:
Os Amalequitas, de origem incerta, freqüentemente citados na Bíblia; sempre hostis ao povo de Deus.
Os Edomitas, povo semita descendente de Esaú.
Os Moabitas e Amonitas, descendentes de Moabe e Amom netos de Ló.
Os Midianitas, povo semita descendente de Mídiã, filho de Abraão com Quetura.
Sírios.
Fenícios, um grande povo que habitava ao norte da Palestina.
Filisteus, de origem desconhecida, inimigos ferrenhos de Israel.
Escrito por Ev. João Batista T Costa- Sombrio - SC.
Por: João Batista T.Costa.
I - O ÊXODO 1. Israel no Egito
Jacó (cujo outro nome era Israel) teve doze filhos, que foram os “filhos de Israel” originais. Mas todos estes progenitores das doze tribos de Israel não morreram em Canaã nem passaram seus últimos anos nessa região, mas no Egito, para onde foram impelidos pela fome. José tornou-se administrador da mais elevada categoria no Egito e também morreu lá (Gn 50.26). As historias de José e seus irmãos estão em harmonia com evidências de outros povos semíticos que viviam no Delta do Nilo, sobretudo entre aproximadamente 2000 e 1500 a.C.
As circunstâncias desse período concordam melhor que qualquer outro com o estilo de vida e acontecimentos que as narrativas patriarcais descrevem.
Êxodo 1.8 declara que “depois, levantou-se um rei sobre o Egito, que não conhecera a José”, uma das dinastias sucessivas está em mira, provavelmente a décima nona, cujos primeiros faraós construíram as cidades de pitom e ramesses, esta última como residência real na região do Delta, onde os israelitas tinham se estabelecido. Tornou-se conveniente usar os israelitas como trabalhadores escravos. À medida que os anos passavam, a escravidão dos israelitas ficou mais difícil de suportar (Ex 1.14). O exílio egípcio provavelmente durou, ao todo, 430 anos (Ex 12.40,41).
2. A Peregrinação
Até aqui estudamos as peregrinações daqueles que tinham de Deus uma promessa, e aguardavam ansiosamente por ela, tal promessa feita por Deus a Abraão através de Isaque. Agora estudaremos as peregrinações da nação cuja formação é o cumprimento desta promessa.
Fica difícil fixar com precisão os muitos lugares onde o povo de Israel fizeram suas paradas no deserto. Apesar de todas as investigações feitas para dar o roteiro, não é possível fazê-lo com exatidão; isto se deve em parte ao fato de a Bíblia não ser um tratado histórico e muito menos geográfico. Pelas mudanças ocorridas em uma região cercada de mar, em um período de três mil anos, tornaram difícil localiza-los com exatidão. O palco das maravilhas operadas por Deus através de Moisés foi Zoá, cidade real a leste do braço do Nilo.
Em êxodo 13.17,18 a bíblia diz: “E aconteceu que, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não os levou pelo caminho da terra dos filisteus, que estava mais perto; porque Deus disse: Para que, porventura, o povo não se arrependa, vendo a guerra, e tornem ao Egito”.Mas Deus fez rodear o povo pelo caminho do deserto perto do mar Vermelho; e subiram os filhos de Israel da terra do Egito armados“.
O povo podia chegar a terra prometida em poucas semanas, mas por esse caminho encontrariam os filisteus, e Israel não estava organizado para uma guerra. Então Moisés guiou o povo por um longo caminho, levando três meses para chegar ao Sinai. Deus cuida de tudo para proteger o seu povo.
O caminho normal, era a rota litorânea conhecida por “caminho da terra dos filisteus”
Como os egípcios tinham fortificações ao longo da única fronteira entre o Mediterrâneo e a cabeceira do Golfo de Suez, Israel se viu forçado a desviar para o sul em direção ao mar Vermelho.
A jornada de Israel no deserto pode ser dividida em quatro partes diferentes, que são:
a) – De Ramsés ao Sinai;
b) – Do Sinai a Cades-Barnéia;
c) – De Cades-Barnéia a Cades-Barnéia (andando em circulo);
d) – De Cades-Barnéia a Canaã.
2.1 – De Ramsés ao Sinai
Gósen: Ponto de partida cidade da região onde o povo judeu se estabeleceu (Ex 12.37);
Sucote: A sudeste de Ramsés. Ali levantaram o primeiro acampamento (Ex 12.37);
Etã: Na entrada do deserto. Lugar onde Deus manifestou a coluna de nuvem e a coluna de fogo (Ex 13.20);
Pi-Hairote: Diante de Baal-Zefom e ao norte do Mar Vermelho. Foi deste lugar que Faraó começou a perseguição ao povo de Israel (Ex 14.2);
Mar Vermelho: Em sua extremidade norte. No extremo norte do então chamado canal de Suez. O fato marcante aqui foi a travessia dos israelitas pelo meio do mar. De acordo com alguns historiadores a distância da travessia teria sido de 1 quilometro, outro fato inesquecível foi a morte dos egípcios no mar após a travessia do povo de Israel (Ex 14.22);
Mara: Entre o deserto de Etã ao norte, e o deserto de Sim ao sul, costeando o litoral ocidental da península do Sinai. O nome Mara quer dizer "amarga". Foi ali que Deus operou o milagre tornando as águas amargas e águas doces pela oração de Moisés (Ex 15.23);
Elim: Ligeiramente ao sul de Mara. Ali encontram um lindo Oásis, com setenta palmeiras e doze fontes dáguas (Ex 15.27);
Deserto de Sim: ficava no litoral ocidental da península do Sinai, parte oriental do Golfo de Suez. Israel murmura; e Deus manda o maná e codornizes; a instituição do sábado (Ex 16.1);
Refidim: A noroeste do Monte Sinai. Vários fatos se destacam neste lugar: A rocha foi ferida; os amalequitas destruídos; e Jetro, sogro de Moisés o aconselhou (Ex 17; 18.17-27);
Deserto do Sinai: Finalmente Israel chegou no Monte Sinai. Extremo sul da península que leva o mesmo nome. Provavelmente após três meses de jornada, onde ficou por mais ou menos um ano (Nm 10.11,12). Nesse lugar Deus deu a Israel três presentes: uma aliança renovada, uma lei moral e um sistema de sacrifício. A lei moral foi os dez mandamentos, complementados por outros estatutos e juízos. A nova aliança foi ratificada por sacrifício, quando o povo se comprometeu a guardar a lei. Além disso, Deus deu instruções para a construção do Tabernáculo.
Do Sinai a Cades-Barnéia
O Povo ficou acampado no Sinai cerca de doze meses, nesse tempo construíram o Tabernáculo, tempo suficiente também para se adaptar as diversas leis e sacrifícios instituídos por Deus.
Logo em seguida, a marcha começou. O Tabernáculo foi desmontado e os israelitas partiram do Sinai. Finalmente uns sete séculos depois de Deus ter prometido a Abraão que seu povo receberia a terra de Canaã, a promessa parecia prestes a cumprir-se (Nm 10.29).
Sinai: De onde partiram (Nm 10.11,12);
Taberá: A 48 quilometro a nordeste de Sinai. Lugar marcado pela murmuração do povo quando Deus enviou o fogo e os consumiu (Nm 11.3). Começava ali o povo dificultar sua própria chegada a Canaã.
Quibrote-Hataavá: Entre Taber e Hazerote. A princípio parece ser o mesmo lugar em que estavam, mas segundo alguns escritores, é um lugar um pouco mais adiante. Deus envia codornizes; morre os cobiçosos e a designação de setenta anciões (Nm 11.34).
Hazerote: A 64 quilômetros do Sinai. A murmuração de Miriã, ela fica leprosa e é curada (Nm 11.35; 12).
Cades-Barnéia: Ficava no deserto de Parã (Nm 12. 16; 13.26). Foi em Cades que Moisés envia doze espias para Canaã, levando quarenta dias para retornar; como resultado; os espias disseram que realmente a terra fluía leite e mel, mas acrescentaram que seus habitantes eram invencíveis (Nm 13. 27-29,31). Dois dos espias Calebe e Josué rogaram ao povo para que não desacreditassem de Deus. Mas o julgamento de Deus sobre o povo significou que nenhum adulto daquela geração iria entrar na terra prometida, exceto Calebe e Josué. A punição era peregrinar 40 anos no deserto (Nm 14.33,34).
De acordo com Números 14.32-34 e Deuteronômio 2.14, dois anos já havia se passado; faltavam ainda 38 anos.
De Cades-Barnéia a Cades-Barnéia
Uns 40 anos decorreram entre o êxodo do Egito e a entrada em Canaã, dos quais em sua grande maioria passados no oásis de Cades-Barnéia, no Neguebe. A história da peregrinação é interrompida no final do capítulo 14 e reinicia no capítulo 20 de Números. A partir deste ponto os 38 anos já se passaram, e eles estão agora na última arrancada para a terra prometida. Nesta fase o povo ficou andando em círculo, retornando ao mesmo lugar. Surge, então, a quarta etapa da viagem.
De Cades-Barnéia a Canaã
Cades-Barnéia: deste ponto deu-se a partida definitiva para Canaã. Segundo Números 20.1 neste lugar antes da partida; morreu Miriã irmã de Moisés. No verso 7 temos a desobediência de Moisés. Faltava água, e o povo começou a murmurar, então Deus diz para Moisés falar a rocha, mas ele fere com a vara novamente como em Refidim (Ex 17.6, Nm 20.8). Aqui também morre Arão e o próprio Moisés. Todos os três morrendo no mesmo ano (Manual Bíblico de H. H. Halley pág. 138).
Monte Hor: Norte do Golfo de Acaba. Neste monte temos a morte de Arão; ea destruição dos cananeus na região de Arade (Nm 20.22).
Elate: Conhecida como região do Mar Vermelho, no Golfo de Ácaba. Neste lugar ocorreu o episódio das serpentes ardentes (Nm 21.4).
Obote: Ao sul do Mar Morto.
Outeiros de Abarim: Nas terras de Moabe.
Ribeiro de Zerede: Rio que deságua no sul do Mar Morto.
Arnom: Ali Abraão pede passagem ao rei de Seom, mas é negado. Como conseqüência os amorreus são destruídos, quando Israel chega em suas terras (Nm 21.13). Deságua na parte oriental do Mar Morto.
Planicies de Moabe: Após a vitória sobre os reis de Moabe e Basã, Moisés continuou na sua campanha de guerra em destruir os povos para lhes tomar as terras, chegando até as regiões de Basã (no norte da Palestina além do Jordão). Depois disto retornam para as Campinas de Moabe. É neste retorno que acontece o encontro de Balaque com Balaão, onde vemos suas profecias de bênçãos para o povo de Israel e maldições para Balaque. Aqui também é feita a divisão das terras desta região as tribos de Rúbem, Gade e a meia tribo de Manassés feita ainda por Moisés. Algumas leis são estabelecidas: a cerca da divisão da terra; leis a cerca das heranças etc.; recapitulação das jornadas, as cidades de refúgio, cidades dos levitas, e a morte de Moisés (Nm 21.22-36; Dt 34).
II. ISRAEL EM CANAÃ 1. A Travessia do Jordão.
“Esforça-te e tem bom ânimo, porque tu farás a este povo herdar a terra que jurei a seus pais lhes daria” (Js 1.6). Já antes de sua morte, Moisés tinha nomeado Josué para levar o povo a terra prometida. Agora Deus da a ordem a Josué para ele atravessar o Jordão.
Josué conduziu o povo pelo rio Jordão, no ponto oposto de Abel-Sitim, e assentou acampamento em Gilgal (Js 4.19). Deste lugar, Josué administrou suas campanhas militares ao sul de Canaã. Diante dos israelitas estava Jericó, antiga cidade murada; sua destruição foi a primeira vitória obtida na terra prometida. Aos poucos os israelitas foram conquistando as terras de Canaã, principalmente nos altiplanos. Porém, não ao todo; os cananeus, com seu armamento superior, sobretudo carros de ferro, continuaram a prevalecer nas regiões das planícies. Assim, quando a terra foi repartida entre as tribos de Israel, restaram algumas cidades a conquistar, tendo os israelitas de conviver lado a lado com os cananeus.
A área conquistada por Josué somada aquela que Moisés já tinha conquistado na transjordânia, juntas não representavam mais que uma sexta parte da área prometida por Deus a Abraão, que era desde o Egito até o rio Eufrates (Gn 15.18). Não foram conquistada, a Fenícia, a Filístia, a terra de Amate (Síria) e nem as partes de Edom e Moabe ao sul e leste do Mar Morto.
2.Divisão das Tribos de Israel
A Palestina foi repartida de forma desigual entre as tribos de Israel. A parte oriental do Jordão a região da Transjordânia, foi repartida entre as tribos ricas em gado de Rubem, Gade e a meia tribo de Manassés, por meio de um acordo em que se propuseram a ajudar as outras tribos a desapossar os indígenas hostis da região ocidental de Canaã. Este acordo entre eles não foi levado muito a sério, pouca foi a participação das duas e meia tribos nas lutas da nação. Logo após o fim das campanhas na Palestina ocidental, os primeiros a receberem a herança foram as tribos de Judá, Efraim e a meia tribo de Manassés, enquanto as outras restantes levaram tempo a obter suas possessões. Josué enviou três homens de cada tribo fazer um mapeamento do país. Quando voltaram, foi-lhes repartida a terra por sorte, as quais estudaremos agora.
2.1 Tribo de Rúbem
As cidades mais importantes que constavam eram: Aroer, Bezer, Hesbom, Jasa e Dibom.
2.2 Tribo de Gade
Entre as suas localidades, merecem destaque as cidades: Minite, Jaser, Maanaim, Penuel, Sucote, Ramote, Jabes-gileade, Bete-Nimra.
2.3 Tribo de Manassés - Oriental
Cidades: Quenate, Edrei, Gola, Astarote, Afeque e Salcá.
2.4 Tribos de Manassés - Ocidental
Cidades: Ofra, Taanaque, Dotã, Ibleã, Dor, Em-dor, Megido Bete-Seã.
2.5 Tribo de Judá
Judá tinha 115 cidades destas cedeu 18 para Simeão, e outras a Dã e a Benjamim, restaram-lhe: Hebrom, Belém ou Efrata, Carmelo, Técoa, Bete-Semes, Azeca, Quiriate-Jearim, Socó, Queila, Malom, Adulão, Laquis, Debir, Libna, etc.
2.6 Tribo de Benjamim
Ficou com as seguintes cidades: Jebus, Gilgal, Jericó, Ai, Betel, Ram, Anatote, Gibe, Micmas, Gibeom, e Mispá.
2.7 Tribo de Simeão
Cidades: Berseba, Ziclague, Sefate ou Hormá, Gerar e Arade.
2.8 Tribo de Dã
Cidades: Timna, Aijalom, Elteque, Zorá, Ecrom, Lida e Jope.
2.9 Tribo de Efraim
Cidades: Timnate-Sera, Tirza, Siquém, Bete-Horom e Samaria.
2.10 Tribo de Issacar
Cidades: Em-Ganim, Suném, Jesreel e Afeque.
2.11 Tribo de Zebulom
Cidades: Gate-Hefer, Quislote-tabor, Catate, e Naalal.
2.12 Tribo de Naftali
Cidades: Quedes, Hamate, Carta, Irom, Em-Hazor, Migdal-El, e Abel-Bete-Maaca.
2.13 Tribo de Aser
Cidades: Misal, Acsafe, Cabul e Reobe.
A tribo de José não teve nome nem herança entre seus irmãos ela foi dividida entre seus dois filhos, Efraim e Manassés. Já a tribo de Levi não teve herança, mas teve 48 cidades, perfazendo assim as 12 tribos. Das 48 cidades, 6, seriam cidades de refúgio (Js 21.41).
As Cidades de Refúgio Cidades Orientais:
Ramote Em Gade;
Bezer Em Rúbem;
Golã Em Manassés.
Cidades Ocidentais:
Quedes Em Naftali;
Siquém Em Efraim;
Hebrom Em Judá.
III - O REINO DE ISRAEL 1. O REINO UNIDO
Saul – Logo após o final do período dos Juízes, que durou cerca de 325 anos (1375 a 1050 a.C.), findando assim com Samuel, começa a época dos reis de Israel.
Saul foi feito rei pelo profeta Samuel em atenção ao clamor popular por um rei (1 Sm 8.5). Os estados vizinhos eram reinos, e acreditava-se que o fracasso do exército de Israel era devido à falta de liderança e unidade.
O primeiro rei de Israel começou seu reinado com grande promessa. Saul era rico, alto, bonito, jovem e popular. Ele comandou Israel com êxito contra os amonitas na libertação de Jabes-Gileade, antes mesmo de ser ungido rei em Gilgal. Com a ajuda de seu filho Jõnatas, um grande estrategista de guerra, venceu grandes batalhas principalmente em Micmas. Embora fosse bem-sucedido em suas campanhas militares no sul; que abriria caminho para seu sucessor, Davi, o ciúme mudou a sorte de Saul sendo derrotado e morto, ele e Jõnatas, pelos seus piores inimigos, os Filisteus, em Gilboa (1 Sm 31.1-6
Davi – Durante a vida de Saul, Davi já fora declarado herdeiro do trono, mas passou os anos finais do reinado de Saul em fuga devido ao ciúme do rei. Davi buscou refúgio em muitos lugares, inclusive entre os filisteus. Ele começou seu reinado em Hebrom, onde sua tribo, Judá, o ungiram rei. Sete anos depois, todas as tribos de Israel foram a Hebrom e o ungiram segunda vez rei sobre todo o Israel (2 Sm 2-5). Aos poucos, Deus ía exaltando Davi, preparando-o para reinar sobre toda nação. “Ia Davi crescendo em poder cada vez mais, porque o Senhor dos exércitos era com ele” (1 Cr 11.9).
Deus não somente deu um rei para Israel como também escolheu uma nova capital, Jerusalém. Jerusalém antes era conhecida como Jebus e pertencia aos jebuseus. Quando Davi a conquistou ele alterou o nome para Jerusalém, que quer dizer: “cidade de paz”.
A conquista de Jerusalém efetuada por Davi completou a conquista de Canaã.
Foi com Davi que o reino de Israel foi unificado, ele tomou providências para consolidar o que Saul tinha começado: unir seu povo, debilitar o poder dos filisteus e ampliar as fronteiras do reino conquistando as terras dos amonitas, edomitas moabitas e sírios.
O primeiro feito heróico de Davi foi tornar o país um lugar livre de inimigos. Davi estendeu o reino conquistando terras desde Dã até o ribeiro do Egito. Seu império se ampliou ainda mais, alcançando o rio Eufrates, no norte, e o porto de Eziom-Geber, no Golfo de Ácaba, no sul, ao mesmo tempo em que os povos de Edom, Moabe, Amom e Síria tornaram-se estados vassalos, sendo obrigados a pagar tributo (2 sm 8.2-14).
Salomão – Com sua morte, em cerca de 970 a.C., Davi entregou ao filho Salomão um império que cinqüenta anos antes teria sido inimaginável, e cujo tamanho não seria visto sob a regência de nenhum outro rei israelita.
Depois de sair vencedor de uma difícil luta de sucessão, Salomão reinou durante uns quarenta anos. Durante seu reinado, o reino de Israel alcançou seu apogeu de magnificência. As forças de Salomão eram a administração, as obras públicas e a diplomacia. Logo que assumiu o trono, ele orou a Deus pedindo sabedoria e Deus lhe concedeu (1 Rs 3.9).
Salomão casou-se com as filhas dos reis vizinhos como meio de selar relações diplomáticas, e entrou em empreendimentos comerciais conjuntos com Hirão, rei de Tiro. Dividiu o reino em 12 distritos administrativos (1 Rs 4.7–19) sob a administração de 12 oficiais, responsáveis pela provisão da casa real, um cada mês do ano.
Salomão construiu palácios para si e sua rainha em Jerusalém, edifícios para reuniões, para julgamento e com fins militares, e o Grande Templo, feito de pedra, cedro, cipreste e ouro. Sua reputação por esplendor, sabedoria e justiça espalhou-se longe, e sob seu reinado o povo desfrutou paz e prosperidade (1 Rs 4.20,25).
Salomão também criou um monopólio comercial e explorou os recursos naturais do seu império. Ele fortificou as cidades de Hazor, Megido, Gezer, Bete-Horom de baixo, Baalate, e Tamar (1 Rs 6; 7; 9.15-19). Construiu fundição para o ferro e empresas de mineração de cobre, e fez uma base naval em Eziom-Geber. Ergueu um exército efetivo, equivalente a 1.400 carros e 40.000 cavalos de guerra. Fundou a marinha de Israel, cujos navios, mantidos no Golfo de Ácaba, partiam em distantes viagens comerciais.
Contudo, a extravagância de alguns dos métodos de Salomão e a política de trabalho forçado lançaram as sementes de descontentamento que resultaram no colapso do reino durante o reinado de seu sucessor. Seu filho Roboão.
2.O REINO DIVIDIDO
Com a morte de Salomão, em cerca de 930 a.C., seu filho Roboão foi reconhecido rei em Judá, em seu lugar. Mas por causa das medidas repreensivas de seu pai, foi rejeitado pelos anciões das tribos do norte no concilio de Siquém (1 Rs 12). Jeroboão, que estava vivendo no exílio no Egito, fugido de Salomão, foi chamado pelas tribos do norte para liderar sobre eles.
Elegeram assim Jeroboão filho de Nebate como líder.
Assim o reino se dividiu em dois, Israel o reino do norte com Jeroboão seu primeiro rei, com10 tribos tendo inicialmente Siquém como capital depois Samaria.
Judá, o reino do sul com Roboão seu primeiro rei, com 2 tribos ficando com Jerusalém como capital, divididos aproximadamente ao longo da fronteira entre Efraim e Benjamim.
Israel passou por várias mudanças de dinastias e durou só uns 200 anos, até Samaria ser destruída, em 722 a.C. Enquanto Judá resistiu por mais tempo, mantendo a dinastia de Davi ao longo de sua história que chegou até 350 anos, até que Jerusalém também foi destruída em 586 a.C.
GEOGRAFIA DA PALESTINA
INTRODUÇÃO
Quando se vê a Terra Santa de cima, os olhos imediatamente deslizam pelo corredor longo e reto do vale do Jordão, percorrendo a direção norte-sul, na extensão total da Palestina, desde o monte Hermom a Arabá. Embora serpenteie de modo extremamente sinuoso ao longo do seu curso mais baixo, o rio Jordão está confinado por paredes laterais muito altas dos vales que formam parte do grande vale do Rife. Esta fissura é parte de uma falha geológica de 6.500 quilômetros que começa na Síria e termina em Moçambique.
Há milhões de anos, as placas subterrâneas nas quais os continentes da África e da Ásia descansam, se chocaram, ocasionando o dobramento e fratura da terra. Esta ação formou as características distintivas da Palestina. A pressão entre as duas placas fez com que os sedimentos do subsolo se avolumassem e subissem no oeste, formando as montanhas da Judéia. Na transjordânia, a placa se elevou e formou o planalto oriental superior. Entre eles o sedimento caiu, fazendo com que a superfície do mar Morto ficasse a uns 400 metros abaixo do nível do mar, o lugar mais baixo da Terra. (Pequeno Atlas Bíblico CPAD).
I - LOCALIZAÇÃO Localizada no continente asiático, a 30o Latitude Norte, e 35o Longitude Leste, banhada pelo Mar Mediterrâneo. A Palestina constitui-se num centro de gravidade para o mundo e as civilizações da antiguidade. Do ponto de vista comercial ficava na rota obrigatória do tráfico entre o Oriente e o Ocidente, bem como entre o Norte e o Sul, do ponto de vista político igualmente passagem inevitável dos exércitos conquistadores das grandes potências ao seu redor, razão pela qual estas se interessavam por sua conquista e fortificação. Daí as devastações sofridas pela Palestina em repetidas vezes durante a sua história. Através dos tempos o termo “Palestina” tem recebido vários nomes como: Terra de Canaã, Terra dos Amorreus, Terra dos Hebreus, Terra dos Israelitas, Terra de Judá, Terra da Promessa, Terra Santa e Palestina.
1 Limites
A Palestina limita-se: ao Norte – com a Síria e Fenícia; ao Leste – com partes da Síria e partes da Arábia; ao Sul – com Arábia; a Oeste – com o mar Mediterrâneo. Naturalmente estes são os limites médios ou prevalecentes da história política da Palestina, havendo épocas em que eles sofriam algumas modificações resultantes das conquistas ou perdas nas lutas com as nações vizinhas.
II - SUPERFÍCIE
No decorrer dos tempos a Palestina teve sua superfície consideravelmente variada, ora sendo mais, ora sendo menos extensa. Como nos dias dos reis Davi e Salomão, quando pela conquista anexaram-se vários territórios vizinhos, que aumentou sua extensão, e quando foi invadida pelos reinos ao seu redor, reduzindo seu território. Em termos médios sua superfície é de cerca de 30.000 quilômetros quadrados, sendo o seu comprimento em direção do norte para o sul de aproximadamente 250 quilômetros e largura media de 120 quilômetros. Em comparação com as superfícies dos Estados brasileiros a Palestina era um pouco maior que o Estado de Sergipe.
III - TOPOGRAFIA
De um modo geral os geógrafos modernos costumam dividir a Palestina em quatro secções longitudinais, a saber:
1 Planice da costa do Mediterrâneo;
2 Região montanhosa central;
3 Vale do Jordão;
4 Planalto Oriental, ou zona montanhosa de Galaad, a Transjordania.
Para um estudo mais detalhado da topografia da Palestina vamos seguir o esquema a baixo:
1) Planícies
(1) Planície do Acre – região do extremo noroeste da costa palestínica, ao sul da Fenícia e que se estende até o monte Carmelo, bordejando a baia do Acre.
(2) Planície de Saron – região entre o monte Carmelo e a cidade de Jope, alargando-se na direção das montanhas da região central à medida que avança para o sul. Esta região é particularmente conhecida pelos famosos lírios e outras variedades de flores.
(3) Planície da Filístia – faixa de terra habitada pelos filisteus, entre Jope e Gaza, no sudeste da Palestina, ou seja, junto da costa sul, com cerca de 75 quilômetros de comprimento por 25 de largura. Grande produtora de cereais e frutas.
(4) Planície de Sefelá – com nível ligeiramente mais elevado que a planície da Filístia, ficando entre a planície da Filístia e as montanhas de Judá ao oriente, com várias colinas baixas e muito fértil, principalmente em trigo, uva e oliva.
(5) Planície de Jesreel ou Esdralon, também chamada de Armargedon. É uma confluência de três vales, dos quais o central, Jesreel, é o mais importante, a planície que traz este nome é considerada a maior da Palestina e a mais famosa. Situada entre os montes da Galileia e os de Samaria, alargando-se para o noroeste até o monte Carmelo e sul dos montes Libanos.
No ângulo suleste da planície fica o local da antiga e importante cidade fortificada de Jesreel, que foi a capital do reino do Norte ao tempo de Acabe e Jezabel. Para leste desta cidade desce o vale de Jesreel até atingir o Jordão na altura de Bete-Seã. De modo que a cidade empresta o seu nome tanto a planície que se estende para o noroeste da mesma, como ao vale que toma a direção leste.
Devido a sua posição estratégica, via de comunicação natural entre Damasco e Mediterrâneo, a planície foi palco de inúmeras batalhas desde os dias de Gideão, na época dos Juízes. O rio Quison atravessa a planície longitudinalmente, de leste a oeste, desembocando no Mediterrâneo ao norte do monte Carmelo.
O nome profético desta planície, Armargedon, (Ap 16.16), que significa “Montanha de Megido” é uma associação de fundo histórico com sangrentas batalhas ocorridas perto da cidade de Megido, ao sul da planície, para caracterizar as futuras dores e os triunfos do povo de Deus.
Além destas existem outras planícies menores espalhadas pela Palestina, como a de Jericó, a de Dotam, a de Moabe, a de Genezaré etc
IV - VALES
Embora a Palestina tenha muitos vales, vamos focalizar e localizar os principais:
(1) Vale do Jordão. Este é o maior vale da Palestina; começa no monte Hermom, no extremo norte, corta o país até o Mar Morto, no extremo sul. Inicialmente é muito estreito, cerca de 100 metros, abrindo para 3 quilômetros logo a baixo do Mar da Galileia, chegando a 15 quilômetros na região de Jericó, tornando a estreitar-se pouco antes do Mar Morto, no seu ponto final. Este vale serve de passagem para o famoso rio Jordão. Este vale é o de maior profundidade de toda a face da terra com 426 metros a baixo do nível do Mar Mediterrâneo, numa distancia de 215 quilômetros em linha reta desde Hermom até o Mar Morto.
(2) Vale de Jesreel. Não confundir este vale com a planice do mesmo nome. O vale de Jesreel tem o seu começo nas cabeceiras do ribeiro de Jalud, que serpenteia pelo mesmo, e termina no vale do Jordão na altura de Bete-Seã.
(3) Vale de Açor. Fica entre as terras de Judá e Benjamim, ao sul de Jericó, no qual se deu o apedrejamento e queima de Acã e toda a sua família.
(4) Vale de Aijalom. A 24 quilômetros a nordeste de Jerusalém, onde se deu a vitoriosa batalha de Josué com os amorreus quando o sol parou sobre Gibeom e a lua sobre o vale de Aijalom. Sua extensão mede-se em 18 quilômetros de comprimento na direção do Mediterrâneo, por 9 de largura.
(5) Vale de Escol, a oeste de Hebrom, famoso pela sua fertilidade especialmente a dos vinhedos. Foi deste vale que os espias levaram a Moisés um cacho de uvas tão pesado que foram preciso dois homens para transporta-lo (Nm 13.22-27).
(6) Vale de Hebrom. Este fica a 30 quilômetros a sudeste de Jerusalém, no qual se levanta a célebre cidade de Hebrom, a família de Abraão se fixou por longo tempo em suas cercanias.
(7) Vale de Sidim. Este é o provável vale onde hoje é o Mar Morto, precisamente a parte sul, que seria a mesma região de Sodoma e Gomorra segundo Gênesis 14.3-10.
(8) Vale de Siquém. Situado no centro de Canaã, entre os montes Ebal e Gerizim, com 12 quilômetros de comprimento, avançando na direção noroeste da cidade de Siquém, atualmente se chama Nablus. Neste vale está o poço de Jacó, famoso pelo encontro de Jesus com a samaritana.
(9) Vale de Moabe, é o vale mais largo dos três “wadis” que desembocam na planice de Moabe a nordeste do Mar Morto.
V - MONTES
Para o povo Hebreu os montes estavam sempre associados a vida religiosa e militar, inúmeras foram as experiências nestes sentidos. Parece, para os israelitas, que os montes sempre lhes queriam dizer que o Criador esta a cima de todas as coisas. Não podemos esquecer também que Deus, geralmente falava aos lideres do povo nos montes. Assim falou com Moisés no monte Sinai e Elias no Horebe e tantos outros.
Os montes da Palestina podem ser divididos em dois grupos gerais: os montes palestinicos propriamente ditos, e os montes transjordanicos.
1.Montes Palestinicos
1.1 Monte Hatim – fazendo parte do pequeno conjunto chamado, Cornos de hatim localiza-se a oeste do Mar da Galiléia. Sua altitude é de 180 metros. Por se tratar de lugar pitoresco, com ampla vista para o Mar da Galileia, julga-se ter sido ali o lugar onde Jesus reuniu os seus discípulos e proferiu o célebre Sermão do Monte, razão pela qual também é conhecido como “Monte das Bem-Aventuranças”.
1.2 Monte Tabor, este também fica na Galiléia, na parte nordeste da planice de Jesreel ou Esdralon. Tem 615 metros de altitude. Na historia do Velho Testamento este monte tem significação importante devido às batalhas ocorridas junto ao mesmo, como sejam: a de Baruque e Débora contra Sisera (Juizes 4) e de Gideão contra os reis midianitas (Juizes 8). No segundo século da nossa era grandes teólogos pensaram que a transfiguração de Jesus se dera ali, chegando a construir em seu topo marcos comemorativos do acontecimento, que mais tarde a mãe de Constantino, Santa Helena, transformou em três templos; um par Jesus, outro para Moisés e outro para Elias. Posteriormente, porém, razões fortes fizeram crer que a transfiguração teria ocorrido em alguma elevação do lado sul do monte Hermom.
1.3 Monte Gilboa. Este fica a sudeste da planice de Jesreel e tem forma alongada, medindo 13 por 5 a 8 quilômetros e altura de 543 metros. Seus flancos são íngremes e escarpados. Inesquecível pela morte de Saul e seu filho Jõnatas na batalha contra os filisteus.
1.4 Monte Carmelo. Seu nome significa “campo fértil, jardim”. Na realidade o Carmelo é uma pequena cordilheira com cerca de 30 quilômetros de comprimento por 5 a 13 de largura que pende do Mediterrâneo para sudeste Palestina adentro. Seu ponto mais alto tem 575 metros onde havia um altar antigo, referido em I Reis 18.32, lugar onde Elias desafiou aos profetas de Baal. Ao lado norte do monte corre o rio Quison em cuja margem Elias mandou matar aos profetas de Baal em fuga.Este monte forma uma barreira entre as planices Esdralon ao norte e Sarom ao sul, apresentando em seus flancos inúmeras cavernas que pela sua conformação interna algumas parecem terem sido habitadas. Uma delas é assinalada como “Gruta de Elias”, que hoje é um santuário muçulmano. Esses quatro primeiros montes fazem parte “região montanhosa de Naftali”, da qual estes são os mais importantes.
1.5 Monte Ebal, situado ao norte de Nablus, antiga Siquém, tem cerca de 1000 metros de altitude, e é árido e escarpado. Tanto este como o monte Gerizim (que iremos descreve-lo a baixo), são também conhecidos como os montes da Bênção e da Maldição (Dt 11.29; 27.1-13; Js 8.30-34). Os que visitam o vale de Siquém dizem que os dois montes de fato formam uma espécie de anfiteatro em que os efeitos acústicos permitem distinguir num dos montes e no vale a voz de uma pessoa que fala do outro monte.
1.6 Monte Gerizim. Fica ao sul do vale de Siquém, também árido e escarpado, com 940 metros de altitude possue uma historia particular. É que, depois do cativeiro babilônico dos judeus, os samaritanos, sob o governo de sambalá, construíram um templo rival ao de Jerusalém, constituindo a Manassés sumo-sacerdote do mesmo. Este era genro de Sambalá, o governador, e fora expulso do sacerdócio judaico de Jerusalém por ter esposado uma mulher estrangeira (Ne 13.28). Embora mais tarde, em 129 a.C., o templo fosse destruído por João Hircano, nos dias de Jesus ainda os samaritanos continuavam a celebrar o seu culto no alto do monte Gerizim (Jo 4), como se deduz da conversa de Jesus com a mulher samaritana junto ao poço de Jacó que ficava a beira da estrada que passava pelo vale de Siquém. Estes dois montes abrangem principalmente a tribo de Efraim.
1.7 Monte Sião. É o monte mais alto dos montes de Jerusalém, com cerca de 800 metros de altitude. Mais tarde, quando Davi levado para Sião a arca, esta monte passou a ser considerado monte sagrado. E quando a arca foi transferida para o templo que Salomão construiu no monte Moriá, “o nome Sião compreendia também o templo”, e daí por diante designava freqüentemente toda a cidade de Jerusalém. 1.8 Monte Moriá. Ao leste de Sião, sua altitude varia de 800 a 900 metros. Segundo Gênesis 22.2, designava uma região. Em geral é aceito que foi neste monte que Abraão levantou um altar e preparou-se para sobre o mesmo sacrificar a Isaque, seu único filho (Gn 22.9,10). Foi neste mesmo lugar que mil anos depois Salomão construiu o templo de Jerusalém.
1.9 Monte das Oliveiras. Este monte faz parte de uma pequena cordilheira, com cerca de três quilômetros de comprimento, que corre do norte para o sul no lado oriental do vale de Cedrom que o separa do monte Moriá. A cordilheira apresenta quatro elevações distintas, sendo que a mais baixa, a que fica defronte do monte Moriá, tem 820 metros de altitude acima do nível do Mar, 120 metros acima do Cedrom e cerca de 60 metros sobre o platô do Templo no monte Moriá. É este o monte das Oliveiras propriamente dito. Na sua base ocidental fica o jardim de Getsemane e nos seus flancos há abundancia de oliveiras. Jesus se dirigiu muitas vezes para este monte. Foi deste monte que Jesus, olhando para Jerusalém, chorou sobre ela, pronunciando as palavras proféticas referentes a sua destruição (Lc 19.28-44).
1.10 Monte da Tentação. Este é o monte que a tradição assinala como local onde Jesus foi tentado logo após seu batismo, a 20 quilômetros a sudeste de Jerusalém, tendo apenas 98 metros de altitude embora tenha 320 metros acima de sua base, pois está situado no vale do Jordão.
2 Montes Transjordanicos
2.1Monte de Basã. É o monte que se refere o Salmo 68.15. Nos dias de Abraão esta parte da Transjordania era habitada pelo povo de gigantes chamados Refains. O ultimo rei deste povo foi Ogue Morto pelos israelitas sob o comando de Moisés e cuja cama de ferro media cerca de 4 metros de comprimento por 1,80 de largura (Dt 3.11).
2.2 Monte de Gileade. É um conjunto montanhoso, ao sul do Yarmuque, indo até a parte norte do mar Morto, dividido ao meio pelo ribeiro de Jaboque. Foi o primeiro território conquistado pelos israelitas e coube a tribo de Gade. Esta foi a terra de Elias, o profeta (1 Rs 17.1). No Novo Testamento esta parte era conhecida como Peréia
2.3 Monte Nebo ou Pisga, a cerca de 15 quilômetros ao leste da foz do Jordão e por trás da planice de Moabe, com 800 metros de altitude. Um fato marcante nesse monte foi, Moisés ter contemplado a terra prometida e morrido ali (Dt 34.1-6).
2.4Monte Peor. Fica próximo do Nebo. Do ponto mais alto deste, Balaão contemplou o acampamento de Israel na planice e o abençoou pela terceira vez.
VI HIDROGRAFIA
1 Maresa) Mar Mediterrâneo. A bíblia também o chama de “O Mar Grande” e “Mar Ocidental”. Este Mar banha toda costa ocidental da Palestina. Por ser de pouca profundidade na costa palestinica, constituía-se numa vasta defesa natural de sua fronteira ocidental. (Mais detalhes em mares do mundo antigo).
b) Mar Morto, também conhecido pelos nomes de “Mar Salgado”, “Mar Oriental”, “Mar do Arabá” etc. Fica na foz do rio Jordão, entre os montes de Judá e os montes de Moabe. Este Mar está na maior depressão geográfica da terra com 400 metros abaixo do Mediterrâneo. Sua forma ovalada mede 76 quilômetros de comprimento por 17 de largura. Suas águas são as mais densas dos mares, com cerca de 25% de salinidade, em razão das enormes jazidas de sal no sul e da excessiva evaporação. O fato bíblico mais importante relacionado com este mar é a destruição de Sodoma e Gomorra, cidades que, parece, tiveram lugar no sul do Mar Morto, hoje coberto por um pantanal betuminoso. O seu nome atual “Mar Morto” foi lhe dado pelos geógrafos e historiadores antigos do século II da nossa era.
c) Mar de Galiléia. É também conhecido pelos nomes de Mar de Quinerite, Mar de Tiberiades e lago de Genezaré. Este é um lago de águas doces formado pelo rio Jordão, por ter suas dimensões alargadas na região da Galiléia, e temporais violentas que freqüentemente o agitam, as populações adjacentes o tem chamado de Mar. Suas medidas são de aproximadamente 24 quilômetros de comprimento por 14 de largura, com seu nível 225 metros abaixo do Mediterrâneo e sua profundidade media é 50 metros. As cidades e praias das margens da Galiléia foram palco da maior parte do Ministério de Cristo.
3 Rios
a) Rio Jordão. Seu nome significa “declive” ou “o que desce”. Este é o rio principal da Palestina e corre na direção norte-sul, assim divide o país em duas partes distintas: a Canaã propriamente dita e Transjordania. Tem seu inicio no monte Hermom, (Síria) originado-se da confluência de quatro pequenos rios, 11 quilômetros do lago de Merom. São eles: Bareigthit, Hasbani, Ledan e Banias. Para um estudo mais detalhado costuma-se dividir o curso do Jordão em três trechos: o primeiro trecho é
A região das nascentes, que depois da junção das quatro nascentes atravessa uma planice pantanosa numa extensão de 11 quilômetros e entra no lago de Merom. Neste trecho a sua largura varia muito e a profundidade vai até 4 metros. O segundo trecho é
O Jordão Superior, entre o lago de Merom e o Mar da Galiléia, com extensão de 20 quilômetros. É um trecho quase reto, com um declive de 225 metros, o que torna as suas águas impetuosa e provoca um enorme trabalho de erosão. A largura varia de 8 a 15 metros. O terceiro trecho é
O Jordão Inferior estende-se do Mar da Galiléia ao Mar Morto numa distancia de 117 quilômetros em linha reta e cerca de 340 quilômetros pelo leito sinuoso do rio, tendo uma largura que varia entre 25 e 35 metros, e 1 a 4 de profundidade. Neste trecho o declive do rio é de 200 metros pelo qual o rio desce precipitadamente, formando numerosos meandros e cascatas alargando o vale até 15 quilômetros, como corre na altura de Jericó.Dos pontos de vista geográfico, histórico, político, econômico e religioso o Jordão é rio mais importante do mundo antigo. Está ligado á Revelação desde os dias de Abraão até os dias de Jesus. Entre muitos acontecimentos de grande relevância que aconteceram neste rio destacam-se: a separação das águas para Israel passar (Js 3. 9-17); a travessia de Elias e Eliseu, em seco (II Rs 2. 6-14); a cura de Naamã (II Rs 5. 1-14); a recuperação de um machado (II Rs 6. 1-7); o ministério de João Batista e o batismo de Jesus (Mc 1.5,9).
b) Rio Quison. Este é o maior rio da Bacia do Mediterrâneo e o segundo da Palestina. Nasce das pequenas correntes de Gilboa e Tabor, montes da Galiléia, recolhendo outras águas da planice de Esdraelon, desaguando no Mediterrâneo. Suas águas são impetuosas e perigosas no inverno, e no verão são escassas. Foi neste rio que Baruque derrotou Sisera, sendo os cadáveres de seus soldados arrastados pela corrente do mesmo (Jz 5.21), e Elias matou os profetas de Baal depois do desafio no monte Carmelo.
Existem outros rios na Palestina, mas são menos importantes do que os dois já mencionados (Jordão e Quison), são os chamados “wadis” ou ribeiros, ou torrente dos meses de chuvas. São rios que só correm águas na época das chuvas (I Rs 17. 1-7). A saber: Belus, Caná, Gaás, Sorec, Besor, Querite onde Elias foi sustentado pelos corvos com pão e água (I Rs 17. 1-7), Cedrom, Iarmuque, jaboque, Arnon etc.
VII - DESERTOS
Biblicamente analisado, os desertos que nos interessam na Palestina são os que se localizam ao norte e oeste do Mar Morto, também conhecidos como
“deserto de Judá” (Jz 1.6) ou “deserto da Judéia” (Mt 3.1). Este deserto é um conjunto subdividido nos seguintes desertos menores: Maon, Zife e Em-Gedi, que ficam entre o sul de Hermom e Mar Morto. São particularmente relacionados com Davi durante as suas fugas das perseguições de Saul (I Sm 24-26).
Mais ao norte destes três estende-se outros dois desertos Tecoa e Jeruel, estes ligados a singular vitória do rei Josafá sobre os Amonitas e Moabitas que tentaram atacar o reino de Judá pelo sul (II Cr 20), a vida e ministério do profeta Amós (Am 1.1), bem como o ministério de João Batista (Lc 1.80). E ainda mais ao norte destes desertos ficavam os de Jericó, Beteavem e Gibeom.
VIII - ECONOMIA
Devido à variedade do clima e do solo a Palestina oferece também abundante variedade de produtos nos três reinos da natureza: vegetal, animal e mineral. É importante saber que por ser Israel um povo teocrático, a produção da terra estava intimamente ligada a religião, ou seja, tanto a abundancia como ma escassez seriam proporcionais ao estado espiritual do povo (Dt 28).
1. Reino Vegetal. Os produtos mais comuns eram o trigo, a oliva e a uva. Era a base da alimentação dos hebreus e formavam o trinômio tão repetido na Bíblia, “pão, azeite e vinho”. Outras plantas também eram cultivadas, cevada, lentilha, feijão, pepino, cebola, alho, mostarda, figo, melão, tâmara e romã. Das plantas silvestres eram, cedros, pinheiro, faia, carvalho, acácia, palmeira, murta, lírio do campo e rosa de Saron.
2. Reino Animal. Na ordem dos domésticos que serviam tanto para alimento como para o trabalho e transporte, os animais mais importantes eram: a vaca, a ovelha, a cabra, a mula, o camelo, o jumento o cavalo e o cão. Na ordem dos selvagens dos quais uns poucos poderiam ser consumidos eram: a corça, lebre, chacal, lobo, raposa, leopardo, leão, hiena, víbora, camaleão, perdiz, codorniz, pombo, galinha, avestruz, cegonha, rola, pelicano, corvo e tantas outras aves. Na ordem dos insetos: abelhas e gafanhotos de varias espécies, moscas, mosquitos, formigas, etc. alem de grande variedade de peixes com cerca de 43 espécies. Há de se destacar o gafanhoto que até hoje é consumido como alimento, pela classe pobre, e do qual João Batista se alimentava.
3. Reino Mineral. Entre os metais o mais abundante parece ter sido a prata, depois cobre, estanho, chumbo, enxofre, betume (asfalto) e ouro.
IX - CIDADES
1. Jericó. Provavelmente a cidade mais antiga do mundo ou pelo menos de toda Canaã, segundo os historiadores. Os vestígios de vida humana da idade da pedra, encontrados nas camadas mais profunda de suas ruínas dão provas disto. Localizada a 8 quilômetros da parte inferior do Jordão, na direção oeste, a 12 quilômetros ao norte do mar morto e 24 quilômetros de Jerusalém na direção leste; e, ainda a 272 metros abaixo do nível do Mediterrâneo. Quando foi conquistada pelo povo de Israel, era uma cidade grande e bem fortificada. Mas, foi destruída milagrosamente por Deus sob o comando de Josué (Js 6). Cerca de 500 anos depois, a cidade foi reconstruída, nos dias do rei Acabe (I Rs 16.34). Tanto no tempo do Antigo como no Novo Testamento varias ocorrências estão registradas na Bíblia sobre esta cidade. A cidade moderna está a 1.600 metros a sudeste da anterior.
2. Hebrom. Está entre as cidades mais antigas do mundo, seu primeiro nome era Kiriath-Arba (Js 1.10). Situada ao sul das montanhas de Judá, a oeste do Mar Morto, a 32 quilômetros ao sul de Jerusalém. Foi morada de Abraão por algum tempo, foi lá que ele comprou o campo de Macpela dos heteus onde sepultou Sara sua mulher, lugar este que se tornou verdadeiro cemitério dos patriarcas. Foi nesta cidade que Davi foi ungido rei e reinou durante 7 anos e 6 meses. Seu nome atual é el-Khalil.
3. Belém. Também é uma das mais antigas cidades da Palestina. Situada a 10 quilômetros ao sul de Jerusalém, na estrada que vai para Hebrom, numa colina de 700 metros de altitude nas montanhas de Judá, numa região sobremodo fértil. Seu nome bíblico é Bethlehem-Efrata (Que significa casa de pão) ou Belém de Judá. Um pouco ao norte desta cidade Raquel, a amada de Jacó, morreu por ocasião do nascimento de Benjamim. Foi ali que se realizou o casamento de Boaz e Rute a moabita, uma estrangeira que se tornou a bisavó do rei Davi e, portanto, ascendente de Jesus. Também ali nasceu Davi, o notável rei de Israel, e Jesus o filho de Deus e Salvador do mundo.
4.Jope (Jafa ou Yafa). É outra cidade das mais antigas da Palestina e, segundo alguns historiadores romanos, é até antediluviana. Situada a cerca de 60 quilômetros a noroeste de Jerusalém, na costa do Mediterrâneo, era o porto da capital israelita. De acordo com II Crônicas 2.16 e Esdras 3.7 os cedros do Líbano, utilizados na construção do primeiro e segundo templo em Jerusalém, eram levados pelo mar até Jope, ali desembarcados, e depois conduzidos a Cidade Santa. Foi neste porto que Jonas embarcou para Tarsis tentando fugir da vontade de Deus. Apesar de ter sofrido muitos ataques e arrasamentos dos exércitos inimigos, Jope sempre voltou a prosperar, hoje junto a velha Jope, do lado norte, ergue-se a moderna Tel-aviv, o grande centro dos sionistas judeus.
5. Siquém. Esta é outra das cidades mais antigas da Palestina, pois sua historia remonta a mais de 2000 a.C., quando das peregrinações de Abraão. Fica entre os montes Ebal e Gerizim, na Samaria, bem no centro geográfico da Palestina, no fértil vale de Siquém. Foi nesta cidade que Abraão erigiu seu primeiro altar quando entrou em Canaã. Foi ali também que o Senhor lhe declarou: “a tua semente darei esta terra” (Gn 12.6,7). Mais tarde Jacó, ao voltar da Mesopotâmia, fixou residência ali e levantou um altar ao Senhor. Perto de Siquém Jacó cavou um poço que se tornou celebre pelo encontro de Jesus com a mulher samaritana. Depois da queda do reino do norte os colonos assírios estabeleceram-se nas cidades de Samaria mesclando assim com os judeus remanescentes resultando na raça samaritana. A cidade foi destruída e reconstruída varias vezes. Hoje é chamada Nablus.
6. Samaria. Uma das cidades mais importantes e influentes na vida de Israel. Fundada em 921 a.C. por Onri rei de Israel e pai de Acabe. Ficava situada 8 quilômetros a noroeste de Siquém, num monte de muralhas quase inexpugnáveis, foi capital do reino do norte durante 200 anos. Caiu sob o poder da assíria em 722 a.C.depois de um prolongado cerco que começou no tempo de Salmanasar V e terminou no de Sargão II. Em Samaria havia um templo a Baal que rivalizava com o templo de Jerusalém em riqueza e esplendor. Já no Novo Testamento, Filipe pregou o Evangelho nesta cidade com grande aceitação (At 8.1-25).
7. Nazaré. Sempre lembrada por ter sido nela que Jesus passou sua infância e juventude, razão pela qual foi conhecido como Jesus de Nazaré. A 22 quilômetros do extremo sul do mar da Galiléia, na direção oeste. A cidade não é mencionada no Antigo Testamento. Já o Novo Testamento registra a sua incredulidade. Não tinha boa reputação entre os judeus (Jo 1.46). No entanto, para os cristãos, depois de Jerusalém e Belém, ela é a cidade mais célebre da Palestina.
8. Cesaréia. Fica a 75 quilômetros a noroeste de Jerusalém, entre Jope e monte Carmelo, no litoral do Mediterrâneo. Foi construída por Herodes, o Grande, no local da antiga cidade dos filisteus chamada Torre de Strato, e cognominada Cesaréia em homenagem a César Augusto, imperador romano. Nos tempos do Novo Testamento foi a cidade mais célebre da Palestina por tratar-se de sua capital política. Lá estava a sede da administração civil e militar da província romana. Os grandes edifícios, o templo, o anfiteatro, o hipódromo, os teatros, ruas pavimentadas, instalação de água e esgoto, etc., fizeram a gloria da cidade, embora por pouco tempo. É certamente a cidade do evangelista Filipe e de Cornélio.
9. Cesaréia de Filipo. Uma antiga vila fenícia de Baal-Gade, este nome foi uma homenagem do tetrarca Filipe a Tibério César, e para distingui-la da Cesaréia do Mediterrâneo acrecentou-lhe o seu próprio nome. Ampliando e embelezando a cidade que se encontrava ao sopé do monte Hermom, Filipe fê-la uma espécie de estância de veraneio para a aristocracia da época. Foi nesta cidade que Pedro fez sua maior confissão: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, foi também nesta ocasião e lugar que Jesus pronunciou a profecia a respeito da edificação da sua igreja. (Mt 16.13,16, 18,24).
10. Tiberíades. Fica na margem ocidental do Mar da Galiléia (ou lago de Tiberiades a 8 quilômetros da extremidade sul do referido mar.
11. Capernaunm (ou Cafarnaum). Era cidade da costa noroeste do Mar da Galileia, a principal entre outras tantas da região, posto militar romano e centro de recolhimento de impostos do império. Pelos vestígios das antigas estradas há indícios de que Capernaum era um centro comercial movimentado, pois ficava na margem da rota entre Damasco, na Síria, e Ptolemaida, no Mediterrâneo. Mas o fato mais importante para os estudiosos da Bíblia é que Capernaum era a cidade residencial de Jesus, bem como do seu discípulo Pedro (Mt 8.14-17; 9.1). Também foi ali que o Salvador realizou o maior numero de milagres e pronunciou os mais profundos ensinamentos.
12. Jerusalém. Cujo significado é (“lugar de paz” ou “habitação segura”). Está entre as cidades mais célebre do mundo. E no que diz respeito a historia bíblica ela ocupa o primeiro lugar. Esta posição privilegiada de Jerusalém não está em sua extensão, nem em sua riqueza ou expressão cultural e artística, e sim em sua profunda e ampla relação com a revelação, ou seja, no seu sentido religioso. Ela foi de um modo especial, o cenário das manifestações patentes e evidentes do poder, da justiça, da sabedoria, da bondade, da misericórdia, enfim. Da Grandeza de Deus. Por isto as alusões proféticas e apostólicas a apresentam como o próprio símbolo do céu (Is 52.1-4; Ap 21).
A historia desta cidade já chega a 4000 anos e já foi conhecida por vários nomes:
Salém. Nome mais antigo (Gn 14.18). Provavelmente uma abreviação da palavra Jerusalém, cidade devotada a Shalem, antiga divindade semita da paz e prosperidade.
Jebus. Porque era cidade dos jebuseus na época dos Juizes.
Sião. Nome de um dos montes da cidade.
Cidade de Davi. Uma referencia a conquista da cidade por Davi e feita capital do reino de Israel.
Cidade de Deus ou Cidade Santa. Por estar ali o templo nacional.
Cidade de Judá. Ou seja, a capital do reino de Judá.
Jerusalém. É o nome mais comum e que permanece até o presente.
Fica situada na parte sul da cordilheira central da Palestina, ou seja, nas montanhas de Judá, na mesma latitude do extremo norte do Mar Morto, a 21 quilômetros a oeste do Mediterrâneo. Está edificada sobre um promontório a 800 metros de altitude. Ao leste do promontório fica o vale de Josafá ou cedrom que separa a cidade do monte das oliveiras. A oeste e ao sul fica o vale de Hinon que em certa época da historia foi o “vale da matança”, assim chamado por causa dos sacrifícios das crianças em holocausto ao ídolo Moloque (II Rs 23.10) e dos fogos que ardiam constantemente, consumindo o lixo da cidade, os detritos dos holocaustos pagãos, etc. Daí por analogia a palavra grega Gehena que significa “vale de Hinon” que veio a designar o lugar de castigo eterno dos condenados, o inferno.
X- POVOS HABITANTES
Bem no inicio da historia étnica da Palestina, antes da chegada de Abraão a terra era chamada Canaã, a região era ocupada por diversas tribos conhecidas sob o nome geral de cananeus (Gn 12.6; 24.3,37). A informação que temos de Moises em Gênesis 10.15-20, quase todos os povos da região da Terra da Promessa primitivamente eram camita, pois eram descendentes do filho mais moço de Cão, chamado Canaã. Porém, não se pode descrever com certeza os limites das primitivas tribos de Canaã, por falta de dados sobre sua origem idioma e costumes. Se as Escrituras não as houvessem mencionado, teriam desaparecido da historia sem deixar vestígios ou sinal algum. Até onde sabemos, as cidades desses povos eram muradas e fortificadas, cada uma tendo o seu próprio rei, exceto umas poucas que eram de natureza mais nômade. Esses reinos eram, geralmente, independentes e bastante belicosos para alcançar a supremacia. Alguns desses reinos, e em certas épocas quase todos eles, eram subordinados ao Egito. Os mais importantes deles são os seguintes
1) Cananeus. Mesmo que esta designação seja, aplicada, na linguagem bíblica, a todos os povos da Palestina primitiva, no sentido mais restrito se limitava aos descendentes de Canaã que habitavam a costa do Mediterrâneo. Numa estreita faixa de terra que vai desde a baia do acre até o Jordão, e ao longo do mesmo rio até ao sul do Mar Morto. Suas cidades mais importantes eram Jope, Sodoma e Gomorra, Admá e Zeboim no vale do Jordão.
2) Amorreus. É outro povo descendente de Canaã; eram umas das mais poderosas tribos. Foi o povo que ofereceu a mais forte oposição ao avanço da conquista dos israelitas, haja vista a batalha difícil em Gibeom, quando Josué pediu a Deus que o sol e a lua se detivessem. Ocupavam o deserto a oeste do Mar Morto e as regiões montanhosas adjacentes a este.
3) Heteus. São os descendentes de hete, filho de Canaã e neto de cão, portanto, camitas também. Hoje são conhecidos como hiteus e hititas. Pelo que já se conhece deste povo, as áreas por eles ocupadas, em diversas épocas de sua historia, estende-se desde a Ásia Menor, norte da Palestina, Síria, indo até o rio Eufrates. Abraão os encontrou também em Hebrom (Gn 23). Quando Moises enviou os doze espias para o reconhecimento da terra que haviam de ocupar, os heteus são citados entre outros povos presentes nas montanhas do sul da Palestina (Nm 13.29).
4) Heveus. Estes também eram camitas. Pouco se sabe de sua historia. Parece que não eram muito numerosos. Encontramos suas principais colônias em Siquém, (onde um heveu ultrajou a Diná, filha de Jacó); norte de Canaã; sul de Canaã – na vizinhança de Jerusalém.
5) Jebuseus. Jebus ou Jerusalém era o único lugar onde habitava esse povo, pois não é mencionada outra qualquer área ocupada por eles. Porém, ainda que pequeno, era um povo valente. Encastelado na sua cidade de Ofel, (Sião), resistiu aos ataques de Josué e seus exércitos. Só muito mais tarde, nos dias do rei Davi, é que foram expulsos de sua fortificação. Foi quando Jerusalém foi proclamada capital do reino de Israel. Porém, os jebuseus não foram completamente exterminados e continuaram a habitar entre os hebreus. A área em que Salomão mais tarde edificou o famoso templo foi comprada por Davi de um jebuseu de nome Araúna (II Sm 24.18-25).
6) Perizeus. Este parece ser um dos povos que habitavam a terra de Canaã, e não ter origem camita, primeiramente, por não constar o seu nome na lista dos filhos de Cão em Gênesis 10.15-20, e também por não ter o costume de murar as sua cidades, uma vez que a sua ocupação era a agricultura. Ao tempo de Abraão estavam eles entre os cananeus na região de Betel; nos dias de Jacó havia um grupo ou colônia deste povo nas proximidades de Siquém (Gn 34.30).
7) Girgazeus. Eram também camitas. Por varias vezes mencionados na Bíblia, mas não se sabe em que partes da Palestina habitavam. Alguns admitem que tenham ocupado alguma área na margem ocidental do Jordão, ou a oeste de Jericó.
Além destes povos que habitavam em Canaã ou Palestina, existiam outros povos vizinhos da Palestina no tempo da conquista pelos hebreus. São eles:
Os Amalequitas, de origem incerta, freqüentemente citados na Bíblia; sempre hostis ao povo de Deus.
Os Edomitas, povo semita descendente de Esaú.
Os Moabitas e Amonitas, descendentes de Moabe e Amom netos de Ló.
Os Midianitas, povo semita descendente de Mídiã, filho de Abraão com Quetura.
Sírios.
Fenícios, um grande povo que habitava ao norte da Palestina.
Filisteus, de origem desconhecida, inimigos ferrenhos de Israel.
Escrito por Ev. João Batista T Costa- Sombrio - SC.
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