Niilismo Eclesiástico:
Uma Análise do Movimento dos
Desigrejados.
Por: Idauro Campos
No ano de 2010 o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou os dados censitários
de uma ampla análise desenvolvida pelo POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares),
onde, entre outros temas, avaliou a performance da religiosidade do brasileiro.
Na pesquisa foi apontada que, em termos de identidade religiosa, o grupo que
mais cresceu foi dos que se declararam “sem religião”. Algo surpreendente no
Brasil, que sempre se orgulhou de ser o “o maior país católico do mundo”. Além
disso, outro dado divulgado e que muito chamou a atenção, foi a identificação
de um ator social até bem pouco tempo inexistente no extrato religioso em nosso
território: o evangélico nominal, isto é, sem vínculo eclesiástico, ou, como
ficou conhecido, desigrejado. De acordo com o IBGE,
já são mais de quatro milhões de evangélicos em tal situação. São cristãos
protestantes, identificados com as doutrinas fundamentais de fé cristã (creem,
portanto, no nascimento virginal de Cristo, na sua morte expiatória, na
ressurreição, na Segunda Vinda e na vida eterna aos fiéis; celebram a Ceia e
passam pelas águas do batismo), mas que se recusam a congregar, pois não
acreditam mais na necessidade e relevância da igreja institucional.
A amostragem dos
dados que comprovam o fenômeno chamou a atenção da mídia cristã especializada[1] e também da secular[2], pois, historicamente era
conhecido no que tange ao comportamento dos evangélicos no Brasil, que duas
características sobressaíam: o hábito da leitura da Bíblia e
a pertença eclesiástica. Contudo, com a revelação do contingente
impressionante de desigrejados[3], a noção e o valor da
pertença entre os evangélicos já vem sendo questionada, aproximando-se,
portanto, dos católicos nominais, despertando a
curiosidade de pesquisadores das Ciências da Religião e dos próprios órgãos de
imprensa.
A Repercussão
Assim que os dados
foram divulgados, uma série de reportagens, livros e sites começou a circular,
tentando entender o fenômeno. A Revista Cristianismo Hoje, prestigiada
publicação cristã e braço brasileiro da Christianity Today, publicou duas
matérias sobre o assunto[4]. Até aí, nada
surpreendente, visto ser natural que um periódico cristão de linha protestante
repercutisse um assunto que atinge em cheio a realidade eclesiástica no Brasil.
Entretanto, as Revistas Isto É e Época (esta última de responsabilidade das
Organizações Globo) e também o importante jornal Folha de São Paulo, publicaram matérias sobre o
assunto, evidenciando a importância do movimento para a compreensão do fenômeno
religioso brasileiro. Editoras cristãs também entraram em cena, propondo
reflexões sobre a tendência e, como não poderia ser diferente em tempos
virtuais, sites e blogs também resolveram contribuir e/ ou tumultuar o debate.
O Histórico da Repercussão no Brasil
a) Augustus
Nicodemus Lopes publica no blog Tempora-Mores, em abril de 2010, um artigo
intitulado “Os Desigrejados” e
populariza tanto o conceito quanto o uso do termo no Brasil. Início de minha
pesquisa.
b) Maurício
Zágari publica em 2010, na Revista Cristianismo Hoje, artigo intitulado: “Decepcionados com a Igreja”.
c) Em 2010
a Revista Época publica matéria de capa (A Nova Reforma Protestante) com
evangélicos insatisfeitos com os modelos tradicionais de igreja.
d) Jornal Folha
de São Paulo publica, em 2011, matéria intitulada “Cresce o número de
evangélicos sem ligação com igrejas”.
e) Revista
Isto É publica, em 2011, matéria de capa “O Novo Retrato da Fé no Brasil” –
nomadismo religioso.
f) Sites
como Genizah e Púlpito Cristão multiplicam o assunto nas redes sociais.
Um Fenômeno Mundial (pós-modernidade)
Há no mundo
contemporâneo uma crise de pertença, sobretudo, religiosa. Nos Estados Unidos
da América (a maior nação protestante do mundo) e na Europa (berço das mais
conhecidas denominações cristãs, como as Igrejas Anglicana, Luterana,
Presbiteriana, Batista, Congregacional e Metodista, Exército da Salvação, entre
outras) a marcha dos desigrejados é um fenômeno conhecido e discutido. Obras importantes[5] e outras polêmicas[6] já vieram a lume, visando
esclarecer e ou polemizar a questão. Portanto, longe de ser um movimento
isolado manifesto apenas em nosso país, o que vem ocorrendo é uma expressão
nacional de uma onda de deserção institucional de grandes proporções que
alcança o mundo inteiro, consequência, sem dúvida, da pós-modernidade que
questiona e relativiza afirmações e conteúdos antes considerados absolutos e
inegociáveis, gerando, assim, desencaixe em todas as esferas da sociedade,
atingindo todas as expressões institucionais: partidos políticos, sistemas de
governo, utopias, convenções familiares, casamento, religião, igrejas e etc., pois,
conforme denunciou Zygmunt Bauman, “as estruturas estão se
decompondo em face dos Tempos Líquidos”[7].
Os Números do Fenômeno
no Mundo[8]
a) Estados Unidos da América - 20 milhões de desigrejados
(pouco mais de 13% da população protestante que é constituída por mais de 154
milhões de americanos- 51% do total da população do país que está acima de 308 milhões)
-
b) França /1990 – 80% da população se declarava
cristã. Em 2007 o percentual caiu para 57%.
c) Inglaterra / 1999-2000 - 56 % dos entrevistados se declararam ateus ou
agnósticos.
d)
Continente
Europeu - Apenas 21% dos entrevistados
reconhecem a relevância da religião para a vida.
Os Números do Fenômeno no Brasil[9]
a) 4 milhões são os brasileiros que se
declaram evangélicos, mas não têm vinculação eclesiástica; o percentual de
evangélicos nesta situação é de 10%.
b) 62% dos desigrejados são egressos de
denominações neopentecostais, cuja ênfase é a teologia da prosperidade;
c) 63% dos respondentes declararam que
voltariam a se vincular a uma comunidade que não apresentasse os vícios e
malversações que os afastaram da comunhão;
d) 29% dizem que não pretendem manter
vínculo com outra igreja novamente;
e) 5,6 anos é o tempo médio de conversão dos
desigrejados.
As Causas do Niilismo Eclesiástico e
quem são os Desigrejados?
Por Niilismo
Eclesiástico podemos entender como a proposta de muitos cristãos que “advogam
um cristianismo totalmente despido de formas, estruturas e concretude
institucional”[10].
O termo foi empregado por Émile G. Léonard, na obra “O
Protestantismo Brasileiro”[11]. O historiador empregou o
termo ao referir-se aos darbistas, movimento religioso inglês do século XIX,
praticante do niilismo eclesiástico.
Quais as causas e /ou
razões para o desengajamento eclesiástico? Por que tantos cristãos
contemporâneos rejeitam o modelo institucional de igreja?
A Decepção e a Crítica
Quando analisamos de
perto o fenômeno dos desigrejados, a partir de entrevistas e publicações
editoriais e/ou virtuais, podemos perceber a consolidação de dois grupos
majoritários no cenário: os decepcionados com a
liderança e os críticos do modos operandi da
institucionalização da igreja[12]. Os
Decepcionados são àqueles que sofreram abuso espiritual por parte das
lideranças eclesiásticas (pastores, bispos e apóstolos) nas comunidades de fé
onde congregavam ou que se frustraram com promessas (de cura, libertação,
bem-estar pessoal/familiar ou prosperidade financeira) realizadas em nome de
Deus e que nunca se cumpriram. A jornalista Marília de Camargo César e o
teólogo Paulo Romeiro, escreveram obras de referência[13] quanto ao tema do
abuso espiritual e da decepção consequente gerada nos crentes. Casos de
despotismo, dinastia familiar, acepção de pessoas, intrigas, disputas, coação,
manipulação, constrangimento, humilhação, ofensas, ameaças, mentiras, além do
enriquecimento ilícito por parte das lideranças pastorais, são apresentados na
comovente obra de Marília, explicando o porquê muito dos entrevistados que
aparecem em seu livro ficaram profundamente decepcionados com o que viram,
ouviram, presenciaram e experimentaram nas greis em que dedicaram parte de suas
vidas e decidiram, então, abandoná-las.
O livro da jornalista
é ao mesmo tempo denúncia, alerta e apelo. Denúncia, pois revela o que acontece
nos bastidores de muitas igrejas, lideradas por figuras personalistas e que
usam as pessoas da congregação como massa de manobra para se promoverem e enriqueceram
e que pouco se importam com as necessidades e demandas espirituais dos seus
membros. É, também, um alerta para que outras pessoas não sejam enganadas e que
não submetam suas vidas a uma liderança pastoral que comece a demonstrar os
mesmos sinais no ministério. Serve para os próprios pastores, porquanto é
notório que muitos começam no pastorado tendo em mente às melhores aspirações
de serviço e vocação, desejosos de fazerem um trabalho digno e para a glória de
Deus, mas que, por motivos variados, terminaram mudando o foco de seus
ministérios, agindo mais como empresários da fé do que como legítimos pastores,
despenseiros da graça de Deus. Mas, a obra de Marília é, ainda, um apelo. Um
apelo para àqueles que estão nas igrejas a olharem com misericórdia para muitos
daqueles que desertaram e que estão longe de serem apenas pessoas “complicadas”
ou “esquisitas”. Que há muitas pessoas assim em nossas igrejas (e que as
deixaram) é indiscutível, mas o que Marília faz é nos chamar a atenção para
muitos que estão fora da igreja e relutam contra a ideia de um retorno, pois
estão machucados, com enormes feridas ainda abertas e sangrando. Como poderiam,
então, retornar para um ambiente que, ao invés de ser uma comunidade
terapêutica por excelência, foi, na prática, causadora de dor, frustração e
mágoa? Não seria, destarte, necessária uma prática pastoral carregada de amor,
perdão, paciência e graça para com os que se encontram em tal situação?
Há, também, os que se
decepcionaram com o àquilo que lhes foi prometido e que não aconteceu. São
muitos os casos trazidos à tona pelo pastor, teólogo e doutor em Ciências da
Religião, Paulo Romeiro que, em seu instigante livro, “Decepcionados com a
Graça”, revela em suas páginas a saga de muitos cristãos sinceros que caíram
nas teias ministeriais de pastores e líderes comprometidos com a Teologia da
Prosperidade e que acreditaram piamente que, seguido um esquema fixo de
obediência irrestrita ao pastor mais a fidelidade / regularidade dizimal,
alçariam uma vida de bem-estar físico, psicológico, familiar e social, com uma
inevitável e inquestionável prosperidade financeira. Entretanto, como se sabe,
como tal, em grande medida, não ocorre, o que vem é frustração, raiva e, em
muitos casos, deserção. Romeiro, inclusive, propõe uma sequência: primeiro “ocorrem o deslumbramento, a expectativa e a entrega pessoal pela
causa e a confiança despreocupada na proposta do grupo”[14], mas, conforme
declara, “ com o tempo, porém, vêm os questionamentos relativos à linha de
pregação, à administração financeira ou às questões éticas, provocando o
rompimento”[15].
Contudo, não só de
decepcionados o movimento dos desigrejados engrossa, porquanto nas suas
fileiras existem muitos que não possuem nenhum histórico de decepção (até onde
assumem), mas que são ou se tornaram detratores do sistema, ou seja, críticos
do modos operandi e da institucionalização da igreja.
Algumas destas vozes são conhecidas por aqui[16], enquanto, que, outras,
são famosas nos Estados Unidos da América[17], mas também já formam
discípulos no Brasil[18]. Neste caso específico o
problema não está, segundo eles, nas lideranças eclesiásticas arbitrárias
(estes são apenas parte do problema do cristianismo contemporâneo), mas sim nas
engrenagens funcionais que mantém a igreja em operação no mundo, pois em face
da necessidade de manutenção institucional, a igreja terminou perdendo seu
vigor espiritual e a sua dimensão profética, tornando-se mais um clube de
encontros religiosos, onde se canta, se aplaude, faz-se doações em dinheiros e
assiste-se a palestras irrelevantes.
Templos, os pastores e seus sermões: os
grandes vilões.
Para os críticos do
modos operandi da institucionalização da igreja, há vários problemas na mesma e
que a prejudica e a distancia do alvo planejado por Jesus Cristo. Segundo os
mesmos, entre os pontos críticos da igreja contemporânea está a necessidade de
construção dos templos. Talvez nada cause mais urticária em um desigrejado do
que um típico templo de alvenaria. Para os desigrejados o templo “construído
por mãos humanas”, não passa de uma corrupção dos propósitos de Deus para a sua
igreja e de uma maldita influência do paganismo grego que existe desde os
primórdios da Era Constantiniana[19] e que entrou no
cristianismo, gerando aquilo que um dos mais habilidosos críticos da igreja
contemporânea[20] chama
de “complexo arquitetônico”[21]. Frank Viola é um
escritor norte-americano conhecido por sua indignação com o cristianismo, sendo
autor de algumas obras que propõe um total desmoronamento da igreja como é
conhecida hoje[22].
Aliás, segundo o polêmico escritor, a igreja como a conhecemos não tem direito
algum de continuar existindo[23] e uma das infames
práticas que a prejudicam completamente é a construção de templos, porquanto
carrega o conceito de que igreja é um lugar onde se vai e não os filhos de
Deus, que juntos foram a verdadeira e única eclésia de Jesus Cristo. Tal
conceito, explica Viola, de igreja como lugar sagrado, deriva do ano 190 d.C.,
onde Clemente de Alexandria (150-215 d.C.) passou a ensinar em tais termos,
ganhando força, quando da ocasião da conversão ao cristianismo do Imperador
Constantino, no século IV, porquanto, ao tornar-se cristão, promulga o famoso
Edito de Milão (313 d.C), onde a liberdade do culto cristão foi assegurada,
abrindo passagem para a oficialização do cristianismo como religião do Império
Romano em anos subsequentes[24]. Com o fim da
perseguição, os cristãos, antes reunidos em casas, cavernas e outros lugares
seguros, passaram a fazer as reuniões em lugares públicos, desdobrando na
construção de templos, os quais muitos foram incentivados e até mesmo
financiados pelo Império Romano.
Quanto aos pastores,
no niilismo eclesiástico não há lugar para ministros ou pastores ordenados.
Como a igreja é apenas espiritual e logo, imaterial, sendo, destarte, despida
de sacramentos e ordenações, não há, obviamente, necessidade para pastores
ordenados. Este, então, configura em outra tensão para os desigrejados, pois,
conforme acreditam, o pastor, conforme se conhece hoje, não é bíblico,
porquanto a única vez em que o termo aparece no singular no Novo Testamento é
atribuída a Jesus Cristo (João 10. 11) e quando Paulo aplica a funcionalidade
do “dom de pastor” à igreja, ele o faz empregando o termo no plural (pastores =
Ef 4.11), sugerindo, então, que a prática neotestamentária do pastorado era
exercida em conjunto pelos cristãos dotados com a capacidade de cuidar[25] dos demais irmãos,
não havendo naqueles tempos, em igreja alguma, a figura do pastor único (pastor
- titular; pastor-presidente; pastor-sênior).
Finalmente, na tríade
maligna, os desigrejados também criticam o sermão, visto que na época de Jesus
Cristo, as pregações não eram sistematizadas, mas realizadas de forma
espontânea e inesperada, tendo como ponto de partida o cotidiano real das
pessoas nos contextos onde os encontros casuais com Jesus aconteciam, os
desigrejados, então, vêem nesta forma a única legítima para instruir o povo de
Deus. Destarte, nada de liturgia, sermões com introdução, desenvolvimento e
conclusão e elaborados como se fosse uma palestra. Como não poderia ser
diferente, enxergam também neste ponto as garras do Lúcifer, porquanto, afirmam
que o sermão estruturado entrou nas comunidades cristãs por causa dos sofistas
gregos, mestres da retórica e que quando se tornaram cristãos levaram para o
ambiente da fé a prática dos discursos eloquentes, estruturados e comoventes.
Nada tendo de cristão, o sermão, portanto é, também, pagão (segundo os
desigrejados).
Críticos no Brasil?
As vozes discordantes
do cristianismo oficial não emitem seus sons apenas dos Estados Unidos. Há, no
Brasil, líderes conhecidos que demonstram sua insatisfação com os modelos
institucionais de igreja cristã. O caso mais conhecido e polêmico é do pastor
Caio Fábio D’Araújo Filho, que, em recente entrevista concedida aos repórteres
de Cristianismo Hoje, declarou que mais de três milhões de pessoas, muitas
delas desigrejadas, abastecem-se de tudo o que é produzido em seu ministério, o
Caminho da Graça, uma alternativa de comunhão cristã, que tem em Caio Fábio o
seu mentor principal[26]. Caio Fábio é hoje um
crítico dos mais intensos da igreja evangélica, e sem cerimônia, afirma que o
cristianismo, seja em sua expressão católica ou protestante, não passa de um
fenômeno sociológico, tendo suas raízes históricas em Constantino. Em seu atual
ministério, não há templos construídos, pastores ordenados, estatutos. Contudo,
há locais e horas de celebração, pregação, louvor e ofertório. Uma demonstração
prática que ainda que se esforcem ao máximo, teóricos do niilismo eclesiástico
jamais conseguiram eliminar por completo formas e estruturas. Um mínimo sempre
permanecerá. É inevitável aos ajuntamentos. Outro desigrejado celebrado por
estas terras tupiniquins é Paulo Brabo, autor de “A Bacia das Almas –
Confissões de ex-dependente de Igreja”, publicada em 2009, pela editora Mundo
Cristão.
Nada há, pois, de novo abaixo do sol
(Ec 1.9) - O que diz a História da Igreja?
Afinal, o
movimento dos desigrejados é novo? Ou, conforme asseverou George Barna, um
entusiasta do movimento nos Estados Unidos, trata-se uma revolução?[27] Nada como a História da
Igreja para ajudar a acalmar os ânimos e colocar sob perspectivas mais sóbrias
determinadas manifestações no seio do cristianismo. Ao analisar os dois mil
anos de história, podemos alistar nada menos que dez movimentos de deserção
eclesiástica. Isso mesmo, dez! E dez, entre outros! De Montano (século II) a
Dietrich Bonhoeffer (século XX), a igreja de Jesus Cristo se deparou com
críticos de seu sistema, ensino, dogmas, doutrina e instituição. Às vezes por
motivos corretos e outras vezes nem tanto, o fato é que muitas vozes
importantes dentro da igreja se levantaram para atacar sua estrutura. Não
apenas propondo uma purificação e santidade, mas até o seu total
desaparecimento institucional. Muitas destas vozes apontaram para algo
que hoje os desigrejados pensam que são os primeiros a fazerem. De quem eram
essas vozes? E que movimentos foram estes? Alistaremos três, em épocas
estanques da história: O montanismo, o joaquimismo e o darbismo.
A insatisfação de Montano (Século II)
Montano foi um
sacerdote pagão da região da Frígia (atual Turquia) que se converteu ao
cristianismo por volta do século II. Ao lado de duas profetisas (Priscila e
Maximila) organizou no ano de 155[28], um movimento de reação
ao cristianismo ensinado pelos bispos, herdeiros espirituais dos apóstolos, por
considerá-lo por demais formal, dependente de uma liderança humana e pouco
aberto à direção do Espírito Santo. Acreditando que a igreja estava
espiritualmente morta e acusando os bispos cristãos de “destituídos de vida,
corruptos e apóstatas”[29], Montano se apresentava
como alguém que passava por experiências extáticas, declarando que o
Espírito Santo o usava para falar diretamente aos homens e relativizava o
conceito já crescente na época de que os escritos apostólicos seriam o caminho
mais seguro para se conhecer a vontade de Deus. Aliás, quanto a este ponto, o
sacerdote da Frígia acreditava ser exagerada a ideia de uma supremacia dos
textos sagrados quanto à vontade revelada de Deus, pois, alegava que isto
terminaria restringindo a atuação do Espírito a um mero texto escrito em papel.
Além da indisposição com a institucionalização do cristianismo, cujas expressões
eram o fortalecimento do clero e o conceito de uma ortodoxia, Montano também
afirmou que a segunda vinda de Cristo aconteceria na Frígia.
O montanismo cresceu [30]e se tornou uma
alternativa vigorosa na época, uma vez que os seguidores de Montano conseguiram
fundar diversas congregações que rivalizaram com as comunidades dirigidas por
bispos ligados ao cristianismo oficial[31]. O movimento era chamado
de Nova Revelação e Nova Profecia[32]. Sendo acusado de
heresia, Montano e todos os seus discípulos foram excomungados da Igreja
Cristã, configurando, assim, no primeiro caso de divisão da história do
cristianismo.
Ecclesia Spirituallis: O Sonho de
Joaquim de Fiore (século XII)
Após a virada do
milênio muitos foram os questionamentos sobre os rumos do cristianismo. Havia
uma intensa inquietação com o poder e a projeção que a igreja e o papado
alcançaram no mundo. Muito mais do que uma agência de propagação do Evangelho
do Senhor Jesus Cristo e encarnação dos valores do Reino de Deus, a igreja
havia se tornado uma potestade com fortíssima presença na condução da política
dos reinos que existiam na Idade Média. Preocupado com essa presença
institucional foi que um monge cisterciense, nascido na Calábria em 1135,
chamado Giovanni dei Gioachini e conhecido historicamente
como Joaquim de Fiore, começou a pregar e ensinar que
haveria de se manifestar no mundo uma nova igreja, despida de toda
materialidade e sem qualquer necessidade clerical e que seria trazida
através da religião dos monges, sendo, destarte, “uma nova Igreja, livre e
espiritual, humilde e silenciosa”[33], substituindo a “Igreja
dos Clérigos e dos doutores”[34]. As ideias de Joaquim de
Fiore germinaram, produzindo muitos joaquimitas que, no decorrer dos anos,
especialmente após a sua morte, em 1202, resistiram fortemente à hierarquia
eclesiástica da igreja romana.
O Sectarismo de John Nelson Darby
(século XIX)-
Nas ilhas britânicas
do século XIX, um grupo de cristãos insatisfeitos com o estado da igreja
protestante que consideravam formal e sem vigor espiritual, começou a ler as
Escrituras Sagradas e celebrar a Ceia do Senhor, sem a presença de um ministro
ordenado. Tais manifestações foram espontâneas e descentralizadas, mas,
sem dúvida, o grupo praticante dessa forma livre e desengajada de igreja que
ficou mais conhecido na Inglaterra e, posteriormente, em toda Europa,
tornando-se proeminente, foi o de Plymouth[35]. Seus participantes
ficaram conhecidos como os Irmãos de Plymouth, que mais tarde receberam a
alcunha de darbistas, por causa de um dos seus membros que se tornou um grande
defensor das ideias do movimento, chamado John Nelson Darby (1800-1882).
Advogado e teólogo anglicano, John Nelson Darby uniu-se aos Irmãos em 1821, ao
decepcionar-se com a degradação espiritual da igreja inglesa. Dono de uma mente
brilhante, Darby pregava fluentemente em alemão, francês e, claro, inglês,
idiomas em que traduziu o Novo Testamento. Publicou mais de 50 livros e, em
1848, se tornou a mais importante voz do movimento dos Irmãos de Plymouth[36].
Os darbistas acreditavam
que a igreja nunca conseguiu se livrar totalmente das tradições humanas que
surgiram no seio da mesma após a morte dos apóstolos e no início da Patrística.
Essas tradições atravessaram os séculos com os Escolásticos[37], os Reformadores[38], e mesmo entre os
Puritanos[39] estiveram
presente. Destarte, propuseram uma eclesiologia que asseveravam estar mais
condizente com o Novo Testamento do que os modelos de igrejas cristãs
vigorantes e conhecidas na Inglaterra até então.
O darbismo insistia
no fim do clericalismo e da institucionalização da igreja, o que considerava
graves distorções e desvios dos ensinos do Senhor Jesus Cristo e dos apóstolos.
Entendiam que a igreja é tão somente composta por aqueles que foram alcançados
com a graça de Deus e inseridos em uma grande assembleia de remidos, e que as
tentativas de oferecer a essa realidade real, mas invisível, qualquer forma
concreta de organização eclesiástica (as denominações) não passavam de
invenções humanas.
O darbismo não
possuía “organização definida, ordem clerical, confissão de fé nem qualquer
vínculo visível de união”[40] (exceto a Ceia do
Senhor), e tampouco presidente ou ministros ordenados”[41], o que terminou gerando
desconfianças por parte de muitos quanto ao seu futuro e sobrevivência.
Entretanto, a despeito disso, o movimento cresceu e se espalhou por toda a Anglo-saxônica,
chegando à Rússia e demais países do Leste Europeu, além de Iraque, Japão,
China, Índia, Espanha, Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos, Canadá, Ilhas
Caraíbas, países da África, da América do Sul e de outros do Extremo Oriente[42].
No Brasil, as ideias
darbistas chegaram através de Richard Holden, clérigo inglês que trabalhou como
pastor auxiliar do Dr. Robert Reid Kalley[43] na Igreja Evangélica
Fluminense, nos idos de 1871[44]. Com o
desligamento, a pedido próprio, de Ricardo Holden de suas funções pastorais
diante da Igreja Evangélica Fluminense, um grupo de doze pessoas decidiu também
seguir esse caminho[45], formando um núcleo dos
Irmãos no Brasil em 07 de julho de 1878[46]. Posteriormente, em
1896, Stuart Edmund McNair, um inglês de 29 anos de idade, desembarcou no
Brasil, organizando escolas bíblicas onde morava, trabalhando também na área da
literatura cristã[47].
Os três movimentos
alistados acima e descritos propositalmente em épocas distintas da história,
revela-nos de que a deserção institucional no cristianismo não é nova e que sua
proposta é persistente, pois reapareceu diversas vezes por parte de grupos
cristãos insatisfeitos.
Afinal, a institucionalização foi/é
maligna?
Os desigrejados
enxergam na institucionalização do cristianismo a origem de todos os males da
igreja. É inegável que muitos dos problemas enfrentados pela igreja cristã no
decorrer dos séculos, tais como corrupção, mundanismo, proximidade com poderes
temporais, fascínio pela riqueza e, principalmente, pela política, tiveram sim,
sua fonte e origem em meio a um processo de institucionalização, onde,
gradualmente, se perdeu a dimensão e horizonte proféticos. Contudo, isto é
apenas parte da história. E, certamente, tais envolvimentos têm pouca relação
com a instituição e muito mais com a pecaminosidade do coração humano. Há
legados importantíssimos deixados para a posteridade e que foram elaborados em
meio aos processos institucionais pelos quais a igreja passou e que sem os
mesmos (que podem ser vistos como instrumentos da providência divina) o
cristianismo ortodoxo dificilmente sobreviveria até o século XXI, haja vista
que nos primeiros séculos da Era Cristã o mundo era povoado por religiões de
mistério que se aproximaram perigosamente do cristianismo. Muitas heresias
procuravam emitir compreensões acerca da pessoa de Jesus Cristo e não foram
poucos os cristãos que se sentiram atraídos por explicações esotéricas acerca
do Salvador, a ponto dos próprios apóstolos, como Paulo e João, escreverem
cartas (colossenses e 1 e 2 epistolas joaninas), condenando heresias que
estavam entrando no seio da igreja. Uma destas heresias perigosas foi o
gnosticismo, uma fórmula que mesclava conceitos do judaísmo, cristianismo, dualismo
grego e religiões de mistério que formavam uma mistura bombástica que poderia
destruir as bases teológicas do cristianismo se não fossem os Pais Apostólicos[48], os Apologetas[49] e os Polemistas[50]. Além do gnosticismo, o
cristianismo recebeu também ataques heréticos do ebionismo[51] e marcionismo[52]. Uma vez que após a morte[53] de João, o último
dos apóstolos, a igreja não poderia contar mais com aqueles que receberam o
Evangelho diretamente de Jesus Cristo, a necessidade de explicar a fé e de
preservar o conteúdo bíblico sem quaisquer impurezas, levou os Pais da Igreja,
a tomarem medidas institucionais para que a verdade sobre Jesus Cristo,
ensinada pelos apóstolos, não se perdesse em meio a tantas afirmações
conflitantes sobre o salvador. Que medidas institucionais foram essas?
Credo, Cânon e Concílios: Legados da
institucionalização do Cristianismo.
Pense em uma época em
que qualquer pessoa poderia fazer qualquer afirmação acerca de Jesus Cristo.
Imagine alguém em uma praça pública ensinando que Jesus Cristo não foi uma
pessoa de carne e osso, mas, que, na verdade, possuía apenas uma aparência
humana, quase como a de um fantasma[54]! Semelhantemente, fantasie
uma espécie de monge ministrando uma palestra para jovens e crianças, ensinando
que o Deus do Antigo Testamento era mal, caprichoso e violento, mais parecido
com um demiurgo[55] e
que o Deus do Novo Testamento, o pai amoroso de Jesus Cristo, era outro Deus
absolutamente diferente daquele ser perverso[56]! Ou, para espanto geral,
considere um pastor ensinando que Jesus de Nazaré era a encarnação do Pai, isto
é, que quem sofreu na cruz não foi o Filho de Deus[57] e, se não bastasse,
afirmasse também que o Espírito Santo fora criado pelo Filho e que era uma
espécie de servo do Pai e, também, do próprio Filho[58]! Como avaliar tais
declarações em uma época em que os apóstolos não estavam mais vivos para
refutá-las e onde não havia instrumentos que servissem de análise e crivo? Como
defender a fé cristã contra os ataques que vinham de todas as direções e de
diferentes formas[59]? A resposta da igreja
veio de forma gradual, pensada e sistematizada. Primeiramente, desenvolveram
uma síntese doutrinária, onde uma série de afirmações teológicas sobre Deus
Pai, Filho, Espírito Santo e da obra da redenção entre os homens foi elaborada
com a finalidade de tentar explicar o mistério da fé cristã, defendendo-a das
heresias, preservando o conteúdo bíblico, garantindo-o para toda a posteridade.
A síntese ficou conhecida como o Credo Apostólico.
O Credo dos Apóstolos
foi parte do “desenvolvimento da uma regra de fé[60], ou seja, “uma declaração
de fé para uso público”[61], sendo o mais antigo
documento que contém as doutrinas fundamentais do cristianismo[62] e uma evidência da
necessidade de instrumentalização da igreja para lidar com os ataques
heréticos, uma vez que não contava mais com a presença dos apóstolos para
orientá-la. Roger Olson, autor da excelente “História da Teologia Cristã” (Editora Vida),
reconhece que sem a estrutura organizacional, da qual o Credo Apostólico foi
uma das expressões, “qualquer pessoa podia corromper os ensinos da igreja pela
persuasão e carisma”[63].
Outra medida por
demais importante que preservou a igreja cristã, sendo um marco na história do
cristianismo foi a oficialização do Cânon do Novo
Testamento. Obviamente, os vinte e sete livros que o compõem não
caíram milagrosamente sobre a cabeça dos cristãos daqueles primórdios e
difíceis tempos. Talvez muitos desigrejados assim pensem! Todavia, a verdade é
que o Cânon foi uma medida institucional para
combate/defesa contra heresias, especialmente, o marcionismo que elaborara um
Cânon próprio, onde continham apenas uma variação do Evangelho de Lucas e as
cartas paulinas (sem as epístolas pastorais). Percebendo o risco de não se ter
uma regra de fé que fosse uma verdadeira âncora para o cristianismo, os Pais da
Igreja iniciaram um processo de identificação e reconhecimento dos textos que
verdadeiramente poderiam ser considerados como inspirados pelo Espírito Santo e
reunidos em uma obra e que, à semelhança do Antigo Testamento, pudesse ser
lida, consultada e estudada para explanação, deleite e edificação da igreja. O
processo de canonicidade foi demorado, sendo concluído apenas no século IV, no
ano de 397, quando houve a oficialização do Cânon do Novo Testamento,
promulgado no Concílio de Cartago (atual Tunísia, no Norte da África).
E falando em
concílio, há, também, uma terceira contribuição extraordinária do cristianismo
organizado / oficial/ ortodoxo / institucional (escolha o termo preferido) para
a história da igreja e também da teologia. Trata-se da realização dos Concílios Ecumênicos! Na verdade, reuniões em que
pensadores e bispos dos primeiros séculos da Era Cristã, em longas e detidas
sessões, elaboram os principais conceitos teológicos do cristianismo. Doutrinas
como Trindade e a dupla natureza de cristo,
por exemplo, pertencentes ao núcleo central da fé evangélica, foram amplamente
estudadas, sintetizadas, definidas e explicadas em tais reuniões, garantindo de
forma definitiva uma base teórica extremamente sólida, demarcando o que era, de
fato, o cristianismo bíblico, delineando o que pode ser chamado de ortodoxia
cristã. Os Concílios mais importantes e considerados como normativos para a
igreja são os de Nicéia (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431) e Calcedônia
(451).
Considerações finais
Concluímos, portanto,
que o movimento dos desigrejados é tão somente a versão
cristã protestante de um fenômeno mais amplo de desvinculação institucional que
vem ocorrendo mundialmente em diversos segmentos da sociedade,
sobretudo, no campo da religião, sendo, destarte, um reflexo da
pós-modernidade. Sendo assim, não há nada de original na tendência.
Também não se trata de uma novidade ou revolução dentro do cristianismo,
pois no decorrer da história diversos movimentos tentaram despir a
igreja de sua materialidade e concretude. Finalmente, a
institucionalização do cristianismo, longe de ser uma obra de satã (conforme os
desigrejados parecem sugerir), trouxe, na verdade, contribuições para a igreja,
ajudando os cristãos, através do Credo Apostólico, da
oficialização do Cânon do Novo Testamento e das afirmações doutrinárias elaboradas nos Concílios, a
identificarem o que, de fato, era a “fé que uma vez por todas foi
entregue aos santos” (Jd 3). Neste ponto específico, fica
exposta a contradição dos desigrejados contemporâneos, pois se a
institucionalização da igreja foi um dano para o cristianismo, por coerência, então,
o movimento deveria rejeitar consequentemente seus legados diretos (Credo,
Cânon e Concílios). Contudo, por inconsistência ou conveniência jamais
escreveram (até onde se sabe) uma só linha contra tais expedientes da fé
cristã.
O Futuro do Movimento
Qual será o futuro dos desigrejados? É provável que muitos
permaneçam desiludidos e reticentes em retornar à frequência eclesial.
Preferirão permanecer no ceticismo comunitário. Outros, talvez encontrem
modelos mais espontâneos e informais para compartilhar a fé cristã. Há ainda
àqueles que retornarão às comunidades históricas. Após um período de desilusão
institucional e de passarem por experiências sofríveis no anseio de praticar o
cristianismo, é provável que cheguem à conclusão de que a igreja, mesmo com
seus defeitos (expressão de nossa pecaminosidade) é o melhor lugar para
congregar, compartilhar e defender a fé. Previsões e literaturas já foram
apresentadas tratando deste problema. O falecido ministro da Convenção Batista
Brasileira, Darci Dusilek, alertou sobre a necessidade das igrejas
desenvolverem ferramentas para trabalhar com aqueles que se desiludiram com o
cristianismo e que se tornaram agnósticos religiosos. O alerta foi dado em
1997. Não se falava em desigrejados e tampouco é o público a quem Dusilek se
refere, porquanto seu foco é o crente que se desapontou com o neopentecostalismo[64] e que sem forças para recomeçar a jornada
espiritual, poderá ser auxiliado pelas comunidades mais equilibradas
liturgicamente e saudáveis em sua teologia e prática missional, na esperança e
tentativa de uma nova caminhada nas veredas do Evangelho. Contudo, o alerta de
Darci Dusilek pode ser aplicado também em relação aos desigrejados, isto é,
muitos dos atuais desencantados com a igreja, uma vez percebendo o equívoco do
abandono institucional, poderão recomeçar a vida nas igrejas mais sadias, haja
vista que uma parcela significativa dos desigrejados é constituída por aqueles
que sofreram abuso espiritual ou que tiveram de lidar com ensinos e práticas
controvertidas (talvez, até mesmo heréticas), conforme relatado no primeiro
capítulo desta pesquisa. Assim, ao encontrarem uma comunidade que seja uma
antítese a tudo que antes viveram, a reaproximação eclesial poderá ser provável
ou, até mesmo, inevitável.
Idauro de Oliveira Campos Júnior é
pastor da Igreja Congregacional de Niterói (RJ), pós - graduado em Teologia
Contemporânea, mestre em Ciências da Religião pós – graduando em História da
Igreja e autor do livro, “Desigrejados – Teoria, história e contradições do
niilismo eclesiástico”. Tem 40 anos de idade, é casado com Sandra e pai de
Simone. É Colunista do GENIZAH.
[3] O Bureau de Pesquisa
e Estatística Cristã, um instituto privado de pesquisa, radicado em São Paulo
pontua que já se aproxima de nove milhões o número de desigrejados no Brasil.
Cf. www.bepec.com.br.
[5] “O Peregrino e o Convertido”, por exemplo. Obra de
Danièle Hervieu – Lèger, socióloga francesa e especialista nos estudos sobre
religião.
[6] “Cristianismo Pagão” é um exemplo. O livro
foi escrito nos Estados Unidos da América por Frank Viola, um dos mais
ferrenhos defensores do movimento dos desigrejados.
[9]
FERNANDES,
Carlos. Desigrejados, fenômeno que Cresce. Cristianismo Hoje. Niterói, edição 37, ano 7, 2013. p.
23. Informações complementares quanto à pesquisa aplicada pelo BEPEC, poderão
ser encontradas nos sites: www.bepec.com.br ou www.genizahvirtual.com.br.
[10]
CAMPOS,
Idauro. Desigrejados – teoria, história e contradições do niilismo
eclesiástico. São Gonçalo: Editora Contextualizar, 2013.p.27.
[18]
Há
muitos leitores brasileiros das obras de Frank Viola. Seu Best-seller, “Cristianismo Pagão”, é amplamente
divulgado na Internet, onde circula livremente versões em PDF.
[21] VIOLA, Frank & BARNA, George. Cristianismo Pagão? São Paulo: Abba Press, 2008.p.41. Neste artigo
faço uso de duas versões da obra de Frank Viola. Além da referenciada na
presente nota, há, também, a versão disponível em PDF, amplamente distribuída e
acessível na internet, intitulada conforme a nota de rodapé 23. A
observação é importante, pois há apontamentos feitos na pesquisa deste autor e
que aparecem em apenas uma das obras.
[36] PFANDL, Gerhard.
Rapto Secreto: As surpreendentes origens da visão teológica
dispensacionalista. Disponível em: http://www.monergismo.com.br/ Acesso: 17 fev. 2012.
[37]
Monges
que desenvolveram uma abordagem metódica que visava à conciliação entre fé e
razão. O método foi amplamente empregado nas Universidades da Europa na Idade
Média.
[38]
Grupo
de líderes cristãos dos séculos XVI e XVII que promoveram o movimento
historicamente conhecido como Reforma Protestante.
[39] Clérigos da Igreja
Anglicana que, insatisfeitos com a reforma da igreja inglesa, que julgavam por demais
filocatólica, romperam com a mesma em busca de uma igreja mais “pura”. Nesse
núcleo de clérigos encontram-se as raízes de importantes grupos cristãos
protestantes como os congregacionais, batistas e presbiterianos.
[40] MILLER, Andrew. Os Irmãos. Diadema: Depósito de Literatura Cristã,
2005.p.25. O autor foi testemunha do movimento darbista.
[41]
Ibid.
[42] DOOLAN, Arnold. Um esboço Histórico do Movimento Conhecido como Irmãos.
Disponível em www. irmaos.net/historia/plymouth.html
Acesso: 17 de fev. 2012.
[43] ROCHA, João Gomes
da. Lembranças do Passado: Robert Reid Kalley. Rio de
Janeiro: Novos Diálogos, 2013.p.253.
[44] FORSYTH, Willian
B. Jornada do Império: vida e obra do Dr. Kalley no Brasil.
São José dos Campos: FIEL, 2006.p.194-195.
[46]Disponível em www.ultimato.com.br. Acesso em
17.02.2012.
[47]
Ibid.
[48]
Termo
histórico aplicado a alguns dos líderes cristãos, discípulos dos apóstolos
(como Policarpo e Clemente de Roma) e também a escritos que circulavam antes da
oficialização do Cânon do Novo Testamento (Didaquê e a Epístola de Barnabé, são
exemplos) e que auxiliaram a igreja no combate a determinadas heresias
esotéricas e legalistas que circulavam já no final do século I.
[49] Escritores cristãos
do século II que procuram defender o cristianismo de críticos pagãos,
argumentando às autoridades (Justino Mártir é um dos mais conhecidos).
[50] Escritores cristãos
que dirigiam seus textos diretamente aos mestres heréticos (Irineu de Lião é o
nome de maior destaque entre os polemistas).
[52]
Marcion
(85-160 d.C), armador cristão de Sínope (Atual Turquia) que ensinava a
existência de dois deuses antagônicos (o da velha aliança e o Pai amoroso de
Jesus Cristo), defendendo também a noção de incoerência entre o Antigo e o Novo
Testamentos. Elaborou um Cânon próprio das Escrituras do NT.
[59] De autoridades
seculares (Celso e Imperadores Romanos), líderes religiosos heréticos
(Valentino, por exemplo) e legalistas (os ebionitas).
[64]
DUSILEK, Darcy. O Futuro da Igreja no Terceiro Milênio. Rio
de Janeiro: Horizonal Editora, 1997.p.94-95.
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