PREGAÇÃO REV. CAIO FÁBIO
TEXTO: Marcos 11: 12 a 19
No dia seguinte, quando saíram de Betânia, Jesus teve fome. E, vendo de longe uma figueira com folhas, foi ver se nela, porventura, acharia alguma coisa. Aproximando-se dela, nada achou, senão folhas; porque não era tempo de figos. Então, disse Jesus á figueira: nunca jamais coma alguém fruto de ti! E seus discípulos ouviram isto.
E foram para Jerusalém. E entrando ele no templo, passou a expulsar os que ali vendiam e compravam; derrubou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Não permitia que alguém conduzisse qualquer utensílio pelo templo; também os ensinava e dizia: Não está escrito: Minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes transformado em covil de salteadores. E os principais sacerdotes e escribas ouviam estas coisas e procuravam um modo de lhe tirar a vida; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava de sua doutrina. Em vindo a tarde, saíram da cidade.
Oração:
Pai, nós te invocamos juntos, teu povo, irmãos, corações que crêem no teu nome, que te chamam Pai e Deus, que se apresentam diante de ti com a consciência de que a nossa vida é em ti, e que a finalidade da nossa existência é te dar glória. Ouve a nossa voz, habita entre nós. Tu que habitas em nós e cerca-nos com a tua graça, e abraça-nos com a tua glória. Nós pedimos em nome de Jesus. Amém e amém.
O texto lido carrega consigo uma espécie de arbitrariedade, de despotismo divino. Eu já encontrei uma quantidade muito grande de pessoas que lêem esse acontecimento e fazem logo, de saída, a pergunta seguinte: Escuta, por que Jesus fez isso com a pobrezinha da figueira, se está dito que nem tempo de figos era? Que abuso! Que capricho! Por que Ele tratou assim a pobre dessa árvore? Que implicância vegetal foi essa? Afinal, está explicitado o fato de que não era a estação dos figos.
Ora, antes de tudo, a pergunta que me vem é: quando foi que esse episódio aconteceu? Pelo contexto do Evangelho, foi no final de março; próximo de abril.
Aí, vem uma segunda pergunta: quando era tempo e estação de figos no Oriente Médio? E a resposta é a seguinte: em junho eles começavam a aparecer; e em agosto, eles ficavam doces e saborosos.
Aí, vem uma outra pergunta: qual a principal característica da figueira? E a resposta é simples. Estranhamente, ela inverte um processo que é quase comum em todas as árvores frutíferas, que primeiro colocam para fora as suas folhas, e depois trazem à luz os seus frutos. A figueira traz primeiro à luz os seus frutos, depois é que ela mostra a folhagem. De modo que no mês de março, o que havia no caminho entre Betânia, o Monte das Oliveiras onde isto aconteceu, e a cidade de Jerusalém para onde eles estavam indo, era uma quantidade enorme de oliveiras e de figueiras. Só que todas as figueiras estavam nuas, peladas, próprias, adequadas à estação. E no meio daquela multidão de figueiras adequadas à estação, portanto, nuas de frutos e de folhas, havia uma que se “projetava”, que fazia um showcase vegetal, e que mostrava uma quantidade enorme de folhagens, verde, verde, verde.
Jesus estava com fome, diz o texto. Saiu de casa e não comeu nada. Olhou aquela quantidade imensa de figueiras peladas e desprovidas de frutos, e no meio delas, uma, anômala, que no mês de março estava produzindo folhagens que só iriam aparecer, na melhor da hipóteses, em junho, ou mais propriamente, em agosto. Mas, antecipadamente, fora da estação, sem senso de propriedade, cometendo uma anomalia natural, ela está no mês de março gritando vegetalmente que ela está cheia de frutos, justamente porque ela está cheia de folhas; e assim era justamente porque a figueira primeiro dá o fruto e depois é que faz nascer as folhas. Portanto, se está cheia de folhas, é porque está abarrotada de frutos.
E Jesus estava com fome. Ele disse: eu vou comer dessa figueira que está cheia de frutos fora da estação!
E ele vai lá; procura em baixo da figueira toda, e entra; folhagem em abundância; mas nem um fruto sequer. O interessante, é que Ele amaldiçoa essa figueira, dizendo: Nunca mais ninguém coma fruto de ti!
Em seguida Ele entra no templo, expulsa de lá os cambistas, os vendedores, os que comerciavam na casa de Deus, os que faziam negócio com o sagrado, os que vendiam pacotes, fetiches e amuletos de reconciliação divina; os que lucravam com a máquina da religião, os que eram os promotores do culto artificial, os que viviam de induzir o povo a uma espiritualidade mecânica que não tinha nenhum vínculo com Deus. Sim, Ele vai e expulsa esse negócio do templo.
Agora, a questão é: o que Ele está querendo dizer? Era só um capricho divino? Amaldiçoar uma figueira? Ou, de fato, esse episódio não é uma grande parábola? Não apenas sobre o poder da fé, quando logo adiante Jesus usa uma hipérbole, e diz: Olha, não apenas a essa figueira; mas até mesmo ao Monte das Oliveiras que está cheio de figueiras, se vocês com fé vocês ordenarem que ele se transporte daqui para o mar, assim acontecerá.
Mas, para além disso, não há uma outra parábola de Jesus sendo contada nessa história?
Será que o episódio não é completamente fruto de um desígnio e de intencionalidade? Sim, o fato Dele amaldiçoar a figueira que tem aparência de frutuosidade, mas que é só folhagem, ser seguida da entrada Dele no templo, que também era suntuosidade e aparência, mas dentro era nada, não será também uma parábola? Será que essa não era uma parábola para Israel, que aparece como figueira, diversas vezes, no Velho Testamento? Será que essa não é uma parábola para a situação espiritual de Israel, que vivia de sacrifícios, de pompa, de farisaísmo, de obediências exteriorizadas que não correspondiam à verdades do coração, a tentativa de produzir frutos de aparência religiosa, que não tinham nenhum significado existencial porque não eram o produto do amor, mas apenas da auto-proclamação, da falsa virtude? Será que não era uma parábola de Jesus, denunciando o circo de todas aquelas aparências? Será que não era Jesus dizendo que Deus prefere a nudez própria, do que a tentativa da gente camuflar a própria verdade do nosso ser, com a construção de folhagens, que não dizem absolutamente nada? Será que não é Jesus dizendo que a natureza desses, em quem Ele espera encontrar fruto, acontece como a natureza da figueira, que faz nascer primeiro o fruto, a folhagem vem depois? Ou seja, nasce primeiro a verdade; depois é que ela se transforma em qualquer forma de comportamento? E a tentativa de inverter essa ordem, faz com que a vida se transforme em farisaísmo de folhagens, de aparências, e morta de frutos interiores?
Sim, será que não é uma parábola de Jesus dizendo quanto que Ele dá valor ao senso de propriedade? Porque é ele que tem fome, e de maneira própria e adequada, tenta matar a fome numa figueira sem senso de propriedade natural, visto que inverte a ordem de sua própria natureza, e, ao invés de dar fruto, dá folhas?
Há aqui, também, uma denuncia total às existências sem senso de propriedade, que tem a ver com a verdade vivida com consciência de si mesma: portanto, de modo coerente com o tempo, a hora e a estação. Isto é sentido de propriedade conforme a natureza e a verdade das coisas.
Ele tem fome; Ele quer comer. Ele tem sede; Ele quer beber. Ele tem sono; Ele dorme mesmo que seja na popa de um barco numa tempestade. Ele vai a um casamento? Ele não transforma água em pão; mas água em vinho. As pessoas estão com fome? Ele multiplica pães e peixes, ao invés de pedir um odre de água e fazer um banquete para embebedar a multidão, para sentirem menos fome.
Em Jesus tudo tem propriedade no que ele faz. Tudo tem pertinência. Existe uma verdade aplicada. Para cada pessoa e para cada coisa, um significado próprio.
O Evangelho de João ilustra isso de maneira extraordinária. No capítulo 2, ele transforma água em vinho. No capítulo 3, um cara vem a ele conversar sobre o fato de que sabe que Jesus vem da parte de Deus, porque ninguém pode fazer os sinais que Jesus faz se Deus não estiver com ele - que é Nicodemos, que diz isso. E Jesus diz: Olha, se você não nascer de novo, você jamais vai entrar no reino dos céus. E Ele diz isso porque Ele está falando com um acadêmico, que supostamente está usando uma lógica de causa e efeito, para dizer que seria natural e lógico pensar que Jesus era Deus; e Jesus desmonta e desconstroe esta lógica com uma pergunta que empurra Nicodemos para a dimensão da verdade visceral e não intelectual, e diz: Se você não nascer de novo, e se alguém não nascer de novo, ninguém pode herdar o reino dos céus. Tira a coisa toda do mundo da física, da lógica e da cartesianidade, e traz para a visceralidade do encontro com a verdade no coração. No cap. 4, Ele encontra com uma mulher na beira de um poço, é meio dia, Ele está com sede, Ele pede de beber. A sede do coração da mulher é mais profunda do que ela mesma sabia, e Ele oferece a ela a água da vida.
No cap. 5, Ele encontra um homem que está há 38 anos prostrado à beira de um tanque, esperando a chance de uma cura miraculosa, em Betesda. E Ele pergunta ao indivíduo: Tu queres ser curado? No capítulo 6, o povo tem fome e Ele multiplica alimentos. No capítulo 9, Ele cura um cego de nascença e, em seguida, diz: Eu sou a luz do mundo. No capítulo 11, Ele ressuscita um morto e diz que Ele é a ressurreição e a vida.
Todas as coisas têm senso de propriedade. Já imaginaram se Ele chegasse para aquele cego de nascença e perguntasse ao cara que tinha nascido cego: Escuta, meu filho, tu queres nascer de novo? O sujeito ia dizer: Você está de gozação, comigo! Isso é carma, ou o que é? Quer que eu volte aqui para pagar mais quantas penalidades? Ou imagine algo assim em relação ao homem lá de Betesda, da beira do poço, do tanque. Você quer que eu transforme essa água em vinho? Talvez o cara dissesse: É bom porque a gente se afoga e bebe até esquecer!
Senso de propriedade! Sim, até na cruz! Encontra sua mãe, vê um discípulo e pede que ele cuide dela. Quando Ele está com sede diz: Tenho sede! Quando o desespero bate, a dor mais aguda e insuportável chegam, Ele diz: Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?
Em Jesus tudo é próprio. Ele acordou de manhã, teve fome e, de maneira própria, quis comer. Havia uma propaganda de frutos. Pelas folhagens Ele procura e não acha nada. E, assim, nos ensina com esta parábola algumas coisas que a gente não vai esquecer nunca mais.
A primeira é que Deus não pede de ninguém que dê qualquer fruto fora da estação. Não pede. Porque quando a estação não é de fruto, o fruto da estação que não é de fruto, é o fruto da verdade de não dar fruto fora da estação. A verdade não é só o que é; a verdade também é o que não é. E a verdade do que é não é mais importante do que a verdade do que não é.
Nunca mais esqueça disso: Deus prefere todas as figueiras nuas! Ele não suporta é a tentativa da gente fazer de conta!
Há aqui um ato despótico, simbólico sobre a figueira, para ilustrar o estado de repugnância divina para com a nossa tentativa de mascaramento do nosso ser.
Estranhamente é uma figueira. E estranhamente, foi de folhas de figueira que Adão e sua mulher fizeram as primeiras vestimentas, que tentavam cobrir o seu sentimento de auto percepção de nudez psicológica, lá no Éden. Porque nus eles estavam antes. Eles só se “sentiram” pela primeira vez. E para cobrirem a nudez, eles fizeram tanguinhas de folhinha de figueira. E é agora a figueira que está de volta no cenário, fazendo tanguinha para encobrir a nudez do fato de que não há fruto. Aí Deus diz: Tira a figueira! Eu te prefiro nu. Pelado tu tens salvação; camuflado, tu estás perdido. Pelado, eu te cubro com meu sangue; camuflado, tu vives da tua justiça própria e vais morrer na presunção da tua religiosidade, que eu nem sequer conheço.
Evangélico, em geral, sofre da neurose de produzir fruto. E essa neurose tem fases diferentes na vida. Tem aquela fase que o cara se converte, dependendo da igreja e de quem ele ouve, ele “entra numa” que se ele não converter alguém, dentro de um ou dois anos, ele não deu nem um fruto para Jesus ainda, e a vida dele é infrutífera. Eu já vi uma pessoa quase ficar completamente neurótica com essa situação, porque leram aquele texto lá de Lucas, aonde Jesus também conta uma parábola, dizendo que o dono da vinha veio, e não encontrou fruto na videira, um ano, dois anos, e a quis cortar, para que a árvore não ocupasse o chão. Mas alguém pediu, e disse: Olha, deixa por enquanto. Deixa mais um ano, para eu cuidar da terra para ver se dá fruto. Ora, a pessoa que eu disse que ficou neurótica com essa parábola de Jesus, ouviu isso, e ficou griladíssima, e meteu na cabeça de que se até o Réveillon ela não levasse ninguém a Cristo—já que ela estava convertida a um ano, agora ela só tinha apenas mais um pela frente—, ela iria ser cortada. E o grilo foi grande! Foi difícil salvá-la da idéia!
Agora, vão me dizer que vocês já não viveram essa agonia, ou não vivem?
Oh céu, minha vida! Eu estou aqui nesta terra, nesse mundo, meu Deus, será que eu já tive o privilégio de levar alguém a Cristo?
Alguém já disse assim: Ele aceitou a Jesus como seu Senhor e Salvador, porque eu falei de Jesus para ele, ainda o levei pelo braço até a igreja, ele foi batizado lá na pia batismal? Sim, você já disse isso como quem tinha dada fruto pela primeira vez?
Não é assim que funciona?
Ou, então, o indivíduo tenta descobrir alguma razão para estar vivo, de qualquer modo. Ele tem que dar fruto, e ele inventa alguma coisa assim. Se ele não sabe o que é “dar fruto”, ele vai ficando neurótico com a necessidade de dar fruto.
Meu Deus, eu preciso de dar fruto!—diz ele angustiado.
E os frutos que a gente inventa, são sempre os frutos que nos iludem em relação aos frutos verdadeiros. Porque a gente começa a imaginar esse fruto, para o lado de fora, como comportamento, performance, realização, produtividade visível. Uma série de coisas que possam ser mensuráveis, para a gente poder justificar a vida da gente, com o fruto que a gente dá. E a gente não descobriu que o oposto é o que está sendo ensinado.
O que Jesus está ensinando não precisa fabricar nada. Não precisa inventar nada. Não precisa tomar “anabolizante espiritual” para dar fruto antes da hora. Nem precisa receber injeção de fertilidade. O fruto vai acontecer na estação própria. O grande fruto da vida é ela própria ser vivida e experimentada, em verdade, na presença de Deus e na sua própria consciência diante Dele. Esse é o fruto de ser!
O que eu acho extraordinário é que o convite do Evangelho é justamente uma libertação para a gente ficar completamente salvo das cangas, dos jugos, das tiranias, dos scripts de outros, da tentativa da gente viver uma vida que não é nossa, de ser a pessoa que a gente não é, de se deixar clonar por padrões e paradigmas dentro dos quais a gente, nem sempre, consegue caber. Ou então numa constante e permanente tentativa de moldar a nossa existência, o tempo todo, de modo que ela encontre uma conformidade que nos dê conforto; porque é isso que se pede de nós, e essa é a ambição da gente. É ser alguém para esse mundo. Significa dizer: eleger um parâmetro e um ideal, chegar lá a qualquer preço. Se matando no caminho. Inventando fruto fora da estação. Um espetáculo de exterioridades. Um show de folhagens que não chegaram porque os frutos a antecederam, conforme a natureza verdadeira da figueira, mas apenas como camuflagem.
No caso da igreja, dependendo da igreja, as pessoas começam a virar clones de quem as dirige, ou as guia. Eu sei de que igreja o cara é, onde ele freqüenta, dependendo da personalidade do líder, pelo modo do sujeito me cumprimentar na rua. Eu já sei de onde é que ele está vindo. É um cloninho, é todo mundo “chaveirinho” do cara que os dirige. E, para certos crentes, se não for assim, não serve. E ele não sabe que é justamente isso que vai amarrando, travando-o, a existência inteira. E ele passa o tempo todo debaixo da tirania de ser quem ele não é, de produzir o fruto que não lhe é natural, de apresentar resultados fora das estações da vida; numa tentativa de auto-justificação permanente, querendo ele mesmo dar significado a sua própria existência. E sempre com atos de falsificação pessoal.
Olhe para sua vida e veja a quantidade de coisas e de papéis que você já assumiu, simplesmente por causa desse padrão. Quer ser figueira dando fruto que não existe; é só folhagem, é só show-off, só performaticidade.
Ora, o que Jesus está ensinando é justamente o oposto disso. O convite é para você ser quem você é. Você não tem nenhuma obrigação de ser figueira que tenta dar fruto em março, se a estação do fruto é julho ou agosto. E especialmente se figueira produz primeiro o fruto e depois a folha; assim se mostra a folha que não foi precedida do fruto. É um show de exterioridades que são abomináveis a Deus.
E o interessante é que dá um trabalho desgraçado fazer isso. Mas é esse o trabalho ao qual a gente se impõe. Em quanto o convite do Evangelho é o oposto. Você não é ainda quem você já é em Cristo. Mas você não será ninguém mais em Cristo, que não seja você mesmo em Cristo. Portanto, pode olhar em volta. Ninguém aqui é referência para você, para nada. É você que vai ser transformado de dia em dia, na imagem do Senhor, para se tornar conforme a imagem do filho de Deus. Mas vai ser você. Você!
Você hoje é uma semente corruptível; eu também. Todos nós. Processo de degradação e decreptância nos marcam a existência. Isso é ser “um corpo mortal”. Foi semeado na corrupção. Mas será ressuscitado em glória. Mas serei ainda eu! Quando vocês me encontrarem, tenho certeza, ninguém vai precisar perguntar meu nome. Você vai olhar, e vai dizer: Olha o Caio! O que esse cara virou em Cristo, em plenitude!? Mas serei eu! Assim como eu já sou Nele pleno, embora em mim eu não seja, mas Nele eu já sou; eu serei, então, como Nele hoje eu já sou. Mas serei eu mesmo, Nele!
Significa dizer que à luz dessa parábola da figueira sem fruto, o convite é para você ser você. É para não artificializar o processo. Porque Deus sabe a estação de todos os frutos da vida da gente. E Ele prefere que você viva cada momento em verdade diante Dele, do que você vista a camuflagem das folhagens da mentira e do engano.
Você não tem que sair por aí, falando do seu coração, porque não vale à pena lançar pérolas aos porcos. Mas, diante de Deus e da sua própria consciência, fale a verdade. E não faça showoff nem showcase de você mesmo, tentando trazer fora da estação, demonstração de frutos que não existem; porque Deus prefere a sua nudez—porque a sua nudez Ele cobre—do que a sua auto-justificação com essas folhagens de figueira, porque elas só impedem você de ser genuinamente justificado na graça, e experimentar a pacificação de poder viver cada estação da vida com propriedade. Aí, está a saúde!
Olha só, queria fazer um convite, e vocês já notaram que todos os convites que eu faço aqui são uns anti-convites; não é?
Hoje eu tenho mais um anti-convite a lhe fazer. Quem que admite, hoje, que tem vivido uma vida que é um script dado por outros, mas que você não teve coragem de ser você mesmo até hoje? Sim, você não teve coragem de confiar na graça e ser apenas você mesmo, conforme a estação própria.
Se lhe dissessem: “Olha, o inferno não existe!” Mudaria alguma coisa para você? Um monte de gente que iria dizer: “Obaaa!” E, podem ter certeza, os bordéis do Rio se encheriam de homens evangélicos. E a fixação é tão grande que correriam primeiro para os bordéis. Noventa por cento dos crentes que eu conheço não desandam e não soltam a franga, por causa do inferno. É ou não é? Vamos ser honestos, pelo amor de Deus! É ou não é? É ou não é, gente? É sim! Se Deus dissesse assim: “Olha, cara, o inferno não existe”. Iria mudar alguma coisa em sua vida? Você teria que dizer um “OBA”, não por sua causa, mas por causa de um monte de gente que anda num caminho que parece que leva para uma existência que já é inferno, e será. Mas não por causa da sua vida. Se você está em Cristo, a sua vida não muda em nada: nem por causa do inferno, nem por causa do céu. Nem por causa do medo de punição, nem por causa de loteamentos celestiais. Você está em Cristo. O seu prazer é esse. É isso que a gente não entende. Parece que crente não entende isto nunca. Não há mais nenhuma condenação, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo; está pago; está consumado; está feito; se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem podia nos condenar, resolveu nos justificar, e nada poderá nos separar do amor de Cristo. Nada. E isto já está feito! Acabou! Não tem céu, não tem inferno que me motivem a ser de Deus. Eu sou de Cristo por Jesus. Esse é meu prazer, e meu fruto nasce dessa alegria!
Para mim isso é tudo. Agora, a questão é a seguinte: se não tivesse nem uma coisa nem outra, céu ou inferno, como ficaria só a consciência? Ou se não tivesse o medo, pelo menos, dessa condenação, mudaria alguma coisa no script da sua existência? Ou, não fora o fato de que existe tanta observação, julgamento e juízo, se todos esses juízos exteriores fossem suspensos e, subitamente, você ficasse com sua consciência livre para ser você, o que mudaria? Sim, o que mudaria? Mudaria muita coisa? Porque, meu querido, se mudaria muita coisa, você precisa ser salvo. Sim, precisa ser salvo. A grande graça é você poder dizer “não mudaria nada”. Sabe por que? Porque seria sinal de que a sua consciência já está tranqüilizada e pacificada; seria sinal de que você está fazendo as escolhas daquilo que você acha que é bom. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me convém. Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas me edificam. Se a nossa consciência em Cristo não nos levar a esse ponto, não nos levou a lugar nenhum.
Então, meu convite a você hoje, é o seguinte: Se você admite que no seu coração existem coisas que você se força a viver e a praticar, a desempenhar papéis que não são seus, viver scripts que outros lhe deram e que estão destruindo a sua identidade, diluindo você, falsificando você; seja no nível mais existencial e psicológico; ou seja também no que diz respeito a tentar fabricar o tempo todo expressões de uma espiritualidade que quando é verdadeira; pois a verdadeira espiritualidade se expressa como humanidade, não como estereótipo.
A maior maldição desta vida é viver a vida que não é nossa!
E por que é assim? E a resposta é simples. É só porque você não tem sido você; vivido você; com a paz de ser você; na presença de Deus sem precisar fazer nem compressão, nem repressão, nem supressão, nem coisa nenhuma; deixando que na graça de Deus, o bem que já é seu em Cristo, cresça edificando a sua vida, e a sua consciência, em saúde, em paz.
Resultado: Todos os dias dando o fruto da estação. E em todas as estações, o fruto é verdade.
Há um volume significativo de “folhagens” que precisam ser abandonadas, para que a graça de Deus construa você em você, para que você descubra quem você é, para que o fruto da sua existência aconteça de modo próprio, belo, doce e saboroso para Deus; e só vai ser bom, no dia que for seu. Se é assim, eu quero orar com você agora.
Ó Pai, obrigado porque tu nos chamaste para sermos quem Tu nos fizeste para ser. Obrigado porque na casa do Pai não há apenas muitas moradas, mas na casa do Pai cada um tem um novo nome, que corresponde a quem cada um é, em plenitude. Obrigado porque o chamado é para ser em Ti, conforme a imagem de Teu filho. Nós mesmos, conforme Cristo. Por favor, salva-nos das escravidões que adoecem o coração. Nos salva de tiranias que, às vezes, estão sobre alguns por toda a vida. Há tanto carma que a cruz veio para quebrar. Tanto script que teu sangue veio para dissolver. Tanta escravidão da qual Tu vieste nos libertar. Por favor, ajuda-nos na Tua graça a sermos como a árvore que dá o seu fruto na estação própria. Permite que haja esse senso de propriedade, de verdade na nossa existência. Que cada etapa dela seja vivida com coração sincero, sabendo que nós somos indivorciáveis de Ti, inseparáveis de Ti. Que a gente não tenha mais que vestir folha de figueira, nem ser figueira que se enche de folha, sem fruto, numa estação que não é dela. Por favor, ajuda-nos a crermos que quem nos chama a ser, banca quem nós somos todos os dias da nossa vida. E ajuda-nos a crer que é somente ligados a Ti nesta confiança na tua graça, é que o coração tem paz para receber as transformações, para crescer em consciência, para se estabilizar, para se equilibrar, para encontrar dia a dia a si mesmo em Ti, e a se alegrar consigo mesmo em Ti, pelo reflexo da Tua semelhança em nós. Por favor, faz isso no coração de cada um. Dá-nos essa compreensão, e dá-nos o destemor e a certeza de que não muda nada, exceto para o bem. Porque, de fato, o único poder que muda, genuinamente, o coração, é o constrangimento que vem do amor de Cristo. Quando nós julgamos isto, que um morreu por todos, logo, todos morreram, para aqueles que vivem, agora não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu, ressuscitou e lhes apontou quem eles próprios já são Nele, em plenitude, para toda a eternidade, então a nossa vida frutifica em amor. Assim, a motivação para a gente viver, não será o medo. Será a alegria de andar na direção daquilo que nós já somos em Ti; vivendo vida boa, mansa, tranqüila, contente, exuberante, forte, lúcida, e conforme a propriedade de cada estação. Por favor, faze isso para que nossa vida seja abundante e não apenas fragmento de possibilidades. Por favor, realiza o Teu bem em nós, no nosso coração. Nós pedimos em nome de Jesus, para a glória de Jesus. Amém, amém.
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