quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Caminhos Para Uma Nova e Saudável Igreja
POR: Robinson Cavalcanti
01. A Igrejavascript:void(0)ja saudável é uma comunidade de convertidos em permanente busca de santificação. Joio, sempre o teremos ao lado do trigo, mas a coisa se complica se o joio for maioria, controlar a instituição, pautar a sua programação e deformar o seu ensino e a sua ética. Temos os descendentes de crentes, que estão por tradição e não por conversão; temos ao que vieram por adesão e não por conversão; temos os que vieram por interesse e não por conversão. A Igreja saudável é centrada na mensagem da cruz, sem nunca se descuidar da mensagem do novo nascimento. O novo nascimento, contudo, não é o fim, mas o começo, que nos leva à pregação da santificação, que não é um conjunto de usos e costumes, mas de um sentimento renovado, temperamento renovado e caráter renovado, à imagem de Cristo, o varão perfeito, pela ação do Espírito Santo, alimentada na comunidade da Palavra e dos Sacramentos. A santidade não deve ser passiva: deixar de fazer coisas más; mas ativa: fazer coisas boas;
02. A Igreja saudável deve saber relacionar Fé e Obras. Não somos salvos pelas obras, para que ninguém se glorie, mas somos salvos para elas, que Deus preparou, de antemão, para que nelas andássemos. A Fé sem obras é morta;
03. A Igreja saudável deve saber relacionar Lei e Graça. A Lei, como espelho da alma, que nos mostra nossa depravação total, nos conduz à Cristo, e Cristo, em nos transformando, nos envia de volta à Lei como alvo ético. Uma Igreja ética é comprometida com os valores do Reino de Deus, presente na Lei, nos Profetas, e nos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos;
04. A Igreja saudável deve ser uma comunidade terapêutica, não só pelas curas maravilhosas que podem ocorrer em seu interior, mas cuja vida comunitária concorre, pela acolhida e pelo amor, para as curas dos males espirituais e morais, que, em uma dimensão psicossomática, se relacionam com os males do corpo. Sendo acolhedora e ética, a Igreja não pode cair nem no relaxamento permissivo, nem no moralismo legalista repressor, fonte de neuroses, de patologias. A espiritualidade não pode ser associada à histeria, nem à contemporaneidade dos dons com surtos psicóticos ou expressões neuróticas;
05. A Igreja saudável deve saber mobilizar o conjunto dos seus fiéis, em seus talentos, dons e vocações para o exercício do sacerdócio universal de todos os crentes, ao mesmo tempo em que reconhece, apoia e respeita os vocacionados em seu sacerdócio especial, em harmonia funcional para o crescimento harmônico do Corpo, sem basismo populista anárquico e sem autoritarismo caudilhesco;
06. A Igreja saudável se relaciona adequadamente com a cultura onde se insere, sem dela se isolar, nem por ela ser absorvida, mas, de forma encarnacional, apoiar os sinais da imagem de Deus e corrigir os sinais do pecado, em uma tensão criadora. Isso implica em uma integração da estética, da arte, e não na iconoclastia;
07. A Igreja saudável se relaciona adequadamente com os poderes desse mundo, o respeitando, quando ministro de Deus, e o confrontando profeticamente, quando ministro do diabo, sem o adesismo dos herodianos e sem o radicalismo dos zelotes;
08. A Igreja saudável fomenta uma Espiritualidade Integral, formada pela Adoração, pela Reflexão e pela Ação, fugindo dos unilateralismos do misticismo, do intelectualismo e do ativismo;
09. A Igreja saudável fomenta uma Missão Integral, formada pela Proclamação, pela Comunhão, pelo Ensino, pelo Profetismo, pelo Compromisso com a Vida e a Integridade da Criação;
10. A Igreja saudável cultiva as suas marcas históricas: a unidade, a santidade, a catolicidade e a apostolicidade, não somente voltando sempre às fontes das Sagradas Escrituras, mas aprendendo com a presença do Espírito Santo, por meio da expressão do consenso dos fiéis. O que temos que aprender com os ramos reformados e não-reformados na Igreja no Ocidente e no Oriente?
11. A Igreja saudável reconhece que vive hoje em pecado, atentando, teórica e praticamente, contra a Oração Sacerdotal, ao fomentar os cismas, que são pecados contra a unidade e ao fomentar as heresias, que são pecados contra a verdade. A unidade não pode se dar à custa da verdade, nem a verdade à custa da unidade. O fracionamento institucional, a promoção de vaidades e o ensino de novidades escandalizam o mundo e adoecem o povo de Deus;
12. Como Igreja Reformada no Brasil, seremos saudáveis quando construirmos a nossa identidade pela afirmação e não pela diferenciação ou confrontação com o diferente, sendo não-romanos e não anti-católicos. E não podemos ser saudavelmente reformados, quando não cultivamos nem as propostas, nem o espírito da Reforma;
13. Seremos uma Igreja nova, quando formos uma Igreja antiga e eterna; seremos uma Igreja saudável quando cultivarmos a capacidade de reconhecimento de pecado e cultivarmos a humildade como marca central na vida de líderes e de liderados.
CONCLUSÃO
Somos todos enfermos. A Igreja já foi vista como um grande hospital, e Jesus como o grande médico. A Igreja, nesse aspecto, nunca é neutra: ou ela é uma comunidade terapêutica ou é uma comunidade patogênica. O doente tem que estar consciente da sua enfermidade e querer ser curado, para buscar os terapeutas e as terapias adequadas. Vivemos um momento patológico. A sua superação é necessária e urgente, e sabemos que ela é possível, pois o Senhor faz novas todas as coisas!
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